Batata Movies – Colette. Anos Luz À Frente De Seu Tempo.

Cartaz do Filme

Um filme notável. “Colette” traz de volta todo o talento e a beleza de Keira Knightley e a saga de Colette, que viria a se tornar a mais renomada escritora da França, tendo atitudes demasiadamente ousadas e avançadas para seu tempo (a virada do século XIX para o século XX).  Podemos dizer que essa película é extremamente apaixonante.

Uma moça inocente e seu namorado mais velho…

O plot é o seguinte. Colette (interpretada por Knightley) é uma moça do interior que se apaixona por um homem da cidade grande mais velho que ela, Willy (interpretado por Dominic West). Willy trabalha para o mercado editorial e publica livros cuja autoria é atribuída a ele, mas, na verdade, ele tem escritores sob seu contrato para exercer o ofício de ghost writer. Como Willy tem uma vida altamente fútil, onde ele gasta seu dinheiro com noitadas, apostas e mulheres, o casal sempre está afogado numa tremenda pindaíba financeira.

Vida mais moderna na cidade grande…

Até que, um belo dia, Willy descobre que Colette gosta de escrever e põe a moça para fazê-lo, publicando o livro dela com a sua autoria. Colette cria uma personagem autobiográfica, Claudine, que se torna uma verdadeira sensação em Paris, o que faz com que Willy a obrigue a escrever continuações da vida de Claudine, sempre sob a autoria dele. Colette, então, vai dando sequência à sua obra, onde Claudine terá comportamentos ousados como a bissexualidade, assim como Colette os tinha. Essa forma ousada e transgressora de Claudine conquistará os franceses de vez, influenciando as formas de ser, a moda e outros setores, constituindo-se num verdadeiro espetáculo midiático. Entretanto, Colette não tinha autonomia sobre sua criação, sempre sob a propriedade de Willy. É claro que, pelo espírito de Colette, essa situação não poderia continuar assim.

Companhias femininas e masculinas…

A história, em si só, é altamente instigante, pois na nossa mente do século XXI, que testemunha um avanço enorme do conservadorismo, torna-se praticamente impossível conceber um espírito tão transgressor na virada do século XIX para o XX. Temas como o relacionamento aberto, o bissexualismo e o amor livre pareciam impensáveis para a época. E realmente o eram para algumas cabeças daqueles dias, como o filme nos mostra. Mesmo assim, havia pessoas com a mente mais aberta para esses pontos de vista e o estrondoso sucesso da personagem Claudine pareceu uma espécie de reação da sociedade à toda a repressão e costumes daqueles anos.

Um espírito transgressor…

O mais interessante no filme é a protagonista em si. Enquanto que Colette buscava o reconhecimento da personagem Claudine como sua, ela avançou por outras frentes. Além do já citado amor livre e bissexual, a moça também fez incursões pela carreira de atriz no teatro. Ou seja, Colette é uma personagem (real) muito fascinante, o que provocava uma empatia imediata com o espectador. O mais curioso é que ela vinha de um meio altamente conservador que era a zona rural. Mas isso não a impediu de se adaptar rapidamente ao mundo urbano e suas ideias e tendências mais modernas. Assim, Colette funciona como uma espécie de transição entre a tradição e a modernidade, sendo a última vista aqui como virtuosa.

Uma mulher muito observadora

E Keira Knightley? Caramba, como ela estava espetacular! Sua atuação foi muito firme e carismática, na medida do exigia sua personagem. E também pareceu que a moça rejuvenesceu, de tanta jovialidade que ela transpirava. Como a gente sabe que a atriz já tem um tempinho de carreira, era de se esperar que os primeiros sinais da idade já estivessem aparecendo. Ledo engano. Ela pareceu ainda mais jovem do que quando fez o primeiro “Piratas do Caribe”, sendo um deleite para os olhos.

A verdadeira Collete…

Dessa forma, “Colette” é um programa imperdível, pois aborda um caso real de empoderamento feminino do início do século passado, onde uma grande escritora enfrentou todos os tabus de seu tempo, se tornando uma espécie de celebridade midiática, mesmo que a autoria da personagem Claudine não fosse atribuída a Colette num primeiro momento. Ainda, ver Knightley em sua beleza e sua força de atuação foi um espetáculo à parte que já valia o preço do ingresso. Mais um filme que vale a pena a conferida do cinéfilo mais exigente, pois ele também primou pela reconstituição de época, seja nas locações, seja nos figurinos. Não deixe de ver.