Dentre nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar desse ano de 2021, falemos hoje de “Feeling Through”, que concorreu à estatueta de Melhor Curta Metragem. Para podermos falar desse filme, vamos precisar de spoilers.
A história é bem simples. Um rapaz de periferia nos Estados Unidos se recusa a dar esmola para um mendigo, sendo bem ríspido com ele. Logo depois, ele se depara com outra pessoa que precisa de um tipo diferente de ajuda: ele precisa ser levado a um ponto de ônibus para pegar determinada linha. Detalhe: o homem é cego e surdo, se comunicando com as pessoas escrevendo frases num caderninho e recebendo respostas com toques de mão. O rapaz o leva para o ponto, mas o homem quer beber algo, pois está com muita sede. Eles compram algo numa loja de conveniência e o rapaz, na hora de pagar a bebida, tira um pouco de dinheiro da carteira do homem para ele. Os dois voltam ao ponto de ônibus e continuam conversando, quando ele percebe que o cego e surdo tem uma vida bem ativa, impressão que somente aumenta quando ele lê as frases que o cego usa para se comunicar quando ele consegue pegar seu caderninho num momento em que o homem cochila. Ao fim das contas, o ônibus chega e, extremamente zeloso, o rapaz fala ao motorista onde o homem vai descer e pede que não se esqueça do cego no ônibus, arrancando a promessa do motorista de que ele cuidará do cego. Ao se despedir, o homem diz que o rapaz ficará bem, como se o cego soubesse que o rapaz não estava com sua vida, digamos, totalmente feliz. Os dois se abraçam e se despedem. Sensibilizado, o rapaz volta ao mendigo que lhe pediu dinheiro, que agora dormia, e deixa em seu copo o dinheiro que ele pegou do cego.
Esse curta de cerca de dezoito minutos mostra como a solidariedade pode vir de onde menos se espera. Um rapaz com sua visão e audição perfeitas, mas que não está totalmente bem com sua alma, encontra um cego e surdo que, apesar de todas as suas limitações, curte a vida muito bem e consegue ser feliz. Os dois desenvolvem uma efêmera mas terna relação. O rapaz acaba se mostrando pouco virtuoso ao roubar dinheiro do homem cego e surdo, mas a candura e carinho deste último o faz reparar outro erro, que foi o de rechaçar até de forma um pouco agressiva o pedido de um mendigo por dinheiro. Uma história bem simples, mas muito humana e tocante, mostrando que, mesmo sendo um curta metragem, uma ideia e uma mensagem podem sempre ser exibidos em sua plenitude.
Dessa forma, “Feeling Through” é mais uma curiosidade que está presente nos candidatos ao Oscar. Um curta simples, que mostra uma mensagem de solidariedade altamente humanizante, que pode vir de onde menos se espera. E veja o curta no link abaixo, acionando as legendas.
Dentre as nossas análises de filmes que concorreram ao Oscar nesse ano de 2021 falemos hoje de “Pinóquio”, que concorreu a duas estatuetas: Melhor Figurino e Melhor Maquiagem e Cabelo. Para podermos falar do filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
O filme fala da historinha do Pinóquio, de origem italiana (é a primeira vez que vejo a história do Pinóquio contada por italianos). A coisa não fugiu muito do convencional, com todas as passagens que conhecemos: Pinóquio como um garoto que não gosta de ir a escola, que tem o nariz que cresce quando mente, que é enganado seguidamente pela raposa e o gato, que vira um burro, pois não gosta de estudar, que encontra seu pai Geppetto na barriga de uma baleia (ou peixe cão), etc., etc., ou seja, nada fora do que já conhecemos, sem qualquer voo mais diferente ou ousado. Temos a presença de Roberto Benigni como Geppetto, que pôde mostrar um pouco de seu humor na história, principalmente ao seu início, além de um Geppetto bem emotivo, sendo a melhor coisa que vimos no filme. Dentre as indicações, podemos falar que a de Maquiagem e Cabelo me pareceu muito mais merecida que a de figurino, já que os personagens tinham características de animais, tal como um Grilo Falante, médicos que são aves ou uma criada que é um caracol. O figurino também estava bom, mas chamava bem menos atenção do que a maquiagem, essa sim muito mais elaborada. Fora esses detalhes, não há muito mais o que dizer sobre esse filme, exceto pelo fato de que a gente sente que foi feito com muito carinho e zelo pelos verdadeiros donos da história, que são os italianos.
Dessa forma, “Pinóquio” vale mais pela curiosidade do que por qualquer outra coisa, pois optou-se por contar a história tradicional, sem qualquer arroubo mais inédito ou ousado. Uma produção feita com muito cuidado e carinho, que conta com a boa presença de Roberto Benigni, que fez um Geppetto bem terno e humanizado, sem perder a veia cômica do ator italiano. Um entretenimento para distrair a cabeça e voltar à uma infância há muito perdida. Sem falar no ótimo intensivão de idioma italiano que a gente faz ao assistir ao filme.
