Mais um tesouro, encerrando a vibe dark da moça linda do passado distante…
Autor: Carlos Lohse
Batata Movies – Nos Vemos No Paraíso. Guerra, Morte, Mutretas e Um Toque Lúdico.
Uma curiosa produção franco-canadense está em nossas telonas. “Nos Vemos no Paraíso” consegue misturar uma gama de gêneros: filme de guerra, uma leve comédia, um drama psicológico, um toque terno de lúdico. O resultado é um ótimo filme que consegue prender a atenção do espectador do início ao fim. Vamos analisá-lo aqui, lembrando sempre que precisamos lançar mão de alguns spoilers.
A película começa no dia do armistício da Primeira Guerra Mundial. Os soldados franceses nas trincheiras, assim como os alemães, só esperam pela confirmação do fim das hostilidades. Mas o temível tenente Pradelle (interpretado por Laurent Lafitte), sedento por sangue, manda dois soldados numa missão de reconhecimento em pleno dia e ainda os mata pelas costas para parecer que foram os alemães que os alvejaram, o que detonou uma batalha sangrenta. Tudo isso foi visto pelo soldado Albert Maillard (interpretado por Albert Dupontel), que quase é morto por Pradelle, não fosse o fato de que ele caiu num buraco provocado por uma explosão de bomba e acabou soterrado.
Mas Maillard foi salvo por Edouard Péricourt (interpretado por Nahuel Pérez Biscayart, do ótimo “120 Batimentos por Minuto”, já resenhado aqui). Péricourt, entretanto, é atingindo por uma bomba que lhe dilacera o rosto abaixo do nariz. Maillard leva o companheiro ferido para o hospital e depois troca sua identidade com a de um soldado morto, pois Péricourt não quer mais voltar à casa do pai, um empresário muito ganancioso, Marcel Péricourt (interpretado pelo ótimo Niels Arestrup). Os dois amigos passam a viver juntos depois da guerra e Maillard acaba conhecendo os familiares de Péricourt, descobrindo que Pradelle é marido da irmã de Edouard e que ele ganhava dinheiro com negócios escusos relacionados a cemitérios de soldados mortos na guerra (daí sua sede de sangue no front). A coisa vai se complicar quando Marcel vai começar um concurso para fazer um monumento aos soldados mortos na Guerra e Edouard irá participar mandando seus desenhos, com apenas o intuito de ganhar dinheiro e não fazer monumento nenhum.
Como foi dito acima, o filme consegue satisfazer os mais variados gostos. As cenas da Primeira Guerra Mundial são de um potente realismo, algo admirável, já que vemos mais filmes sobre a Segunda Guerra Mundial do que a Primeira. Destaque para um travelling acompanhando um cachorro correndo por uma trincheira francesa cheia de soldados, o que ficou muito bom. O drama de Edouard e seu rosto deformado também merece destaque, pois concilia um forte drama psicológico com algo bastante lúdico. É que Edouard adorava desenhar, logo se antagonizando com o pai, que pensava somente em dinheiro e não suportava a cabeça de artista do filho. A ida à Guerra, por parte de Edouard, foi para libertá-lo desse mundo imposto pelo pai. E agora, ele não tinha mais uma face inteira para mostrar. O jovem, então, começará a confeccionar máscaras que serão verdadeiras obras de arte modernas, antenadas com os movimentos artísticos do período do filme, inclusive a arte abstrata.
E são deliciosos os momentos em que ele brinca com suas máscaras na companhia da órfã Louise (interpretada pela fofíssima Héloïse Balster, uma ótima aquisição ao filme), sendo o ponto lúdico da coisa. Nahuel Pérez Biscayart, na pele de Edouard, teve uma interpretação ímpar, até porque a deformidade de seu personagem o obrigava a atuar dando gemidos graves por debaixo da máscara, obstáculos que já desfavorecem a interpretação, mas o ator conseguia dar muita vivacidade ao personagem mesmo assim. Laurent Lafitte, na pele do vilão Pradelle, consegue convencer sem ser caricato, embora faça um antagonista relativamente banal. Niels Arestup mostra novamente seu grande talento na pele de um empresário inescrupuloso que só pensa em dinheiro. Para quem consegue ir de um oficial nazista clássico até um vovô bonzinho de fazenda do interior, ele tirou de letra a sua interpretação nesse filme.
