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Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, A Série Clássica (S01 Ep02), O Sal Da Terra. Amor Sem Sódio.

REVIEW | Star Trek - S01E01: O Sal da Terra (The Man Trap)
Título original em inglês…

Dando sequência às nossas análises de séries de Jornada nas Estrelas, vamos retornar à série clássica e analisar o segundo episódio da primeira temporada, intitulado “Sal da Terra”.

Academia Star Trek: S01E01: Man Trap - Sal da Terra
McCoy reencontra um antigo amor…

A Enterprise orbita um planeta, que tem as ruínas de uma civilização antiga. Kirk,  McCoy e um tripulante descem à superfície para fazer exames médicos no arqueólogo Robert Crater e sua esposa Nancy. O problema aqui é que Nancy é um antigo caso de McCoy. Eles entram na morada do arqueólogo, mas não o acham. Nancy chega e cumprimenta McCoy. Para o médico, ela parece jovem como na época do relacionamento entre os dois. Para Kirk, ela é uma distinta senhora. E para o tripulante, ela é a cara de uma moça pela qual ele se apaixonou no passado. Vendo a perturbação do tripulante, Kirk pede que ele saia. Mas Nancy sai para procurar seu marido, e seduz o tripulante, que vai atrás dela. Aqui podemos ver algo muito datado, que é a mulher seduzindo um homem, com ela sendo vista como um mero objeto sexual. Ecos da década de 60…

REVIEW | Star Trek - S01E01: O Sal da Terra (The Man Trap)
A figura da mulher explorada como objeto sexual no episódio…

Após a abertura, o Dr. Crater entra na sua morada, espraguejando que tem que fazer o exame médico. McCoy, com sua rabugice habitual, e Kirk insistem que o exame médico é procedimento da Federação. Eles começam a falar de Nancy. McCoy a vê jovial. Kirk fala de seus cabelos brancos, se desculpando ao arqueólogo dizendo que a esposa dele é bonita, mas já passou dos 25 anos (outro preconceito machista da época sessentista detectado, mostrando a predileção dos varões pelas novinhas, que não podiam passar dos 25 anos senão já eram consideradas “velhas”). Tanto Kirk quanto o arqueólogo acham que McCoy, ainda deslumbrado com Nancy, a vê mais jovem.

Jornada nas estrelas | Netflix
Mortes estranhas em camisas ainda não vermelhas…

Um grito ecoa lá fora. Nancy chora ao lado do tripulante morto (que não está de camisa vermelha e sim azul). Ele está cheio de marcas circulares no rosto. Kirk, indignado com a perda de um tripulante, exige de Nancy uma explicação. Esta diz que o tripulante comeu uma planta envenenada e, antes, tentou seduzi-la. Nancy pergunta ao marido de forma severa se ele pediu tabletes de sal para a Enterprise, o que provoca estranhamento em McCoy pelo comportamento da ex-namorada.

REVIEW | Star Trek - S01E01: O Sal da Terra (The Man Trap)
Um cientista que protege uma criatura…

Na Entrprise, Uhura dá, sem muito sucesso, uma cantada descarada em Spock. O rádio comunica que um tripulante da Enterprise morreu e Spock recebe a notícia friamente, o que deixa Uhura indignada com a falta de emotividade do vulcano. Como estamos nos episódios iniciais da série, podemos considerar essa sequência como uma relíquia trekker, onde vemos a construção do personagem Spock em curso. Uma análise da planta que envenenou o tripulante diz que ela não é venenosa o suficiente para matá-lo. Ainda, as manchas no rosto nada têm a ver com a planta e o corpo do tripulante não apresenta sinais mais graves. Ou seja, ele muito bem poderia estar vivo. McCoy diz que vai refazer os exames e se lembra da forma jovial como viu Nancy. Kirk dá um coice com as quatro ferraduras dizendo que perdeu um tripulante e quer saber o que o matou. Essa grosseria explícita de Kirk, se num primeiro momento choca o espectador, por outro lado é outro elemento na construção do personagem, onde ficava muito claro o zelo do capitão por seus tripulantes. Cabe ressaltar aqui que Kirk depois pede desculpas a McCoy pela grosseria, quando o médico já descobriu que o corpo do tripulante está sem sal e que as marcas no rosto podem ser o caminho por onde o sal saiu do organismo. Kirk e McCoy também se lembram do pedido de Nancy por tabletes de sal. Kirk decide ir à superfície para falar com o Dr. Crater e Nancy. O primeiro se coloca contra a investigação mais profunda que Kirk quer fazer. Kirk exige que Crater e Nancy subam à Enterprise enquanto investiga. O doutor aproveita a comunicação de Kirk e Spock para fugir e encontra Nancy perto do corpo de mais um tripulante morto, com as mãos no rosto dele. Há ainda outro tripulante morto. O doutor oferece sal à esposa. Kirk e McCoy encontram o corpo de um tripulante e chamam o outro, que também está morto. Nancy se transforma na aparência do tripulante que ela acabou de matar e que é chamado por Kirk. “Nancy” se encontra com Kirk e diz que viu o outro tripulante morto, procurando o que pode tê-lo matado. Kirk decide subir com McCoy e a Nancy travestida de tripulante para procurar Crater e Nancy com os sensores da nave. Spock só consegue rastrear o sinal de uma pessoa. Já Nancy, travestida de tripulante, persegue a ordenança Rand, que está com uma bandeja de comida que tem um pote de sal. Rand chega à seção de botânica e dá a bandeja a Sulu para comer. Já vemos logo de cara Rand servindo um homem e sendo cantada pela tripulação onde passa, outro detalhe da década de sessenta muito natural para a época e muito inquietante hoje. Nancy entra na divisão de botânica e fica olhando fixamente para o saleiro da bandeja de Sulu, para total estupefação desse e de Rand. Uma das plantinhas de Sulu começa a se mexer e a gritar (na verdade, é uma mão cheia de pétalas de mentirinha) e Nancy sai às pressas. No corredor, Nancy se transforma em outro tripulante para falar com Uhura que vem pelo corredor. Ele fala com ela em swahili, o idioma africano de Uhura e quase a ataca, quando ela é chamada para comparecer à ponte. Nancy encontra outro tripulante e consome o seu sal, matando-o. Depois, encontra o aposento do Dr. McCoy e se transforma em Nancy, para ficar sob a proteção do doutor, seduzindo-o. Nancy faz McCoy dormir e vai para a ponte com a aparência do médico.