Dentre as nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar nesse ano de 2021, falemos hoje de “Wolfwalkers”, que concorreu à estatueta de Melhor Animação. Para podermos falar desse filme, uma co-produção Irlanda/Luxemburgo, vamos precisar dos spoilers de sempre.
O filme fala da história de Robyn, uma menininha inglesa que gosta de caçar lobos e vive com seu pai numa cidadezinha irlandesa dominada pelos ingleses. O povo irlandês é hostil aos invasores ingleses. Estamos no ano de 1650. O pai de Robyn, Bill, quer que a menina fique em casa em virtude da hostilidade dos irlandeses para com os ingleses e ele não quer que a menina o acompanhe na sua tarefa de caçar lobos numa floresta próxima. O temido Lorde Protetor da cidade quer destruir a floresta em que os lobos vivem para afugentá-los, já que os lobos atacam as criações de ovelhas. Quando Robyn segue o pai às escondidas, ela acaba descobrindo todo um mundo novo dentro da floresta, onde conhece Mebh, uma menininha que vive lá e é uma Wolfwalker, ou seja, uma espécie de menina lobo que, quando adormece, se transforma num lobo. Aliás, Robyn vai conhecê-la quando ela está transformada em lobo, mordendo acidentalmente o braço de Roobyn, que também a transforma numa wolfwalker. A mãe de Mebh, sabendo dos perigos do ser humano com relação à floresta, saiu para procurar um novo lugar para os lobos, mas nunca mais voltou, pois ela foi aprisionada pelo Lorde Protetor. Caberá à Robyn e a Mebh salvar os lobos da destruição da floresta, assim como tirar a mãe de Mebh do cativeiro.
Essa animação é surpreendente em vários aspectos. Em primeiro lugar, por ser algo de época, se passando numa época em que os ingleses subjugavam os irlandeses, com toda essa animosidade ficando bem clara na animação. Em segundo lugar, vemos aqui uma lenda que lembra demais as histórias de lobisomem, mas não com o wolfwalker sendo uma criatura monstruosa (ele até o era para os citadinos que eram vistos pelo Lorde Protetor como supersticiosos por causa disso), mas sim como um ser da floresta que deve ser preservada juntamente com sua fauna. Os lobos, vistos no início do filme como criaturas selvagens e perigosas, se tornam cachorrinhos muito fofinhos e amáveis quando entramos no mundo da floresta e conhecemos Mebh e sua mãe. E aí, os seres humanos, principalmente os ingleses, são vistos como os grandes vilões da história. É interessante perceber que, tanto dentro dos ingleses quanto dentro dos irlandeses, vemos pouquíssimas pessoas virtuosas. Além de Robyn, temos o seu pai Bill e um citadino que foi “para o tronco” por ordem do Lorde Protetor, que era alimentado às escondidas por Robyn. Os demais ingleses eram vistos como os opressores do povo irlandês, e estes últimos eram retratados de uma forma rústica e caricata.
Essa também é uma animação que fala de liberdade. O pai de Robyn era subordinado a um Lorde Protetor que exigia obediência de seus subordinados, não dando a eles qualquer liberdade. A vida da floresta, em contrapartida, era o espaço da liberdade por excelência, onde o contato prosaico com a natureza era a sua maior manifestação, contra as rígidas regras das convenções sociais, além da liberdade de todo um povo (no caso, o irlandês) tolhida pela dominação inglesa.
Dessa forma, “Wolfwalkers” é uma animação que concorre ao Oscar que tem um sabor um pouco diferente das demais animações que concorrem à estatueta. Apesar de se assemelhar às demais animações quanto a algo de mágico e fantasioso, “Wolfwalkers” se diferencia pelo seu conteúdo histórico e pela mensagem ecológica de preservação do meio ambiente, onde os humanos são os verdadeiros vilões da história e figuras mitológicas como lobisomens são esvaziados de seus conteúdos aterrorizantes e se tornam criaturas virtuosas que defendem a floresta em que vivem, sendo a sua casa. Vale muito a pena dar uma conferida.
Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à série clássica e vamos falar do quinto episódio da primeira temporada, intitulado “Tempo de Nudez”.
A Enterprise chega a um planeta congelado que está prestes a se destruir. Há uma base com cientistas que precisam ser resgatados. Mas quando Spock e um camisa vermelha lá chegam, estão todos mortos. Uma mulher está estrangulada e um homem está vestido no chuveiro. Enquanto Spock averigua, o camisa vermelha se contamina todo, passando a mão no rosto por baixo de toda a roupa de proteção. Foi constatado que a equipe de cientistas estranhamente desligou os suportes de vida e a base congelou, matando a todos.