Assim, “Nos Vemos no Paraíso” é uma excelente co-produção franco-canadense que traz uma bela história onde vários gêneros são mesclados com maestria e prendem a atenção do espectador por durante toda a exibição. É um filme de guerra, e um lúdico filme de máscaras, onde a alma de um artista supera um trauma e uma deformidade. Vale muito a pena dar uma conferida nessa ótima película.
Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, Voyager (Temporada 5, Episódio 11). Imagem Latente. Vamos Colocar Uma Pedra Sobre Esse Assunto?
Hoje vamos analisar mais um episódio de “Jornada nas Estrelas, Voyager”. “Imagem Latente” (“Latent Image”) é o décimo-primeiro episódio da quinta temporada e tem, mais uma vez, o doutor às voltas com um problema de ordem ética e moral. Só que, agora, a questão é muito mais séria. Já havíamos visto em “Desumano” (episódio 8 da quinta temporada) problemas de ordem moral e ética que o Doutor teve de enfrentar ao usar um tratamento desenvolvido por um médico cardassiano que desenvolveu experiências provocando severos sofrimentos em bajorianos. Naquele momento, a capitã optou por usar o tratamento e assumir a responsabilidade e o Doutor retirou o tratamento da programação da nave após seu uso.
Aqui, no episódio 11 da quinta temporada uma nova implicação de ordem moral surgiu. Vamos analisar a história. Num exame de rotina da tripulação, o Doutor descobre em Kim traços de uma cirurgia da qual ele não se recorda ter feito. Com o passar do tempo, são descobertas novas evidências do “esquecimento” do Doutor e ele começa a investigar. Pelo que parece, tem alguém tentando apagar a memória dele. O Doutor, após fazer uma “armadilha” com a sua holocâmera, descobre que é a própria Janeway quem está apagando sua memória. Isso o deixa indignado, mas a capitã fala que é algo necessário, pois ele não pode saber de coisas que aconteceram no passado, pois isso seria muito perigoso para ele. Mas o médico insiste. Sete de Nove, ao acompanhar a situação, acha que a capitã está violando a individualidade do Doutor e convence Janeway a mostrar tudo o que aconteceu. O Doutor, então, vê os registros da nave e descobre que ele viajou numa missão numa nave auxiliar com Kim e uma tripulante, sendo os dois humanos severamente feridos num ataque alienígena. Ao se desvencilharem do ataque, o Doutor retorna à enfermaria da Voyager com os dois feridos e não tem tempo hábil para tratar dos dois ao mesmo tempo, tendo que escolher quem vai viver e quem vai morrer. O Doutor opta por cuidar de Kim, que é seu amigo mais próximo. O problema é que ele, por ser um programa que passa por experiências, não sabe lidar emotivamente com uma situação tão dramática e difícil e entra em pane, precisando ser reprogramado. Ao saber de todo esse passado traumático, o Doutor entra em pane novamente, mas desta vez decide-se não reprogramá-lo, em respeito à sua individualidade. Em vez disso, ele fica isolado num holodeck sempre com um tripulante, que se oferece como um apoio, uma voz amiga. No momento em que Janeway está com ele e, depois de dezesseis horas ininterruptas ela mostra febre de dor de cabeça. O Doutor cai na real e pede que ela vá descansar, pois ele não pretende mais fazer mal a ninguém. O episódio termina com o Doutor lendo um trecho de um livro que Janeway lia, uma poesia que falava em recomeços na vida.
A grande inspiração desse episódio é todo um conjunto de consequências que temos que enfrentar quando fazemos escolhas. A situação do Doutor, mesmo que ele tenha sido instruído por sua profissão a desapegos emocionais ao tomar tamanha decisão difícil, não se resolveu de forma tão trivial assim, e até para um programa com sub-rotinas emocionais que se aprimora dia a dia não foi fácil lidar com essa situação pesada de escolha e de perda, onde a ética e a moral não podem dar uma resposta definitiva ao dilema.
