Batata Literária – Mãe (à Leony)

Mãe (à Leony)

No início é apenas uma sensação
Tato quente, alimentação
Com o tempo, é uma voz amável
Que te trata de forma afável
Mais tarde, ela chama tua atenção
Para lhe indicar na vida a melhor direção
Nesse momento, você já a vê
E sabe que, com ela, sua vida vai viver

O tempo passa, você cresce
A inocência se desvanece
A intempérie se instaura
Fere agudamente sua alma
E, desta vez, é você quem acolhe
Nesses momentos de dor, não há ninguém quem olhe
Mas você, firme está lá
E ela sabe que em você pode contar

Mas o tempo, esse miserável
Muda tudo de forma implacável
Você cresce, a vida distancia
“Busque novos rumos!”, a vida desafia
Você não está mais por perto
E o seu antigo mundo cai num futuro incerto
Espiral descendente
Espiral descendente…

Hoje, as dores não mais existem
Nem os sofrimentos
Exceto para nós, que ainda revivem
Os antigos momentos
Numa tentativa vã de aplacar a dor
E de superar o estado de torpor
Força devemos buscar
Para o difícil futuro poder encarar…

Pelo menos, ficam as lembranças…

Batata Literáraia – Desamparo

Dias passam…
Dias passam…
A sensação ruim continua…
O futuro traz problemas amargos…
Preocupações o tempo todo
O medo
A sensação de se cair nm buraco fundo e escuro
Sem ter onde se agarrar…

Responsabilidades aumentam
Será que dá para se arcar?
Rearrumar a vida
para tudo isso suportar…
Mas, agora, qualquer revés
torna-se uma turbulência enorme
E você conduz sua nau
pelas águas das violentas tempestades

Mas, em meio a toda essa tormenta
devo buscar a corda da vela
consertar o mastro quebrado
apontar o barco na direção do vento
e rasgar o negro do céu nublado noturno
como o guerreiro que atira a lança
ao coração do monstro lendário
e, assim, chegar a águas calmas

Mas eu ainda me sinto muito fraco
Muito desamparado
Será que conseguirei?
Como ser forte como uma rocha
se minha alma ainda é mole como seda?
Como manter meu rumo
se meu leme ainda está quebrado?
Perguntas sem respostas

sem respostas…

Batata Literária – Golfinhos na Baía de Guanabara

Ei, José?
O que foi, Renê?
Olha o pneu!
Ufa, desviei, obrigado!
Caramba, José!
O que é agora, Renê?
São as garrafas pet!
Desviando, upa, upa, ops! Acertei uma!

Até que a água está clarinha hoje, né Renê?
Ô, José, está ótima!
Visibilidade de vinte centímetros à frente!
Pois é! Tem dias que só dando nossos saltinhos para enxergar!
Olha lá, Renê! A barca!
Ops, ops! Cuidado com a marola!
Lá vem ela, Renê!
TCHÁÁÁÁÁÁ!!!!!

Ai, José, que chatice!
Por que você resmunga tanto, Renê?
Estou cansado de nadar nessa baía suja!
Você ainda não se acostumou?
E dá para acostumar, José?
É, Renê, realmente é muito difícil…
Por que nossos parentes da terra firme são tão porcalhões?
Sabe-se lá, Renê… sabe-se lá.

Acho que só a gente ainda nada por aqui, José…
Todos os outros já desistiram, Renê…
E pensar que na época dos nossos tataravós, tudo isso aqui era muito frequentado
Já pensou como devia ser, Renê?
Ah, José, não dá nem para imaginar…
Será que limpam tudo até as Olimpíadas?
E você acredita em milagre, José?
Esquece o que eu falei, Renê… vamos nadar…