Quando Spock e o camisa vermelha chegam à nave, Spock pede a descontaminação no transporte. Exames médicos são feitos nos dois e tudo acusa normal, mas o camisa vermelha está incomodado com tantas mortes e apresenta uma coceira no corpo.
Na sala de reuniões, há um estranhamento com relação ao comportamento da equipe de cientistas (houve até cientistas dando tiros de phaser). Não há sinais de contaminação ou de qualquer outra coisa que justifique o comportamento estranho dos cientistas. E a Enterprise terá que ficar numa órbita mais baixa para analisar a destruição do planeta. Haverá risco?
Sulu e um tripulante (O’Reiley) chegam à sala de recreação, onde o camisa vermelha que desceu à superfície com Spock está. Este tem um comportamento agressivo e irracional, apontando uma faca para os dois, que o imobilizam, mas acabam-no ferindo. O’Reiley começa a sentir coceiras, como o camisa vermelha. Sulu fica com os mesmos sintomas. Eles estão na ponte enfrentando as instabilidades do planeta e tal interferência na órbita da nave. Kirk acaba tocando nos botões que O’Reiley toca e se infecta também. McCoy opera o camisa vermelha e ele morre, mesmo com o ferimento não sendo sério. Sulu começa a mostrar alterações, assim como O’Reiley, e deixam a ponte. O primeiro vai embora sem avisar e o segundo é enviado à enfermaria por Spock. Isso vai ser suficiente para a contaminação se espalhar pela nave (é nesse momento do episódio em que há a famosa sequência onde Sulu mostra a sua competência na esgrima). Sulu sobe à ponte com a espada, ameaçando a todos, mas é colocado para dormir com o toque neural vulcano de Spock. A engenharia está tomada por O’Reiley e os controles não respondem, colocando a nave sob ameaça em virtude da instabilidade do planeta. O’Reiley, aparentando estar embriagado, liga a comunicação interna da nave e fica cantando em voz alta, para desespero de Kirk. Uhura identifica confusões por toda a nave. E grita com Kirk quando este grita com ela. Os dois perceberam que se excederam em virtude do stress e praticamente pedem desculpas um ao outro.
McCoy e Christine estão cuidando de Sulu e o doutor vai pegar a biópsia. Christine já apresenta sintomas e toca na mão de Spock quando este vai à enfermaria, dizendo que está apaixonada por ele, que fica sem reação e percebe que foi contaminado. Spock sai da enfermaria abalado com a declaração de Christine e engole o choro. Ele se esconde numa sala de reuniões e começa a chorar.
Scotty consegue abrir a engenharia e Kirk toma de volta seu controle. Mas os propulsores estão frios e eles não aquecerão a tempo de impedir que a nave desça à atmosfera e queime. Por outro lado, McCoy descobre a cura. A água do planeta tem moléculas complexas que entram pela transpiração e reagem no corpo como embriaguez. O doutor desenvolveu um soro e Sulu foi o primeiro a ser curado, depois de gritar muito na frente de McCoy com uma injeção na mão (cena muito engraçada, por sinal).
Kirk encontra Spock na sala de reuniões e propõe a ele uma mistura de matéria-antimatéria mais rápida para acionar os propulsores mais rapidamente. Mas isso também pode explodir a nave. Spock está mergulhado em seus problemas emocionais e não escuta Kirk, que começa a dar tapas na cara do vulcano. Spock, então, dá um tapão que joga Kirk longe (lembrando sempre que um vulcano tem três vezes a força de um humano). Kirk também se contamina e fica reclamando que não consegue pegar a Ordenança Rand por causa da Enterprise. E os dois, nesse meio tempo discutem a tal da equação ideal para a mistura matéria-antimatéria. Scotty entra na sala de reuniões e todos conseguem manter uma sanidade temporária. Spock vai dar a tal equação e Kirk dá as ordens para fazer a mistura. Kirk chega à ponte e McCoy rasga a camisa do capitão para aplicar a injeção de soro (os tecidos do século XXIII não parecem muito bons).
Spock conseguiu a mistura e a nave fugiu do planeta numa velocidade maior que a possível, o que fez a nave regredir no tempo três dias. Ou seja, eles conseguiram uma dobra temporal, que seria usada como artifício na série posteriormente. Fim do episódio.