O mais curioso aqui foi a atuação de Sete de Nove, que se solidariza com o Doutor e sua individualidade, rechaçando inteiramente a atitude da tripulação de simplesmente apagar e reescrever sua programação. Sete de Nove dá o exemplo de si própria, lembrando à capitã de que, no início, ela era considerada uma ameaça à nave, mas se apostou na sua recuperação como humana. Então, por que não tentar o mesmo com o Doutor? Afinal de contas, ele também pode ser considerado um ser que tem consciência de si mesmo e que se aprimora com suas próprias experiências cotidianas.
Assim, “Imagem Latente” é mais um interessante episódio de “Jornada nas Estrelas, Voyager”, que mostra mais uma reflexão de ordem moral e que tem o bom personagem do Doutor,interpretado por Robert Picardo, no centro dos acontecimentos. Nada de se colocar pedras sobre assuntos que, supõe-se, precisam ser esquecidos. Tais assuntos, na verdade, precisam ser encarados de frente, mesmo que nos causem dor. Pois a dor é uma forma de experiência que também nos engrandece perante à vida, mesmo para um programa holográfico com sub-rotinas emocionais. Como disse James T. Kirk em Jornada nas Estrelas V, “eu preciso de minhas dores, elas fazem parte de mim”.
Batata Literária – Causas Impossíveis
Se você tem uma causa impossível,
Dívidas, mãe terminal, ação de despejo?
Seus problemas acabaram!
Faça uma promessa!
Acenda uma vela!
Suba as escadas da Penha!
Puxe uma Jamanta com os dentes!
Traga o Messi para o Quinze de Jaú!
Fazendo coisas impossíveis,
Você resolverá seus problemas impossíveis!
É uma troca justa, OK?
Não duvide de nosso trato!
O céu é infalível!
E tudo acontece se você tiver fé, muita fé!
Até a Shakira te pedir em casamento!
Ou as carícias do beijo da Angelina Jolie!
Nós, os seres sagrados,
Controlamos a vida do seu mundinho aí de baixo.
Só queremos ajudar vocês,
Embora, às vezes, a nossa ajuda atrapalhe.
Damos ao homem ajuda para ele raciocinar
O homem criou indústrias, tecnologia, robôs!
Mas trouxe o desemprego…
A felicidade de uns é a desgraça de outros
Mas reze, reze muito!
E a sua causa será atendida!
Ah! E não se esqueça do dízimo!
Ele é muito importante para a execução da causa.
Temos que manter nossos templos
O local onde vocês vêm pedir
Sem eles, como vamos nos comunicar?
Então, não reclame e moedas aqui vamos colocar!
Batata News (Especial Nouvelle Vague Soviética) – Palestra O Cinema Moderno Soviético. Radiografando a Nouvelle Vague Soviética.
Na Mostra “Nouvelle Vague Soviética”, realizada na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, em fins de maio e início de junho, a coisa não ficou restrita a apenas a exibição dos filmes da era pós-Stalin. Houve, também, ciclos de palestras, cursos e debates. Tivemos, por exemplo, a palestra “O Cinema Moderno Soviético”, ministrada por Hernani Heffner (chefe de preservação da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e Luiz Carlos Oliveira Jr. (ex-editor da Revista Contracampo e autor do livro “A mise-en-scène no cinema”). Essa palestra muito ajudou o público a identificar elementos dos filmes exibidos em consonância com o período histórico em que foram produzidos. Nas falas dos pesquisadores, tivemos a oportunidade de conhecer informações muito preciosas. Em primeiro lugar, após a morte de Stalin, o novo Secretário Geral do Partido Comunista, Nikita Kruschev, denuncia os crimes e arbitrariedades de seu antecessor e seu governo é denominado “Era do Degelo”, onde há uma espécie de distensão entre o Estado Soviético e sua classe artística. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a produção de filmes soviéticos havia caído muito. Também pudera, o povo russo foi o que mais sofrera nas duas guerras mundiais e a recuperação do cinema no pós-guerra foi muito lenta. Com Kruschev, a produção de cinema recebeu um estímulo e chegou a se produzir uma média de cem filmes por ano. Em trinta anos, produziu-se cerca de quatro mil filmes, muitos deles ainda inéditos no Brasil. Em 1985, a União Soviética atingiu a histórica marca de 4,5 bilhões de ingressos vendidos, numa prova de que a exibição se expandiu e se manteve. Mas, na década de 80, o governo Brejnev voltou a lançar mão da censura com carga total. De qualquer forma, a alta frequência de público manteve uma indústria cinematográfica altamente diversificada. Dentre os filmes que foram produzidos, tivemos, por exemplo, adaptações de autores clássicos da literatura, como Tolstoi e Dostoievsky, além de um estilo que ficou conhecido como “faroeste vermelho”.
