Outro filme francês vindo do Festival Varilux. “Os Dois Filhos de Joseph” é um filme família, mas totalmente plugado no universo masculino, já que essa família é composta de um pai e seus dois filhos. Todos aqui, diga-se de passagem, são criaturas extremamente problemáticas, o que torna a película conflituosa. Vamos precisar de spoilers aqui para entender um pouco mais a cabeça dessa família meio lelé.
Comecemos pelo pai, o Joseph em questão (interpretado por Benoît Poelvoorde). Ele está profundamente abalado pela morte do irmão e procura dar uma espécie de boot na sua vida, largando uma segura carreira de médico para se tornar escritor. O problema é que, quando ele tenta apresentar seus dotes numa apresentação pública numa livraria, é um desastre total e ele fica com uma tremenda cara de bunda, embora ainda consiga uma parceira amorosa.
O filho mais velho, Joaquim (interpretado por Vincent Lacoste), anda perdido para lá e para cá com uma vida amorosa conturbada, e isso o desconcentra para terminar a sua tese na faculdade, recebendo um pito de seu orientador que é amigo próximo de seu pai. E o filho mais novo, o adolescente Ivan (interpretado por Mathieu Capella), acha o irmão e o pai uns bundões e procura colocar suas energias numa paixão não correspondida, sendo meio bundão também. Ou seja, não há qualquer espaço para macho alfa nessa família, mas há espaço para muita terapia.
E a coisa acaba ficando tão existencial que o filme se arrasta, se arrasta e se arrasta, ficando extremamente cansativo. A gente percebe isso quando começa a olhar o relógio no escuro da sala de projeção a cada cinco minutos e se desespera pela hora não estar passando. O pior de tudo é que esse filme trabalha esses três temas e a coisa fica nisso mesmo, com um pequeno envolvimento entre esses três núcleos que se passam praticamente destacados, fora uma ou outra ligação aqui e ali.
E, então, do nada, o filme acaba. E você se pergunta por que passou aquele tempo todo vendo aquela xaropada. Os conflitos entre os personagens principais, os momentos de união entre eles e o cenário extremamente soturno da casa da família, muito escura, ainda dão um toque especial, mas é muito pouco face a forte letargia existencial que veste o filme. Dessa forma, “Os Dois Filhos de Joseph”, apesar de mostrar uma família peculiar, só de homens fracassados, carregou demais nas tintas do existencial e tivemos uma película extremamente morosa e lenta. Uma pena, pois dá a sensação de uma boa ideia que foi mal aproveitada.