Um interessante filme pairou em nossas telonas. “Armas na Mesa” (“Miss Sloane”) é uma película que fala de poder e corrupção, mostrando que esta última não é um privilégio de terras tupiniquins. Um filme um tanto barra pesada. Mas também um grande jogo de xadrez.
Vemos aqui a história de Elisabeth Sloane (interpretada por Jessica Chastain), a mais bem sucedida e requisitada lobista de Washington. Ela não mede esforços para alcançar suas vitórias políticas, ao bom estilo “os fins justificam os meios”, sendo uma mulher para lá de marrenta. Mas essa mulher aparentemente fria e calculista sofre de uma insônia crônica que a faz ficar dependente de remédios, escondendo uma instabilidade emocional. Um belo dia, o chefe da empresa em que trabalha organiza uma reunião com um senador que é de um movimento pró-armas. Sloane decide não decide fazer o lobby para o tal senador, o que irrita o seu chefe. Ao mesmo tempo, é convidada a trabalhar numa empresa rival, fazendo justamente um lobby anti-armas. Isso será apenas o início de uma briga de cachorro grande, onde ela lançará mão de todos os artifícios inescrupulosos para conseguir chegar aos seus objetivos, o que também a deixará vulnerável a seus inimigos.
Esse é o tipo do filme em que o espectador deve ficar ligado o tempo todo, para não perder o fio da meada, pois a coisa fica toda focada no diálogo dos personagens e temos que acompanhar tudo com atenção, pois há muitos personagens envolvidos na trama. Todo o falatório torna o desenrolar da película um tanto enfadonho (algumas pessoas desistiram no meio da exibição e foram embora), mas quem aguentou até o final foi bem recompensado com o desfecho. O mais interessante aqui é como as duas empresas lançavam mão de todos os recursos (muitas vezes um tanto que sorrateiros, imorais ou até ilícitos) para chegarem aos seus objetivos de conquistar os senadores que votariam a favor ou não das armas. Nossa protagonista é uma espécie de anti-herói típica, onde sua marra e suas atitudes inescrupulosas nos despertavam antipatia e até uma certa revolta em alguns momentos. Mas sua fragilidade como figura humana também nos despertava uma certa pena. E sua inteligência em mover as peças do xadrez na hora certa e de forma correta, principalmente ao desfecho do filme, nos despertou admiração. Todos esses sentimentos despertados pela interpretação magistral de Jessica Chastain, que se mostra uma eficiente atriz, que não só se escora em sua beleza para conseguir papéis. Ainda falando em atores, foi muito legal ver novamente John Lithgow no cinema, interpretando um senador que quer ferrar com a Miss Sloane, e Sam Waterson, no papel do primeiro chefe de Sloane. Para quem não se lembra, Waterson fez a série “Lei e Ordem”.
Assim, “Armas na Mesa” pode até ter um ritmo lento e exigir muita atenção do espectador, mas ele premia todos aqueles que se dedicam a ele, por contar uma boa história com um bom desfecho. O filme ainda traz a boa presença de atores mais antigos e a boa interpretação de Chastain, que era o foco principal do filme. Vale a pena dar uma conferida.
https://youtu.be/TZLWM-pMT4Q