Batata Literária – Fantasmas do Passado

Ando pela fazenda verdejante

Muitas árvores diferentes

Folhas cada vez mais lindas que outras

Quero colocá-las no meu cabelo

Arranco algumas

Mas, subitamente, sou interrompido

Pelos gritos infernais

De quem se diz devoto de Deus

 

Os gritos não pararam aí…

Fomos expulsos da fazenda

Como Adão e Eva o foram do paraíso

Brados, ofensas e xingamentos

Afetaram profundamente meus sentimentos

A humilhação me assolava

E o ódio me despertava

Desde criança, já me encucava

 

Na volta para casa

Mais berros repugnantes, dor e provação

Havendo, mais tarde, a deserção

E a covardia da econômica situação

Levando, mais uma vez, à pesarosa humilhação

Perguntava-me eu: por que tanto ódio?

Por que tanta intriga?

Por que tanta tirania?

 

Hoje, os algozes estão mortos

Memórias preservadas em jazigos perpétuos

Minha vida mudou, fui para a frente

Mas os fantasmas continuam vivos

E, volta e meia, eles despertam

Exercendo, dentro de mim, influência demoníaca

Abrindo antigas feridas

E me lembrando de tudo que não devo fazer…

 

Batata Movies – No Intenso Agora. Análise De Imagens (Quase) Perdidas.

Cartaz do Filme

Todos nós sabemos da qualidade dos irmãos Salles em termos de cinema. Walter Salles Jr. é um nome de excelência em termos de enredo e João Moreira Salles se especializou mais na arte do documentário. É o irmão mais novo, João, que lançou, há algum tempo, mais uma de suas obras-primas, o excelente documentário “No Intenso Agora”. Mesclando um quê jornalístico com uma memória afetiva, o cineasta monta todo um filme especial, numa colcha de retalhos de fragmentos de uns filmes caseiros, outros nem tanto.

Revolução Cultural. As imagens de leitura mais intimista…

O escopo principal do filme está centrado em vários movimentos sociais da década de 60: a Revolução Cultural Chinesa de Mao, a Primavera de Praga, o maio de 1968 parisiense, os movimentos de protesto contra a ditadura militar brasileira, também em 1968. O documentarista analisa as imagens produzidas naquele período, seja por cineastas, seja por amadores, seja por movimentos de trabalhadores. Infelizmente, a disponibilidade de material que sobreviveu ao tempo e à censura dita o peso de cada um desses movimentos no filme. Como a França teoricamente é o país mais rico e democrático dos registrados aqui, o movimento de maio de 1968 em Paris ganha maior destaque no filme, justamente porque foi o mais ricamente documentado. Já a Revolução Cultural de Mao ganha um viés mais caseiro, em filmes particulares da mãe de Salles, sendo talvez a parte mais intimista de todo o filme, não sem abandonar um ponto de vista mais jornalístico. Por se tratar, talvez, de um dos filmes de mais curta duração, as imagens dele recorrentemente aparecem ao longo da película, sendo estas as que mais se impregnam em nossa memória. É notável perceber como essas imagens são relidas pelo texto de Salles, a cada nova aparição, dando um tom de ineditismo ao já dito no materialismo das imagens.

Maio de 1968 parisiense. O movimento mais documentado…

Notáveis são os filmes da Primavera de Praga. Mesmo que os cineastas desses fragmentos tenham tido uma certa liberdade de mostrar o avanço soviético em seu início, o ambiente opressor soa mais pronunciado que nos filmes dos demais movimentos. Filmagens escondidas de dentro de apartamentos ou de telas de televisão no interior de salas escuras, onde ocorre a posse de elementos “oficiais” do governo pró-soviético, dão um tom de clandestinidade ao registro.

O 1968 brasileiro merecia mais destaque…

Só é um tanto lamentável que a manifestação brasileira tenha tido tão pouco espaço no filme, e ainda assim para servir de contraponto a um caso de suicídio de um manifestante em Praga. Os relatos brasileiros mereciam um espaço um pouco maior. Mas, cabe aqui a dúvida: será que eles são tão ínfimos por escolha do diretor ou porque a repressão em terras brasileiras foi tanta que tornou os registros ínfimos em sua essência? Foi uma questão de escolha, seletividade, recorte, ou foi uma questão de imposição da própria precariedade do material produzido durante violenta repressão?

