Batata Movies – Wi Fi Ralph. Videogames E Internet.

Cartaz do Filme

A Disney trouxe sua animação de verão. “Wi Fi Ralph” é a continuação de “Detona Ralph” e tem como protagonistas personagens de jogos de videogame, Ralph e Vanellope. Lembrando sempre que essa análise terá spoilers.

Os dois amigos, que vivem num antigo fliperama, vão ter que se aventurar no mundo da internet depois que o jogo de Vanellope tem o seu volante quebrado, o que ameaça os personagens do jogo, pois o dono do fliperama pretende desligar a máquina. Uma das meninas que jogam na máquina viu que tem um volante à venda no E-Bay. E aí, os dois protagonistas vão à grande rede, representada como uma enorme cidade, toda patrocinada por sites e redes sociais, como o Google, o Facebook, o Twitter, o E-Bay, etc, etc, etc. Pode-se dizer que esse é um dos filmes mais patrocinados da História.

Dois amigos conhecem a internet…

Pois bem. Ralph e Vanellope encontram o tal volante e participam de um leilão onde a peça é arrematada pela bagatela de 27001 dólares. O detalhe é que os dois personagens de fliperama não sabiam que eles precisariam de dinheiro de verdade para poder pegar o volante. E aí, eles vão tentar fazer o que todo mundo tenta: ganhar (muito) dinheiro na internet. Mas o filme não se limita à busca de Ralph e Vanellope por grana. A amizade dos dois ficará ameaçada quando Vanellope descobre um jogo de videogame muito casca grossa (tipo um Carmagedon da vida), onde ela quer passar a viver definitivamente e participar das corridas mais iradas possíveis. É claro que Ralph não aceitará essa situação e a amizade entre eles correrá um grande risco.

Pedindo informações num mundo novo…

Para quem gosta de internet e de mundo virtual, essa animação é um prato cheio, pois as situações que aparecem na película provocam uma identificação imediata com os internautas que buscam um espaço ao Sol e fama na grande rede. Mas a película tem um grande atrativo: a Disney fazendo piada e gozação com seu próprio conteúdo. Falou-se muito da cena do encontro de Vanellope com as princesas da Disney. A menininha que gostava de corridas radicais de automóvel não tem nada a ver com as princesinhas, sobretudo as mais antigas, que foram forjadas numa época em que a mulher era vista de uma forma muito mais submissa que a de hoje. E assim, o diálogo e o anacronismo entre elas foi usado de forma muito inteligente e criativa, gerando boas risadas. Foi essa sequência que me seduziu e me levou ao cinema, muito mais do que a representação que a animação fez da internet. A película também foi criativa ao mostrar uma situação do que aconteceria na grande rede se um vírus muito potente fosse solto nela. E aí, Ralph, o protagonista do filme, terá um papel muito importante na questão do vírus. Só que vou parar com os spoilers por aqui.

Disney zoa suas princesas…

Dessa forma, “Wi Fi Ralph” é mais uma divertida animação de verão da Disney. Não vou dizer que foi uma das melhores de todos os tempos, já houve melhores no passado. Mas ainda assim vale a pena dar uma conferida por ser muito divertida, falar da questão do papel da mulher no mundo contemporâneo e buscar definir o que é uma boa amizade e respeito com a pessoa que você tem como melhor amiga. Não deixe de assistir.

Batata Movies (Especial Oscar 2019) – Poderia Me Perdoar? Falsários Indo Para O Ralo.

Cartaz do Filme

Outro filme concorrente ao Oscar. “Poderia Me Perdoar” disputa três estatuetas (Melhor Atriz para Melissa McCarthy, Melhor Ator Coadjuvante para Richard Grant e Melhor Roteiro Adaptado) e conta, com um humor bem ácido, a difícil vida da escritora Lee Israel, que conseguiu emplacar uma obra sua nas listas de mais vendidos para nunca mais. Figura completamente simpática a gatos e totalmente avessa a humanos, Israel tinha um comportamento extremamente difícil, ficando numa tremenda penúria financeira por causa disso. Até que ela teve uma ideia: começou a falsificar cartas de escritores famosos e vendê-las a donos de sebo, que em Nova York são muito mais sofisticados que os daqui. O problema é que Israel vai ser descoberta e sua vida, que já era difícil, vai ficar ainda mais complicada.

