Estreou, no último dia 29 de março, “Jogador Número 1”, dirigido por Steven Spielberg. Baseado na obra de Ernst Kline, esse filme somente poderia estrear numa quinta-feira santa, pois ele é um Easter Egg por excelência, é o grande filme das referências de todos os tempos, um prato cheio para a cultura nerd, pop e geek.
Mas, no que consiste a história do filme? Estamos no ano de 2045, onde as pessoas mais pobres vivem em favelas construídas com trailers e andaimes amontoados. Tudo é distópico, feio e sujo. Mas há uma luz no fim do túnel: o grande programa de realidade virtual Oasis, uma espécie de videogame onde as pessoas se relacionam com outras através de seus avatares. Wade Watts (interpretado por Tye Sheridan) é uma dessas pessoas, tendo uma vida simultaneamente idílica e desafiadora naquele ambiente virtual. Mas, um belo dia, é anunciada a morte do criador do Oasis, James Halliday (interpretado por Mark Rylance), o grande responsável por esse mundo irreal em que todos se escondem de suas vidinhas reais miseráveis. Mas Halliday deixa uma pequena mensagem gravada, onde desafia todas as pessoas a procurarem três chaves escondidas no Oasis, que abrirão uma espécie de portal que dará todo o controle desse mundo virtual (e muita riqueza) ao vencedor. Todos começam a procura ensandecida pelas chaves, inclusive a poderosa empresa IOI, liderada por Sorrento (interpretado pelo “Diretor Krennic” Ben Mendelsohn). Assim, Wade e seus amigos reais/virtuais irão lutar contra Sorrento e toda a sua ganância pelo controle do Oasis.
Eu disse que o filme é uma espécie de Easter Egg por excelência, já que a película está apinhada de elementos da cultura pop, nerd e geek. Podemos ver, por exemplo, o De Lorean de “De Volta Para o Futuro”, o batmóvel da série “Batman” da década de 60 com o Adam West, a motocicleta do Kaneda de “Akira”, o King Kong como obstáculo intransponível numa corrida cheia de automóveis, e muitas outras referências, inclusive musicais, das décadas de 70 e 80, como “1984”, de Van Halen, ou músicas do Blondie e de Cindy Lauper. Só isso já faz o filme ser um deleite para qualquer marmanjo pré-cinquentão. No mais, parece que temos um imenso videogame rodando um jogo inspirado em RPG, onde algumas questões como o fato de ser melhor você não conhecer pessoalmente o dono do avatar com o qual você interage, são discutidas. O filme também não deixa de ter o seu quê de ação e diversão juvenil, com situações hilárias provocadas pela interação entre o mundo real e virtual.
Uma boa presença no elenco foi a de Simon Pegg, onde ele interpretou Ogden Morrow, um antigo amigo de Halliday com quem acabou tendo alguns problemas de relacionamento. Aliás, esse é um detalhe bastante interessante do filme, pois para resolver o enigma das três chaves, Wade tinha que estudar detalhes da vida pessoal de Halliday, onde a vida do criador do Oasis ocupava uma parte central do RPG eletrônico, numa mostra do real invadindo o virtual (geralmente vemos o oposto).
Assim, “Jogador Número 1” é mais um divertido filme de Spielberg, que busca fazer projeções para o futuro. Só não sei dizer ainda se essas projeções são utópicas ou distópicas, pois há argumentos suficientes no filme para validar as duas hipóteses. De qualquer forma, o filme é um bom entretenimento e vale a pena dar uma conferida.