Vamos começar 2018 com um grande musicão do passado de um grande cara!!!
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Batata Arts – Tesouros da Batata (52)
Começando o ano com mais um tesouro…
Batata Movies – Com Amor, Van Gogh. Os Últimos Dias De Um Gênio.
Passou recentemente em nossas telonas um filme bem curioso. “Com Amor, Van Gogh” busca cobrir os últimos dias do famoso pintor Vincent Van Gogh, onde pudemos testemunhar todo um rosário de suas desventuras e desesperos, até culminar em sua morte. Um filme que fala da sensibilidade de um homem totalmente atormentado por si mesmo, mas também por pessoas que não entendiam que ele era uma figura que precisava de ajuda.
O enredo do filme vai se desenrolar a partir do pedido que o carteiro de Van Gogh, Joseph Roulin (interpretado por Chris O’Dowd) faz ao seu filho, Armand (interpretado por Douglas Booth) de entregar uma carta de Vincent ao seu irmão, Theo.
Inicialmente, Armand não estava nem aí para tal tarefa, mas seu pai consegue convencê-lo a fazer uma viagem para entregar a carta. A partir daí, Armand vai mergulhar numa espécie de investigação sobre o que aconteceu com o artista desde quando ele decide começar a pintar até o fim de sua vida. Num momento da película, dá-se a entender que Armand suspeitou que Van Gogh poderia ter sido assassinado. Mas, à medida que o filho do carteiro se inseria mais e mais nesse curioso mundo, a certeza do suicídio do artista somente crescia.
Esse é um filme de andamento muito lento, com a busca do filho do carteiro beirando o enfadonho. O que era realmente curioso era a reconstituição dos passos do pintor e sua vida altamente depressiva até o seu momento final. Claro que toda essa reconstituição se dava quando o filho do carteiro ia entrevistando as pessoas que tiveram algum tipo de contato com o artista e víamos os momentos atormentados de sua vida em flash-back. Mas esse não foi o grande destaque do filme e sim o fato de que a película foi pintada à mão, onde dá-se a impressão de que temos uma animação à óleo acontecendo, onde são reproduzidos muitos quadros do pintor, ficando a sensação de que vemos uma verdadeira obra de arte em movimento. O filme ainda tem a grande característica de, ao seu final, fazer uma espécie de inventário de todos os personagens (reais) que apareceram ao longo do filme e tiveram uma participação na vida de Van Gogh. Ou seja, o filme tem um quê altamente descritivo e possuir uma cópia dele é altamente justificável se você deseja ter detalhes da biografia desse grande artista.
Assim, “Com Amor, Van Gogh” pode até ter um roteiro um tanto arrastado e chato, se a gente se prender à toda a intenção do filho do carteiro de investigar um suposto assassinato do artista, mas, por outro lado, o efeito de animação é altamente interessante e instigante, tornando a película algo bonito de se ver, sem falar na descrição detalhada da biografia de Van Gogh e das pessoas que o cercavam. Vale a pena dar uma olhada nesse quando do lançamento do DVD, pois infelizmente o filme já saiu de cartaz.
Batata Antiqualhas – Spock e Leonard. Dualidade que se Completa (Parte 9)
Durante as filmagens de “Catlow” no sul da Espanha, Nimoy percebeu que a sombra de Spock ainda pairava no ar. Enquanto conversava com um jovem maquiador de Madri no “set” de filmagens, o rapaz mostrou a ele uma caixa de cigarros que tinham duas orelhas originais de Spock. O maquiador as conseguiu depois de fazer um curso com Freddy Philips, o maquiador de “Jornada nas Estrelas”. Só para sanar uma curiosidade aqui, Nimoy usou cerca de 150 pares de orelhas ao longo da série (cerca de dois pares por episódio), que duravam apenas uns poucos dias. Nimoy também esteve uma vez com um representante de vendas da Paramount em Londres e o filho desse representante tinha um uniforme original de Spock.
