E Godzilla tem a sua sequência. Pode-se dizer que foi mais do mesmo. É o tipo do filme que os saudosistas das séries Ultraman, Spectreman e similares usam para matar as saudades daqueles tempos áureos de infância (eu me incluo nisso). E tem a vantagem dos CGIs atuais. Mas sempre se sente a falta de um homem de lata gigante descendo a porrada nos monstros e gritando “Iáááá!!!”. Para podermos analisar o filme, vamos usar spoilers aqui.
O plot é muito simples. Existe uma espécie de empresa, a Monarch (que não tem nada a ver com aquela marca antiga de bicicletas), que busca controlar os chamados titãs (que também não têm nada a ver com o grupo musical), que são monstros gigantescos que destroem tudo pela frente. Como se não estivessem satisfeitos com isso, os pesquisadores dessa empresa ainda fabricam mais monstros. Há, também, uma célula terrorista ecológica que quer, literalmente, soltar os bichos por aí.
Uma das cientistas da Monarch acredita que é a raça humana que destrói o planeta e soltar os titãs trará equilíbrio ecológico para a Terra. Só que todos os bichos serão soltos de uma vez, liderados por um dragão voador de três cabeças (!!!) provocando destruição total em todas as cidades importantes do mundo (mais uma vez o Brasil ficou fora da lista). Quem é o único ser vivo que pode impedir esse processo altamente catastrófico é Godzilla que, sabe-se lá por que (perguntem a ele), está do lado dos humanos.
Se o roteiro do filme é pífio e cheio de questionamentos (trazer equilíbrio ecológico com vários bichões exterminando humanos aos milhões???), pelo menos as cenas de ação entre os titãs compensa um pouco a coisa. Ainda assim, são cenas muito densas e pesadas, entupidas com tanta informação que confundem um pouco. E as cidades destruídas não tinham algo de realístico, pareciam mais um cenário de jogo de videogame bem distópico. Pelo menos houve certa criatividade nos bichões dos titãs.
Tínhamos aranha, mamute, dragão, insetos, além do próprio Godzilla. Falando do protagonista, é muito difícil de entender como um monstro tão poderoso, irracional e terrível vai ficar do lado dos humanos. Ele sempre foi meio que o vilão da história, sendo o monstro horrendo que destruirá tudo. Mas agora, nos filmes mais contemporâneos, seu papel é totalmente ressignificado, se tornando um monstro “do bem”. E aí, tome fauna de bichões para agirem como antagonistas ao dinossauro que solta raios da boca.
A sequência final ficou meio piegas, onde Godzilla concentrou tanta energia que fazia barulho de máquina de central elétrica. O som não se encaixa muito com o que a gente via, embora fossem imagens de muito impacto.
Assim, “Godzilla 2, Rei dos Monstros” é uma presepada homérica, como todo bom filme de monstro de origem japonesa deve ser. Um monstro que passou de vilão a mocinho, saindo na porrada com outras feras gigantes dos mais variados tipos e destruindo geral todas as cidades do mundo. Só faltou mesmo o Ultraman para a festa ficar completa. Mas os fãs de Tokusatsu (como este escriba aqui) agradecem.