Uma co-produção Brasil-Portugal passou em nossas telonas. “A Cidade Onde Envelheço” fala de dúvidas e incertezas. Fala do medo dos caminhos que você toma na vida. Para onde devo ir? Será que o rumo que dou ao meu futuro é o melhor? Devo seguir em frente ou voltar atrás e buscar o antigo caminho? Ou tentar uma terceira solução? Dúvidas, dúvidas e dúvidas.
O filme fala de duas amigas portuguesas, Francisca e Tereza (interpretadas, respectivamente por Elisabete Francisca e Francisca Manuel), que vieram tentar a vida no Brasil, mais especificamente na cidade de Belo Horizonte. Francisca já está há algum tempo no Brasil e Tereza é uma recém-chegada que irá dividir o apartamento da amiga. Francisca tem seu círculo de amizades, com pessoas frequentando seu apartamento, mas não consegue se adaptar ao Brasil, sendo um pouco mais mal-humorada. Já Tereza é bem mais alegre e extrovertida. Mesmo que as duas amigas se entendam bem, Francisca já deixou claro que prefere morar sozinha. Mas as duas amigas portuguesas são bem unidas e enfrentam o dia-a-dia de se estar num país com hábitos e comportamentos diferentes.
O filme tem um ritmo relativamente lento e é um tanto enfadonho, mas aborda uma interessante questão: como um estrangeiro convive num novo país e consegue ou não se adaptar? No caso de nossas amigas portuguesas, a gente via que elas, de alguma forma, conseguiram se adaptar e formar um círculo de amigos, entretanto não dava para dizer que aquelas eram amizades profundas, a ponto de se fincar raízes por aqui. Isso ficou bem claro num choro de Tereza que, aparentemente, não tinha qualquer motivo, mas sentíamos nas entrelinhas que a moça (lindíssima por sinal) estava com saudades da “terrinha”. Ainda assim, fica no ar a dúvida para nossas protagonistas: é melhor tentar a sorte no Brasil ou voltar para seu país natal? O próprio turbilhão de incertezas quando da permanência no Brasil (Vai se ter um emprego? Haverá dinheiro para o aluguel? E se precisar de alguém para dividir as despesas?) tornam as decisões ainda mais difíceis.
Assim, “A Cidade Onde Envelheço” é um filme que inaugura uma série de co-produções Brasil-Portugal esse ano e dá a nós o olhar do imigrante português perante o Brasil. Um filme com duas atrizes eficientes que nos dá um leve sopro de como é difícil se fincar raízes em terras estrangeiras, pelo menos para as novas gerações, e que, acima de tudo, mostra como é enorme a incerteza de quais rumos podemos dar a nossas vidas. Vale a pena dar uma conferida.