Lee Israel, uma mulher difícil…

O trabalho de Melissa McCarthy nesse filme foi muito bom, fazendo jus à indicação para Melhor Atriz. Ela conseguiu fazer uma mulher muito mais velha (à despeito de sua boa caracterização com maquiagem) e rabugenta, chegando às beiras do insuportável. Ela é a protagonista com mais cara de antagonista que surgiu no cinema nos últimos tempos. O problema para ela ganhar o prêmio (e vou repetir isso quantas vezes for necessário) é a atuação magnífica de Glenn Close em “A Esposa”, considerada imbatível por este humilde escriba. Vai ser muito difícil para McCarthy bater essa atuação de Close na noite da premiação, se os critérios de talento contarem, já que sempre devemos lembrar que são geralmente os interesses da indústria que norteiam essa premiação.

Pesquisas para boas falsificações…

A atuação de Richard Grant também foi excelente ao interpretar Jack Hock, o amigo de Israel, que sequer tem onde cair morto. Ele era um cara também cheio de defeitos como Israel, mas era o tipo do cafajeste simpático, ao contrário da escritora. Seu trabalho foi digno da indicação para melhor ator, mas aqui o páreo está duríssimo também, senão vejamos: Sam Rockwell fazendo Bush em “Vice” e Mahershala Ali em “Green Book”. Aqui, qualquer um que vença será uma premiação justa. Confesso que nem sei para quem torcer.

Lee em ação, sempre com a gatinha por perto…

E a história do filme? Tentou-se fazer uma comédia aqui em alguns momentos, só que o filme é carregado de cargas negativas quase o tempo todo. O relacionamento ríspido de Israel com os demais personagens (inclusive com seu amigo próximo Hock) é o carro-chefe da película, sendo o típico caso da pessoa que vive dando tiros no próprio pé e fechando portas para si, já que faz uma questão extrema de que o mundo funcione de acordo com seus desejos e parâmetros e não o contrário. É claro que isso vai provocar uma série de situações muito desagradáveis para nossa protagonista, que tem uma vida complicada e sofrida. Pelo menos, ela aliviava um pouco suas mágoas fazendo trotes que podiam ser ofensivos ou brincadeiras vingativas de péssimo gosto. Ou seja, o filme tem quase o tempo todo uma carga negativa muito grande, sendo um violento choque de realidade.

Muitas peripécias com o amigo Hock…

Dessa forma, “Poderia me Perdoar?” consegue não ser uma comédia dramática, mas uma ácida comédia melancólica, onde a protagonista não é o melhor exemplo de virtude, muito pelo contrário até. A boa maquiagem aplicada em Melissa McCarthy de nada adiantaria se não fosse a ótima atuação da atriz, que lhe exigiu muito mais do dramático do que da comédia, e sabemos que a atriz é mais especializada nesse último gênero. Assim, esse trabalho foi um desafio e tanto para ela, que correspondeu muito bem e mereceu a indicação. A atuação de Richard Grant também foi fenomenal, também sendo digna da indicação que recebeu. Mesmo que a película tenha um clima bem pesado, ela é altamente recomendável em virtude do trabalho dos atores. Vale a pena dar uma conferida.

Batata Movies (Especial Oscar 2019) – No Portal Da Eternidade. Um Van Gogh Tranquilão.

Cartaz do Filme

Mais um filme concorrente ao Oscar. “No Portal da Eternidade” disputa uma estatueta de Melhor Ator para Willem Dafoe e fala da vida de Vincent Van Gogh nas cidades de Arles e Auvers-Sur-Oise. Vamos precisar de alguns spoilers aqui para analisar o filme. Ao enfocar esse período da vida do pintor, podemos testemunhar momentos-chave de sua vida, como a relação entre Vincent (interpretado por Dafoe) com o seu irmão Theo (interpretado por Rupert Friend), ou com Paul Gauguin (interpretado por Oscar Isaac), pessoas com as quais Vincent mantinha um forte vínculo afetivo e de dependência. o filme também aborda a loucura de Vincent Van Gogh, onde ele diz que não se lembra dos ataques de insanidade de que as duas cidadezinhas o acusam, além de mencionar a perseguição pela qual o artista passava, pois as pessoas não entendiam sua arte e achavam seus quadros horríveis, considerados um atentado à arte. O famoso corte da orelha também é citado, assim como as circunstâncias da morte do artista, onde é insinuado que ele foi assassinado por seus perseguidores.

