Sabe quando você vê o trailer de um filme e acha que ele será apenas uma diversão média, um passatempo? E quando você vê a película, ela havia escondido o jogo e foi muito mais do que você pensou? Pois é. Essa é a impressão de “Pequena Grande Vida”, um filme que a gente pode classificar como comédia, mas também como drama, mas também como tendo uma pitada de ficção científica e de filme reflexivo. Ou seja, ele não se enquadra propriamente em nenhum gênero e, ao mesmo tempo, se enquadra em vários. Dá para perceber como tal filme é bem curioso e um tanto peculiar, perto do que se tem visto por aí.
Temos aqui a história de Paul Safranek (interpretado por Matt Damon), que testemunha, junto com a esposa Audrey (interpretada por Kristen Wiig) um revolucionário programa de encolhimento humano. Tal programa era benéfico para o encolhido que, ao ficar com apenas 12,7 cm, ele consumia muito menos que um humano comum e sua vida ficava extremamente barata. Assim, o encolhido tornava-se um milionário com uma vida totalmente idílica, sem precisar trabalhar para o resto da vida (você só trabalha se quiser). Ainda, com um consumo menor de recursos, a pessoa diminuta passa a contribuir para o meio ambiente, pois a explosão populacional esgota os recursos de nosso planeta. O casal faz um pacto e encara o processo. Mas Audrey rói as coradas e deixa Paul sozinho lá, pequenininho. Nosso protagonista vive em depressão até que seu vizinho, o extravagante sérvio Dusan (interpretado pelo sempre eficiente Christoph Waltz), dá mais uma de suas barulhentas festas e Paul, ao invés de reclamar, decide experimentar. Depois de uma noitada daquelas, ele conhece a faxineira vietnamita Ngoc Lan Tran (interpretada por Hong Chau), uma moça que vai transformar completamente sua vida. Paremos por aqui com os spoilers.
Esse filme consegue brincar muito bem com os chamados plot twists. Nosso próprio protagonista Paul, lá para o final da película, fala de como sua vida sofreu uma série de reviravoltas que ele nem acreditava que passaria se isso lhe fosse dito cerca de um ano antes (o filme tem uma série de saltos no tempo, alguns curtos, de alguns meses, outros um tanto longos, de vários anos). Com tantas mudanças, fica até difícil para a gente classificar o filme. Como foi dito acima, ele tem caras de vários gêneros diferentes, e, por incrível que pareça, isso funciona bem, apesar de parecer inicialmente algo um tanto fragmentado, mas o fio condutor da narrativa convence e consegue amarrar bem a variedade de temas e sub-tramas que o filme oferece ao público.
É claro que o filme tem alguns chamarizes, principalmente no elenco. As presenças de Damon e Waltz já nos trailers atraem o espectador. Há até a aparição de dois atores mais conhecidos que nem foram ventiladas no trailer e são participações para lá de rápidas e especiais. Mas não vou dizer aqui quem são. Uma é muito conhecida de nós, brasileiros, ou seja, tem uma certa proximidade com a gente. Outra é de uma atriz bem conhecida que apareceu recentemente num filme que fala de uns tais jedis.
Agora, não tenha dúvida, caro leitor. Apesar dos trunfos do elenco, o que dá realmente valor ao filme é a qualidade da história contada e as suas variações. Com tanta coisa diferente acontecendo à medida da exibição, o espectador fica com a atenção presa à tela o tempo todo. Assim, “Pequena Grande Vida” consegue ser um filme surpreendente, pois tem cara de uma diversão mais morna, mas se revela algo mais interessante do que aparenta. Vale a pena dar uma conferida.