Nimoy continuou a sua experiência no teatro e uma das peças das quais ele tem boas recordações é “The Man in the Glass Booth”, que falava de um homem que havia sido acusado de crimes de guerra nazistas, sendo julgado em Israel, mas na verdade ele era um preso judeu do campo de concentração e era inocente. Entretanto, esse homem declarou falsamente sua culpa para ser condenado à morte e depois os acusadores descobrirem que haviam matado um homem inocente. Ele queria ajudar a mostrar o que a sede de vingança pode provocar. A peça chegou a ser considerada antissemita por alguns. Mas muitos judeus não pensaram assim, para alívio de Nimoy.
Enquanto isso, “Jornada nas Estrelas” era reprisada diariamente em muitas estações locais de tv, tornando Spock mais vivo que nunca. As críticas das peças de Nimoy sempre faziam alusões ao vulcano e às suas orelhas. Isso provocava um certo desconforto em nosso ator, que ao interpretar Calígula numa peça, ficou muito nervoso, pois uma de suas falas era: “Resolvemos ser lógicos”. Nimoy sempre tinha a impressão de que os espectadores das primeiras filas dos teatros onde encenava falavam a ele: “Oi, sr. Spock!”.
Tal situação deixava Nimoy em conflito, pois, ao mesmo tempo que ele sentia falta do personagem vulcano, ele não queria ficar marcado como ator de um personagem só. Mas “Jornada nas Estrelas” não perdia sua força. Pelo contrário. Em 1972, foi feita em Nova York a primeira Convenção Nacional de “Jornada nas Estrelas”, onde os organizadores achavam que 500 fãs seriam um bom número. Apareceram três mil pessoas. Tais eventos davam grande emoção a Nimoy, pois não havia qualquer comércio ou produtoras hollywoodianas por trás. Apenas a paixão dos fãs. Nmoy associa tal sucesso de “Jornada nas Estrelas” a vários fatores. Um era a mensagem de um futuro otimista, onde a raça humana sobrevivera à ameaça da guerra nuclear que, naquela época, estava no auge (a crise dos mísseis com Cuba e a União Soviética tinha acontecido em 1962). As décadas de 1960 e 1970 também foram de efervescência cultural, onde a população questionava governos e líderes, em tempos de verdadeira incerteza. Em contrapartida, a tripulação da Enterprise era confiável e incorruptível.
Logo, ficava evidente que a série voltaria. Ela deu seus sinais em 1973, em forma de desenho animado, produzido por Dorothy Fontana. Mais tarde, em 1975, a Paramount, que havia comprado os direitos de “Jornada nas Estrelas” da Desilu, quis retomar a série com o elenco original. Mas o entusiasmo dos fãs era tão grande que o projeto da série foi substituído por um filme para o cinema. Entretanto, os roteiros para isso foram rejeitados. Em 1978, surgiu um novo projeto para série: “Jornada nas Estrelas, Fase II”. Só que foram oferecidas a Nimoy apenas participações esporádicas. Nimoy recusou. Essa recusa, mais a publicação do livro “Eu não sou Spock” na época é que deram a Nimoy a fama de não gostar de Spock e da série. Ele foi o único ator do elenco original a não assinar contrato. Mas o projeto da série foi abandonado em virtude do estrondoso sucesso de “Guerra nas Estrelas” na época. Assim, o projeto do filme voltou a tomar força.
No próximo artigo, vamos falar do primeiro longa de “Jornada nas Estrelas” e a conturbada negociação de Nimoy para participar do filme. Até lá!
Batata Literária – Vida de Abelha
Zuuum!
Vou para lá!
Zuuum!
Vou para cá!
Sobrevoando campos floridos!
Pegando pólen aqui e ali!
Vejo muitas cores lá no chão
Mas não posso ficar em contemplação.
Minha vida é só trabalho
Sem direito a férias, décimo-terceiro salário
Ou até mesmo aposentadoria
A sobrevivência da colmeia depende de mim
Mas não sou a única nessa tarefa
Todas as outras minhas amigas também ralam
Nossa força é o nosso coletivo
Sem espaço para a individualidade
Ah, mas às vezes quero sair de férias
Conhecer Paris, Roma, Honolulu
Mas não consigo nem ir à Paquetá ou à Cabuçu
Como deve ser ficar sem fazer nada?
Deitada, de ferrão para o ar?
Tirar uma soneca debaixo da flor?