Dafoe fazendo Van Gogh. O máximo!!!

O filme também é um show de imagens. Se ele concorresse para o Oscar de Melhor Fotografia, não seria nenhuma surpresa. Como há uma forte presença das telas de Van Gogh na película, as imagens da natureza, das quais Van Gogh pintou vários de seus quadros e fazia as suas leituras e impressões, constituem um personagem à parte. Há, inclusive, uma linda imagem em preto e branco de uma paisagem que Van Gogh pinta nas mesmas cores em sua tela, espelhando a impressão que o artista tinha da natureza, sendo um dos momentos mais lindos de todo o filme.

Relacionamento terno com Gauguin…

A grande atração da película, entretanto, é o rosário de grandes atores que esse filme apresenta. Podemos falar do staff francês com Mathieu Almaric, Emmanuelle Seigner, Niels Arestup, somente atores de primeira linha. Mesmo com pequenas participações, eles chamam muito a atenção nos seus momentos de tela, tornando-se verdadeiros coadjuvantes de luxo.

O famoso corte da orelha…

Mads Mikkelsen também dá o ar de sua graça como o padre que entrevista Van Gogh no hospício, entrevista essa em que ele decidirá se o artista terá alta ou não. O diálogo entre os dois é delicioso, com o padre querendo comprovar que a arte do pintor não seria normal e Van Gogh rebatendo de forma altamente racional todos os argumentos do padre até que este se encontre sem saída e não tenha outra alternativa a não ser liberar o artista. Já Oscar Isaac fez um Gauguin bem vibrante e ainda com forças para lutar contra os que, em seu ponto de vista, obstruíam o caminho da originalidade. Seus diálogos com Van Gogh também foram muito bons, onde o afeto era mesclado com uma firmeza.

Filme dialoga com a materialidade visual dos quadros de Van Gogh

Agora, o ator que desempenha o papel principal, Willem Dafoe, estava simplesmente fulgurante, isso é inquestionável, e a indicação ao Oscar de Melhor Ator foi mais do que justa. A única coisa que incomoda um pouco (e isso foi mais um problema de roteiro do que de atuação) é que seu Van Gogh passou uma impressão de demasiada tranquilidade em alguns momentos. Quando se trata de Vincent Van Gogh, a imagem que o senso comum leva à nossa cabeça é a de uma pessoa profundamente perturbada, com explosões de paroxismo à cada segundo. Tudo bem, há explosões de paroxismo de Dafoe no filme, mas também há demonstrações de uma estranha serenidade, e isso em momentos que deveriam ser extremamente dramáticos, tais como o seu corte da orelha. Confesso que soou um pouco esquisito. Mas, repito, Dafoe foi fantástico nesse filme.

Uma intrusa tranquilidade…

Dessa forma, “No Portal da Eternidade” é um grande filme que concorre ao Oscar de Melhor Ator. Um filme que fala sobre um grande artista, que tem um elenco estelar, e que tem uma fotografia deslumbrante, com lindas imagens da natureza. E, sim, tem Dafoe, numa das melhores e mais memoráveis atuações de sua carreira. Um filme imperdível.

Batata Movies (Especial Oscar 2019) – Vice. A Arte De Mexer Os Pauzinhos.