O que podemos dizer do episódio “Tempo de Nudez”. Em primeiro lugar, ao contrário do que vimos em TNG, onde o episódio de mesmo tema pareceu fora de hora, aqui esse episódio funcionou bem na construção dos personagens, principalmente Spock e Christine. O vulcano deixou suas emoções aflorarem onde ele chorou por não poder engatar um romance com Christine e sentiu por sua mãe, uma terráquea com emoções, viver em Vulcano, onde a espécie vulcana reprimia as emoções. Esse foi o primeiro episódio onde Spock ficou muito em evidência, passando a receber centenas de cartas dos fãs depois de “Tempo de Nudez”. Já Christine se declara abertamente ao vulcano, algo que seria aproveitado em outros episódios. A doença afeta também Kirk que reclama que a responsabilidade sobre a Enterprise o impede de engatar um relacionamento com uma mulher, sobretudo a Ordenança Rand, que ele confessa estar apaixonado. Todas essas instabilidades emocionais desses personagens específicos tiveram um bom grau de dramaticidade, ajudando o público a desenvolver uma empatia com os personagens. As outras situações de instabilidades de personagens ficaram mais como alívios cômicos. Em TNG, a coisa chegou a um ponto em que todos os personagens caíram no ridículo, mesmo quando eles falavam de suas vulnerabilidades, parecendo algo mais inconveniente.
“Tempo de Nudez” também mostrou um certo humor, o que seria uma das características de Jornada nas Estrelas. Em alguns momentos, esse humor foi voluntário, como as impaciências de Kirk e Spock para com a cantoria alterada de O’Reiley. Mas também tivemos momentos de humor um tanto involuntário, como na troca de tapas no rosto entre Kirk e Spock e no grito retumbante de Sulu perante um McCoy com uma injeção na mão. Ou seja, eu acredito que tenha sido um humor involuntário, pois se foi um humor voluntário, ele foi também muito escrachado.
No mais, foi criada a tecnobabble da dobra temporal, o que abria à série as possibilidades de viagens no tempo, que seriam também usadas nos longas de Jornada nas Estrelas.
Dessa forma, “Tempo de Nudez” é um episódio de Jornada nas Estrelas que trabalha de forma dramática os personagens de Kirk, Spock e Christine Chapel. O episódio também lançou mão de humores voluntários e involuntários, além de criar a tecnobabble de viagem no tempo. Vale a pena dar uma conferida nesse episódio.
Uma cerimônia mais intimista e humana, laureada pela diversidade. Assim foi a festa do 93º Oscar esse ano. A pandemia trouxe várias consequências para a festa do cinema. A primeira foi o atraso das produções dos grandes estúdios que acabou dando mais chance a produções menores e mais independentes deixando uma marca da diversidade entre os indicados. A segunda foi a abertura dada à exibição dos indicados no streaming em virtude dos cinemas fechados, o que deu um acesso maior ao grande público aos indicados (confesso que vi muito mais filmes na poltrona do meu sofá este ano do que nos cinemas nos anos anteriores). Em terceiro, a cerimônia, com um número menor de pessoas, lembrou muito as primeiras cerimônias ainda na década de 20, quando os prêmios eram entregues num jantar para convidados. O espaço da cerimônia – a Estação de Trem Union Station em Los Angeles – também chamou a atenção por sua elegância, singeleza e charme, longe dos teatros opulentos que sempre vimos. Como os atores indicados não puderam levar muitos acompanhantes (na verdade somente um por indicado), os atores estavam “livres” de seus managers e muito mais livres, leves e soltos no tapete vermelho, para a alegria dos jornalistas que os entrevistavam. Cada bloco da cerimônia tinha um mestre de cerimônias diferente, e quando eles falavam dos indicados, geralmente eles se dirigiam aos mesmos, dando um tom muito intimista à noite. A cerimônia também teve outros indicados sendo mostrados em outras localidades na Europa. O que chamou a atenção foi a ordem das premiações, com a estatueta de Melhor Filme não sendo o último Oscar a ser entregue, mas sim a estatueta de Melhor Ator.
E as premiações em si? Podemos dizer que “Nomadland” saiu como o grande vencedor da noite, ganhando as estatuetas de Melhor Filme, Direção e Atriz para Frances McDormand, superando a forte presença de Viola Davis e a jovialidade de Carey Mulligan. É o terceiro Oscar de McDormand, que, apesar de ser mais do que merecido, soou um pouco como um Oscar inesperado, já que ela havia sido premiada mais recentemente. Mas seu trabalho foi realmente arrebatador. Outro Oscar um tanto inesperado dentro dessa linha, mas muito merecido foi o de Melhor Ator para Anthony Hopkins. Riz Ahmed e Chadwick Boseman, com a oportunidade de ser o segundo Oscar póstumo da História, vinham fortes. Mas o talento de Hopkins superou as barreiras da idade e do fato dele já ter ganho um Oscar, embora isso já tenha sido há muito tempo com “O Silêncio dos Inocentes”. “Meu Pai” também teve uma merecida premiação de roteiro adaptado. O roteiro original também foi merecido para “Bela Vingança”, a história que teve um interessante plot twist ao seu final.