Ver o novo filme do Tom Cruise? (Ai, que gato!)
Andar de montanha-russa no Playcenter?
Ihhhh! Quanta bobagem estou pensando!
Ai de mim, se a rainha escuta tudo isso!
Ela quer a gente só mergulhada em nosso compromisso
De construir toda a nossa colmeia
E a nossa espécie preservar
Por isso, não posso titubear
E devo continuar a trabalhar
Para a nossa revoada a gente continuar
Batata Movies – Verão 1993. Idílios E Vírus.
Um filme espanhol falado em catalão e premiado no Festival de Berlim já paira há algum tempo em nossas telonas. Trata-se do curioso “Verão 1993”, uma película um tanto idílica escrita e dirigida por Carla Simón, que fala de uma menininha chamada Frida, uma garotinha que tem aparentemente uma boa vida, mas que seu passado guarda um trágico acontecimento. E aí, a mocinha mal sabe do porquê de sua guinada na vida.
Frida morava na casa dos avós paternos. Tanto o seu pai quanto sua mãe haviam morrido de uma forma misteriosa. Com o tempo, Frida irá morar na casa do tio, que tem uma esposa e uma filhinha chamada Anna, que será a sua amiguinha. A casa dos tios fica no campo e ela terá uma vida idílica com sua nova família. Por um bom intervalo de tempo no filme, vemos duas menininhas (uma na casa dos seis anos e outra na casa dos três anos) brincando e se divertindo no quintal de uma casa cercada por florestas por todos os lados, algo que pode ser muito maçante e que te coloca uma dúvida na cabeça do porquê desse filme ter sido tão bem falado num festival de importância como o de Berlim. Entretanto, com o desenvolver da película, a gente vai começando a perceber a sua importância, quando sabemos que o pai e a mãe de Frida morreram de um “vírus” (agora fica óbvio o que os matou) e de como a menina passa a ter dificuldades de relacionamento com seus tios e com a priminha, já que ela foi criada com muito mimo pelos avós em virtude de sua situação trágica e sua postura pode, inclusive, levar a algumas situações um tanto perigosas, o que vai provocar sérias dificuldades de relacionamento e mostrar que a vida idílica no campo pode não ser tão idílica assim.
Mesmo que o filme seja em grande parte muito arrastado, esses pequenos elementos nos despertam a curiosidade e nos chamam a atenção. Agora, creio que o que mais chamou a atenção na película foi o seu desfecho (que, infelizmente, não posso contar aqui), pois ele destoou totalmente de toda a situação de anticlímax da película e bombardeou o espectador com uma explosão emocional, marcando uma espécie de “fim de infância”. Nesse momento, o espectador é sacudido da letargia que entorpecia todo o filme para uma postura mais comovida, vindo em seguida, o fim abrupto, deixando quem assistia suspenso no ar na cadeira, sem saber muito o que fazer com o que via. Obviamente, uma situação de grande impacto.
Assim, se “Verão 1993” é um filme em sua grande parte lento e letárgico, alguns pequenos elementos que são introduzidos em seu desenrolar fazem com que o espectador prenda sua atenção na tela e o final totalmente destoante de toda a sua execução fisga com maestria a todos que o assistem. Esse pode ser o segredo de todos os louros de sua premiação, não sem constatar que a película tem os seus valores, tais como um retorno aos dias de infância. Vale a pena dar uma conferida, apesar da letargia.
https://www.youtube.com/watch?v=tbkfqwV6AAQ
Batata Movies – Suburbicon: Bem Vindos Ao Paraíso. Doce Utopia Distópica.
Os irmãos Ethan e Joel Cohen voltam a atacar e assinam o roteiro, juntamente com George Clooney (que também é o responsável pela direção) do bom filme “Suburbicon: Bem Vindos ao Paraíso”. Mais uma vez temos o (des) prazer de constatar como algumas estruturas consideradas muito arcaicas na sociedade estadunidense ainda se fazem presentes, principalmente quando vemos alguns discursos de ódio proferidos por alguns grupos por aí. Tais grupos já não deveriam ter um mínimo de voz, mas parecem que estão cada vez mais poderosos e atuantes, pois o discurso retrógrado de um filme que se passa em tempos pretéritos soa ainda muito familiar.
