Batata Movies – It, A Coisa. O Bozo Assassino Do Ralo.

               Cartaz do Filme

E estreou mais uma película baseada em história de Stephen King. “It, A Coisa”, é um remake de um filme que muito chamou a atenção lá para as décadas de 80, 90, por ter um palhaço cheio de presas bem pontiagudas. O filme, somente intitulado “It” na época, foi até comercializado em home vídeo, cuja propaganda passava muito no SBT, o canal de televisão que justamente tinha o palhaço Bozo. Confesso que nunca vi essa versão antiga, pois nunca dei muita bola para filme de terror. Mas decidi ver essa versão nova, pois se trata de uma história do Stephen King, um escritor muito conceituado, e decidi correr atrás de suas versões cinematográficas. Outro dia, já vi “A Torre Negra”, que achei mais ou menos.

E o que podemos dizer de “It, a Coisa”? A história se passa numa pacata cidadezinha de interior americana, que sofre com o sumiço de várias crianças. Todos aqueles que desaparecem se deparam com um palhaço esquisitão (interpretado por Bill Skarsgard) que parece viver no sistema de esgotos da cidade. Um grupinho de adolescentes cujo irmãozinho de um deles desapareceu, vai investigar os desaparecimentos e, obviamente, se deparar com o Bozo assassino. E aí, é a fórmula tradicional de filmes de terror que todos nós conhecemos, com muitas cenas de perseguição, correria, gritos e sustos, coisas que estressam uns e que provocam gargalhadas em outros.

                       Um palhaço de dar medo

Eu já falei em outras ocasiões que não curto muito tal gênero no cinema e até temo que minha leitura do filme fique um pouco tendenciosa por causa disso. Mas vamos lá. O que mais me incomodou em “It, a Coisa”? Foi justamente o raio do palhaço. Uma besta sádica e assassina que praticava o mal em toda a sua essência! Mas… por que??? O que aconteceu em sua vida pregressa? O que fez aquele ser ter tanto ódio em seu coração, meu Deus? Isso o filme simplesmente não fala. E olha que eu tive alguma esperança de que isso ia aparecer alguma hora na película, já que um dos adolescentes que perseguia o palhaço era um gordinho que fazia densos estudos sobre a história da cidade na biblioteca pública. E nada sobre o passado do palhaço apareceu. Somente todo um rosário de desaparecimentos e mortes trágicas que assolavam a cidade desde sempre. Sei não, eu acho que a história ficaria muito mais atraente se esse personagem fosse melhor construído. Como o filme deixou um sinal para uma continuação, esperemos que essa deficiência seja sanada no futuro.

O palhaço da versão antiga, também no esgoto…

E os adolescentes-protagonistas? Caramba, eles eram de dar medo! Creio que até mais assustadores que o palhaço em si. Um monte de outsiders (eles mesmo se intitulavam “os otários”) que sofriam seguidamente bullying de adolescentes mais velhos e ainda mais assustadores. Nossos pequenos heróis eram cheios de problemas: gagueira, pouca sociabilidade, pai pedófilo, mãe excessivamente protetora, paranoia, etc. A impressão que dava era a de que toda a agonicidade da vida dos moleques estava associada a maldição que assolava a cidade e que deixava os adultos num estado letárgico em que nada faziam para sair daquela situação.

                 Bom trabalho de Bill Skarsgard

Uma coisa que funcionou muito bem nesse filme foram os CGIs. As presas do palhaço amplificadas pelos efeitos especiais ficaram muito boas, aterrorizando severamente num momento bem ao início do filme, algo que os spoilers me impedem de dizer. Mas talvez a melhor aplicação do CGI no terror foi a aparição de uma face deformada e esticada de forma esguia, colocando uma aparência bem diabólica em todo o contexto. E aí, a gente pode refletir: se o CGI às vezes ainda não é 100% perfeito em reproduzir a realidade de um jeito fidedigno, por outro lado ele é muito eficaz em fazer fantasmagóricas distorções, caindo como uma luva no gênero de terror.

Assim, “It, a Coisa” é um filme de terror um tanto clássico em sua essência, que busca assustar (ou divertir) o público. Um filme que poderia apresentar melhor seu monstro para o espectador e um filme que utilizou bem o CGI para aterrorizar. Para quem gosta, vale a pena dar uma conferida, embora a história ficasse meio arrastada em alguns momentos.