Vamos falar hoje de mais um filme que concorreu ao Oscar desse ano de 2021. “Tenet”, escrito e dirigido por Christopher Nolan, concorre a duas estatuetas: Melhores Efeitos Visuais e Melhor Design de Produção. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
O filme fala de um agente da CIA conhecido apenas como “O Protagonista” (interpretado por John David Washington), que faz parte de uma organização secreta chamada Tenet. Ele vai lutar contra um poderoso empresário russo, Sator (interpretado por Kenneth Branagh), que tem uma geringonça atômica que permite que se façam viagens do futuro para o presente e vice-versa. Sator, uma mente diabólica, criou toda uma condição de que, se ele morrer, o mundo vai acabar. Mas o grande detalhe é que ele é paciente terminal de câncer. Assim, o protagonista terá que fazer viagens no tempo, para o futuro, o presente e o passado, para evitar os planos malignos do grande vilão do filme e ainda salvar a esposa do vilão, que é tratada de forma muito violenta por ele.
O filme é uma presepada só. E temporal. Ou seja, a gente vê nosso protagonista lutando contra ferozes inimigos que se movem às avessas, como se a gente visse um flashback dando ré (ou visões do futuro dando ré, sei lá). Por causa dessa história de viagens e inversões no tempo, o roteiro fica muito confuso e difícil de acompanhar (parece até que o Nolan estava sob o efeito de um goró muito legal ao escrever essa porcaria). Por incrível que pareça, o filme ainda se salva (um pouco só) pelas atuações de Robert Pattinson (que é mais que um vampiro de “Crepúsculo” ou um Batman que todo mundo gosta de esculachar sem sequer estrear) e, principalmente, Kenneth Branagh, que não sei o que foi fazer nesse filme (Nolan deve ter uma lábia desgraçada de boa para ter convencido Branagh a participar dessa afronta à boa vontade do espectador, muito melhor do que a capacidade que ele teve de escrever esse roteiro altamente sofrível). Para coroar tantos disparates com a cereja do bolo, ainda temos uma operação militar ao final da película para se recuperar as geringonças atômicas do vilão do filme, com direito a soldados correndo para frente e de ré e explosões ao contrário. Me senti num vaudeville vendo as trucagens de câmara dos filmes de Melliès lá no início do século passado. E pensar que esse filme recebeu a indicação para Melhores Efeitos Visuais. Realmente dar duas indicações ao Oscar para esse filme lamentável é a prova de que nem sempre o Oscar se preocupa em premiar o bom cinema. E só dá mais razoes para aqueles que cobram mais diversidade do Oscar.
Dessa forma, “Tenet” é um grande e deprimente erro. Muitas explicações floreadas para se abordar a velha questão da viagem no tempo que tornam o roteiro maçante e cansativo. E, mais lamentável ainda, é saber que Nolan foi o autor de tamanha presepada, pois ele assina o roteiro e a direção, não havendo qualquer desculpa ou atenuante.