A noite de premiação teve alguns indicados previsíveis confirmados. Um deles foi “Druk”, que ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional. Seu diretor, Thomas Vinterberg, emocionou a plateia quando disse que sua filha iria trabalhar no filme, mas morreu dias antes num acidente de carro, onde o motorista que provocou o acidente passava mensagens no celular. Ele fez questão de rodar o filme na escola em que a filha estudava e com seus colegas reais. “Soul” também levou a marca de obviedade, ganhando as estatuetas de Animação e Trilha Sonora. Já Daniel Kaluuya era o favorito para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, confirmando o prêmio para “Judas e o Messias Negro”, embora eu preferisse a atuação de Lakeith Stanfield no mesmo filme. Kaluuya deixou a mãe, que assistia a cerimônia de Londres, numa saia justa quando ele agradeceu a ela por ter transado com seu pai para ele nascer e poder vivenciar aquele momento. A anciã não sabia onde meter a cara. “A Voz Suprema do Blues” ganhou dois prêmios bem merecidos: figurino e maquiagem e cabelo, onde Viola Davis foi “enfeiada” para fazer sua personagem (eu gostaria de ver Maquiagem e Cabelo para “Era Uma Vez Um Sonho” e figurinos para “Mulan”, mas…). “O Som do Silêncio” ganhou a óbvia estatueta de som e a não tão óbvia estatueta de montagem (acho que “Meu Pai” seria mais merecedor dessa categoria).
E Mank? O campeão de indicações (dez ao todo) somente levou duas estatuetas técnicas: fotografia (onde o preto e branco foi fenomenal) e design de produção, ambas merecidíssimas (embora o Oscar de design de produção para “Meu Pai” também seria muito justo, com tantas mudanças no mesmo cenário para expressar o Alzheimer do protagonista).
O prêmio para Melhor Atriz Coadjuvante foi sintomático dos novos tempos do cinema e da Academia, pois foi vencido por Yuh-Jung Youn, numa mostra de que a renovação dos membros da Academia está mundializando a premiação, não ficando apenas no terreno da premiação de indústria, com o objetivo de se fazer mais dinheiro. Como foi dito ontem na TV por Arthur Xexéo, essa nova visão de mundo do Oscar poderia muito bem dar a premiação à Fernanda Montenegro se “Central do Brasil” estivesse concorrendo hoje. O discurso de Youn foi um dos pontos altos da noite, onde ela brincou muito com a plateia, arrancando risadas. Ela disse que foi um prazer ver Brad Pitt, um dos produtores de “Minari”, pela primeira vez, e perguntou por que ele não apareceu nas filmagens. Disse que não estava lá para concorrer, pois não é melhor que Glenn Close (que disputava sua oitava estatueta e perdeu novamente) e que teve mais sorte que as demais. Disse que sempre viu o Oscar como um programa de TV na Coreia e que, finalmente, estava lá com eles.
As demais premiações: o curta de animação foi para “Se Alguma Coisa Acontecer, Te Amo”, um alerta para as mortes por armas nos Estados Unidos; “Two Distant Strangers” ganhou para Melhor Curta, um filme que mostra um afroamericano sendo morto pela polícia, com isso acontecendo recorrentemente (ao estilo de “Feitiço do Tempo”), com nosso protagonista sempre evitando morrer pela polícia, sem sucesso; “Collete”, um filme sobre uma ex-prisioneira de um campo de concentração voltando ao seu cativeiro depois de muitos anos ganhou o prêmio para curta documentário; “Professor Polvo” ganhou para Documentário longa (embora eu preferisse “Crip Camp”); o sofrível “Tenet” ganhou para efeitos visuais (embora eu preferisse “O Céu da Meia Noite”); e a canção ficou com “Fight For You”, para “Judas e o Messias Negro”.
Fazendo um balanço das premiações, repetiu-se a tendência dos últimos anos de não dar muitos Oscars a somente um filme. A já citada renovação da Academia está humanizando cada vez mais o Oscar, deixando de ser uma premiação americana de indústria para ser uma premiação que tem um enfoque muito maior na mundialização e na arte, o que aproxima o Oscar dos festivais europeus, mais conhecidos por premiar o talento e a arte. Ou seja, podemos terminar essas linhas com a frase batida de que “Há males que vêm para bem”, ou seja, a transformação profunda que a pandemia provocou em nossas vidas mudou também o Oscar, mas para melhor. Que a diversidade e a arte continuem a dar as cartas. E fiquem agora com a lista dos vencedores do Oscar abaixo, junto com os demais indicados.