O diretor João Moreira Salles

De qualquer forma, “No Intenso Agora” é um grande documentário, pois ele consegue fazer com magnificência três coisas básicas: um relato familiar profundamente pessoal e afetivo; consegue registrar de forma um tanto jornalística todo um ambiente de luta pela liberdade inerente àquela época, que se manifestava de formas diferentes em lugares diferentes; e fazia toda uma leitura das imagens, analisando-as e comparando-as com outras imagens de outros contextos. Essas três características não se manifestavam de forma compartimentada e estanque, mas sim interligadas e relacionando-se mutuamente, o que dá excelência e grandeza a esse bom documentário, cujo ato de assisti-lo se torna assim um programa imperdível. Filme essencial para amantes de Cinema, de História, e de uma trama contada com o coração.

Batata Comics – Influenciadora Digital. Mônica Tuber.

Capa da Revista

Mais uma boa história da Turma da Mônica Jovem na área. “Influenciadora Digital” (número 16, segunda temporada) segue a linha que os roteiristas estabeleceram de trabalhar temas bem atuais, sendo que desta vez, ele tem tudo a ver com a mídia da qual lançamos mão aqui: a internet e o surgimento das celebridades instantâneas, sobretudo aquelas que aparecem no Youtube. Lembrando sempre que usaremos os spoilers aqui para analisar a trama da revista mais a fundo.

A história começa com Mônica e seus amigos disputando uma corridinha numa pista de kart. Depois da brincadeira, enquanto eles conversam, um kart desgovernado bate na barreira de proteção de pneus, o que lança um pneu na direção de uma menininha. Mônica dá uma daqueles seus voos espetaculares e salva a garotinha sendo, mais uma vez, a heroína do dia. O problema é que alguém da plateia (nuca vi plateia em pista de kart indoor, enfim…) filmou todo o ocorrido e colocou na internet. O vídeo acabou viralizando e Mônica se torna, da noite para o dia, uma celebridade virtual, recebendo equipes de TV e de rádio para entrevistá-la. Entretanto, uma visita inesperada chama mais a atenção: um empresário especialista em estrelas em ascensão, que propõe à Mônica um contrato de influenciadora digital, onde ele terá um canal na internet e um blog para falar sobre as coisas que ela pensa e faz para influenciar as pessoas, algo que lhe atrairá contratos publicitários, sendo esse o emprego do futuro. Mônica e sua família aceitam o contrato. Mas logo começariam os problemas. Por cuidar de sua carreira, Mônica fica muito ocupada e não vê mais seus amigos. Ainda, seu empresário busca incrementar a “vida chata” da Mônica, onde nada de espetacular acontece, e começa a criar um monte de mentiras, como viagens ao exterior que nunca aconteceram, além dela ser obrigada a usar roupas que não quer ou falar coisas completamente sem sentido. Cansada de se esconder da turma por conta das tamanhas mentiras, Mônica pede a seu empresário para parar com tudo isso, mas existe uma pesada multa contratual. Agora Mônica terá que pedir ajuda de seus amigos para sair de tamanha enrascada.

