Mais um filme indicado ao Oscar. Ridley Scott está de volta à direção em “Todo o Dinheiro do Mundo”. Esse filme ficou marcado por uma polêmica troca de atores no último momento, onde Kevin Spacey foi substituído por Christopher Plummer depois que o primeiro foi denunciado por assédio sexual. Escândalos à parte, parece que a substituição rendeu bons frutos, pois Plummer foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante. Foi a indicação dada ao ator de idade mais avançada, pois Plummer está no alto de seus 88 anos. Mas o filme tem outros atrativos além dessas pequenas curiosidades. Temos aqui uma história real, com alguns floreios, como foi denunciado no próprio final da película.
E podemos dizer que tal história real beirou o surreal, pois fala do sequestro do jovem de 16 anos John Paul Getty III, neto de John Paul Getty, um dos homens mais ricos da História. O problema é que o magnata (interpretado por Plummer) não queria pagar o resgate, e incumbiu Fletcher Chase (interpretado por Mark Wahlberg) de conseguir efetuar o resgate a custo zero, para o desespero da mãe do jovem, Gail Harris (muito bem interpretada por Michelle Williams), que já havia se separado do marido e não tinha um tostão sequer. A partir daí, o filme mostra todo o processo do cativeiro, das negociações e do resgate do menino, onde tivemos alguns momentos um tanto quanto agonizantes, principalmente depois que sabemos que eles fazem parte de uma história real.
O filme tem dois trunfos principais: Plummer e Williams. O primeiro deu conta do recado, ao substituir Spacey de última hora. Também pudera, seu talento é tão inegável que, mesmo fazendo um filme às pressas, a indicação da Academia veio. O segundo grande trunfo foi Williams que, cá para nós, merecia pelo menos uma indicação a melhor atriz. Atriz jovem, ela parecia muitos anos envelhecida por interpretar muito bem uma mãe que padecia do desespero de ter seu filho no cativeiro. A atuação de Wahlberg também foi boa, embora ele tenha servido mais de escada para Williams, onde teve ótimos momentos contracenando com ela, assim como Plummer, onde ele teve uma atitude, digamos, mais independente com o magnata ao fim da película. Mas não soltemos spoilers por aqui.
Um detalhe interessante é a pão-durice do vovô Getty. Você fica o tempo todo achando que ele é um velho inescrupuloso e sem caráter, por se negar a pagar o resgate do neto. Mas essa atitude dele é justificada mais ao fim da película, embora não possamos chamá-la exatamente de justificativa.
Assim, “Todo o Dinheiro do Mundo” se configura em mais uma boa película de Ridley Scott (não tão boa quanto “Blade Runner”, mas certamente bem melhor que “Prometheus”), que tem boas atuações de seus atores protagonistas e que ainda rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante de última hora, com o detalhe de que sempre é muito bom ver Plummer atuando, principalmente quando sabemos que ele já está em idade bem avançada. Vale a pena prestigiar o trabalho de atores tão bem gabaritados.