Por incrível que possa parecer, alguns desses filmes soviéticos chegaram por aqui, através de uma distribuidora chamada Tabajara Filmes (!) e foram exibidos em circuito comercial, caso de “Quando Voam as Cegonhas”. Com a ditadura militar, a Tabajara Filmes foi fechada e esses filmes foram parar no acervo da cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM). Por iniciativa de Cosme Alves Netto, do MAM, houve uma parceria com o consulado russo e, de 1965 a 1991, muitos filmes soviéticos foram para o acervo do Museu. O mais interessante é que a exibição de filmes soviéticos no circuito comercial brasileiro permaneceu mesmo com a ditadura militar.
E o que mais podemos dizer dessa produção soviética pós-stalinista? Vemos aqui novas práticas nesse cinema mais antenadas com as práticas que aconteciam no resto do mundo. Em 1959, filmes estrangeiros começam a chegar a União Soviética, e a Escola Superior de Cinema Soviético chegou a ter filmes estrangeiros em seu interior sendo assistidos e debatidos, embora essa não fosse uma prática corriqueira. Curioso é notar que os tempos turbulentos da Guerra Fria não influenciaram a produção russa. Os filmes tinham uma preocupação muito maior com o sujeito, com questões mais amplas como o que é a vida, onde personagens jovens se desvencilham do fardo do stalinismo e da guerra, se importando com questões mais subjetivas e com uma vida comunal mais solidária, que talvez se aproximasse de uma ideia matriz mais utópica da revolução, embora tenha ficado muito claro na palestra de que essa ideia de comunidade não seguia nenhuma ideologia de Estado. Foi também assinalado que tal estilo de se contar histórias não se arrefeceu nem com a ditadura de Brejnev e artifícios para se driblar a censura foram utilizados. O eu se confrontava com o Estado e não cedeu perante a repressão. Ainda, devemos nos lembrar de que o orçamento era limitado, ao contrário dos filmes hollywoodianos, e muita imaginação foi usada para se contar histórias. É notável perceber que os filmes resistem ao tempo e permanecem atuais. E uma película como “Vá e Veja” resistiu abertamente à censura de Brejnev, começando a ser realizada em meados de 1976 e sendo apenas concluída na década de 80, mesmo com todas as dificuldades impostas pelo regime.
Ainda foi assinalado na palestra que tais filmes mostravam uma espécie de displicência na montagem, afrouxando a sintaxe e dando pouca importância à linguagem cinematográfica. Se o cinema soviético em sua fase inicial ficou muito marcado pela inovação na montagem, onde Sergei Eisenstein foi um de seus grandes nomes, o cinema soviético pós-Stalin, por sua vez, mostra filmes com planos longos e até planos sequência, com poucos cortes. Isso se afasta um pouco do cinema moderno feito no ocidente, cuja montagem é mais fragmentada, tornando os filmes mais dinâmicos e despojados. No caso do bloco socialista, os filmes mais se aproximavam do cinema moderno ocidental estavam no cinema tcheco e polonês.