Star Trek - O Sal da Terra - YouTube
Kirk se irrita com McCoy quando este nao sabe a causa das mortes…

Kirk e Spock vão à superfície do planeta para tentar falar com Crater, mas este continua rechaçando-os. Entretanto, o corpo do tripulante do qual Nancy tomou forma é encontrado e eles percebem que algo estranho subiu com Kirk e McCoy anteriormente. Kirk emite um alerta de intruso na nave e Crater os ataca com um phaser. Kirk e Spock fazem uma tocaia e tonteiam Crater, finalmente conseguindo falar com ele, que abre o jogo e diz que sua esposa foi morta por um alienígena que era o último de sua espécie e se alimentava de sal, podendo se transformar na aparência de outros seres. Crater insiste no direito da criatura de viver, mas Kirk lembra que essa criatura está matando sua tripulação. Os três sobem à nave. Diante da recusa de Crater em ajudar, Spock sugere o soro da verdade, a ser aplicado por McCoy (que, na verdade, é a criatura). Na enfermaria, Crater acerta Spock, mas acaba sendo morto pela criatura, já que os sais do corpo de Spock são muito diferentes do sal que a criatura quer. A criatura volta a ter a aparência de Nancy e vai aos aposentos de McCoy dizendo que está sendo perseguida para ser morta. Kirk entra nos aposentos de McCoy com um phaser falando que Nancy é uma criatura que tem que ser morta. McCoy se nega a deixar ela morrer. Kirk oferece sal para a criatura. McCoy se atraca com Kirk e a criatura toma o sal da mão de Kirk, consumindo-o e depois paralisa Kirk numa espécie de transe para atacá-lo e consumir o sal de seu corpo. Spock entra nos aposentos e pede para McCoy matar Nancy. McCoy se nega. Spock, então, dá um monte de bordoadas na cara de Nancy e pergunta a MacCoy se Nancy agüentaria aquela surra. Nancy dá um tapão na cara de Spock que o joga longe. McCoy se convence de que aquela não é Nancy, que já está atacando Kirk. A criatura mostra sua verdadeira face e McCoy lhe dá um tiro de phaser. A criatura volta a ter a aparência de Nancy e implora pela vida à McCoy, que vai ter a dura tarefa de dar o tiro de misericórdia na aparência da mulher que ama. Kirk diz a McCoy que sente muito. Na ponte da Enterprise, Kirk, McCoy e Spock estão unidos. McCoy em silêncio escuta Kirk dizer a Spock que pensava nos búfalos, uma espécie que se extinguiu na Terra, à exemplo da criatura que consumia sal. Fim do episódio.

O que podemos falar desse episódio dirigido por Marc Daniels e escrito por George Clayton Johnson? Em primeiro lugar, o episódio mais parece um filme de terror do que de ficção científica. Um monstro que se esconde atrás da aparência das pessoas e que precisa se alimentar compulsivamente de sal, se esgueirando e matando suas vítimas. Um mistério que se alimenta do suspense. Onde a ciência entra ai? Na questão de que as pessoas morrem ao terem todo o sal extraído de seus corpos. Mas esse terror e suspense abriram margem para o que seria uma das marcas registradas da série, que é levantar alguma questão pertinente para reflexão. Por que Crater manteve esse monstro vivo, mesmo que ele tenha matado sua esposa. Em primeiro lugar, a criatura era a última de sua espécie, e ela acabou se tornando uma forma de companhia para o cientista, uma amiga, esposa, até escrava. Ou seja, o médico desenvolveu laços que poderiam ter várias características: afetivos, de dominação, dependência, etc., sem dúvida uma relação estranha e complexa, onde Crater dependia da criatura, mas também a subjugava. De qualquer forma, o principal argumento do arqueólogo para manter a criatura viva era o seu risco de extinção e usava como exemplo a extinção dos búfalos, cujas manadas podiam cobrir o território de três estados americanos. Não é à toa que Kirk, no final do episódio, pensava nos búfalos.

REVIEW | Star Trek - S01E01: O Sal da Terra (The Man Trap ...
A criatura!!!! Aaaaaaaarrrrrrrgggghhhhhhhhhhhh!!!!!

