Mais um filme que concorre ao Oscar. “O Céu da Meia-Noite” concorre ao Oscar de Melhor Efeitos Visuais e conta com atores de peso como George Clooney (que também assina a direção), Felicity Jones (de “Rogue One”) e David Oyelowo (de “Selma”). Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
Vemos aqui a história de um cientista, Augustine (interpretado por Clooney), que descobriu uma que uma das luas de Júpiter podia sustentar vida, o que rendeu uma missão tripulada até lá. O grande problema é que, durante essa missão, o ser humano, que já maltrata o planeta Terra de longa data, conseguiu finalmente tornar o planeta inviável para a vida, obrigando as pessoas a viverem nos subterrâneos para terem uma sobrevida. Mas Augustine ficaria na superfície, esperando a missão à lua de Júpiter retornar, para alertar os astronautas a não voltarem para a Terra. Totalmente sozinho depois da evacuação da população, ele encontra uma garotinha sozinha e toma conta dela. Os dois vão precisar ir até uma estação de comunicação, onde há melhores condições de se comunicar com a missão, passando por muitos perigos e dificuldades. Paralelamente, vemos a volta da missão, onde tudo ia muito bem até o momento em que a nave saiu de sua trajetória e foi alvejada por detritos no espaço. No momento do conserto, mais detritos apareceram, causando a morte de uma astronauta. Próximos ao planeta, os astronautas finalmente falam com Augustine, que os alerta do perigo de retornarem à Terra, mas dois decidem retornar ao nosso planeta pelos laços afetivos e familiares, enquanto que um casal decide retornar à Júpiter e viver na lua.
O filme tem um ritmo extremamente lento, com duas histórias (a de Augustine e a da missão à lua de Júpiter) fluindo separadamente, somente se encontrando ao final, de uma forma até interessante que compensa a letargia da coisa. A indicação para os efeitos visuais valeu, a meu ver, muito mais pelas imagens das paisagens da lua de Júpiter do que pelas imagens da nave em si. Mas a grande atração da película sem a menor sombra de dúvida é a mensagem de alerta que ele traz sobre a forma mundana como estamos tratando o nosso planeta. Chega a ser uma ironia pesquisarmos exoplanetas a enormes distâncias, buscando condições semelhantes às da Terra quando tratamos tão mal o nosso planeta aqui bem pertinho. Podemos ver essa contradição bem expressa em cores vivas no personagem de Augustine. Quando jovem, ele era um pesquisador muito estimulado em fazer essa busca pelos exoplanetas com condições semelhantes à da Terra. Mas, em sua idade avançada, o desgosto e a doença o tomam, ao perceber que todo o seu esforço de uma vida parecia ter ido em vão, pois a Terra não mais comportava a vida. O seu esforço só não foi totalmente em vão, pois ao descobrir a lua de Júpiter que reunia condições para a vida, a humanidade poderia reaparecer a partir dali, com o casal de astronautas esperando uma filha como uma nova versão de Adão e Eva sendo expulsos do paraíso (ou indo para ele, depende do ponto de vista) para perpetuar a humanidade. Haverá uma relação entre Augustine e esse casal, mas vou parar com os spoilers por aqui.
Há uma pequena ligação com Jornada nas Estrelas nesse filme. O jovem Augustine foi interpretado por Ethan Peck, que interpretou Spock em Discovery, e Tim Russ (o vulcano Tuvok, de Voyager) aparece muito rapidamente e de relance (na verdade, a gente mais o escuta do que vê) ao início do filme, sendo um amigo de Augustine que se despede dele durante a evacuação das pessoas da superfície do planeta.
Dessa forma, se “O Céu da Meia-Noite” é um filme de ritmo muito lento, o espectador é premiado com a mensagem do filme de cuidado com a preservação de nosso planeta e pela forma como as duas histórias que corriam em paralelo se ligam ao final. O filme também tem uma forte ligação pessoal entre os personagens que vale a pena conferir e não direi aqui.