Cartaz do Filme

Outro filme que concorre ao Oscar. “Vice” disputa oito estatuetas (Melhor Filme, Melhor Diretor para Adam McKay, Melhor Roteiro Original para Adam Mckay, Melhor Montagem, Melhor Maquiagem e Cabelo, Melhor Ator para Christian Bale, Melhor Ator Coadjuvante para Sam Rockwell e Melhor Atriz Coadjuvante para Amy Adams). É mais um filme do diretor de “A Grande Aposta”, uma película que explicou, de forma bem didática, a crise no mercado imobiliário americano, que tomou proporções mundiais. Agora, Mckay fala da trajetória de Dick Cheney, político de carreira que chegou ao cargo de vice-presidente na gestão de George W. Bush. Mas ele era um vice-presidente diferente. Ao invés de ser uma figura meramente decorativa, Cheney conseguiu convencer Bush de concentrar em sua mão vários poderes como funções burocráticas, controle de energia, exército, etc., ou seja, ele praticamente mandava nos Estados Unidos, além de influenciar Bush diretamente em todas as decisões. Foi Cheney, por exemplo, que começou com a história de que o Iraque devia ser invadido em virtude do seu suposto arsenal de armas químicas. Esse ataque provocou a morte de milhares de pessoas (americanas e iraquianas) e a gênese do Estado Islâmico. O filme deixava claro que Cheney sempre tomava as suas decisões tendo como norte a busca por boas oportunidades ou acumulação de poder. E aí, ele podia tomar atitudes bem sórdidas.

Dick Cheney. Em busca de oportunidades…

É uma película de forte tom ácido e crítico, mostrando, desde o início, a natureza pesada da personalidade de Cheney. Para isso, tivemos um excelente trabalho de maquiagem que caracterizou muito bem Christian Bale (que interpretou Cheney), Amy Adams (que interpretou a esposa de Cheney) e Steve Carell (que interpretou Donald Rumsfeld). Mas toda a maquiagem não seria suficiente para garantir integralmente uma boa caracterização.

Belo trabalho de caracterização, inclusive em Amy Adams…

Os trabalhos de Bale, Adams e Carell foram simplesmente magníficos, fazendo jus à indicação ao Oscar para os dois primeiros. Notável, também, foi o trabalho de Sam Rockwell fazendo o papel de George W. Bush. Parece que víamos o próprio na telona em toda a sua idiotice. Assim, “Vice” é mais um daqueles filmes em que o trabalho dos atores é a atração principal. Mas “Vice” também é um filme de humor. Um humor que, na maioria das vezes é bem ácido e negro, mas que também terá momentos de um humor escrachado que beira o besteirol, como no (alerta de spoiler) happy end falso bem no meio da exibição da película, passando pelo jeito um tanto “informal” como os intertítulos do filme se relacionam com o espectador, chegando ao final (tacanho) do narrador da história e seu verdadeiro papel no filme, aqui puxando mais para o humor negro.

Um Donald Rumsfeld perfeito…

Um momento muito forte da película é uma quebra de quarta parede promovida por Cheney, onde ele afronta o espectador que o julga por todos os seus malfeitos. A postura muito firme de Bale desafia quem está na sala e chega a ser assustadora. E é interessante, também, vermos artistas consagrados fazendo pontas no filme, como um Alfred Molina que é um maitre de restaurante que Cheney está com os seus pares e anuncia no menu todas as falcatruas e jogadas que nosso (?) protagonista faz, ou uma Naomi Watts que faz a âncora da Fox News, canal de TV americano reconhecidamente de direita.

Só não mais perfeito que George W. Bush…

Assim, “Vice” é mais um bom filme de Adam McKay, que tem um forte conteúdo crítico político, da mesma forma que o ocorrido em “A Grande Aposta”. Ou seja, denúncia pura, e uma denúncia feita com a ajuda de atores que já trabalharam com Mckay como Christian Bale, Amy Adams e Steve Carell, em excelentes atuações. Filme para abiscoitar um Oscar de Ator ou Maquiagem, pelo menos. Programa imperdível.

Batata Movies – A Vida Em Si. Uma Torrente De Emoções.

Cartaz do Filme

Um filme no mínimo curioso. “A Vida em Si” trabalha simultaneamente várias histórias que, aparentemente parecem não ter nada em comum a princípio, mas que vão se encadeando aos poucos, tornando coesa uma narrativa inicialmente fragmentada. E a graça toda da coisa estão nos pontos nodais onde essa narrativa vai se construindo.

