A Disney lança mais um live action inspirado em suas animações consagradas. É a vez de “Aladdin”, que conta com o grande nome de Will Smith no elenco. Lembro-me que quando foi noticiado nos facebooks da vida que ele seria o gênio, algumas pessoas torceram bem o nariz e criticaram. Mas é aquela coisa: Will Smith já está naquele panteão de atores em que você vai ao cinema somente para vê-lo. Como era dito em tempos pretéritos: vou ao cinema para ver o ator tal, nem que ele (ou ela, na maioria das vezes) esteja com uma melancia pendurada no pescoço e com a bunda pintada de vermelho. Bom, no caso aqui, Smith está pintado de azul.
Creio que todo mundo já deva conhecer a história de Aladdin (embora eu confesse que ainda não a conhecesse em sua plenitude). Uma coisa aqui chamou bastante a atenção: é uma história que tem uma lição de moral em torno dos três desejos do gênio da lâmpada, pois três desejos nunca parecem ser suficientes. Mas é justamente nesse ponto que reside a lição de moral, já que, ao ser confrontado com a possibilidade de realizar três desejos, o amo em questão vai tomar uma atitude insaciável perante à vida, além de muito arrogante.
É como se os três desejos entorpecessem a pessoa com um sentido de poder e soberba. E aí, o negócio é ser você mesmo e correr atrás dos seus objetivos na vida. Aladdin passou por todos esses estágios na película, tendo a figura do gênio como grande amigo, gênio esse que nunca havia sido tratado como amigo por qualquer amo pregresso, que pensava no próprio umbigo quando pedia os desejos e nunca libertava o gênio dos grilhões de realizar desejos (o gênio só poderia ficar livre se seu amo desejasse isso). Tal lição de moral é o grande barato da película.
Mas o filme teve outros momentos marcantes. O que chama muito a atenção é o quê de musical inerente às produções da Disney. Se bem que, aqui, tivemos um sabor de musicais antigos, com coreografias muito bem ensaiadas (será que foi CGI???) e um figurino espetacular, muito colorido e lindo. Para este escriba, que ama os tempos de Astaire, Rogers, Kelly, Sinatra e muitas outras figurinhas carimbadas dos musicais de outrora, todo esse cuidado com a produção foi um colírio para os olhos.
E o elenco? Era Smith e mais dez, como costuma-se dizer por aí. A apresentação do personagem do gênio foi até um tanto boba, mas, com o tempo, a química entre Aladdin e o gênio trouxe momentos muito bacanas e engraçados, além de ser o sustentáculo da lição de moral explicitada acima.
Mena Massoud, o Aladdin em questão, estava muito vivaz no papel e foi um parceiro à altura de Smith, uma tarefa difícil. Outro destaque foi Naomi Scott, que interpretou a princesa Jasmine. Em tempos de empoderamento feminino, a moça teve um momento marcante na película, onde a coisa não ficou exagerada nem fora de tom, convencendo o chefe da segurança do Sultão, pai de Jasmine, a não obedecer ao grande vilão da história, Jafar (interpretado por Marwan Kenzari). Tudo na base da conversa e da diplomacia. Jasmine era uma mulher preocupada com seu povo e queria liderá-lo e protegê-lo da guerra, ao contrário do belicista Jafar. Ou seja, Jasmine não ficou somente como uma princesinha da Disney ao bom estilo “Wi Fi Ralph”.
Dessa forma, “Aladdin” é mais uma produção da Disney que merece toda a nossa atenção, dado o talento dessa grande empresa de entretenimento que sempre joga para ganhar. Se há efeitos especiais em CGI (sobretudo com araras e macacos), o filme tem um sabor de musicais antigos bem produzidos com preocupações com cores e figurinos.
Alguns momentos pareciam, no bom sentido da palavra, com desfiles de escola de samba, dadas a explosão de cores e roupas. E tem o Will Smith, que mesmo azul é o máximo. Um programa imperdível.