Ainda em nossa série de indicados ao Oscar, vamos falar hoje do esperado “O Destino de uma Nação”, com Gary Oldman em excelente atuação como Winston Churchill, que lhe rendeu um Globo de Ouro de melhor ator de drama este ano. A película também concorre a seis estatuetas (Melhor Filme, Melhor Ator para Gary Oldman, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção). Este é mais um filme histórico sobre a Segunda Guerra Mundial que tem o cuidado de mencionar, quase ao final dos créditos finais que, embora tenha se baseado numa história real, pode ter alguns momentos fictícios.
Qual foi o recorte temporal dessa película? Foi justamente no ano de 1940, quando o nazismo avançava na Europa e estava às portas do Oceano Atlântico, com todo o exército inglês encurralado no litoral francês pelas tropas nazistas. Eram 300 mil soldados e não havia como a Marinha Inglesa resgatar todos esses homens. Em meio à violenta crise, o Primeiro Ministro Neville Chamberlain renuncia e é necessário um nome para um governo de coalizão entre os partidos majoritários do Parlamento Inglês. E esse nome era o de Churchill, por incrível que pareça um político turrão, extremamente grosso, comilão e beberrão, que havia cometidos sérios erros no passado. Ele vai ter a dura tarefa de conduzir a Inglaterra nesse momento extremamente espinhoso, onde era seguidamente pressionado pelo seu gabinete de guerra a assinar um acordo de paz com a Alemanha. Mas Churchill se recusava terminantemente a isso.
É um filme que fala da guerra e de política, mas que está muito focado na figura humana desse político que virou uma verdadeira lenda. Infelizmente os spoilers me impedem de falar um pouco mais. Entretanto, podemos dizer aqui que talvez tenhamos visto o melhor desempenho da carreira de Gary Oldman, irreconhecível com uma maquiagem bem realista.
Uma menção especial deve ser dada a Kristin Scott Thomas, que fez Clemmie, a esposa de Churchill, a única que conseguia segurar o vulcão que era o marido. Outro nome conhecido do elenco é o de Ben Mendelsohn (o Diretor Krennic, de Rogue One) no papel do rei George VI. Devido à natureza rude de Churchill, o filme tem momentos de comédia muito vivos, o que servia para aliviar um pouco todo o drama provocado pela responsabilidade do cargo e pela situação extrema da guerra.
Com relação à reconstituição de época, ela foi um pouco prejudicada pelo cenário do filme, que se passava na maioria das vezes dentro de escritórios e de repartições públicas gerando um ambiente um tanto opressor. O próprio Parlamento Inglês foi reconstituído com uma iluminação com fortes tons de claro e escuro, algo que chamava muito a atenção do espectador, como se todo aquele ambiente pesado reproduzisse com fidelidade o estado de espírito das pessoas que tinham que conviver com o cotidiano da guerra. Só é pena que a película ficou praticamente presa ao ano de 1940 e seu desfecho tenha sido demasiadamente abrupto, bem ao estilo “Ué, já acabou?”. Mas seria complicado, do jeito que o roteiro foi estruturado, colocar mais alguns anos na história do filme.
Assim, “O Destino de uma Nação” é mais um bom filme que está aí nesse início de ano, já premiado pelo Globo de Ouro e com boas expectativas com relação ao Oscar. Um filme que consagra Gary Oldman, que reproduz mais uma vez o contexto da Segunda Guerra Mundial, que tem um cenário opressor e pitadas muito boas de humor, sem falar que essa película tem uma ligação histórica com outro bom filme de Segunda Guerra Mundial do ano passado, “Dunkirk”. Vale a pena dar uma conferida.