Will Smith está de volta em mais um filme de ação. “Projeto Gemini” tem um toque de ficção científica e traz de volta a discussão das questões éticas em clonagem, um assunto que tinha saído um pouco da pauta dos filmes mais recentes. Para a gente poder compreender melhor o filme, vamos precisar de spoilers aqui.
O plot é o seguinte. Henry Brogan (interpretado por Smith) é um assassino profissional que faz serviços para o governo americano. Entretanto, ele está cansado dessa vida e quer se aposentar. Mas um amigo seu diz que o último homem que ele matou não era um “bad guy”, mas sim uma espécie de queima de arquivo do governo. Como ele toma conhecimento desse problema, ele imediatamente se torna um alvo do governo americano, ficando marcado para morrer. E quem fica incumbido dessa difícil tarefa, já que Brogan é um profissional extremamente competente naquilo que faz é, nada mais, nada menos do que ele mesmo, pois foi um projeto ultrassecreto do governo de nome Gemini acaba clonando Brogan. E assim, uma versão mais nova dele o caça, sendo que, como os dois são praticamente idênticos, as cenas de perseguição e de ação vão pegar muito fogo.
É claro que a principal atração de um filme desse naipe são as cenas de ação, de tiroteios, bombas e explosões, algumas com um CGI relativamente sofrível. Mas, pelo menos, a questão da clonagem dá um tom um pouco diferente para um filme que seria mais do mesmo. Obviamente, a questão ética surge no meio da conversa e a clonagem é vista como algo feito por mentes inescrupulosas que querem poupar a vida de soldados e sofrimentos de famílias, mas brincando de Deus e gerando outras vidas com o propósito da imolação e sacrifício. É claro que Brogan não vai querer dar cabo de seu rival e vai ter uma afinidade total com seu eu mais novo que, diga-se de passagem, está a cara de Will Smith quando fazia “Um Maluco No Pedaço”, que passava já há longínquos anos no SBT (tinha horas que eu me perguntava quando ia aparecer o Carlton e o Tio Phill). E, claro, os dois gradativamente se aproximam e se aliam no transcorrer do filme. O que incomodou um pouco foi que a igualdade genética dos dois foi explorada a um ponto de quebrar a regra do fato de o homem ser produto do meio em que vive. Ou seja, ainda que Brogan e Júnior sejam geneticamente idênticos, eles tiveram experiências de vida diferentes e isso é meio que atropelado ao longo da exibição da película, onde parecia que a igualdade genética determinava tudo entre os dois, o que sabemos que não é verdade. De qualquer forma, valeu pela discussão e pelo debate em torno da questão ética da clonagem humana. Mas outra coisa que devemos nos lembrar é que a versão clonada de Brogan não deveria ser mais jovem que ele, mas sim com sua mesma idade. O detalhe é que isso tiraria toda a graça de Brogan se ver mais jovem e buscar semelhanças de Júnior com a própria juventude de Brogan.
Apesar de termos a presença de Clive Owen e Benedict Wong (de “Dr Estranho) no filme, essa é uma película toda centrada em Will Smith, como não podia deixar de ser. Seu personagem Brogan era um pouco durão e sisudo, com poucos espaços para algo mais descontraído e cômico. Já Júnior era bem mais interessante, com todos os dramas e inquietações de um praticamente pós-adolescente. Smith consegue convencer como um cara mais maduro e mais jovem ao mesmo tempo e sua atuação foi nota dez como sempre.
Assim, “Projeto Gemini”, apesar de ser um filme bem convencional de ação, com os tiros, porradas e bombas de sempre, tem um toquezinho de ficção científica e de debate ético em torno da questão da clonagem humana, sendo um filme um pouco mais diferente da média dos filmes de ação. E tem Will Smith, o tipo do ator que a gente vai para o cinema assisti-lo, não importa qual seja o gênero de filme. Vale a pena dar uma conferida.