Mais um filmaço que concorreu ao Oscar. “Jojo Rabbit”de Taika Waititi, disputou seis estatuetas (Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante para Scarlett Johansson, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte ou Design de Produção). A película ganhou uma estatueta de Melhor Roteiro Adaptado. Esse filme é baseado no romance de Christine Leunens “Caging Skies” e é mais uma película que faz parte do rol interminável de filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. Para podermos falar do filme, vamos lançar mão de spoilers aqui.
O plot se passa na Alemanha, numa pequena cidade e numa época em que os nazistas já estão perdendo a guerra. Um menininho, Jojo (interpretado por Roman Griffin Davis) faz parte da juventude nazista e está muito antenado com a ideologia do partido, ao ponto de ter o próprio Adolf Hitler como amigo imaginário (interpretado de forma magistral pelo próprio Taika Waititi). Só que ele acaba sendo humilhado pelos nazistas quando se nega a matar um inocente coelhinho, o que lhe rendeu o apelido de Jojo Rabbit. Estimulado pelo seu Hitler imaginário, ele tenta recuperar a honra, e vai à toda para uma ação militar do grupo, se explodindo com uma granada. Ao se recuperar em casa, ele passa um tempo com sua mãe Rosie (interpretada por Scarlett Johansson) e descobre, aos poucos, que ela faz parte da resistência contra os nazistas e esconde uma garota judia em casa, Elsa (interpretada por Thomasin McKenzie). Os dois iniciam uma relação um tanto conturbada que, aos poucos, vai se tornando próxima, amigável e amável, à medida que os horrores da guerra vão destruindo a visão idílica de nazismo que o menininho tinha.
Esse é um filme que desperta vários sentimentos na gente. Inicialmente, rimos muito com as troças que a película faz com a ideologia nazista, mostrando como ela é completamente imbecil e sem sentido, tudo isso regado na visão das crianças que não conseguem enxergar toda a malignidade da coisa e levam tudo isso como se fosse participar de um grande clube ou uma colônia de férias. Mas, aos poucos, o filme vai ficando mais sério, onde o nazismo começa a mostrar sua verdadeira cara, Podemos ver isso na própria sequência do coelhinho onde o instrutor nazista, antes de ridicularizar Jojo, mata friamente o coelho quebrando-lhe o pescoço. Ou no momento em que todos passam a tratar Jojo como algo feio devido às suas cicatrizes no rosto em virtude da explosão. O próprio Hitler imaginário de Jojo num primeiro momento é infantilizado, mas com o passar do tempo, se torna o Hitler agressivo que todos conhecemos. Mas o grande trauma de Jojo acaba sendo o fato dele ver sua mãe enforcada na rua com outras pessoas que lutavam na guerra. Justamente sua mãe que era símbolo de tudo o que o nazismo repudiava. Mesmo com toda essa escalada de violência, a visão infantil com pitadas de humor consegue resistir por toda a película, o que ajuda o filme a fluir com uma certa suavidade, apesar de tudo.
Temos um baita elenco aqui. Scarlett Johansson faz jus a mais uma indicação ao Oscar (ela foi também indicada a melhor atriz por “História de um Casamento” além de ter sido indicada para o Globo de Ouro por esse mesmo filme, nossa Viúva Negra está podendo muito ultimamente). Sua mãe Rosie, que faz de tudo para tirar o seu filho das garras da ideologia nazista, mostrando-lhe um mundo lúdico e buscando superar a perda do marido e da filha, está irretocável e deliciosa, mas foi uma disputa pesada com a vencedora Laura Dern em “História de um Casamento”. Ainda temos Rebel Wilson, na pele de Fraulein Rahm, fazendo um baita papel cômico e responsável, em boa parte, de mostrar como a ideologia nazista é estúpida. E, por fim, Sam Rockwell, que interpreta o Capitão Klezendorf, o responsável pelo acampamento da juventude nazista, e que deixa de forma bem clara que é homossexual, não compactuando em nada com a ideologia nazista, fazendo também uma boa participação cômica no filme (ele irá salvar Jojo e Elsa em mais de uma ocasião).
Dessa forma, “Jojo Rabbit” foi mais um grande filme que concorreu ao Oscar esse ano e merece toda a nossa atenção. Mais um filme de Segunda Guerra Mundial, mas que aborda um tema tão pesado quanto o nazismo e o genocídio, mas do leve ponto de vista da visão infantil, sem, entretanto, mascarar os horrores da guerra. Um filme imperdível.