Um filme um tanto perturbador que concorre ao Oscar. “Guerra Fria” tenta a premiação em três estatuetas (Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção para Pawel Pawlikowski e Melhor Fotografia) e ganhou o prêmio de Melhor Diretor em Cannes. É mais uma daquelas películas que requenta a Guerra Fria e coloca o stalinismo como o responsável por todas as mazelas da humanidade, como se não houvesse mais outras fontes de mazelas no mundo. Mas é um filme que tem seu campo de atuação na área musical, valendo por essa curiosidade. Sem falar que é uma (louca) história de amor. Vamos lançar mão de spoilers aqui.
A trama se passa ao longo de parte considerável da segunda metade do século XX e se ambienta em vários lugares da Europa, a começar por uma Polônia do pós-Segunda Guerra Mundial, onde Wiktor (interpretado por Tomasz Kot) faz uma seleção de cantoras e dançarinas para um grupo de folclore. Quando ele vê Zula (interpretada por Joanna Kulig), logo fica interessado na moça e a seleciona. O grupo folclórico faz as suas apresentações e tem uma carreira de sucesso. Mas as pressões stalinistas em cima do trabalho de Wiktor fazem com que ele fuja para o Ocidente, onde se estabelece na França, juntamente com Zula. Entretanto, ela não se adapta às relações sociais e à realidade do país capitalista e se manda, deixando Wiktor sentido. A partir daí, teremos uma sucessão de DRs intermináveis em ambos os lados da cortina de ferro. Com o passar das décadas, fica mais claro que o relacionamento entre os dois é impossível, provocando grande sofrimento. Até que o casal decide tomar uma medida drástica para pôr fim àquele tormento todo.
Confesso que meu santo não bateu com o do filme. A vida do casal já era complicada demais em função das condições políticas e sociais em que viviam. E aí, a gente torce para que tudo dê certo. E até chega a dar certo, mas logo depois, eles mesmos, de uma forma ou de outra, melavam a relação novamente e iam para situações piores às que estavam.
Chega uma hora em que você desiste dos dois e quer mais é que eles quebrem a cara de uma vez, pois não estão sabendo aproveitar as oportunidades. É como você achar um pedaço de filé mignon no meio de uma bandeja de carnes de segunda num self service sem balança barato e não comê-lo, pois está sem sal. E, para piorar, Zula ainda cantava uma musiquinha irritante, que tinha um “oi oi oi” muito do sem vergonha. Putz, confesso que, quando me lembro que esse filme está entre os finalistas para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o dinamarquês “Culpa” não está lá, me dá um certo desgosto. Para a desgraça ser total, só vai faltar ele vencer “Cafanaum”. Pelo menos, o preto e branco do filme faz jus à indicação para Melhor Fotografia. Vá lá, que se dê essa colher de chá, só para não me chamarem de “hater”. Mas que não tive muita paciência com essa película, ah eu não tive não. E há muitas formas de se fazer um desfecho triste.
Dessa forma, essa “Guerra Fria” estava bem gelada. Só recomendo pelas indicações ao Oscar que recebeu. Mas que a coisa é muito lenta e sem graça, ah isso é. Mesmo que todos os bonequinhos do mundo aplaudam de pé.