Dando sequência às análises de filmes que concorrem ao Oscar, vamos falar hoje de “Festival Eurovision da Canção. A Saga de Sigrit e Lars”, que está no Netflix e concorre à estatueta de Melhor Música. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
Vemos aqui a história de dois amigos de infância da Islândia, Sigrit (interpretada por Rachel McAdams) e Lars (interpretado por Will Ferrell). Os dois sempre tiveram vontade de seguir a carreira musical, à despeito da reprovação do pai de Lars, Erick (interpretado por Pierce Brosnan). Na idade adulta, os dois formam um grupo e tocam num barzinho da cidadezinha onde vivem. O sonho de Lars é ganhar o Festival da Canção Eurovision representando o seu país, a Islândia, e tenta isso à todo custo, sem perceber que Sigrit é completamente apaixonada por ele. Para isso, eles precisam ganhar o Festival da Canção em seu país. Quem organizava o Festival já tinha uma cantora como favorita (interpretada por Demi Lovato), sendo um jogo de cartas marcadas, e chamaram o grupo de Sigrit e Lars somente para fazer figuração. A apresentação deles é justamente depois da favorita e é um desastre total. Lars fica muito deprimido e nem vai a uma festa com todos os concorrentes num iate depois da apresentação. Sigrit o acompanha em sua fossa e os dois veem o barco explodir com todos os concorrentes, incluindo a favorita, irem pelos ares. Os dois acabam se tornando o único representante da Islândia no Eurovision e vão para a Escócia, onde o concurso é realizado. Os músicos de cidadezinha do interior vão então conhecer todo um mundo novo, onde a parceria, amizade e futuro namoro dos dois podem ser seriamente ameaçados.
Esse é um filme que Will Ferrell é um dos produtores e pode-se dizer que talvez esse tenha sido o filme em que Ferrell mais acertou. Ele era simplesmente impagável em Saturday Night Live e a gente esperava que sua carreira no cinema fosse pelo mesmo caminho. Entretanto, as comédias dele acabaram sendo bem abaixo das expectativas. De qualquer forma, em “Eurovision” parece que ele finalmente acertou a mão e fez um Lars que conseguia ser bem mais engraçado que seus outros personagens no cinema. Ainda assim, ele não conseguiu superar a atuação de Rachel McAdams nesse filme, que estava simplesmente sensacional. Ela consegue fazer uma menina bobinha de interior com muita inocência, mas ao mesmo tempo, muita graça, fazendo o espectador rir com ela. Sua crença nos elfos vai render a melhor piada do filme disparado.
O filme também vai ter uma espécie de videoclip com vários participantes dos concursos Eurovision de anos anteriores. É um filme que flui bem em sua cerca de duas horas, uma diversão mais para distrair a cabeça, mas uma película bem simpática, que dá prazer em assistir. O filme não deixa de dar uma reflexão ao espectador. Assim como vimos em “Soul”, nem sempre a gente deve levar nossos objetivos a ferro e fogo para, caso não consigamos alcançá-los, a frustração não vir de uma forma arrebatadora. O importante é aproveitar a vida em cada momento e sentimento. É nesse espírito que McAdams “canta” a música que acabou recebendo a indicação ao Oscar. E seria interessante ver esse simpático filme receber tal premiação.
Assim, “Festival Eurovision da Canção. A Saga de Sigrit e Lars” é mais um interessante filme que concorre ao Oscar desse ano. Uma comédia leve e engraçadinha onde Will Ferrell talvez mais tenha acertado a mão em sua carreira no cinema. Um filme com atuação marcante de Rachel McAdams. E um filme que faz um convite a uma reflexão sobre como a gente deve levar a vida. Vale a pena dar uma conferida.