Fazendo uma análise do que foi dito na palestra e do que foi visto em doze dos vinte e um filmes da mostra, posso dizer que o ponto mais polêmico acima foi a fala que se refere a questão do eu e da vida comunitária totalmente descolada de qualquer ideologia de Estado. É verdade que vários filmes foram colocados dentro dessas premissas. Mas creio que um pouco da ideologia socialista entra no discurso de algumas películas. Em alguns filmes da Segunda Guerra Mundial como “Vá e Veja” a gente até vê uma crítica velada ao autoritarismo soviético numa convocação forçada do protagonista pelos partisans, mas depois de todo um rosário de atrocidades nazistas, vemos o nazista capturado proferindo um discurso de ódio psicótico contra os socialistas, sendo devidamente fuzilado. No caso de “A Comissária”, a protagonista abandona a vida comunitária e seu filho para voltar a se engajar na guerra civil. Em “O Primeiro Professor”, o aldeão abandona muito rapidamente a sua tradição para ajudar o professor a derrubar a árvore para fazer uma nova escola e ensinar a pedagogia do partido. E em “Soy Cuba”, o soviético vê no cubano um paradigma de seu passado de luta contra as injustiças do modelo capitalista. Ou seja, o cinema subjetivo, comunal, destacado da ideologia do Estado aparece mais quando se aborda a vida soviética mais contemporânea, ao passo que em filmes que abordam contextos de guerra ou veem outras culturas diferentes, uma ideologia mais socialista pode se fazer presente em algumas ocasiões. Pelo menos essa é a impressão que temos de apenas doze filmes de uma mostra de vinte e uma películas, lembrando que esse é um mapeamento muito pequeno se compararmos com a produção total do período, que é de cerca de quatro mil filmes, com muitos deles nem tendo chegado por aqui.
De qualquer forma, as informações dadas na palestra sobre a filmografia do período abordado foram de grande utilidade para entendermos um pouco melhor o que aconteceu nos filmes dessa época muito prolífica da cinematografia soviética.
Batata Movies (Especial Nouvelle Vague Soviética) – Bem Vindo Ou Entrada Proibida. Curtindo A Vida Adoidado Às Avessas.
Ainda dentro das análises dos filmes da Mostra “Nouvelle Vague Soviética”, ocorrida na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, falemos hoje de “Bem Vindo ou Entrada Proibida”, de Elem Klimov (o mesmo diretor de “Vá e Veja”), realizada em 1964 e com duração de apenas 75 minutos. Temos aqui uma comédia bem levinha sobre crianças que estão numa espécie de colônia de férias, onde elas são submetidas a uma rotina cansativa e cheia de tarefas e disciplina, comandada pelo diretor da colônia, Dynin (interpretado pelo excelente Evigeniy Evstignev).
Um dos meninos, Kostya (interpretado por Viktor Kosykh) é expulso da colônia de férias depois que ousa nadar para uma ilha num rio. Mas o menino não pode retornar para a casa da avó, com medo de desapontá-la. E volta para a colônia de férias, se escondendo no interior de um palanque, numa espécie de “Curtindo a Vida Adoidado” às avessas, onde o menino, ao invés de querer fugir da colônia de férias, faz de tudo para permanecer em seu interior.
No mais, a história é cheia de lances engraçados, onde uma comédia com crianças e adultos abobalhados dá o tom. E quem disse que o cinema soviético não faz filmes de entretenimento leve e descartável? Tal filme é aquilo que denominamos “filme de Sessão da Tarde” bem típico, com direito a muitas crianças fazendo todo o tipo de gracinha e até alusões às comédias de cinema mudo.
Assim, “Bem Vindo ou Entrada Proibida” é uma prova viva de como o cinema soviético se diversificou nessa “Nouvelle Vague” pós-Stalin. Se a gente tem uma infinidade de filmes que abordam a questão da vida, do indivíduo e da vida comunitária solidária, podemos ter também uma comédia inteiramente despretensiosa, ao estilo dos filmes de Sessão da Tarde, isso num país que nosso senso comum insiste em dizer que é altamente sisudo e fechado. Nessa película ocorre exatamente o oposto: adultos fazendo papéis cômicos que beiram o ridículo são cercados por crianças que tomam o rumo da ação e da narrativa, gerando uma história agradável, bobinha e de fácil digestão. E você pode ver o filme na íntegra. Clique no vídeo abaixo, depois clique em assistir no Youtube. Lá no Youtube, clique na engrenagem no canto inferior direito, depois em legendas, depois em traduzir automaticamente e selecione o idioma português.
Batata Jukebox – Pessoa Nefasta (Gilberto Gil)
Gilberto Gil fazendo um vídeo rock com cara de Blade Runner…
Batata Arts – Tesouros da Batata (69)
A vibe dark continua…