Vamos hoje terminar de expor as impressões sobre “Han Solo: Uma História Star Wars”.
Bom, dá para perceber, pelo que foi dito nos artigos anteriores, que é um filme que dá muito caldo e que vale a pena assistir, mesmo depois de todos os spoilers citados. Mas, o que a gente pode falar dos atores que participaram da película? Em primeiro lugar, vamos falar de Alden Ehrenreich. Muito se falou mal no início do ator: que ele não se parecia em nada com Harrison Ford, que a presença de um “coach” (uma espécie de pessoa que o orienta na interpretação do papel) mostraria seu talento limitado, etc. Mas até que ele não foi mal. Ele conseguiu, por exemplo, dar aquele sorriso torto que somente o Harrison Ford sabe fazer, o que já foi um grande trunfo, embora ele repetisse muito isso ao longo do filme, como que se fosse para se afirmar. Ele também conseguiu ser um misto de cafajeste cara de pau (o futuro Han) e o menino apaixonado que acredita cegamente na namorada, apesar dos alertas de Beckett, que também se revelou outro traíra (aliás, a trairagem pode ser considerada uma personagem do filme, com loops de trairagem, o que é outro fator de construção do personagem Han que, interpretado por Ford, é o cara que não confia em ninguém, exceto em Chewie, e que pensa em só si mesmo). Na minha modesta opinião, o melhor momento de Ehrenreich no filme foi quando ele pilotava a Millenium Falcon em Kessel, onde ele mostra, com a sua destreza, que seu discurso de ser um grande piloto não era apenas da boca para fora.
Já Emilia Clarke como Qi’ra não ficou tão bem. Ela tinha um ar meio indiferente, meio blasé para a personagem que exigia mais dela. A mulher era o primeiro grande amor de Han e vai traí-lo. Não podia ter um arzinho tão letárgico. A única explicação para isso era a de que Qi’ra estava sendo sonsa mesmo. Já Woody Harrelson foi muito bem interpretando o personagem Beckett, que serviu de inspiração para Han em várias coisas: seu destemor, os malabarismos com a arma, etc (foi de Beckett que Han recebeu sua pistola). Algumas pessoas acham que Harrelson é um ator de um papel só, interpretando qualquer personagem sempre da mesma forma. Eu confesso que não o acho tão plano assim. No filme “O Povo Contra Larry Flint”, sua atuação é impressionante, e em “Três Anúncios Para Um Crime”, ele consegue fazer um policial com todos os preconceitos e rudezas de um WASP, mas ainda assim ser uma boa pessoa, mostrando que ele dá conta de papéis complexos e não ser somente o carinha legal.
Ele ainda deu visualidade a alguns trejeitos em seu personagem que ficaram marcados, como aquele amendoim (?) que ele comia enquanto tinha conversas decisivas com seus interlocutores. Agora, um ator que muito me impressionou foi Paul Bettany, que interpretou o vilão Dryden Vos. Talvez pelo fato dele interpretar o Visão nos Vingadores, e ser lá excessivamente cortês e gentil, tenha parecido a mim que sua interpretação de Dryden Vos tenha ficado tão marcante ao fazer um cruel vilão. O que mais impressiona é o misto de paternalismo e de truculência, onde ele mostra uma preocupação com as pessoas que fazem missões para ele, mas que se volatiliza numa fúria assassina se elas falham. O cara era mais instável do que o coaxium que ele mandava roubar e era assim que Vos controlava as pessoas: através do medo que elas sentiam de seu comportamento instável e violento.
E, apesar de ser um chefão muito sofisticado, como era o seu enorme iate, ele não hesitava duas vezes em fazer o trabalho sujo de matar alguém com aquelas duas adagas iradas, ou seja, não deixava o trabalho para os capangas, mas sim ele mesmo fazia, como se tivesse prazer em matar com raiva. Foi uma atuação bem impressionante e uma das melhores do filme. Outro cara que mandou muito bem foi Donald Glover, entrando muito bem no personagem de Lando. Mesmo não sendo tão bonito e elegante como Billy Dee Williams, ainda assim Glover conseguiu recuperar essas deficiências na sua excelente atuação, sendo, na minha modesta opinião, o ator que mais aproxima sua atuação das atuações dos filmes clássicos. Só não foi melhor do que o Chewbacca, que estava igualzinho a todos os outros filmes.
Bom, essas foram em linhas gerais as impressões sobre “Han Solo: Uma História Star Wars”. Mais uma vez o spin-off foi melhor que os episódios. Também pudera. Colocar Ron Howard na direção e Jonathan e Lawrence Kasdan no roteiro acaba dando um resultado melhor, mesmo com toda a turbulência nas filmagens. Ou seja, quando o pessoal quer fazer um filme bom, acaba fazendo. Que essa lição fique para o Episódio IX e os próximos spin-offs, sendo esses últimos os que mais despertam a curiosidade agora.