No mais, o episódio serviu, como temos visto em nossas análises dos primeiros episódios das séries, para apresentar alguns personagens e suas características, iniciando um processo de construção gradativa. Fica claro o sentimento de Uhura para com Spock, assim como a frieza e o pragmatismo do vulcano. Sulu, por sua vez, é um tripulante que gosta de botânica e tem as suas plantinhas, inclusive uma simpática “mãozinha” coberta de pétalas, que é hipersensível. Kirk, por sua vez, mostra os seus rompantes de autoritarismo, mas pedindo desculpas posteriormente, ao melhor estilo do amigo que “é gente muito boa, mas que de vez em quando vacila”. A justificativa para seu comportamento autoritário é que ele se preocupa demais com sua tripulação e ver diante de si seus tripulantes morrendo faz com que ele busque uma saída rápida para parar com isso, se tornando mais exigente e irrascível. O nosso querido Dr. McCoy, mesmo que atormentado pelo passado de Nancy, já mostra a sua deliciosa e engraçada rabugice que seria sua marca registrada.

Star Trek The Original Series Rewatch: “The Man Trap” | Tor.com
Atacando Kirk…

Temos que dizer ainda que o episódio mostrou os vícios do tempo em que foi produzido, onde a mulher foi vista de forma submissa e como um objeto sexual, com a ordenança Rand se tornando o principal paradigma disso, o que é algo que incomoda aos nossos olhos contemporâneos, mas devemos nos lembrar que esse episódio já tem mais de cinquenta anos e a visão utópica de Roddenberry não tinha como ficar incólume a algumas visões de mundo de outrora. A gente sempre deve se lembrar que a atemporalidade é uma coisa extremamente rara e, por isso mesmo, muito celebrada quando acontece.

Dessa forma, “O Sal da Terra” é o nosso cartão de visitas de Jornada nas Estrelas como série, depois do piloto “The Cage”, que foi reprovado. Um episódio mais regado a terror e suspense do que ficção científica, mas já abrindo espaço para questões altamente reflexivas, não deixando de apresentar as características de alguns personagens. A forma submissa como a mulher é explorada no episódio é algo que incomoda, mostrando um nível de datação desse produto cultural embora não possamos ser anacrônicos e compreender (o que não significa concordar, como diz o Senhor Spock) o porquê de tal visão pejorativa.

McCoy | Star Trek
McCoy vai ter que tomar uma difícil decisão…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Enterprise (S01 – Ep02) Fight Or Flight (Luta Ou Fuga). Autopreservação Ou Moral?

Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Um episódio que aborda uma questão moral…

Dando sequência às análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à série “Enterprise” para falarmos um pouco do episódio 2 da primeira temporada intitulado “Fight or Flight” (Luta ou Fuga).

A tripulação da Enterprise está há duas semanas em sua missão de exploração e a única forma de vida com que fez contato foi uma lesminha moribunda, atenciosamente vigiada por Hoshi. Nos aposentos do capitão, Archer está incomodado com um estranho rangido no chão enquanto discute possíveis rotas para encontrar novas civilizações com T’Pol. A última, cuja origem vulcana não vê com muito entusiasmo as explorações espaciais, diz a Archer que somente um a cada 43 mil planetas habitáveis tem chances estatísticas de ter vida inteligente, segundo a exobiologia. Hoshi entra e pede troca de aposentos ao capitão, pois está com insônia por ver as estrelas se deslocarem na janela para o “lado errado”. Archer, meio que intrigado, dá a autorização para ela trocar de aposentos.

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Hoshi e Phlox, tentando pesquisar uma forma de vida (uma frágil lesminha que precisa voltar ao seu habitat)…

Travis e Reed procuram calibrar a mira dos torpedos fotônicos que ainda está descalibrada. Archer dá a ordem para a nave sair de dobra para uns testes de mira. Mas os testes se revelam um fracasso total. Ou seja, os primeiros dias da missão tem sido tediosos e sem êxitos. Somente o Dr. Phlox está se divertindo sua observação aos hábitos e características dos humanos.

Remote Wanderings: Revisiting Enterprise: "Fight or Flight" and ...
Abordando uma nave alienígena, contra as recomendações de T’Pol

Uma nave inerte e com sinais de que foi atacada é encontrada. T’Pol alerta que um exame mais minucioso pode ser muito invasivo, pois a nave não responde às frequências de saudação. T’Pol diz que há formas de vida à bordo e talvez não gostem de visitas. Archer manda preparar uma nave auxiliar e T’Pol disse que muitos protocolos ainda não foram tentados antes dessa decisão mais drástica. Mas Archer, que vive numa sociedade sem Primeira Diretriz, insiste na abordagem via nave auxiliar.

Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Um cenário de horror dentro da nave alienígena…

Mesmo com uma certa relutância, Archer decide ir na missão. Só que ele precisa convencer Trip a permanecer na Enterprise (pois é o engenheiro-chefe da nave) e convencer Hoshi a ir, pois ela é oficial de comunicações, mas a moça tem claustrofobia com trajes espaciais. Reed, por sua vez, quer ir com muitas armas, algo que Archer rechaça, levando somente o armamento básico.

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
A Enterprise ainda precisa de ajustes…

O interior da nave alienígena está às escuras e os corpos mortos de seus supostos tripulantes são sugados por uma estrutura hidráulica. De volta à Entreprise, T’Pol fica sabendo pela equipe de Archer que há quinze mortos sendo drenados na nave alienígena e recomenda que a Enterprise vá embora. Mas Archer quer saber o que aconteceu com esses quinze mortos. T’Pol alerta que a intenção de ajuda do capitão foi louvável, mas com essa nova situação, a tripulação da Enterprise pode correr perigo. Archer aceita a argumentação de T’Pol e dá a ordem da nave entrar em dobra novamente e retomar o curso.

