Dando sequência às análises de episódios da primeira temporada de The Orville, falemos do segundo episódio intitulado “Assumindo o Comando”. Lembrando que vamos lançar mão de spoilers aqui.
Qual é o plot? Borthos pede ao capitão Ed uma licença porque botou um ovo e precisa chocá-lo por vinte e um dias. A Orville também recebe um pedido de socorro de uma nave que foi atacada pelos krills e que está com os pais do capitão Ed que, ao falar pelo filho nas frequências de saudação, colocam ele numa tremenda saia justa como alguns pais fazem por aí. Alara, a responsável pela segurança, vai ficar com o comando da ponte, pois o Ed e a primeira oficial Kelly irão para a nave atacada. Vai ser a primeira vez que Alara irá assumir o comando de uma nave e ela fica bem ressabiada com isso. Enquanto Ed e Kelly vão para a outra nave na nave auxiliar, a DR e as saias justas continuam em virtude do adultério cometido. Kelly pede uma canabis comestível para aguentar a parada de falar com a mãe de Ed que, segundo ele, a xingou muito depois que soube do ocorrido. Ao entrarem na nave, eles foram teletransportados para outro lugar. A nave era apenas uma projeção holográfica e capitão e primeira oficial caíram numa espécie de armadilha. Alara abandona a ponte (e seu posto) e vai pedir ajuda de Borthos, mas ele está chocando o seu ovo e praticamente fala para ela se virar, pois ela está no comando.
Gordon sugere que a nave auxiliar pode ser trazida por controle remoto. Alara concorda e Gordon o faz. Ela também ordena que a bóia onde estava acoplada a nave auxiliar seja trazida à nave por raio trator para ser examinada. Isaac, o andróide não recomenda isso, mas Alara insiste. Quando a bóia está próxima à Orville, ela explode. A Orville ficou cheia de avarias e feridos. Alara sai da ponte novamente e Isaac recomendou que ela não abandonasse seu posto, mas a moça sai toda esbaforida nave adentro. Alara vai para o hangar e para a enfermaria, onde todos trabalham. Alara conversa com a doutora e diz que não pode assumir o comando da nave. A doutora diz que não vai dar dispensa a ela e ainda complementa que comandar uma nave tem a ver com equilíbrio e aprendizado. Ela não vai cochichar respostas certas às perguntas de Alara, mas será a Obi Wan dela como puder.
Isaac descobre um pulso de transporte que saiu da bóia e precisa de energia extra para rastreá-lo. Alara decide transferir energia para a ponte para isso, mesmo comprometendo outras partes da nave e depois de consultar a doutora que concorda com a cabeça. Isaac identifica para onde foi o pulso. E ele está numa região proibida que tem um sistema solar com uma civilização avançada que repudia qualquer cultura com um desenvolvimento tecnológico menor. Os superiores não permitem que o resgate do capitão e da primeira oficial sejam feitos e Alara vi ter que desobedecer ordens superiores para resgatá-los. Mas ela decide voltar para a Terra como ordenado, o que vai gerar atritos entre a capitã interina e a tripulação. Ela conversa sobre esse dilema com a doutora e esta diz que a moça tem que fazer sua escolha, que tem um risco e pode até destruir sua carreira no caso de se desrespeitar a ordem superior e invadir o sistema solar proibido. Ela fala com Gordon e este diz que o capitão arriscaria a carreira para salvá-la se ela estivesse numa situação de perigo. Alara decide, então invadir o sistema solar. Mas a Orville ia camuflada para ser aceita pela espécie alienígena que se considera superior. Ao chegar ao sistema, eles passam pela sondagem da patrulha. Isaac detectou dois sinais de vida. Alara desce com um grupo avançado numa nave auxiliar e coloca a doutora no comando, que solta um “filha da mãe”.
Ed e Kelly acordam em seu antigo apartamento. Será a chance para os dois ficarem juntos e se aproximarem um pouco (mas nem tanto). Ed vê dois alienígenas olhando-os numa vitrine e acaba descobrindo que está numa espécie de zoológico com outras espécies alienígenas atrás de vitrines. Estressados, capitão e primeira oficial começam a brigar. Mas eis que surge Alara e Isaac, que vão conversar com o encarregado do zoológico. Isaac diz que os humanos da jaula estão infectados e o encarregado inicia uma atividade de eutanásia na jaula. Raios começam a ser emitidos na jaula e Ed e Kelly precisam se desviar deles. Alara propõe uma troca com o encarregado do zoológico: liberar todas espécies em troca de milhares de arquivos de reality shows (sugestão do Gordon). O episódio termina com o bebê de Borthos saindo do ovo. É uma menina e Borthos diz que isso é impossível (um gancho para o terceiro episódio). Fim do episódio.
O que podemos dizer desse segundo episódio de The Orville, “Assumindo o Comando”? Em primeiro lugar, ele lembra demais dois episódios de Jornada nas Estrelas TOS: “O Primeiro Comando” (“The Galileo Seven”), onde Spock assume o comando de uma nave auxiliar sob ataque e o clássico “The Cage”, o primeiro episódio piloto de Jornada nas Estrelas. O fato de Ed e Kelly serem aprisionados por uma espécie alienígena que se considera superior nos remete imediatamente a Talos IV, embora sem o nível intelectual do que vimos em “The Cage”. Em “Assumindo o Comando”, a ideia de “The Cage” é mais usada como uma espécie de motivação para os alienígenas aprisionarem Ed e Kelly, não indo muito além disso. Já a alusão a “O Primeiro Comando” é bem maior, pois o episódio trabalhou muito todo o aprendizado de Alara na cadeira de capitão, com suas falhas e acertos, assim como já tínhamos visto com Spock. Ou seja, “Assumindo o Comando” foi um ótimo episódio de construção de personagem, assim como “O Primeiro Comando”.
E o humor do episódio? Ele começou um tanto constrangedor, com os problemas de Ed e Kelly em lidar com o adultério e os pais do capitão. Mas o desfecho do episódio foi muito engraçado, onde Alara foi cínica com a empáfia dos alienígenas que se consideram superiores, com seu latido cheio de deboche. A ideia do reality show como moeda de troca na liberação das espécies do zoológico também foi uma boa piada.
Dessa forma, “Assumindo o Comando” foi um bom episódio de “The Orville”, com referências diretas a Jornada nas Estrelas TOS, com um humor ainda constrangedor em seu início, mas com piadas melhores e mais criativas ao final. Vale a pena dar uma conferida.