O plot conta quatro histórias de duas gerações de duas famílias. Começamos com o casal Will e Abby (interpretados, respectivamente, por Oscar Isaac e Olivia Wilde), nos Estados Unidos. Uma tragédia manchará a vida desse casal, que deixará uma filha, Dylan (interpretada por Olivia Cooke), uma menina que, por ser marcada pelo trauma da tragédia, é altamente pessimista e depressiva. Mas há ainda mais uma família que, muito longe dali, mais especificamente na Espanha, também irá se envolver com o núcleo familiar americano. Numa fazenda de oliveiras, o patrão, Mr. Saccione (interpretado por Antonio Banderas) fica maravilhado com um de seus empregados, Javier (interpretado por Sérgio Peris-Mancheta), pois ele colhe as azeitonas com a mão para não destruí-las. Mas Javier é arisco e não quer estreitar laços com o patrão. O empregado tem uma esposa e um filho que irão ter uma afinidade bem próxima com o patrão, para o desespero de Javier. Essa família fará uma viagem para os Estados Unidos, onde suas vidas serão modificadas para sempre.

Um casal marcado pela tragédia

Bom, tentei fazer uma descrição bem sucinta do plot para não recair em muitos spoilers. O que chama muito a atenção nessas histórias é que elas justificam bem o título do filme, ou seja, a vida em si sempre tem seus altos e baixos. Mesmo que às vezes a tragédia marque a vida das pessoas, sempre há uma forma de se dar a volta por cima, onde as próprias pessoas que sofrem com as mazelas do passado podem se dar as mãos e recomeçar. Carregado nesse espírito de afeto e de ternura, o filme vai costurando aos poucos as pequenas histórias e isso cativa o espectador gradativamente.

Uma moça marcada pelo passado

Com relação aos atores, três destaques. Tivemos uma Annette Bening, que fez a terapeuta de Will que, mesmo que tenha tido uma participação muito pequena no filme, chamou a atenção pelo tom carinhoso com que tratava seu paciente. Já Isaac chamou muito a atenção como o marido pré e pós tragédia, sendo bem mais convincente em sua fase mais depressiva. Mas quem teve a melhor atuação no filme foi Antonio Banderas. Ele conseguiu dar ao seu personagem um lado humano muito forte, justamente um personagem que apresenta de forma detalhada seu passado (talvez o personagem mais bem construído do filme), o que ajuda a dar muita empatia ao mesmo, personagem esse que, aparentemente seria um fazendeiro cruel e mal intencionado em seu início.

Antonio Banderas em excelente atuação

Dessa forma, “A Vida em Si” é um filme que merece a atenção do espectador, pois ele tem um roteiro cativante e bem elaborado, onde há uma forte empatia dos personagens com o público. A interação de medalhões do porte de Isaac e Banderas com atores menos conhecidos foi muito eficaz, sinal de que todo o elenco conseguiu trabalhar muito bem e em equipe. Vale a pena dar uma conferida.

Batata Movies (Especial Oscar 2019) – Se A Rua Beale Falasse. Dando Poesia A Uma Realidade Cruel.

Cartaz do Filme

Mais um bom filme que concorre ao Oscar. “Se a Rua Beale Falasse” concorre a três estatuetas (Melhor Música Para Filme, Melhor Atriz Coadjuvante para Regina King e Melhor Roteiro Adaptado) e ganhou o Globo de Ouro para Atriz Coadjuvante. É uma película que busca mostrar, da forma mais leve e poética possível, uma dura realidade: a condição de vida dos negros americanos nos Estados Unidos de dias de racismo contundente. E, por incrível que pareça, mesmo abordando tema tão espinhoso, o filme é um poço de muita ternura. Para que possamos entender isso, spoilers serão necessários.

Um casal altamente idílico…

O plot gira em torno do jovem casal formado por Tish (interpretada por Kiki Lane) e Fonny (interpretado por Stephan James). Amigos de infância, o romance entre os dois aconteceu de uma forma muito idílica. Pode-se dizer que até a primeira vez do casal rolou num clima de idílio. A gente via a história sendo contada pelo ponto de vista de Tish, o que ajudou em muito nessa visão bem romântica e doce do casal, já que a personagem era um verdadeiro poço de candura. Mas, infelizmente, a realidade bate à porta e Fonny acaba sendo acusado injustamente de estupro e termina na cadeia. Seu julgamento é adiado seguidas vezes e, enquanto isso, o rapaz permanece preso, para desespero de sua namorada, que espera um filho e ainda precisa se preocupar em arranjar um meio de tirar o companheiro da cadeia.