Star Trek Enterprise S 01 E 03 Fight Or Flight / Recap - TV Tropes
Hoshi, cheia de inseguranças e incertezas…

Hoshi conversa com Phlox sobre sua experiência de ter gritado ao ver vários corpos pendurados na nave, e que ela não estava na Enterprise para ver corpos. Phlox sugere ela voltar à Universidade para lecionar. Hoshi diz que foi a primeira opção de Archer e que precisa estar lá. Todo esse núcleo mostrando como Hoshi é cheia de não me toques serve para deixar claro que a linguista não tem muito jeito em fazer parte da tripulação de uma nave espacial e que ela vai precisar se adaptar à nova realidade. Ou seja, vemos uma tentativa de construção de personagem feita de uma forma mais elaborada já nos dois primeiros episódios da série.

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
Criaturas sendo sugadas. Existe moral na autopreservação e deixar tudo para trás???

Archer, T’Pol e Trip jantam juntos. Archer mostra que ainda está muito incomodado com a situação dos mortos na nave alienígena. Ele pergunta se T’Pol deixaria os corpos se eles fossem de vulcanos. A vulcana disse que os corpos não eram de vulcanos e que sua espécie obedece a uma série de procedimentos. Archer deixa claro que está muito incomodado por só passar ao largo de uma situação grave e simplesmente deixá-la para lá. Archer diz que os humanos também têm um código assim como os vulcanos e que não acredita que violou esse código. E sai da mesa. Archer decide retornar à nave alienígena.

Na nave, Phlox acha que a triglobulina extraída dos corpos pode ser usada como remédios, vacinas ou até afrodisíacos. Hoshi, numa conversa com Trip, diz que vai abandonar a carreira de oficial de comunicações na Enterprise. T’Pol avisa ao capitão que uma nave alienígena chegou, com a mesma leitura da bomba hidráulica que suga os corpos. Archer manda a sua equipe abandonar a nave alienígena e dá um tiro de phaser na bomba hidráulica. Os torpedos fotônicos da Enterprise ainda estão com a mira descalibrada e a nave alienígena que chegou não atende às frequências de saudação. A nave auxiliar atraca na Enterprise, que já sofre ataques da nave alienígena. A Enterprise não entra em dobra, pois uma nacele foi avariada com o ataque. A Enterprise atira dois torpedos, facilmente rechaçados pela nave alienígena. Ela sonda a Enterprise e descobre que os corpos dos tripulantes também podem ser sugados. Outra nave aparece e é da espécie que foi morta e teve seus corpos sugados. Mas seu capitão fala uma língua que é desconhecida e ainda não foi decifrada por Hoshi. A primeira nave prende a Enterprise com uma espécie de raio trator. E o alienígena da outra nave parece muito impaciente. Hoshi diz que parece que o alienígena entendeu que outros de sua espécie foram mortos, mas acredita que foi a Enterprise que os matou. T’Pol calmamente pede que  Hoshi envie uma mensagem dizendo que a Enterprise mandou um sinal de socorro e, se tivesse sido a Enterprise a matar os alienígenas, ela não mandaria um sinal de socorro. O alienígena ainda não está muito convencido e Archer pede para Hoshi que ela fale para o alienígena comparar as assinaturas da bomba hidráulica e da nave que está atacando a Enterprise, para que ele veja que são iguais. A informação não foi muito correta para o alienígena, que se impacienta. Ao mesmo tempo, a outra nave já começa a perfurar o casco da Enterprise. Não haverá outra alternativa senão Hoshi, insegura toda a vida, se comunicar verbalmente com o alienígena. Hoshi consegue se comunicar e o alienígena ataca a nave que mantinha a Enterprise presa. Esta dá um tiro de torpedo contra a nave e a nave do alienígena que se comunicava com Hoshi termina de destruir a nave beligerante. O episódio termina com Hoshi e  Phlox deixando a lesminha que pegaram num planeta parecido com as condições de vida dela, para que essa não morra. Fim do episódio.

Talk:Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Danou-se…

O que podemos falar desse episódio? Em primeiro lugar, ele lança uma questão ética. Ainda dentro dos conflitos entre as visões de mundo dos humanos e dos vulcanos, o que parece mais sensato? Se esgueirar de uma situação que pode levar risco à toda a tripulação de sua nave, ou se importar com o problema ocorrido e buscar investigar o que parece ser um crime para lá de hediondo e entender o que aconteceu, pois as vítimas do crime merecem uma atenção? A visão pragmática dos vulcanos, que defende abertamente a filosofia da futura Primeira Diretriz da Federação, defende o não envolvimento. Mas para a mentalidade humanista de Archer, isso parece muito pouco ético, embora seja a alternativa mais segura. Assim, o nosso bom capitão, dentro da filosofia de exploração espacial, dá meia volta em sua nave e a coloca em sério risco, pois a Enterprise ainda não está em condições de se defender de um ataque. Fica parecendo, nesse primeiro momento, que T’Pol estava coberta de razão. Mas toda a empreitada, que parecia fadada a um retumbante fracasso, teve um desfecho positivo, com a Enterprise fazendo uma amizade com o povo Axanar, embora a tripulação também tenha feito um inimigo. E aí, essa história principal do episódio se liga à segunda história, que girava em torno de Hoshi. Vimos no primeiro episódio de Enterprise que Hoshi parecia uma personagem cheia de pitis desnecessários, mas logo fica claro aqui no segundo episódio sua insegurança com a exploração espacial, por ser uma pessoa acostumada mais com a vida acadêmica. As situações extremas pelas quais passou (corpos mortos, claustrofobia com trajes espaciais e enjoos com sacolejos da nave) fizeram Hoshi desistir da carreira. Mas ela acaba sendo demovida da ideia quando ela passou, com sucesso, pela situação extrema de ter que se comunicar diretamente com o alienígena que poderia salvar a Enterprise da destruição. E num idioma que ela praticamente tinha acabado de conhecer e só começar a decifrar. Ao salvar a nave com sua competência, Hoshi dá a volta por cima e mostra o seu valor para a tripulação, tudo isso sob a confiança benevolente de Archer.