No início, parecia uma boa ideia…

Essa é uma história um pouco diferente do que a gente vê nas histórias da Turma da Mônica Jovem pois, pela primeira vez, vemos a Mônica correndo risco de vida, não por conta de algum elemento fantasioso, como um monstro do espaço, mas sim, por um empresário inescrupuloso, uma coisa que poderia muito bem acontecer na vida real. A posição da história é muito clara em criticar pesadamente essas famas efêmeras da internet e de como elas são produzidas de forma extremamente má intencionada por pessoas que visam ao lucro usando a idiotização das pessoas. E, ao colocar o empresário como capaz de tudo para conseguir seu lucro, até ceifar a vida das pessoas, os roteiristas mostram a sua investida pesada contra esse mundo oculto. Assim, podemos dizer que esse número impõe um certo “choque de realidade” em seus leitores. Esse choque seria colocado aqui de forma perfeita, não fosse o seu desfecho, onde um acidente forjado pelo empresário poderia provocar a morte da Mônica, mas Cebolinha e Cascão tentaram impedir lutando com o empresário (de forma bem violenta, por sinal, outro elemento jamais visto dessa forma nas revistas). O problema aqui é que os seguranças do shopping e a polícia acreditaram muito fácil na culpa do empresário, alegando terem visto tudo o que aconteceu. Só que eles não sabiam da prévia falta de escrúpulos do empresário e acreditaram muito em dois adolescentes que agrediam um homem mais velho de terno. Todos nós sabemos como as aparências contam em nosso país na hora de se julgar as pessoas. E seria muito mais provável na vida real que Cebola e Cascão fossem encaminhados para a delegacia e o empresário saísse completamente impune. Mas, até talvez para a história caber somente nesse número da revista, deu-se a velha e clássica solução de que a justiça é cumprida com eficiência, com o vilão sendo preso e os mocinhos elucidando o caso, tal como acontecia nas revistinhas mais antigas lá das décadas de 70 e 80. Talvez os roteiristas pudessem ser mais ousados e continuarem essa história em volumes próximos, desenvolvendo o tema da impunidade, com a Mônica e a Magali lutando para tirar Cebola e Cascão de uma Fundação Casa (instituição para menores infratores em São Paulo para quem não pegou a referência) da vida e depois indo atrás do empresário. É claro que haveria o happy end, mas não sem antes a Turma da Mônica Jovem suar para lutar contra nossas injustiças tupiniquins. Seria muito mais atual.

… mas uma Mônica abobalhada aparecia nas redes sociais…

De qualquer forma, essa história foi mais um passo no bom desenvolvimento que a gente vê na Turma da Mônica Jovem em tratar assuntos contemporâneos. Ver a Mônica, um personagem da infância de muita gente, correr risco de vida nas mãos de uma pessoa que pode muito bem existir na vida real foi um tanto chocante, fora a violência e agressividade que permeiam a história, algo nunca exposto de forma tão crua no Universo dos personagens de Maurício de Sousa. Daí a importância do nobre leitor dar atenção ao número 16 da segunda temporada da Turma da Mônica Jovem.

Um perfil fake…

Batata Movies – Finalmente Podemos Falar De Han Solo: Uma História Star Wars (Parte 5)

Alden Ehrenreich convenceu, apesar das más expectativas. Já Chewie foi o mesmo de sempre…

Vamos hoje terminar de expor as impressões sobre “Han Solo: Uma História Star Wars”.

Bom, dá para perceber, pelo que foi dito nos artigos anteriores, que é um filme que dá muito caldo e que vale a pena assistir, mesmo depois de todos os spoilers citados. Mas, o que a gente pode falar dos atores que participaram da película? Em primeiro lugar, vamos falar de Alden Ehrenreich. Muito se falou mal no início do ator: que ele não se parecia em nada com Harrison Ford, que a presença de um “coach” (uma espécie de pessoa que o orienta na interpretação do papel) mostraria seu talento limitado, etc. Mas até que ele não foi mal. Ele conseguiu, por exemplo, dar aquele sorriso torto que somente o Harrison Ford sabe fazer, o que já foi um grande trunfo, embora ele repetisse muito isso ao longo do filme, como que se fosse para se afirmar. Ele também conseguiu ser um misto de cafajeste cara de pau (o futuro Han) e o menino apaixonado que acredita cegamente na namorada, apesar dos alertas de Beckett, que também se revelou outro traíra (aliás, a trairagem pode ser considerada uma personagem do filme, com loops de trairagem, o que é outro fator de construção do personagem Han que, interpretado por Ford, é o cara que não confia em ninguém, exceto em Chewie, e que pensa em só si mesmo). Na minha modesta opinião, o melhor momento de Ehrenreich no filme foi quando ele pilotava a Millenium Falcon em Kessel, onde ele mostra, com a sua destreza, que seu discurso de ser um grande piloto não era apenas da boca para fora.

