Quando você vê um grande blockbuster inspirado num livro ou num jogo de videogame do qual você não sabe nada, sua visão obviamente vai ser diferente de quem é fissurado naquele livro ou jogo de videogame. Foi mais ou menos o que aconteceu comigo ao assistir “Assassin’s Creed”. Confesso que o trailer não me atraiu muito e talvez eu nem fosse ver a película se não houvesse um detalhe todo especial: eu simplesmente adorei o elenco. Michael Fassbender contracenando com a fofíssima Marion Cotillard e Jeremy Irons. E, ainda por cima com uma participação toda especial de Charlotte Rampling que eu descobri ao longo da exibição do filme, com Brendan Gleeson de brinde. Realmente, somente atores de quem gosto muito. Esse fator, mais a curiosidade do que se trata essa trama, que é baseada em História da Idade Moderna, com direito a templários, Inquisição e Reconquista da Península Ibérica, me deram esperanças de que eu fosse ver esse filme com bons olhos. Infelizmente, me enganei. Talvez, se eu tivesse algum contato com o game, teria uma opinião diferente. Talvez…
Bom, no que consiste a história para os neófitos em Assassin’s Creed? No ano de 1492, os muçulmanos haviam sido praticamente todos expulsos da Península Ibérica pelos cristãos. A Igreja Católica é uma organização dominada pelos templários, que acham que o livre arbítrio é a causa de todas as mazelas da humanidade. Ou seja, os católicos agora querem agora dominar mais do que nunca os corações e mentes das pessoas. Para isso, eles querem dominar a maçã do éden, uma espécie de dispositivo que é fonte de toda a discórdia humana. Mas o grupo de assassinos, que defendia o último sultão ainda presente na Espanha, vai evitar que os templários fiquem com a tal maçã em seu domínio. Um dos assassinos, Aguilar (interpretado por Fassbender), vai deixar uma linhagem cujo seu descendente, Cal Lynch, será condenado à morte por homicídio. Mas ele será falsamente executado e inserido num programa que busca procurar uma solução para a violência humana. Esse programa é dirigido por Sofia (interpretada por Cotillard), na empresa do pai, Rikkin (interpretado por Irons) e consiste em procurar memórias genéticas em Lynch, onde uma máquina irá reproduzir nele tudo o que aconteceu com Aguilar. Mas, na verdade, tanto Rikkin quanto Sofia são templários do século 20, que ainda querem acabar com o livre arbítrio da sociedade, acreditando que isso é a cura para a violência humana. Vai caber a Lynch lutar contra isso.
Devo confessar que o enredo é até bom, mas a forma como ele foi apresentado no filme não ficou muito boa. Em primeiro lugar, sabemos que esse é um típico filme de porrada, bomba e tiro regado a muitos CGIs. Até aí, tudo bem. Mas o problema é que a fotografia da película (ou pelo menos da cópia que eu vi) ficou um tanto escura, o que comprometeu um pouco a materialidade visual da coisa. Os assassinos eram caras muito ágeis que pulavam prédios, saltavam em telhados, andavam em cima de cordas e muito pouco podia ser visto naquelas imagens mal iluminadas. Isso já faz com que o filme não fique com uma cara muito simpática, pois sua principal atração está praticamente às escuras. Outra coisa foi a forma como a trama foi apresentada. A narrativa foi meio enrolada e confesso que me perdi um pouco. O desfecho também foi um grande problema, pois apesar de ter acontecido algo de grande efeito, ainda assim ficou um jeitão enorme de anticlímax, do tipo “Ué, já acabou?”. Um gancho para continuação, talvez? Sei não, mas do jeito que ficou, eu não veria a segunda parte desse filme.
Assim, “Assassin’s Creed” acabou não sendo uma boa experiência para uma pessoa que não conhece o jogo, como eu. Embora o enredo do filme seja bem interessante, ainda assim ele poderia ter sido melhor apresentado. E, de preferência, com uma fotografia mais clara para a gente curtir melhor as cenas de ação e efeitos especiais. Uma pena. de qualquer forma, não deixe de ver o trailer abaixo.