Dentre nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar desse ano de 2021, falemos hoje de “Feeling Through”, que concorreu à estatueta de Melhor Curta Metragem. Para podermos falar desse filme, vamos precisar de spoilers.
A história é bem simples. Um rapaz de periferia nos Estados Unidos se recusa a dar esmola para um mendigo, sendo bem ríspido com ele. Logo depois, ele se depara com outra pessoa que precisa de um tipo diferente de ajuda: ele precisa ser levado a um ponto de ônibus para pegar determinada linha. Detalhe: o homem é cego e surdo, se comunicando com as pessoas escrevendo frases num caderninho e recebendo respostas com toques de mão. O rapaz o leva para o ponto, mas o homem quer beber algo, pois está com muita sede. Eles compram algo numa loja de conveniência e o rapaz, na hora de pagar a bebida, tira um pouco de dinheiro da carteira do homem para ele. Os dois voltam ao ponto de ônibus e continuam conversando, quando ele percebe que o cego e surdo tem uma vida bem ativa, impressão que somente aumenta quando ele lê as frases que o cego usa para se comunicar quando ele consegue pegar seu caderninho num momento em que o homem cochila. Ao fim das contas, o ônibus chega e, extremamente zeloso, o rapaz fala ao motorista onde o homem vai descer e pede que não se esqueça do cego no ônibus, arrancando a promessa do motorista de que ele cuidará do cego. Ao se despedir, o homem diz que o rapaz ficará bem, como se o cego soubesse que o rapaz não estava com sua vida, digamos, totalmente feliz. Os dois se abraçam e se despedem. Sensibilizado, o rapaz volta ao mendigo que lhe pediu dinheiro, que agora dormia, e deixa em seu copo o dinheiro que ele pegou do cego.
Esse curta de cerca de dezoito minutos mostra como a solidariedade pode vir de onde menos se espera. Um rapaz com sua visão e audição perfeitas, mas que não está totalmente bem com sua alma, encontra um cego e surdo que, apesar de todas as suas limitações, curte a vida muito bem e consegue ser feliz. Os dois desenvolvem uma efêmera mas terna relação. O rapaz acaba se mostrando pouco virtuoso ao roubar dinheiro do homem cego e surdo, mas a candura e carinho deste último o faz reparar outro erro, que foi o de rechaçar até de forma um pouco agressiva o pedido de um mendigo por dinheiro. Uma história bem simples, mas muito humana e tocante, mostrando que, mesmo sendo um curta metragem, uma ideia e uma mensagem podem sempre ser exibidos em sua plenitude.
Dessa forma, “Feeling Through” é mais uma curiosidade que está presente nos candidatos ao Oscar. Um curta simples, que mostra uma mensagem de solidariedade altamente humanizante, que pode vir de onde menos se espera. E veja o curta no link abaixo, acionando as legendas.