Axanar | Memory Alpha | Fandom
Hoshi vai precisar estabelecer contato verbal com o axanari para este salvar a Enterprise…

Dessa forma, esse é um típico episódio de Jornada nas Estrelas em que temos uma história A se desenvolvendo paralelamente a uma história B, com tudo combinado para que essas histórias se amarrem mais ao final do episódio de uma forma bem elaborada, construindo um bom episódio. Episódio esse com a construção de uma questão ética, que prepara uma discussão sobre a futura Primeira Diretriz, e que ajuda a construir bem uma personagem do elenco fixo. Vale a pena revisitá-lo. 

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
Hoshi se encontra na Enterprise e devolve a lesminha ao seu habitat

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (S01 – Ep 01), “O Guardião”.

10 Best 'Star Trek: Voyager' Episodes | TREKNEWS.NET | Your daily ...
Uma nova capitã recebe a ajuda de um prisioneiro…

Dando sequência às análises de episódios de Jornada nas Estrelas, falemos hoje do piloto da série “Voyager”, intitulado “O Guardião”. Esse é mais um episódio de cerca de noventa minutos que inicia a série da nave que vai precisar fazer uma viagem de setenta mil anos-luz para voltar para casa, atravessando sozinha o desconhecido e perigoso quadrante delta.

Caretaker (episode) | Memory Alpha | Fandom
A Voyager ancorada na DS9…

O plot começa com a querela dos maquis, colonos da Federação, que estão situados próximos à fronteira cardassiana e foram obrigados a se retirar depois de um tratado. Mas eles se negaram a isso e são combatidos tanto pela Federação quanto pelos cardassianos, que os consideram foras da lei. Vemos uma nave maqui liderada por Chakotay, que ainda conta com a presença de Tuvok e B’Elanna Torres sendo atacada por uma nave cardassiana. Os maquis conseguem entrar numa região de tempestades e se livram dos cardassianos, que são atingidos pelas intempéries. Mas uma onda de energia desconhecida os atinge e a nave desaparece.

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Lidando com um maqui…

Após a abertura do episódio, estamos numa colônia penal da Federação na Nova Zelândia. Janeway procura Tom Paris, que está na ilha como detento, para conversar. Ela chegou a servir com o pai de Paris, um almirante como oficial de ciências. Janeway irá procurar a nave maqui desaparecida, pois Tuvok é um agente infiltrado para investigar os maquis e Janeway quer a experiência de Paris coma  região onde a nave desapareceu (ele pertenceu aos maquis). Sabemos, na conversa entre Janeway e Paris, que Chakotay também foi oficial da Frota Estelar antes de se juntar aos maquis. Sabemos, também, das desavenças entre Chakotay e Paris (o primeiro, mais idealista, achava que o segundo era mercenário). Paris aceita, mas irá apenas como observador, a seu desgosto, pois se considera um grande piloto.

Star Trek Voyager Torture: Lifesigns (Season 2 Episode 35) – The ...
O surgimento de uma grande amizade…

Na Estação Espacial de DS9, Paris chega numa nave auxiliar e a Voyager, uma nave classe intrepid com dobra 9,975 está ancorada. A nave tem quinze decks e tripulação de 141 pessoas. Ela também tem circuitos bioneurais. (pacotes de gel com celular bioneurais que organizam as informações mais eficientemente, acelerando a resposta dos circuitos). Seu número de série é NCC-74656. No bar do Quark, o ferengi tenta enrolar o alferes Harry Kim numa transação, mas um atento Paris consegue salvar o colega de Frota. E assim, os dois se conhecem, sendo amigos próximos pela série inteira. Na Voyager, Kim e Paris se apresentam à enfermaria e fica claro que Paris tem uma antiga querela com o médico, que não foi contada no momento. Depois, os dois se apresentam à Janeway, que os leva para a ponte. A Voyager deixa a estação.