Emilia Clarke meio letárgica…

Já Emilia Clarke como Qi’ra não ficou tão bem. Ela tinha um ar meio indiferente, meio blasé para a personagem que exigia mais dela. A mulher era o primeiro grande amor de Han e vai traí-lo. Não podia ter um arzinho tão letárgico. A única explicação para isso era a de que Qi’ra estava sendo sonsa mesmo. Já Woody Harrelson foi muito bem interpretando o personagem Beckett, que serviu de inspiração para Han em várias coisas: seu destemor, os malabarismos com a arma, etc (foi de Beckett que Han recebeu sua pistola). Algumas pessoas acham que Harrelson é um ator de um papel só, interpretando qualquer personagem sempre da mesma forma. Eu confesso que não o acho tão plano assim. No filme “O Povo Contra Larry Flint”, sua atuação é impressionante, e em “Três Anúncios Para Um Crime”, ele consegue fazer um policial com todos os preconceitos e rudezas de um WASP, mas ainda assim ser uma boa pessoa, mostrando que ele dá conta de papéis complexos e não ser somente o carinha legal.

Woody Harrelson. Bom ator e não somente o “carinha legal”…

Ele ainda deu visualidade a alguns trejeitos em seu personagem que ficaram marcados, como aquele amendoim (?) que ele comia enquanto tinha conversas decisivas com seus interlocutores. Agora, um ator que muito me impressionou foi Paul Bettany, que interpretou o vilão Dryden Vos. Talvez pelo fato dele interpretar o Visão nos Vingadores, e ser lá excessivamente cortês e gentil, tenha parecido a mim que sua interpretação de Dryden Vos tenha ficado tão marcante ao fazer um cruel vilão. O que mais impressiona é o misto de paternalismo e de truculência, onde ele mostra uma preocupação com as pessoas que fazem missões para ele, mas que se volatiliza numa fúria assassina se elas falham. O cara era mais instável do que o coaxium que ele mandava roubar e era assim que Vos controlava as pessoas: através do medo que elas sentiam de seu comportamento instável e violento.

Donald Glover arrebentou!!!

E, apesar de ser um chefão muito sofisticado, como era o seu enorme iate, ele não hesitava duas vezes em fazer o trabalho sujo de matar alguém com aquelas duas adagas iradas, ou seja, não deixava o trabalho para os capangas, mas sim ele mesmo fazia, como se tivesse prazer em matar com raiva. Foi uma atuação bem impressionante e uma das melhores do filme. Outro cara que mandou muito bem foi Donald Glover, entrando muito bem no personagem de Lando. Mesmo não sendo tão bonito e elegante como Billy Dee Williams, ainda assim Glover conseguiu recuperar essas deficiências na sua excelente atuação, sendo, na minha modesta opinião, o ator que mais aproxima sua atuação das atuações dos filmes clássicos. Só não foi melhor do que o Chewbacca, que estava igualzinho a todos os outros filmes.

Paul Bettany, um excelente vilão, aprovado pelo diretor…

Bom, essas foram em linhas gerais as impressões sobre “Han Solo: Uma História Star Wars”. Mais uma vez o spin-off foi melhor que os episódios. Também pudera. Colocar Ron Howard na direção e Jonathan e Lawrence Kasdan no roteiro acaba dando um resultado melhor, mesmo com toda a turbulência nas filmagens. Ou seja, quando o pessoal quer fazer um filme bom, acaba fazendo. Que essa lição fique para o Episódio IX e os próximos spin-offs, sendo esses últimos os que mais despertam a curiosidade agora.

Será que vai ter continuação???

 

Batata Movies – Finalmente Podemos Falar De Han Solo: Uma História Star Wars (Parte 4)

“Eu te odeio”. “Eu sei”

Continuemos com as impressões do filme “Han Solo: Uma História Star Wars”.