Tish não vai desistir de lutar por seu amado na prisão…

O tempo vai passando e as dificuldades para se provar a inocência de Fonny só comprovam o que todos nós já sabemos: a sociedade americana da época (o filme se passa em meados das décadas de 60 e 70) é extremamente racista e injusta com sua população negra e aí um jovem casal que paulatinamente construía a sua vida, tijolinho a tijolinho, de forma bem afetuosa e terna, tem a sua história drasticamente alterada pelas mazelas do mundo real. Resta a eles se adaptarem a isso. E como se adaptaram! Mesmo com todo o sofrimento envolvido, Tish nunca esmoreceu e se apaixonou por outro homem, além de cuidar de seu filho com muito carinho, visitando o namorado frequentemente na prisão, mesmo com o passar dos muitos anos em que ele ficou preso.

Regina King teve boa atuação…

Embora seja altamente idílico, o filme não optou por um happy end propriamente dito. Ou seja, quis se mostrar que a situação do racismo nos Estados Unidos não pode dar margem a um bom desfecho. Realmente, foi bem melhor assim, pois não ficaria legal um final feliz aqui. Passaria uma impressão de algo inverossímil.

Tish, grávida, recebe o apoio da mãe e da irmã…

Uma outra coisa que chama muito a atenção da película é a forma como alguns personagens se comportavam. Dava dó de ver os pais de Tish e Fonny, amigos de longa data e personagens que conseguem despertar muita empatia do público, ter de lançar mão de atos ilícitos para conseguir o dinheiro necessário para tentar libertar o rapaz. Atos ilícitos que eles já haviam lançado mão em outras ocasiões, muito mais por uma questão de sobrevivência numa sociedade que não lhes dá oportunidade do que por mau caratismo. Já a mãe de Fonny e suas irmãs acabaram sendo planas demais em sua construção, pois a religiosidade excessiva fazia com que elas enxergassem a situação de Fonny com os olhos de um branco WASP. E a coisa, com razão, acabou não indo muito para a frente com elas no filme. Agora, a atuação de Regina King como mãe de Fonny convenceu bastante e mereceu a indicação de atriz coadjuvante. Já ser digna da premiação, confesso que deve estar mais para Emma Stone em “A Favorita”.

… e do paizão…

No mais, palmas para a edição. É o tipo de história contada com idas e vindas no tempo, onde vemos a história do casal antes e depois da prisão de Fonny. Os momentos anteriores à prisão foram muito importantes para dar o clima terno e idílico à história, e precisavam ser alternados no peso certo com a acidez e sofrimento dos dias da prisão. Para que isso aconteça, um bom trabalho de edição é fundamental, levando esses dois núcleos alternadamente no transcorrer da história e com igual peso, pois caso contrário existe o risco do filme ou ficar sombrio demais ou meloso demais.

Kiki Lane, entre o diretor Barry Jenkins e Diego Luna (de “Rogue One”), que também trabalhou no filme

Assim, “Se a Rua Beale Falasse” é um bom filme que também merece a atenção do espectador, sobretudo aquele que quer estar antenado com todos os indicados ao Oscar. Um prêmio para roteiro adaptado cairia muito bem aqui, já que ele não está indicado para montagem. Mas seu grande trunfo é encarar a realidade da forma mais suave e idílica possível, aos olhos de uma moça apaixonada, sem isso ser piegas. Vale a pena dar uma conferida.

Batata Movies – Vidro. Tá Todo Mundo Louco, Oba!

Cartaz do Filme

M. Night Shyamalan dá um desfecho em sua trilogia iniciada com “Corpo Fechado” e que deu sequência em “Fragmentado” através do filme “Vidro”, promovendo um encontro entre seus três personagens: David Dunn (interpretado por Bruce Willis), os vinte e quatro personagens interpretados por James McAvoy e Elijah Price (interpretado por Samuel L. Jackson). A ideia do plot foi colocar essas três figuras muito doidas, que se acham super-heróis, num manicômio para uma espécie de terapia de grupo, empreendida pela doutora Ellie Straple (interpretada por Sarah Paulson), uma mulher  que, não sei por que cargas d’água, odeia super-heróis e quadrinhos (confesso que não vi “Corpo Fechado”, mas tenho uma ideia de seu enredo). Vamos lançar mão de alguns spoilers aqui.