O filme em si se passa em meados da década de 50, quando o “American Way Of Life” institucionalizou a vida paradisíaca nos subúrbios, longe da agitação das grandes cidades, formando comunidades isoladas e um tanto autossuficientes, com serviços próprios de comércio, bombeiros, hospitais, etc., tudo para que os moradores desses supostos “Édens” paradisíacos não necessitem sair de seu bairro isolado do resto da humanidade. Suburbicon será o paradigma ideal desses bairros de subúrbio. Mas a coisa muda um pouco de figura quando um casal negro vai morar no bairro, o que provoca o afloramento de um racismo num lugar onde nunca ninguém sequer teve a leve intenção de escondê-lo. Duas irmãs gêmeas que eram vizinhas do casal negro (ambas interpretadas por Julianne Moore) induzem o menino da casa a brincar com o filho do casal negro para quebrar um pouco o gelo. À noite, a casa será invadida por dois homens que irão usar clorofórmio nas irmãs, no chefe da família (interpretado por Matt Damon) e no menininho. Todos irão parar no hospital e uma das irmãs morrerá, pois ela era tetraplégica e era mais fraca que os demais. Essa irmã tetraplégica é mãe do menininho e esposa do chefe da casa. A partir daí, o filme se desenrolará numa sucessão de tramas onde o racismo é apenas a ponta do iceberg e o menor dos problemas.
Esse é um filme, acima de tudo, sobre como uma comunidade aparentemente austera como a branca americana pode produzir algumas células desajustadas aqui e ali, embora toda a motivação do crime seja mais um caso particular que quer se espelhar como geral. Ou seja, os artífices de um crime bem peculiar não necessariamente devem ser encarados como um produto da sociedade (nem todos da sociedade WASP cometeriam tal delito), mas, por outro lado, o filme alerta como tal manifestação um tanto psicótica pode acontecer nas melhores famílias. Como a sociedade de Suburbicon está mais preocupada em execrar a família negra, ela mal percebe que toda uma trama diabólica provocada por seus vizinhos de bem acontece bem debaixo de seu nariz. Mas essa sociedade aparentemente etérea e não psicótica pode tomar atitudes bem desprezíveis ao atacar com violência a família negra. Nesse ponto, podemos dizer que há uma doença em nível social.
Dá para perceber, pela descrição acima, que a coisa não é muito trivial. Não é à toa que a película toma direções um tanto absurdas em alguns momentos, o que ajuda muito a prender a nossa atenção. Todo esse absurdo destoa completamente daquela sociedade altamente utópica e nos lança dentro de uma distopia e de uma psicose total.
Os atores estiveram muito bem. Moore teve a competência de interpretar dois papéis um tanto diferentes. Damon, ao fazer o pai íntegro, consegue conduzir bem o jogo da trama, que vai se desabrochando aos poucos, atraindo a atenção do espectador. Tivemos, também, a ótima presença de Oscar Isaac, como um corretor de seguros que investiga falcatruas de seus clientes, sendo simpaticamente cínico e perigoso, numa mostra de que ele não deve apenas ser lembrado como o Poe Dameron de “Guerra nas Estrelas”. Mas devemos dar um destaque todo especial ao ator mirim Noah Jupe (que também está no filme “Extraordinário”) que fez o papel do filho da família protagonista. Foi ele que começou a perceber que o crime praticado em sua casa tinha um rumo um tanto diferente do que parecia que ia tomar. E o menino convenceu bastante ao ficar indefeso nas mãos de um monte de adultos sem escrúpulos.
Assim, “Suburbicon” é mais um daqueles filmes dignos de nota, pois ele nos ajuda a pensar sobre questões do cotidiano como o conservadorismo, o racismo e de como um verniz de utopia pode ser algo muito frágil ao esconder uma distopia total. Um crime que toma rumos um tanto inesperados que passam despercebidos numa sociedade cega por suas convenções retrógradas. Um filme que abraça o inusitado e o absurdo, tornando-o mais interessante do que uma película meramente reflexiva. Um filme imperdível.
Batata Jukebox – (Rush)
Vamos de Rush