Veja, abaixo, os vencedores do Oscar 2021 em negrito e grifados:
Melhor filme
“Meu pai”
‘”Judas e o messias negro”
“Mank”
“Minari”
“Nomadland” (vencedor)
“Bela vingança”
“O som do silêncio”
“Os 7 de Chicago”
Melhor atriz
Viola Davis – “A voz suprema do blues”
Andra Day – “Estados Unidos Vs Billie Holiday”
Vanessa Kirby – “Pieces of a woman”
Frances McDormand – “Nomadland” (vencedora)
Carey Mulligan – “Bela vingança”
Melhor ator
Riz Ahmed – “O som do silêncio”
Chadwick Boseman – “A voz suprema do blues”
Anthony Hopkins – “Meu pai” (vencedor)
Gary Oldman – “Mank”
Steve Yeun – “Minari”
Melhor direção
Thomas Vinterberg – “Druk – Mais uma rodada”
David Fincher – “Mank”
Lee Isaac Chung – “Minari”
Chloé Zhao – “Nomadland” (vencedora)
Emerald Fennell – “Bela vingança”
Melhor atriz coadjuvante
Maria Bakalova – “Borat: fita de cinema seguinte”
Glenn Close – “Era uma vez um sonho”
Olivia Colman – “Meu pai”
Amanda Seyfried – “Mank”
Youn Yuh-jung – “Minari” (vencedora)
Melhor ator coadjuvante
Sacha Baron Cohen – “Os 7 de Chicago”
Daniel Kaluuya – “Judas e o messias negro” (vencedor)
Leslie Odom Jr. – “Uma noite em Miami”
Paul Raci – “O som do silêncio”
Lakeith Stanfield – “Judas e o messias negro”
Melhor filme internacional
“Druk – Mais uma rodada” (Dinamarca) (vencedor)
“Shaonian de ni” (Hong Kong)
“Collective” (Romênia)
“O homem que vendeu sua pele” (Tunísia)
“Quo vadis, Aida?” (Bósnia e Herzegovina)
Melhor roteiro adaptado
“Borat: fita de cinema seguinte”
“Meu pai” (vencedor)
“Nomadland”
“Uma noite em Miami”
“O tigre branco”
Melhor roteiro original
“Judas e o Messias negro”
“Minari”
“Bela vingança” (vencedor)
“O som do silêncio”
“Os 7 de Chicago”
Melhor figurino
“Emma”
“A voz suprema do blues” (vencedor)
“Mank”
“Mulan”
“Pinóquio”
Melhor trilha sonora
“Destacamento blood”
“Mank”
“Minari”
“Relatos do mundo”
“Soul” (vencedor)
Melhor animação
“Dois irmãos: Uma jornada fantástica”
“A caminho da lua”
“Shaun, o Carneiro: O Filme – A fazenda contra-ataca”
Dentre as nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar desse ano de 2021, vamos falar hoje de “O Homem Que Vendeu Sua Pele”, que concorre à estatueta de Melhor Filme Internacional (ou a antiga categoria de Melhor Filme Estrangeiro), representando a Tunísia. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
O filme narra a história de Sam Ali (interpretado por Yahya Mahayni), um cara que é apaixonado por sua namorada Abeer (interpretada pela deslumbrante Dea Liane). Mas a moça vai conhecer um homem mais rico por meio de sua mãe, que quer arrumar um casamento para ela. Ali, quando estava com Abeer num trem, foi tomado pelo impulso e disse em voz alta para todos os passageiros que faria uma revolução se casando com Abeer. Infelizmente as autoridades encararam isso como uma atitude subversiva (o casal vive na Síria pré-guerra civil) e Ali é preso. Por sorte, o policial que o interroga é seu parente e facilita a sua fuga. Ali terá que fugir para o Líbano e ficar longe de sua amada Abeer. Para piorar a situação, a moça se casa com o tal homem rico, já que a guerra civil explodiu na Síria e ela precisava também sair do país. Enquanto isso, Ali vai com um amigo para vernissages somente para fazer uma boquinha. Numa delas, ele conhece Soraya (interpretada por uma Monica Bellucci loura), que percebe que Ali é um refugiado sírio e não está na lista de convidados, o que leva a um conflito entre os dois. Mas o artista da vernissage fica interessado na condição de refugiado de Ali e lhe faz uma proposta: ele quer fazer uma tatuagem nas costas do moço e transformá-lo numa obra de arte, para mostrar ao mundo que um refugiado não tem livre trânsito pelo mundo, sendo visto de forma preconceituosa e sem valor, ao passo de que uma obra de arte, pelo seu valor de mercado, tem muito mais liberdade de acesso, viajando pelo mundo inteiro, mesmo que sendo apenas um objeto. Ali topa a oferta de emprego, onde ele vai ter que, em troca de um salário e uma moradia em Bruxelas (onde Abeer vive com seu marido), “ficar em exposição” em museus e centros culturais. O que parecia ser uma boa oferta de emprego e uma liberdade vai se transformar num verdadeiro inferno para Ali, pois ele será tratado como um objeto, não tendo uma liberdade como indivíduo ao fim das contas.
