Sempre gostei muito de Maria de Medeiros. Já tirei foto com ela, comprei CD, pedi para autografar, dei caixa de bombom. Tietagem explícita mesmo que beira o ridículo. Ah, mas que se lasque. “Star System” é para isso mesmo. Por isso que, dentre as dezenas de filmes disponíveis para assistir na cidade que a nossa falta de tempo não consegue acompanhar, acabei indo ao Estação Botafogo 2 para assistir a “O Filho de Joseph”, justamente porque a minha diva lusitana estava na película. O filme em si? Bom, eu confesso que não estava muito preocupado com isso. Queria mais era ver a Maria de Medeiros. Infelizmente, ela apareceu somente em duas sequências, fazendo mais uma participação especial do que qualquer outra coisa. Mas deu para matar um pouquinho a saudade.
De qualquer forma, ainda temos um filme a analisar. E do que tratava a história? Temos aqui Vincent (interpretado por Victor Ezenfis), um adolescente atormentado pela falta do pai. O jovem hostiliza sua mãe Marie (interpretada pela bela Natacha Régnier), pois ela fez de tudo para que o adolescente não conhecesse o pai. Um belo dia, Vincent mexe nas coisas da mãe e descobre que ela escreveu cartas ao pai que o identificam. Ele é Oscar Pormenor (interpretado por Mathieu Amalric), um famoso editor que tem pouquíssimos escrúpulos e nenhum caráter. Ao ir escondido a uma das festas organizadas pelo pai, Vincent conhece Violette Tréfouille (interpretada por Maria de Medeiros), uma crítica literária de hábitos fúteis e ela o confunde com uma jovem promessa na literatura. Vincent continua a investigar a vida de seu pai e vai descobrindo aos poucos a falta de caráter de seu progenitor. Assim, o garoto tomará uma medida drástica e impensada. Mas ele conhecerá um homem que irá mudar a sua vida (no bom sentido, é claro). Quem é esse homem? Chega de “spoilers”!
À primeira vista, temos o velho clichê do filho revoltado porque não conhece o pai. Mas, pelo menos, o filme não caiu nesse lugar comum e desenvolveu um pouco mais a história. A desmistificação da figura paterna por parte de Vincent foi um interessante elemento adicionado à película e, mais, o garoto toma uma atitude com relação a isso.
Mas a grande graça da coisa está nas descobertas que ele faz com a nova amizade que surge de uma forma muito insólita (em tempo, esse amigo é interpretado pelo ótimo ator Fabrizio Rongione, dono de um dos mais elegantes closes do cinema moderno). Vincent realmente entra nos trilhos com essa nova amizade, mudando até de postura com a sua mãe, tratando-a com mais carinho e respeito. Vale ressaltar aqui que as descobertas de Vincent com sua nova amizade transitam muito pela poesia e pela música erudita, o que deu todo um charme especial ao filme. Infelizmente, volta e meia Vincent fazia umas piadinhas muito infames, sendo que a única que ainda foi um pouco mais engraçada dizia: “Você sabe como se chama um naturista revolucionário? Sans-Culotte”. E essa piada ainda tem graça somente para historiadores especializados em Revolução Francesa.
Só é de se reclamar de algumas condições ruins da exibição. O Estação Botafogo 2 vem de uma reforma, com a sala mais espaçosa e confortável, mas o ar condicionado estava bem fraquinho. Ainda, a cópia da película estava um bocado escura, o que foi uma pena.
Assim, “O Filho de Joseph” começa com um clichê mas se salva no bom elenco, na redenção do personagem rebelde e, obviamente, nos poucos momentos em que Maria de Medeiros apareceu. O filme não é lá grande coisa, mas também não é de se jogar fora. Uma diversão com certa classe que entretém, mas que não será marcante. Pelo menos, essa é a impressão de agora.