Após a sequência de Kessel, devo confessar de que achei o filme um pouco mais caído, servindo apenas para fazer o desfecho das pontas soltas, exceto pelo fato da revelação da  identidade de Enfys Nest e da morte de Beckett. Ah, sim, ainda teve a aparição de Darth Maul. Bom, vamos colocar as coisas em ordem. Ao chegar ao planeta onde o coaxium será refinado (que tem uma enorme praia e um deserto, não tendo nem um pouquinho a cara industrial de Corellia; até agora me pergunto onde eles refinaram substância tão perigosa), surge outra referência a “O Império Contra Ataca”. Vendo a Millenium Falcon toda esculhambada após as intempéries de Kessel (isso porque a gente teve a oportunidade de vê-la novinha em folha nesse filme, cuidada metodicamente por Lando), Lando parafraseia Leia e diz a Han: “Eu te odeio”, ao que Han responde com o óbvio “Eu sei”. Enquanto o coaxium é refinado, Enfys Nest aparece na praia e se revela: é uma moça (interpretada por Erin Kellyman). Nest disse que não fazia parte de um grupo de piratas, mas sim de uma rebelião cujos membros tiveram pessoas próximas assassinadas pelos sindicatos do crime, que teriam ligações com o Império. Han percebe que está do lado errado da história e decide não entregar o coaxium a Vos.

A identidade verdadeira de Enfys Nest.

Mas não contará com a ajuda de Beckett, que declina do convite de enfrentar Vos. Han e Qi’ra voltam, então, ao sofisticado iate e recebem um Vos já sabendo de suas intenções, pois ele foi avisado por um agente, que a princípio Han pensava que era Qi’ra, mas na verdade era Beckett. Vos ordenou que seus capangas atacassem Nest e pegassem o coaxium refinado. Mas Han se antecipa a isso e leva o verdadeiro coaxium para o iate de Vos, enquanto Nest embosca e rende os homens de Vos. Beckett, o único que está armado no momento dentro do iate, pega o coaxium e leva Chewie como refém. A partir daí, Han e Vos lutam, mas Qi’ra consegue matar Vos. Han deixa a moça e vai à caça de Beckett, matando-o (Han atirou primeiro). E Qi’ra, que era um personagem ora do lado de Han, ora parecendo traí-lo, mostra de vez que é uma traíra, se comunicando com Darth Maul. O fã mais desavisado pode perguntar: mas Darth Maul não foi partido ao meio por Obi Wan Kenobi no Episódio I? É aí que vai entrar o cânone unificado da Disney. Quem assistiu às animações “Clone Wars” e “Rebels” vai ver que Darth Maul está ali, vivinho da silva, e como ele volta a vida depois de sua morte no Episódio I. Alguns acharam a presença de Maul no filme algo sem propósito. Mais uma vez devo dizer que gostei, pois, em primeiro lugar, dá gancho para uma continuação, e, em segundo lugar, em caso de uma continuação, dá chance para a gente ver a trairagem de Qi’ra se desenvolver mais e, principalmente, de Darth Maul aparecer e tocar um terror geral, pois muita gente reclama que o Zabrak foi um personagem muito bom que foi muito mal aproveitado na saga. Ainda, a presença de Maul poderia até ser um gancho para desenvolver a incredulidade de Han com os jedis.

Beckett. Uma morte sentida…

Depois de matar Beckett, Han ainda tem uma conversa com Nest, que lhe dá um pouco de coaxium refinado por tê-la ajudado e o chama para participar dessa rebelião nascente, algo que ele nega categoricamente (mal sabe ele…). A partir daí só vai restar ele conseguir a Millenium Falcon. Han acha Lando e o saúda da mesma forma que Lando o saudou em “O Império Contra Ataca”: fingindo estar com raiva dele e, depois de simular que vai dar um soco, o abraça. A verdade é que isso serviu como uma estratégia para tirar a carta na manga de Lando e, desta vez, ganhar o jogo de sabacc, feito de forma honesta. O filme termina com Han e Chewie indo a Tatooine procurar um gângster que vai começar um grande negócio (indicação de Beckett).

Não, leitor, a série de artigos ainda não acabou! No próximo artigo, vamos falar um pouco da atuação do elenco que participou da película. Até lá!

Darth Maul, uma aparição inesperada…

Batata Movies (Especial Nouvelle Vague Soviética) – A Comissária. Pró-Judaísmo.