O filme é muito instigante, pois ele faz um provocante convite à reflexão, onde o valor de mercado é mais importante que a vida humana. Enquanto que obras de arte podem custar milhões de euros, em virtude de quem as produz, e viajam pelo mundo para ficarem em exposição, muitos refugiados de guerra são proibidos de permanecer em países nos quais buscam asilo político, sendo obrigados a voltar para os países de origem, sendo praticamente uma sentença de morte. Um problema que surgiu em virtude da expansão imperialista do século XIX que mergulhou muitas nações na pobreza e na instabilidade política que leva a guerras somente para enriquecer os países capitalistas desenvolvidos. O valor de mercado de um objeto ser maior que o valor de vidas humanas de continentes periféricos para o capitalismo mundial é só uma prova de como o poder do dinheiro dá as cartas desde sempre. Nosso Ali, num primeiro momento, acha que está tomando uma posição de emancipação, pois o corpo é dele e ele o vende para quem quiser. Entretanto, à medida que a obra de arte em suas costas ficava cada vez mais famosa, mais objetificado seu corpo ficava, a ponto dele ser literalmente vendido para um colecionador e, tempos depois, ser leiloado, perdendo completamente a sua liberdade como indivíduo.
O filme, apesar de enfocar um tema altamente polêmico, não deixa de ter um bom gosto de comédia, em virtude da irreverência de Ali. E aí, muitos pontos para a atuação de Yahya Mahayni que provocou muitas risadas, inclusive fazendo uma troça com os preconceitos e rótulos. Por exemplo, depois que ele foi leiloado, ele desce do palco e anda em meio à elite rica, causando medo por sua origem muçulmana e, sabendo disso, finge que vai se explodir em meio à multidão, provocando um enorme pânico, para depois cair no chão em gargalhadas. Era a sua catarse e movimento de libertação frente à objetificação de seu corpo. Quando o seu visto de permanência vence na Europa e ele é expulso do continente, ele vê tal situação muito mais como libertadora e de alívio, pois vai voltar à sua terra natal, mesmo que ela esteja dominada pelo Estado Islâmico. O filme ainda tem um interessante plot twist no final, onde há uma história um tanto mal contada, mas nada disso tira a excelência do filme que é muito bom. Eu creio que, talvez uma das categorias do Oscar que mostre a melhor qualidade de filmes é a de Melhor Filme Internacional, já que filmes de todo o mundo concorrem com o que eles têm de melhor e o funil para os cinco finalistas é bem seletivo. Em tempos anteriores à pandemia, a gente podia ver em circuito de cinemas alternativos os candidatos a Oscar de Melhor Filme Internacional de vários países que almejavam uma vaga nos cinco finalistas. E geralmente são filmes de muita qualidade. Druk, que tem duas indicações, parece ser o favorito, já que o Oscar de Melhor Diretor (ao qual o diretor de Druk, Thomas Vinterberg também concorre) deve ir ou para “Bela Vingança” ou “Nomadland”, dando prêmio para uma das diretoras, que, cá para nós, também merecem. Mas a categoria de Melhor Filme Internacional sempre tem excelentes películas que sempre devem ser vistas.
Dessa forma, “O Homem Que Vendeu Sua Pele” é mais uma grande produção que concorre ao Oscar de Melhor Filme Internacional, uma categoria que tem a tradição de sempre mostrar excelentes películas. É um filme que traz uma reflexão interessante sobre a importância dos valores de mercado sobre a vida humana e o faz com um humor que está todo em volta do protagonista, interpretado com muita eficiência.
Dentre as nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar nesse ano de 2021, vamos falar hoje de “Quo Vadis, Aida?”, que concorre à estatueta de Melhor Filme Internacional (a antiga categoria de Melhor Filme Estrangeiro). Esse filme representa a Bósnia-Herzegovina. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
O filme fala da história de Aida (interpretada por Jasna Djuricic), uma intérprete que trabalha para a ONU durante o conflito na antiga Iugoslávia na década de 90. Ela é de origem bósnia muçulmana e as tropas sérvias estão prestes a tomar a cidade de Srebrenica. Os moradores pedem que a ONU defenda a cidade e seu comandante promete que, se os sérvios invadirem, aviões irão bombardeá-los. Mas nada acontece e os sérvios tomam a cidade, provocando a fuga dos seus moradores que vão se refugiar numa base das Nações Unidas. Entretanto, a base não tem tamanho suficiente para todos e uma multidão fica do lado de fora. O comandante sérvio diz que quer conversar com representantes bósnios e acerta com eles uma evacuação para cidades bósnias, tudo sob o olhar complacente da ONU, que não recebe qualquer ajuda de fora para regular a situação. Homens e mulheres são separados nessa evacuação, com os homens sendo massacrados pelos sérvios. No meio de tudo isso, Aida procura esconder seu marido e seus dois filhos do massacre certo. Mas a letargia das Nações Unidas, que nada faz para conter o avanço dos sérvios, é um obstáculo praticamente intransponível.
