E finalmente temos “Venom”, com Tom Hardy no papel principal. Ok, as pessoas têm uma certa resistência com produções da Marvel encabeçadas pela Sony. O bonequinho do “O Globo” não foi nada gentil com o filme. Mas devo dizer que, em minha opinião pessoal, gostei muito, embora seja um pouco suspeito para falar já que gosto muito do personagem e sempre esperei pelo dia em que ele tivesse um filme solo decente. A ideia aqui é justamente fazer uma defesa dessa película, já que a crítica especializada a esculhambou tanto.
Como a trama foi construída? Eddie Brock (interpretado por Hardy) é uma espécie de repórter freelancer que usa o Youtube e seu celular para fazer reportagens que vende para um grande grupo de mídia. Um belo dia, seu chefe pede para fazer uma entrevista bem simples e rápida com Carlton Drake (interpretado por Riz Ahmed, que participou também de “Rogue One”), o presidente de uma empresa que realiza pesquisas científicas. Mas Brock fica meio contrariado, pois há rumores de que o empresário usa indigentes como cobaias humanas para seus experimentos científicos e que muitas pessoas morrem nesse processo.
Por intermédio de sua namorada Anne Weying (interpretada por Michelle Williams) ele consegue a entrevista, mas faz as perguntas que não devia, provocando sua demissão, a de sua namorada e, de quebra, o fim de seu relacionamento, deixando-o desempregado e amargurado. Meses depois, Brock é procurado por uma das médicas da empresa de Drake e diz que pessoas estão morrendo sim, pois elas são expostas a um simbionte alienígena altamente agressivo. Brock irá invadir o complexo e acaba sendo invadido por um desses simbiontes que começa a falar com o repórter, se intitulando Venom. Drake vai querer seu simbionte de volta e começará então uma perseguição com direito a muita bomba, porrada, tiro e, principalmente, cabeças devoradas por uma bocarra cheia de dentes afiadíssimos e com uma linguona bem inconveniente.
O grande barato desse filme é que temos uma releitura desse (anti) herói. A primeira coisa que logo chama a atenção é a ausência total do Homem Aranha na história, justamente por haver essa divisão do Universo da Marvel com a Sony no meio. De qualquer forma, se o fã mais fervoroso dos quadrinhos provavelmente se sentiu incomodado com essa ausência, por outro lado conseguiram criar uma história solo do Venom sem o aracnídeo que funcionou muito bem e deu autonomia ao protagonista sem aquela impressão dele ser uma espécie de escada para outro super-herói mais conhecido e consagrado.
Outra coisa que muito chamou a atenção foi a atuação de Tom Hardy e a construção do personagem Eddie Brock. Se nos quadrinhos, esse personagem é mais soturno e do mal, Hardy consegue fazer um Eddie Brock meio derrotadão, daqueles de desodorante vencido e sandálias que soltam as tiras, mas com um bom quê cômico.que ficou muito bom, sobretudo quando ele trocava umas ideias com o seu simbionte de estimação.
As falhas de caráter do personagem não foram exploradas de forma tão negativa, mas sim de uma forma positiva, dando a Brock uma pecha de cafajeste carismático e querido. Pena que o Venom em si apareça menos do que a gente gostaria até porque o protagonista quer vender mais sua imagem no filme, o que é algo inteiramente compreensível e que, pelo talento de Tom Hardy, é algo inteiramente justificável e necessário.
Uma coisa que incomoda um pouco é a duração do filme. Creio que, apesar dos 112 minutos de duração, ele poderia se estender um pouquinho mais e não se solucionar de forma tão rápida. Pelo menos, as duas cenas pós-créditos valem muito a pena e uma delas dá gancho para uma boa continuação. Agora é torcer para que o filme tenha fôlego para isso.
Assim, “Venom” é um bom filme para esse (anti) herói da Marvel, onde os efeitos especiais e as cenas de porrada, bomba e tiro ajudam muito. Mas o filme não seria bom se não tivéssemos a boa atuação de Tom Hardy no papel principal, reinventando um Eddie Brock sem ódio pelo Peter Parker. Vale a pena dar uma conferida.