Cartaz do Filme

Ainda dentro das análises dos filmes da mostra “Nouvelle Vague Soviética”, exibida na Caixa Cultural do Rio de Janeiro em fins de maio e início de junho, vamos falar hoje de “A Comissária”, de Aleksandr Askoldov. Essa película, realizada em 1967 e finalizada em 1988, com 110 minutos, tem uma grande curiosidade: ela trabalha em sua temática a cultura judaica. Isso é de se chamar a atenção, já que os judeus também foram muito perseguidos pelo stalinismo.

Vavilova, uma militar implacável…

A história da película tem como protagonista a comissária Klavdia Vavilova (interpretada por Nonna Mordyukova), que trata com mão de ferro uma comunidade local durante a guerra civil entre russos brancos e russos vermelhos, que durou de 1918 a 1921. Como já foi dito na análise do filme “O Início De Uma Era Desconhecida”, após a Revolução Socialista de Outubro de 1917 e da subida dos bolcheviques ao poder (os russos vermelhos), os russos adeptos do capitalismo e do Czar deposto Nicolau II (ou seja, os russos brancos) se uniram a uma força estrangeira de quinze países capitalistas que temiam que o socialismo avançasse entre seus trabalhadores e ameaçasse a estabilidade de seus governos, deflagrando a Guerra Civil de três anos contra a Rússia, terminando com a vitória dos russos vermelhos mas mergulhando o país numa profunda crise econômica.

Uma família judia irá acolhê-la em sua gravidez…

Houve até casos de canibalismo em virtude da falta de comida, algo com o qual os países capitalistas fizeram troça, dizendo que “comunista come criancinha”. A situação piorou mais ainda depois que os países capitalistas, derrotados pela guerra, fizeram um bloqueio econômico à Rússia que teve o nome de péssimo gosto de “cordão sanitário”.

Aos poucos, a comissária durona entra no esquema da família doce…

Voltando ao filme após esse parênteses histórico, nossa comissária, em virtude da situação de guerra, tinha uma postura muito firme com relação a quem não levava a guerra à sério. Só que Klavdia se descobriu grávida, tendo que se afastar do serviço militar e se refugiar numa casa de uma família judia, cujo chefe era um alegre funileiro de nome Yefim (interpretado pelo bom ator Rolan Bykov), uma esposa muito meiga e solícita chamada Maria (interpretada pela bela Raisa Nedashkovskaya) e 987 filhos. A rígida militar vai, a princípio, estranhar todo aquele novo e inusitado ambiente mas, aos poucos, vai se acostumando com ele, principalmente depois que Maria descobre a sua gravidez e começa a tratar a comissária com todos os cuidados que a situação exige.

Em trabalho de parto…

Aquele não tão pequeno núcleo familiar vai servir como uma espécie de ilha isolada dos horrores e agruras da guerra. Mas esse núcleo seria invadido, cedo ou tarde, pela guerra civil. E a comissária precisaria tomar uma decisão: mãe ou soldado? O tom de propaganda da película já dá uma ideia da decisão da comissária, ainda mais em tempos de guerra…

Vida de mãe…

Como foi dito acima, esse é um filme que exalta o povo judeu e denuncia as perseguições. Ficou a impressão aqui de “mea culpa” pós-stalinista, onde o povo judeu foi retratado de forma extremamente gentil, doce e simples.

Voltar ou não para o front???

Outra coisa que muito chamou a atenção foi um paralelo muito bem construído entre o sofrimento provocado pelas dores do parto e o sofrimento provocado pela guerra. Enquanto Klavdia dava a luz a seu filho, imagens em flashback traziam os sofrimentos que a comissária enfrentou durante a guerra civil, gerando um interessante e bem organizado caleidoscópio de imagens.

O diretor Aleksandr Askoldov

Assim, “A Comissária” é mais um interessante filme da mostra “Nouvelle Vague Soviética” na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Um filme que tem a grande virtude de exaltar o judaísmo, depois de anos de perseguição stalinista. Um filme que novamente exalta o patriotismo do povo soviético em anos de guerra. E um filme que mostra uma boa montagem de imagens, relacionando dois sofrimentos: o da guerra e o do parto. A Batata Espacial conseguiu o filme na íntegra, porém sem legendas. Fica o filme aqui para que possa se ter uma ideia dele…

https://www.youtube.com/watch?v=LDemFDzX-u0