E estreou o novo “Deadpool”. Confesso que fiquei um pouco temeroso com essa continuação, em primeiro lugar pela conhecida “Maldição da Sequência”, onde, na grande maioria das vezes, a sequência de um filme é pior do que o primeiro E, principalmente, pelo fato de que, desta vez, o super-herói não era uma mais uma novidade para o grande público. A forma como Deadpool foi apresentado e o forte tom de humor negro do primeiro filme foram coisas surpreendentes a meu ver. Como seria agora que o super-herói já era conhecido? Como seria a pegada do humor, que geralmente é algo muito difícil de se fazer?
Bom, para falarmos desse filme, os spoilers infelizmente serão necessãrios. Nosso herói (interpretado por Ryan Reynolds) está muito deprimido, pois perdeu a namorada depois de um ataque de gangsters à casa em que moravam. Depois de tentar o suicídio, sem sucesso, já que ele se regenera constantemente, é acolhido na mansão dos X-Men por Colossus. Para espairecer, ele se torna uma espécie de “X-Men estagiário” e, em sua primeira missão, ele toma contato com o jovem Russell (interpretado por Julian Dennison), um garoto gordinho cheio de ódio no coração que tem o poder de lançar chamas com as mãos e sair explodindo tudo por aí. Por uma, digamos, falta de habilidade de Deadpool de lidar com a situação, ele e Russell vão parar na cadeia.
Lá, eles serão perseguidos por Cable (interpretado por Josh Brolin), um homem que veio do futuro para matar Russell sob o argumento de que ele se tornará uma pessoa muito perigosa (a esposa e a filha de Cable foram incineradas por Russell em dias ainda vindouros). Como Deadpool não sabe de nada, ele busca salvar o garoto e o pau quebra entre Deadpool e Cable. Mas o filme ainda vai ter algumas reviravoltas que não vou falar aqui.
Bom, à respeito de meu temor no primeiro parágrafo, quando disse que não me sentia seguro se a sequência poderia ser considerada boa por não se tratar mais de uma novidade, o início do filme me trouxe um pouco de receio. Parecia que ia ser mais sem graça mesmo.
Mas, paulatinamente, o humor deixou de ser sem graça e passou a funcionar muito bem, brincando com o poiticamente incorreto e sendo humor bem negro em alguns momentos, como a sequência da descida de para-quedas da X-Force. Meio que se ri de nervoso de toda aquela situação, tamanho o grau de inusitado ali. Outro ponto bizarro aqui, e que parece ter sido mais explorado nesse filme, foi o poder de regeneração de Deadpool, que possibilitou que nosso personagem fosse espezinhado ao máximo, sendo seu corpo quebrado, torcido, partido ao meio, e sempre se regenerando (parecia até personagem de desenho animado que é massacrado continuamente e volta novinho em folha).
Outra situação em que se ria de nervoso. Ou seja, o humor negro do filme é altamente agressivo e ácido, da mesma forma que ocorreu na primeira película, se reinventando e não deixando a peteca cair.
Não faltaram piadas de bom gosto e de gosto duvidoso com os X-Men, assim como foi feita uma troça com a classificação indicativa do filme passar de 18 para 16 anos, essa sim uma excelente jogada de marketing, já que isso foi ventilado pela mídia antes da estreia. Além disso, o filme sempre teve boas e instigantes cenas de ação que, em Deadpool, definitivamente não são a atração principal, dado o grande grau de inusitado do humor do filme.
Uma boa surpresa foi Josh Brolin no papel de Cable. Sua atuação foi muito boa, confirmando todo o seu talento exibido interpretando Thanos em “Guerra Infinita”. Mesmo sendo considerado um personagem sisudo e sério, as boas falas e a interpretação de Brolin encaixaram bem Cable na história (sem qualquer trocadilho infame), gerando uma ótima química com Deadpool, que o sacaneava constantemente, além de haver situações para lá de constrangedoras, onde Cable reagia com um “Jesus”, tipo “não acredito no que vejo ou no que ouço”, o que foi muito engraçado.
Assim “Deadpool 2” conseguiu manter o nível do primeiro filme, mesmo que não tenha sido mais uma novidade. A pegada de humor negro se renovou, com uma dose de surreal e inusitado, e o universo desse herói ganhou novos personagens que podem dar muito caldo em eventuais sequências, sobretudo Cable, com a boa interpretação de Josh Brolin. Nosso herói de duplo sentido (no bom sentido) vale a pena a sua visita ao cinema.