É um filme muito desesperador e uma espécie de viagem no tempo, quando o conflito da Iugoslávia era diariamente relatado na TV, assim como os casos de genocídio. As imagens chocavam o mundo e a pergunta era sempre a mesma: por que a ONU e a OTAN nada faziam perante o massacre de muçulmanos no caso da Bósnia? Isso quando a gente se lembra que esses massacres não aconteceram somente na Bósnia, mas também na Croácia e em Kosovo, sempre sob o olhar complacente da ONU. Os bósnios somente vão ter alguma voz em tudo isso justamente com esse filme que comentamos agora, décadas depois de tudo ocorrido.
O que é muito complicado nessa guerra em específico é que todas essas nações que se digladiaram na década de 90 eram um país unificado, a Iugoslávia, com essa situação perdurando por décadas. Se a diversidade cultural foi um elemento explosivo na detonação do conflito, isso não impediu que essas pessoas interagissem e se conhecessem, cujos desentendimentos as fizeram inimigas posteriormente. É emblemático o caso do soldado sérvio que foi aluno de Aida, que era professora antes de ser intérprete na guerra. E, mesmo depois do fim do conflito, esses povos continuaram a viver juntos, com Aida retornando a seu lar, que tinha sido ocupado por outra família. Os apartamentos vazios eram um indício de que todos os seus moradores haviam sido mortos na guerra, sendo ocupados por outras pessoas. Aida irá retornar à sua função de professora depois da guerra e o desfecho do filme é muito emblemático: sérvios e bósnios juntos vendo as crianças no teatrinho da escola que cobrem e descobrem seus olhos, como se fizessem vista grossa para todos os massacres e horrores do passado. Ou seja, as disputas e limpezas étnicas (outro termo muito em voga na década de 90 quando se referia ao conflito) não impediram que esses povos continuassem a viver juntos. Mas que fica um gosto muito amargo em tudo isso, ah isso fica.
Dessa forma, “Quo Vadis, Aida” é um forte concorrente ao Oscar de Melhor Filme Internacional, embora Druk pareça o favorito. Pode ser mais um filme convencional de guerra, mas pelo menos dá voz a um povo que foi derrotado e massacrado, algo que é muito importante, pois vai um pouco na contramão da regra geral de que a História é escrita pelos vencedores.
Dentre as nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar desse ano de 2021, falemos hoje de “Emma”, que concorre a duas estatuetas: Melhor Maquiagem e Cabelo e Melhor Figurino. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
O filme fala da história de Emma (interpretada por Anya Taylor-Joy), uma mocinha da Inglaterra do século XIX que tem como diversão principal arranjar casamentos entre as pessoas do seu círculo numa cidadezinha de interior. Cheia de si, arrogante e vaidosa, ela controla a vida das pessoas com a fama de casamenteira que conseguiu. Entretanto, ela é vista com reservas por Knightley (interpretado por Johnny Flynn), que critica a vaidade e arrogância de Emma. Knightley, assim como Emma, também é um observador arguto dos membros daquela sociedade e quase sempre não concorda com as estratégias que Emma tem para as pessoas no que se refere ao arranjo de casamentos.
O filme, baseado numa história de Jane Austen, tem um gostinho de comédia, mas soa mais como uma espécie de crítica à sociedade tradicional do século XIX, onde as vidas das pessoas são regidas por rígidas convenções sociais e a preservação das aparências, ao invés das pessoas serem livres para fazerem suas escolhas afetivas. Emma se vê como uma grande sabichona e conhecedora das pessoas, mas chegará um momento na história em que ela vai errar feio em suas previsões. O preconceito e arrogância da garota também a colocarão numa tremenda saia justa quando ela comete uma indelicadeza com uma senhora, o que a deixou muito mal na fita com todos. A partir daí, suas amizades mais próximas começam a deixá-la. Outros erros de avaliação de Emma se revelam e ela finalmente percebe que tem que assumir uma postura mais humilde e que ela deve desfazer os malfeitos provocados por seu comportamento arrogante. Como a moça se arrependeu de seus atos e tentou consertá-los, a história lhe reservou o happy end que o leitor de repente até já adivinhou: ela se casa com Mr. Knightley, com quem se estranhava constantemente. Ou seja, algo bem óbvio em termos de roteiro.
Já que temos uma história meia boca aqui, onde os diálogos altamente rebuscados deixam a coisa um tanto morosa e o final feliz redime todos os pecados da protagonista, vamos às indicações. A premiação de figurino encontra concorrentes fortes como “Mank” e “Mulan”. Talvez haja uma chance maior para maquiagem e cabelo, embora o trabalho em “Era Uma Vez Um Sonho” também tenha ficado muito bom.
Dessa forma, “Emma” é um filme engraçadinho, mas que não desperta muito entusiasmo pela história que tem até o mérito de fazer uma crítica de costumes, mas que é muito trivial e tem um desfecho altamente conveniente (uma ruína para Emma poderia cair bem melhor aqui). As indicações são merecidas, mas enfrentarão uma grande concorrência.