Tuvok | Whatever you want Wiki | Fandom
Tuvok, o braço direito de Janeway

Ficamos sabendo que Paris cometeu um erro que provocou a morte de três pessoas e a expulsão dele da Frota, para depois ele se aliar aos maquis, sendo preso na primeira operação. Por isso, ele é malvisto pelo médico e por alguns tripulantes. Ele confessa tudo a Kim, que fica sabendo do passado de Paris por terceiros. Há um leve arremedo de desentendimento entre Paris e Kim, mas este último dá a entender que não irá descartar a amizade por causa disso. Os dois são chamados à ponte por Janeway, pois a nave está próxima às badlands, a região de tempestades onde a nave maqui desapareceu. A Voyager acabou sendo atingida pelo mesmo raio de tétrions que atingiu a nave maqui. Alguns tripulantes da Voyager morrem e eles estão em frente a uma espécie de estação que emite um pulso de energia. Kim lê os sensores e diz que eles estão a setenta mil anos-luz de onde estavam, situando-se agora do outro lado da galáxia. Mas a Voyager está cheia de problemas. O reator de dobra está em risco de ruptura. Na enfermaria, o médico morreu e a unidade médica de emergência foi acionada. A estranha estação sonda a nave e os tripulantes vão desaparecendo, um a um, ficando apenas o doutor holográfico. Os tripulantes aparecem no quintal de uma fazenda, onde uma doce velhinha serve guloseimas para eles, mas Janeway, com seu tricorder, constata que eles estão dentro da estação e tudo aquilo parece ser uma projeção holográfica. Outras pessoas chegam à fazenda e uma festa começa, para a perplexidade dos tripulantes da Voyager. Janeway manda Paris e Kim sondarem a região com os tricorders e eles encontram formas de vida humanóides dentro de um celeiro (um vulcano e alguns humanos). Uma moça que estava com eles obstrui o caminho e diz que não está pronta para eles. Um cachorro faz menção de atacá-los. Paris chama Janeway pelo comunicador e é agredido pela moça. Vários habitantes da fazenda se materializam no celeiro quando Janeway chega com outros membros da tripulação. A parede do celeiro se materializa num corredor da estação e lá estão Torres, Chakotay e Tuvok inconscientes. Logo, todos os tripulantes estão presos e recebendo uma agulhada no peito. Mas eles aparecem em seguida na Voyager recobrando a consciência e descobrem que ficaram três dias na estação. Kim está desaparecido. Janeway sonda a nave maqui, que estava ao lado da estação e com sua tripulação. Janeway fala a Chakotay do desaparecimento de Kim e Chakotay diz que Torres também está desaparecida. Janeway propõe uma aliança para encontrar os tripulantes desaparecidos. Chakotay e Tuvok se transportam para a ponte da Voyager e Tuvok confessa que era um agente infiltrado para Chakotay, que também se reencontra com Paris de forma áspera. Janeway dá uma  trava no show de testosterona explícita e se lembra do trabalho em equipe para recuperar Kim e Torres. Eles retornam à estação, com Tuvok tendo a missão de extrair o máximo de informações da mesma para ver se eles conseguem retornar os setenta mil anos-luz tão rapidamente quanto vieram., enquanto que Janeway, Chakotay e Paris procuram por Kim e Torres. De volta à fazenda, eles conversam com um velhinho que diz que eles não importam mais (exceto Kim e Torres) e que está sem tempo para pagar uma dívida, mandando todos de volta à Voyager. Kim e Torres acordam numa enfermaria cheios de feridas e Torres reage de forma mais agressiva, sendo dominada. Os pulsos de energia vão para um planeta e Janeway acredita que Kim e Torres estejam lá. Tuvok percebe que a freqüência dos pulsos aumenta e Janeway percebe que o planeta é de classe M mas é um deserto sem qualquer chuva. Janeway fala a Tuvok (seu chefe de segurança) que a mãe de Kim diz que ele esqueceu sua clarineta (isso já é dito no episódio piloto da série; veremos Kim tocando clarineta ao longo da série), mas Janeway disse que não dava mais tempo do alferes pegar seu instrumento musical. Janeway se arrepende de não conhecer melhor a sua tripulação. Aqui deve ser feito um parênteses. Janeway é primeira capitã que vemos em Jornada nas Estrelas, e até então ela tinha uma postura extremamente dura, como o cargo lhe exige. O problema é que a coisa ia de um jeito que a capitã parecia até um pouco masculinizada. Esse momento em que ela se arrepende de não conhecer melhor sua tripulação serve para colocar um pouco mais de ternura na personagem e tirar esse estigma masculinizado dela. Essa sequência também mostra a proximidade de Janeway com Tuvok, o que seria um ponto muito interessante da série. Janeway deixa explícita a sua preocupação de levar toda a sua tripulação de volta para casa.

What was B'Elanna Torres role in Star Trek: Voyager (TV show)? - Quora
B’Elanna, uma maqui nervosa…

A Voyager e a nave maqui encontram uma pequena nave tripulada num campo de destroços de naves. Nesta nave está Neelix, que se diz um bom conhecedor da região onde estão. Janeway pergunta sobre a estação e Neelix pergunta se eles foram trazidos de outro lugar da galáxia e tiveram seus tripulantes raptados, pelo guardião, que vive no quinto planeta. Janeway diz que sim e Neelix diz que o guardião vive fazendo isso e que leva os prisioneiros para os ocampas. Janeway pede ajuda a Neelix para localizar os ocampas e ele aceita. Neelix chega à Voyager e já mostra que será o alívio cômico da série justamente com Tuvok.

