Um interessante filme de ação. “Alita, Anjo de Combate”, é dirigido por Robert Rodriguez, o roteiro é assinado por James Cameron, Laeta Kalogridis e é baseado na graphic novel japonesa “Gunnm”, de Yukito Kishiro, além de contar com Christopher Waltz, Jennifer Connelly, Mahershala Ali e Edward Norton no elenco. Ou seja, é um projeto para lá de ambicioso. Quando a gente vê uma produção com nomes de tanto peso, a primeira preocupação que nos vêm à cabeça é se a qualidade da película corresponderá ao forte investimento feito nela. Já tivemos uma amarga experiência com “Duna” na década de 80. Agora, “Alita” aceita o desafio e coloca suas cartas na mesa. Lançaremos mão de spoilers aqui.
Vamos ao plot. Estamos no século 26. O mundo tem cidades na superfície que são verdadeiras favelas e uma cidade flutuante, a única que restou depois de uma severa guerra. Quem está embaixo não pode ir para cima. Essa cidade flutuante descarta lixo sobre a cidade da superfície e uma espécie de médico que implanta peças cibernéticas nas pessoas, o Dr. Ido (interpretado por Waltz) encontra uma ciborgue no meio da pilha de lixo, enquanto procura peças usadas para seus pacientes. Ele remonta e reativa a ciborgue, que fica com o nome de Alita (interpretada por Rosa Salazar) e que não se lembra de seu passado.
O problema é que Ido tem uma ex-esposa, Chiren (interpretada por Connelly) que, junto com Vector (interpretado por Ali), gerenciam uma espécie de esporte que é muito parecido com o antigo rollerball, e estão de olho na menina, que era uma espécie de soldado inimigo da antiga guerra. Assim, todos querem pôr a mão na garota, inclusive o todo poderoso dono da cidade, Nova (interpretado por Edward Norton, que não aparece nos créditos) e a doce Alita, que é um ciborgue extremamente poderoso e violento, uma máquina de guerra, precisa lutar contra seus detratores.
O filme foi bom? Sim, muito. A começar pela protagonista, Alita (interpretada por Rosa Salazar). A menina rouba a cena com seu zoião virtual. Mas ela também atua muito bem. É uma típica adolescente descolada, com muito carisma, mas que também pode ser profundamente emotiva (as lágrimas que saíam dos gigantescos olhos dela inundavam toda a sala de cinema) e apaixonada por um rapaz das ruas, Hugo (interpretado por Keean Johnson).
Só por ela, a gente fica o tempo todo com os olhos colados na tela. Mas também temos uma ficção científica boa, do tipo distópico, talvez um pouco manjada, mas eficiente. Para dar credibilidade à história, os medalhões do elenco trabalharam bastante. O melhor deles foi, sem a menor sombra de dúvida, Christopher Waltz. Além de ter um tempo de tela maior, a forma serena e terna como o Dr. Ido tratava Alita foi muito cativante. Já Connelly e Ali fizeram vilões um pouco mais simplórios e elegantes, com um destaque maior para atriz, pelo fato de sua personagem ser ex-esposa do Dr. Ido e isso trazer algumas implicações adicionais.
Sinceramente, achei que Ali foi pouco aproveitado no filme e seu papel poderia ter um pouco mais de destaque. Agora, o grande mistério ficou por conta de Edward Norton, que não foi creditado no filme e fazia o grande vilão Nova, que aparecia somente de relance.
O filme deixou bem claro um enorme gancho para continuação. Espero muito que o filme tenha uma boa bilheteria para que a sequência vingue. E aí, a presença de Norton novamente e com os devidos créditos será mais do que bem vinda.
É uma película, acima de tudo, de ação e cenas de luta, muito bem feitas em todos os seus efeitos especiais. O grande barato é o tal do esporte inspirado no rollerball, só que muito mais turbinado e com ciborgues na arena. Alita irá participar dessa verdadeira carnificina que ensandece o público, primeiro como espectadora, onde vibra com toda a violência explícita, e depois como participante, onde precisa destilar sua violência e especialização nas artes marciais para se defender. Foram boas sequências de filmes típicos de ação.
Assim, “Alita, Anjo de Combate”, se é uma película de ação que estamos muito acostumados a ver, é, por outro lado, um filme que se inova por sua protagonista, por seu elenco e por seu projeto ambicioso. Sinceramente, espero que esse vingue para uma continuação. Vale a pena prestigiar a menina do zoião.