Por Carlos Lohse
Hoje vamos continuar nossa discussão sobre o universo de “Battlestar Galactica”. Essa série, produzida por Glen A. Larson (ele produzia muitas séries para tv nos fins da década de 70 e início da década de 80) foi repaginada em 2004. Antes de se realizarem os episódios, foi feito um longa-metragem. Se tomarmos esse longa como referência (confesso que ainda não tive a oportunidade de ver a série), encontramos várias diferenças com relação à série original. Agora, os cilônios foram produzidos pelos humanos e se rebelaram contra eles. Os centuriões estão novamente lá, com um design mais irado, mas não dizem uma só palavra. Existem modelos de cilônios que imitam fielmente 12 humanos diferentes. As 12 tribos novamente estão lá, e são destruídas pelos cilônios. Mais uma vez, a Galáctica encabeça uma frota de naves humanas em fuga. Mas agora, há esses 12 modelos de cilônios infiltrados, já que a raça humana não foi totalmente dizimada. É curioso perceber que os cilônios “humanos” não conseguem cumprir com eficiência as missões ordenadas pelo cilônio número 1, pois eles estavam emocionalmente envolvidos com os demais humanos, ou seja, era o amor (por mais piegas que possa parecer) que evitava que eles destruíssem os humanos, o que deixava intrigado o cilônio número 1, o mais frio de todos. O detalhe é que até um dos cilônios número 1 passou a ficar “emotivo” (lembrem-se que havia vários cilônios dos 12 tipos: vários números 1, vários números 2 e assim por diante) . O longa que deu origem à série termina com uma trégua entre os cilônios e os humanos e dois números 1 sendo executados na Galáctica: um mais emotivo e outro mais frio. Detalhe: a execução era ser lançado pelo espaço. Aí, era meio difícil de engolir isso, pois a gente via os caras flutuando no espaço, quando seus corpos deviam, na verdade, explodir, pois saíam de um ambiente com uma atmosfera de pressão do ar para pressão nenhuma. Então, a tendência do corpo seria explodir, como vimos em “O Vingador do Futuro”, do Schwarznegger. Mas como, em muitas ficções científicas, o som se propaga pelo espaço e naves explodem em bola de fogo…
Dá para perceber que a história recebeu uma turbinada. Mas algumas coisas pioraram na minha modesta opinião. Todas as referências às culturas antigas praticamente desapareceram nessa nova “Galáctica”. Ao invés disso, a gente via muitas referências ao presente da época em que a série foi feita. Militares com metralhadoras e fuzis, civis andando de terno e gravata, etc. Confesso que não gostei muito disso e acho que corrompeu uma ideia legal da série original, que era fazer uma ponte entre o que se via na história de Galáctica e as culturas antigas, para reforçar a impressão de que a raça humana veio do espaço. Outra coisa que ficou um pouco estranha foi a ligação entre os cilônios e os humanos. Os segundos se viam como uma espécie de criação do primeiro, e houve umas falas meio loucas, um tanto desconexas e místicas, na hora do ataque dos cilônios às tribos. Ficou uma parada meio bicho grilo, o que não acho muito legal numa série de ficção científica. De qualquer forma, o ódio dos cilônios pelos humanos era latente, já que eles se sentiram escravizados. Agora, uma coisa que realmente caiu muito bem nessa nova série é a presença de Edward James Olmos no papel do Comandante Adama. Esse ator foi um ícone dos anos 80. Não podemos nos esquecer de sua participação em “Blade Runner”, como o policial oriental que fazia pequenos bonequinhos com palitos de fósforo e sempre aparecia, de forma bem inconveniente, na frente de Harrison Ford. E, principalmente, como o inesquecível tenente Castillo, de Miami Vice, um homem de poucas palavras e olhar fixo, que sempre conseguia controlar a impetuosidade dos policiais “cascas grossas” Sonny e Tubbs. Ele fez um Adama mais frio e seco, bem ao seu estilo. E devo confessar que só vou procurar me inteirar mais sobre essa série nova da Galáctica mais por causa de Olmos.
Dessa forma, “Battlestar Galactica” mostra possuir uma boa história, que deu origem a duas leituras, datadas pela época em que foram escritas e realizadas. A série antiga teve mais referências a culturas antigas, mas menos episódios. Já a série mais nova excluiu essas referências, mas parece que fez uma história mais atraente, pois teve mais episódios. São visões diferentes, mas não menos interessantes. E não deixe de ver o trailer do filme de 2004 abaixo.