Ethan Phillips Talks Voyager and Neelix's Role on the Show ...
Neelix, um alívio cômico chato, mas fofo…

Na enfermaria onde estão aprisionados, Kim e Torres começam a conversar. Esta última é muito agressiva por sua descendência klingon. Entra um homem que diz que eles são convidados de honra enviados pelo guardião. O homem leva Torres e Kim para conhecer a cidade deles, que é subterrânea há quinhentas gerações, desde que o planeta se desertificou. Então, o guardião os colocou para viver sob a terra e provê tudo o que eles precisam para viver. Por terem sido enviados pelo guardião, Kim e Torres despertam a curiosidade dos moradores locais. Já as feridas pelo corpo dos dois ainda não têm explicação. O homem diz que o Guardião separa esses doentes e os leva para o planeta para que sejam tratados (cabe ressaltar aqui que o guardião nunca se comunicou com os habitantes do planeta e estes especulam o que o Guardião quer dizer para eles). Mas a doença é grave, eles não sabem como tratá-la e as outras pessoas doentes morreram.

Caretaker (episode) | Memory Alpha | Fandom
Neelix funciona como guia…

A Voyager chega ao planeta e Neelix indica uma vila para eles entrarem em contato com a população local. Mas aqueles não eram ocampas, e sim agressivos kazons. Neelix oferece água em troca da localização dos ocampas. O chefe kazon mostra uma ocampa que eles mantêm como prisioneira, justamente a Kes. O kazon disse que os ocampas vivem nos subterrâneos, mas não há como chegar até eles em virtude de uma barreira intransponível, que os separa da superfície e mantém a única água do planeta com eles, deixando os kazons à míngua. Entretanto, Kes conseguiu chegar à superfície. Neelix propõe trocar a água por Kes, mas o chefe kazon quer a tecnologia para obter água do nada. Janeway diz que será difícil, pois a tecnologia está integrada à nave. Neelix faz então o chefe ocampa de refém e eles pegam Kes, se transportando para a Voyager. Na nave, eles descobrem que Kes é a esposa de Neelix.

The Introduction of Kes – Women at Warp
Mas, na verdade, Neelix quer salvar sua esposa Kes…

Na cidade dos ocampas, Kim e Torres conhecem uma mulher que diz que alguns ocampas conseguem fugir para a superfície em falhas na barreira, pois eles não aceitam as ordens do Guardião. Este estaria estranho por fornecer mais energia à cidade que o esperado. Kim e Torres pedem a ajuda da mulher para poder ir à superfície. Na Voyager, Kes se compromete a ajudar a tripulação a encontrar falhas na barreira para ser possível o resgate de Kim e Torres. Eles descem à cidade subterrânea e Kes entra em choque com os líderes locais dizendo que eles sempre dependeram demais do Guardião e que é hora de acabar com isso. Ainda, ela fará de tudo para Janeway reaver Kim e Torres. Estes, por sua vez, estão tentando fugir para a superfície. Os pulsos ficam cada vez mais rápidos e, de repente, eles param, com a estação se realinhando para outra posição. A estação começa então a atirar no planeta, para selar os ocampas definitivamente de seus inimigos. Tuvok supõe que o Guardião esteja morrendo, pois proveu energia suficiente por cinco anos para os ocampas e agora os sela do exterior. Paris, Kes e Neelix vão atrás de Kim e Torres sob a orientação de Kes. Janeway tenta subir à Voyager, mas a radiação dos bombardeios do Guardião impede o transporte de achar falhas na barreira e funcionar. Janeway vai atrás de Paris, Kes e Neelix. Kes encontra uma brecha na barreira e eles atravessam. Paris e Neelix abrem um buraco na rocha com os seus phasers e todos chegam à superfície, exceto Janeway, Chakotay e Tuvok, que ficam presos no túnel, depois de uma explosão de um dos raios enviados pelo Guardião. Paris e Neelix retornam para ajudá-los. Paris acaba salvando Chakotay da morte, o que vai ajudar nas pazes dos dois.

Star Trek: Voyager, Kazon' Photo - | AllPosters.com
Kazons… opção por demonizá-los…

Na Voyager, os kazons atacam a estação e são agressivos com a Voyager (Janeway quer voltar à estação para descobrir uma forma rápida de retornar para o quadrante alfa, mas os kazons querem impedir, pois não querem pessoas com a tecnologia da Voyager interagindo com a estação). Começa uma batalha e Janeway se transporta para a estação com  Tuvok enquanto isso. Janeway encontra o velhinho (o Guardião), que diz que é um explorador de outra galáxia que, por acidente, provocou sérios danos à atmosfera do planeta e, por isso, cuidava dos ocampas, mas que agora ele está morrendo. Quanto a trazer outras espécies que adoeciam, foi pelo fato do guardião tentar se reproduzir para continuar a proteger os ocampas mas as espécies que traziam eram incompatíveis na reprodução, adoecendo. Janeway diz ao Guardião que é melhor que os ocampas aprendam a viver por si mesmos, sem qualquer forma de proteção, para se desenvolverem como espécie. Uma gigantesca nave kazon aparece e Chakotay coloca sua nave maqui em rota de colisão, preparando sua tripulação para se transportar para a Voyager. A nave kazon é atingida, enquanto que o Guardião inicia a sequência de autodestruição da estação para impedir dos kazons terem acesso a aquela tecnologia. A nave kazon atinge uma parte da estação e a ilusão da fazenda começa a desaparecer. A sequência de autodestruição é interrompida e o Guardião (agora uma massa disforme) pede a Janeway para destruir a estação para os kazons não descobrirem sua tecnologia e destruírem os ocampas. O Guardião morre. Tuvok se lembra da Primeira Diretriz e Janeway diz que, mesmo que a tripulação da Voyager não tenha pedido para se envolver em toda aquela querela entre kazons e ocampas eles estavam envolvidos. Janeway retorna à Voyager e ordena a destruição da estação, protegendo os ocampas dos kazons, mas também acabando com a única chance deles retornarem rapidamente ao quadrante alfa. Os kazons entram em contato e dizem que a Voyager fez um inimigo.

