Dwayne “The Rock” Johnson volta a atacar em mais um filme de ação. “Arranha-Céu: Coragem Sem Limite” é mais um daqueles filmes de porrada, bomba e tiro, embora ele tenha algumas diferenças bem sutis como, por exemplo, puxar referências de outros filmes. Vamos falar agora algumas coisas sobre essa película, sempre lembrando que os spoilers serão necessários.
A história começa com uma operação de resgate, onde Will Sawyer (interpretado por Johnson) tenta induzir o sequestrador a se entregar, mas ele explode uma bomba que mata todos os reféns (a própria família do sequestrador) e fere muitos soldados de seu esquadrão. Anos depois, Sawyer está casado com a médica que o atendeu no hospital e tem uma modesta empresa de segurança. Ele foi contratado por um bilionário chinês que construiu a torre de vidro mais alta do mundo, em Hong Kong, para checar todos os sistemas de segurança e liberar o acesso ao público a parte mais alta da torre.
Quem intermediou o contrato foi um antigo amigo de Sawyer. O problema é que um inimigo do bilionário chinês quer destruir a torre e, para isso, precisa de um tablet em poder de Sawyer que controla todos os sistemas de segurança. Pois bem, esse tablet cairá nas mãos do tal vilão e ele induzirá um incêndio que destruirá a parte superior da torre. O problema é que a família de Sawyer está hospedada lá em cima e, ainda por cima, ele é o suspeito de provocar todo o incêndio. Agora, Sawyer, que estava fora do prédio na hora do incêndio terá que entrar na parte alta acima do incêndio com o encalço da polícia bem atrás de si. Ah, sim, o grandalhão tem medo de altura (o entendo bem).
Já falamos aqui em outras ocasiões do talento de Dwayne Johnson no que se refere à atuação. E aqui não foi diferente, ele sempre corresponde muito bem quando é exigido nesse campo. O problema aqui é que o filme, por conter muitas cenas de suspense e ação, não dá muitas oportunidades para The Rock atuar. O mais curioso é que, mais uma vez, a força de sua musculatura é pouco exigida. Tá certo que o homem fica dependurado em prédios, cordas, quase cai o tempo todo, mas uma cena mais “mamãe, tô forte” somente aparece quando ele precisa segurar uma ponte meio bamba enquanto sua esposa salva o filho do casal. O que realmente é mais tenso no filme está nas sequências onde ele precisa ficar dependurado no prédio do lado de fora, ainda mais porque ele mostra, de forma bem convincente por sinal, que morre de medo daquela altura toda. Essas sequências tensas foram as melhores do filme, batendo até as cenas de tiroteios com os vilões.
Mas o elemento que diferencia esse filme dos filmes de ação mais convencionais é o excesso de referências a outras películas. Impossível não se lembrar do primeiro “Duro de Matar”, com Bruce Willis, pois o filme também se passava num alto edifício, com sua esposa refém de um grupo terrorista. Mas o filme vai além e bebe fonte de películas ainda mais antigas como, por exemplo, “Inferno na Torre”, onde tivemos o prazer de ver um elenco do quilate de Paul Newman, Steve McQueen, William Holden, Richard Chamberlain, e que também se referia a um incêndio num alto prédio onde as pessoas ficaram encurraladas pelas chamas nos andares mais altos. Ainda a título de curiosidade, “Inferno na Torre” foi baseado no incêndio do Edifício Joelma em São Paulo na década de 70, onde as pessoas também ficaram encurraladas pelo fogo na parte mais alta do prédio e isso se constituiu numa verdadeira tragédia com mais de 180 mortos.
Agora, a referência mais inesperada foi ao filme “A Dama de Shangai”, de Orson Welles (1947), cuja sequência clímax do filme é um tiroteio na sala de espelhos de um Parque de Diversões, onde a ilusão de ótica ditava as regras. Qual não foi a surpresa de ver a mesma ideia na sequência final aqui, onde tínhamos telas de led com câmeras cujo conjunto fazia o papel dos espelhos? Essa sequência final é bem ao estilo “entendedores entenderão” e foi uma grata surpresa num filme “blockbuster” que visa apenas ao entretenimento. Valeu muito pela lembrança e foi uma surpresa para cinéfilos mais exigentes.
Assim, “Arranha-Céu: Coragem Sem Limites” é mais um filme de ação estrelado por Dwayne Johnson que, se não deu muita oportunidade ao ator de mostrar seu talento na atuação, trouxe a boa surpresa de fazer referências a filmes mais antigos de um passado relativamente recente, mas também de um passado bem mais distante. Somente esse pequeno detalhe já torna a película digna de atenção. Vale a pena dar uma conferida.