David Dunn

É um filme que realmente se ampara nesses três atores protagonistas e na história de doideira de todos eles. Dunn parece ser o mais equilibrado (ou o menos pirado) de todos. Com relação aos personagens de McAvoy, dessa vez tivemos a oportunidade de ver o ator interpretando bem mais deles (em “Fragmentado” eram apenas nove, creio eu), o que foi uma diversão à parte, mas que também fazia a gente se perder um pouco.

Elijah Price, o mais perigoso…

Aliás, tocando nesse ponto, o roteiro é um tanto desconfortavelmente complicado. Pelo menos uma coisa ficou bem clara. O vilão ali entre os três era realmente Elijah, que inclusive manipulou a Besta e estava com nítidas intenções agressivas. Mas ainda assim todos os três pacientes eram vítimas de Ellie Straple, que queria acabar com a neurose dos três, eliminando todo mundo.

É uma besta mesmo…

Com relação ao desfecho, a coisa ficou com uma cara de happy end com gosto de cabo de guarda-chuva, ou seja, foi um final parcialmente feliz, ou até um final infeliz com uma espécie de prêmio de consolação. Confesso que eu torcia para uma melhor sorte para o personagem de Willis.

Louca terapia de grupo…

Assim, “Vidro” é um filme de roteiro um tanto complexo e que tem como grande trunfo a interação entre os personagens de Willis, McAvoy e Jackson. Na real, a gente vai mais ao cinema para ver esses personagens atuando mesmo. No mais, um filme um tanto mediano e até um tanto enfadonho pela complexidade da história.

Batata Movies – Homem Aranha No Aranhaverso. Uma Ótima Aposta.

Cartaz do Filme

E tivemos a tão esperada animação da Sony “Homem Aranha No Aranhaverso”. Sendo um dos mais amados personagens da Marvel, a Sony deu ao aracnídeo uma história à altura de seu carisma e criou vários personagens relacionados ao super-herói de Peter Parker.

Um novo Homem Aranha

Mas, que história é essa de vários super-heróis derivados do Homem Aranha? Para isso, foi usada a ideia de vários universos alternativos que acabaram se conectando através de uma máquina que era controlada pelo Gênio do Crime. A máquina estava no Universo do adolescente Miles Morales, e acabou jogando vários “Homens Aranhas” para o Universo de Morales. Era Homem Aranha de tudo quanto é jeito: um Peter Parker barrigudo e separado de Mary Jane, um Homem Aranha da década de 30, meio noir, uma “Menina Aranha” com jeitinho de mangá, um “Porco Aranha” com cara de Gaguinho e uma “Menina Aranha” que era a Gwen Stacy. E todos eles se unem para dar cabo da máquina que pode destruir todos os Universos.

Hein???

Aqui, Morales, o jovem aprendiz de Homem Aranha, é o protagonista máximo de uma história que consegue ser muito dinâmica, engraçada e bem ligada às histórias pregressas do aracnídeo. Ou seja, temos um roteiro muito bem escrito que cativa o espectador, sendo um bom uso da Sony de um personagem tão importante do qual detém os direitos (já estava na hora). O fato de termos uma animação também é uma virtude, pois pôde-se abusar da imaginação e de efeitos especiais de uma forma que não se poderia fazer no live action. Mais um ponto para a Sony e um bom pontapé inicial para o uso dessa mídia (fica a curiosidade do que se poderia ser feito em animação para os X-Men, por exemplo).

Caramba…

Dessa forma, “Homem Aranha no Aranhaverso” é uma grande animação da Sony e finalmente uma produção à altura do material do qual ela possui os direitos. Foi uma linda homenagem a um dos super-heróis mais amados da Marvel e se inaugurou um leque de possibilidades de se fazer boas continuações com os novos personagens apresentados. Esperemos que venham outras animações por aí que possam recuperar franquias como “O Quarteto Fantástico”, por exemplo.

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