Star Trek Voyager @25: Caretaker - Hero Collector
Quem seria esse simpático velhinho???

Janeway chama Paris para conversar e diz que os maquis serão integrados à tripulação, com Paris como tenente e Chakotay como Primeiro Oficial, com este dizendo que seria responsável por proteger Paris, já que teve a sua vida salva por ele. Já Neelix e Kes pedem para ir com a Voyager, pois têm conhecimento do quadrante delta, podendo prover informações valiosas, no que Janeway aceita. O episódio termina com Janeway falando à tripulação que, em dobra máxima, a Voyager demoraria setenta e cinco anos para retornar para o quadrante alfa, mas que ela quer encontrar meios de retornar mais rápido, seja por buracos de minhoca ou por tecnologias como a do Guardião e manda Paris traçar um curso para casa. Fim do episódio.

Caretaker (Nacene) | Memory Beta, non-canon Star Trek Wiki | Fandom
A real aparição do guardião…

O que podemos falar desse episódio piloto “O Guardião”? Em primeiro lugar, essa é uma série que vai também seguir uma linha razoavelmente distópica, assim como havia ocorrido em Deep Space Nine. Senão vejamos: o episódio já começa com a querela dos maquis, que é um grupo de colonos que não teve seus interesses levados em conta pela Federação no tratado com os cardassianos e resolveram se rebelar. Será o sumiço de uma nave maqui que vai levar a Voyager a fazer a sua missão de localização. Para isso, um dos tripulantes será justamente um prisioneiro, que podemos colocar em discussão até onde ele seria um preso político ou não, que é Tom Paris. É curioso notar a posição de Tuvok no contexto, pois ele é um agente da Federação infiltrado no grupo maqui de Chakotay, assim como a rixa desse com Paris, pois Chakotay vê Paris mais como um mau caráter mercenário. Ao final do episódio, a tripulação da Voyager contará com membros da Federação e maquis sendo obrigado a trabalharem juntos. Essa rivalidade poderia ser mais bem trabalhada ao longo das temporadas, é verdade, mas sentimos um clima pesado entre os personagens nesse episódio piloto. A distopia, contudo, encontraria mais espaço ao longo da série, pelo fato da Voyager ter que atravessar o desconhecido quadrante delta, um espaço com várias regiões sob domínio borg, e a capitã teria que lançar mão de expedientes pouco virtuosos em várias situações.

Com relação ao roteiro, creio que, se o compararmos com os roteiros dos demais episódios pilotos, ele foi muito bem. Se em TNG e DS9 anotamos algumas descontinuidades, aqui a história fluiu muito bem, inserindo bem a apresentação dos personagens na trama, sem direito a barrigas. A ideia de uma civilização avançada que se sente responsável por tutelar outra, pois seu planeta sofreu um sério acidente ecológico por culpa da primeira civilização trouxe elementos a se questionar. Ocampas que eram tratados com todos os recursos, enquanto que os kazons ficavam à míngua. A gente se pergunta até que ponto isto é justo ou não. E também a gente se pergunta até onde os kazons ficaram mais agressivos por viverem em tais condições inóspitas. No fim das contas, Janeway opta por novamente tutelar os ocampas, destruindo a estação do guardião, impedindo que os kazons tivessem acesso à tecnologia, o que poderia destruir os ocampas. Toda essa interferência de Janeway ia radicalmente contra a Primeira Diretriz, mas a capitã justifica sua atitude dizendo a Tuvok que eles já estavam envolvidos demais naquela questão entre essas duas espécies e não havia como ficar neutra. Nada como estar a setenta mil anos-luz da Federação para, mais uma vez, atropelar a Primeira Diretriz. Pelo menos, a capitã buscou retomar o tom solene e utópico da Federação ao fim do episódio, dizendo à sua tripulação que, na viagem de volta, o espírito de exploração continuaria, embora agora haja uma causa maior, que é a de se buscar meios para voltar para casa. Pelo menos, na violação da Primeira Diretriz, houve uma causa nobre, que foi se sacrificar a volta mais rápida para casa para salvar os ocampas. Mas sempre fica aqui a pergunta: os kazons também não têm direito a uma qualidade de vida melhor? O roteiro diz que não, usando o fácil expediente de demonizar toda essa espécie. Fica uma certa sensação de frustração, pois essa questão poderia ter sido mais bem relativizada. Entretanto, optou-se por se criar um inimigo para a tripulação da Voyager, que seria seu antagonista por vários episódios vindouros das primeiras temporadas.

Dessa forma, “O Guardião”, a uma primeira vista, parece ser um bom episódio piloto para Voyager. Uma história que flui bem, apresenta seus personagens sem criar barrigas no episódio, e coloca de cara uma questão acerca da Primeira Diretriz. Tudo isso num ambiente em que a distopia novamente poderá destilar suas cores. Resta a gente analisar, nos próximos episódios da série, até onde a utopia aparece também.

Caretaker (episode) | Memory Alpha | Fandom
O guardião…