Batata Movies – O Estranho Que Nós Amamos. Boas Anfitriãs!!!

                    Cartaz do Filme

Um remake na área. “O Estranho Que Nós Amamos”, escrito e dirigido por Sofia Coppola, traz de volta uma película de 1971, “Ritual de Guerra”, estrelada por Clint Eastwood. Me lembro de ter visto esse filme legendado na TV aberta numa Sessão de Gala da vida e muito me chamou a atenção a situação sui generis da história: um homem ferido sendo cuidado por várias mulheres de idades diferentes, onde houve um perigoso jogo de sedução com desfecho trágico. E tudo isso ambientado na Guerra Civil Americana. Foi um drama tenso e pesado e fiquei muito impressionado com o filme. Agora, Coppola reconta a história com muita fidelidade ao original, lançando mão de um grande elenco: Colin Farrel, Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning.

                     Moças muito recatadas…

Mas, como é a história exatamente? John McBurney (interpretado por Farrell) é um militar ianque que está ferido na Virgínia, ou seja, em território confederado. Ele é encontrado por uma garotinha que vive numa escola para moças. Ajudado pela menina, McBurney vai para a escola, dirigida por Miss Martha (interpretada por Kidman), uma senhora sulista extremamente recatada, religiosa e conservadora. Outra figura importante (e adulta) da escola é a professora Edwina (interpretada por Dunst). Há, ainda, um punhado de mocinhas menores de idade. Há um medo inicial nelas de se manter o inimigo dentro da escola. Mas a curiosidade e a tentação de uma presença masculina falaram bem mais alto e McBurney foi tratado às escondidas do exército confederado. À medida que o homem foi melhorando, ele percebeu o interesse da mulherada por sua pessoa e começou a seduzi-las para garantir um esconderijo enquanto se recuperava. O problema é que ele ainda era um inimigo na escola e qualquer passo em falso poderia levar à sérios problemas, como de fato acabou ocorrendo. Só que não darei mais spoilers aqui.

                      Um ianque interesseiro

Bom, nem é preciso dizer que um remake traz à tona a inevitável comparação com o filme original. Infelizmente, faz muito tempo que vi o filme de 1971. Mesmo assim, a impressão que ficou é a de que o filme antigo pareceu mais tenso e pesado. Eastwood sempre teve uma cara muito menos amigável para um papel desse naipe. Deve ser algum estereótipo na minha cabeça provocado pelo Dirty Harry (Farrell, por sua vez, parece um ator mais adequado para o papel). Mas me lembro que a coisa tinha um quê mais rude. Como dessa vez tivemos muitas beldades de rostinhos de porcelana como a Kidman, Dunst e Fanning, a coisa transpareceu um pouco mais suave, embora isso não signifique que não tenha havido os momentos de tensão que essa história exige. Só que eles pareceram muito mais estanques dessa vez.

                                 Jogos de sedução…

Para não se achar que essem filme ficou pior que o original, podemos dizer que a versão de 2017 tem um enorme trunfo: uma sensacional fotografia realizada em ambientes altamente escuros. A propriedade sulista mal cuidada e decadente era circundada por árvores frondosas e que pareciam invadir toda a tela, dando a sensação de que estavam em cima da gente. Esse ambiente externo claustrofóbico e escuro já chama a atenção no início do filme. Mas a coisa vai além, principalmente nas filmagens do interior da escola, já que uma parte do filme se passava à noite, onde a única iluminação era à luz de velas, tornando tudo ainda mais escuro. Pontaço para Sofia Coppola aqui, que nos levou direto ao século XIX nesse quesito. E esse ambiente enegrecido muito ajudou, pois parecia que ele contaminava as almas de todos, tornando as relações humanas de formais para soturnas, chegando à explosões de desespero. Todo o conservadorismo daquela sociedade sulista se mostrou num espectro amplo, indo do recatado ao diabólico, em todos os sentidos. Definitivamente, a hospitalidade sulista é algo totalmente dispensável se foi o que vimos na película. Só que os spoilers me impedem de entrar em mais detalhes.

                    Iluminação à luz de velas…

Assim, “O Estranho Que Nós Amamos” é um interessante caso de remake que, se mostrou algumas deficiências com relação ao original, também mostrou virtudes. O filme atual me pareceu menos tenso que o antigo, mas também teve a virtude de ter uma fotografia excelente em ambientes muito escuros e angustiantes e trouxe uma boa interpretação de Farrel, que tem mais “jogo de cintura” que Eastwood para o papel de sedutor e interesseiro que era McBurney. Vale a pena dar uma conferida e procurar a versão antiga no You Tube.

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