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Batata Séries – Jornada nas Estrelas Picard (Episódio 8), Fragmentos. Terapia De Grupo.

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Sete de Nove como Borg, o melhor momento do episódio…

O oitavo episódio de “Jornada nas Estrelas Picard” intitulado “Fragmentos” mais pareceu uma terapia de grupo. Depois dos dois bons fan services dos episódios anteriores, “Fragmentos” apresentou um obrigatório amarrar de pontas soltas, mas isso foi feito com doses exageradas de melancolia e clima altamente depressivo, pois juntou toda uma vibe um tanto tristonha e amargurada de três personagens numa única nave. Pelo menos, houve alguns contrapontos que puderam fazer o pesado episódio fluir com um pouco mais de suavidade. Para podermos entender o que aconteceu, spoilers serão necessários.

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Um ritual doentio…

O episódio começa com um ritual meio místico, meio rúnico (bem ao espírito de Alex Kurtzman) há quatorze anos (isso, mais um flashback de início de episódio), num planeta cercado por oito sóis (algo impossível, pois a violenta energia gravitacional num lugar como esse inviabilizaria a existência de vida e do próprio planeta) de nome Aia, que teve uma civilização muito antiga. Essa civilização antiga teria deixado uma “advertência” que seria justamente o perigo de se criar formas de vida sintéticas que acabariam destruindo a todos (uma ressurreição do antigo mito de Frankenstein, que Asimov rechaçou com seus romances sobre Robôs na primeira metade do século XX). Quem comanda o ritual rúnico é a orelhuda comodoro Oh, que agora sabemos, é uma mestiça romulana/vulcana. O Zhat Vash teria nascido dos ancestrais romulanos que teriam sobrevivido a advertência. Aquele grupo liderado por Oh tem a incumbência de evitar uma leva de destruidores que podem acabar com tudo. No grupo, vemos Rizzo e Ramdha, que agora sabemos que é a tia de Rizzo. As mulheres do ritual devem ver a advertência e sairão fortalecidas se conseguirem sobreviver a terrível visão. A grande maioria delas morre, cometendo suicídio (explodindo a cabeça com phasers ou mesmo pedradas). Confesso que esse foi um momento demasiadamente desagradável para mim. Jornada nas Estrelas, nos longínquos tempos utópicos, era uma série otimista com relação ao futuro. Agora, como se não bastasse uma distopia instaurada, ainda temos que ver cenas altamente inquietantes de desespero e suicídio coletivo. É nessas horas que a gente sente que essa distopia em “Jornada nas Estrelas” pode estar indo longe demais. Notemos duas coisas nas cenas da advertência: além de toda uma destruição, vemos rapidamente Data de relance e um gato (seria Spot, o gato de Data?). Bom, de toda essa loucura inicial do episódio, somente Rizzo escapou incólume à visão. Sua tia Ramdha também escapou mas, como já sabemos, ficou meio lelé. Oh e Rizzo conversam e a comodoro diz que vão começar a deter os sintéticos em Marte, ficando claro que o ataque dos sintéticos no planeta vermelho foi coisa do Zhat Vash.

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Não! Ela de novo nããããão!!!!

A história corta para o tempo presente da série e vemos Rizzo conversando com sua tia Ramdha inconsciente, dizendo que ela descobriu o ninho de sintéticos. Depois, ela fala com seus subordinados perguntando sobre a localização de Elnor. O romulano élfico foi encontrado e será perseguido. Começam as cenas de caratê que só são interrompidas quando Sete de Nove aparece subitamente passando fogo em todos os romulanos que atacam Elnor. Ela pergunta por Hugh e o que está acontecendo no cubo, com a resposta de Elnor sendo um forte abraço em Annika. Só para deixar esse texto datado, não há prevenção a coronavírus que resista a um abraço tão desejado desses. Começa a abertura.

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Eu também daria um abraço desses, mesmo com coronavírus…

Após a abertura, vemos um Rios embasbacado olhando para Soji, sendo acordado aos berros por Picard, que pede que ele consiga um canal para a Frota e trace um curso para a Base Estelar 12. Rios diz que vai fazer isso e que depois vai cair fora, fazendo uma birrazinha. Raffi implica com Soji em virtude do ocorrido com Jurati e chega a apontar uma arma para a moça. Mais uma instabilidade dessa personagem que num momento melhora, noutro piora. Picard não acredita muito nas desconfianças de Raffi para com Soji, mais uma vez fazendo o papel de velhinho enganado (parece que o Picard das antigas não voltou de todo, mesmo com o puxão de orelha de Troi no episódio anterior). Ele somente escuta Raffi quando esta diz que ela e a unidade médica de emergência de Rios acreditam que Jurati matou Maddox. Mas, mesmo assim Picard custa a acreditar nos dois, o que é um pouco irritante. Raffi acaba dando uma argumentação convincente sobre Jurati e sobre não confiar cegamente em Soji e a única reação de Picard é ficar com cara de pastel. Para piorar, Picard entra em contato com a comandante em chefe boca suja da Frota Estelar pedindo um esquadrão. A comandante em chefe concorda mas não sem dizer um “cala essa porra dessa boca” para o almirante. Mais esculhambações para cima do protagonista da série com direito a muita baixaria. Pelo menos, Picard disse que se ela não o ajudasse ela seria uma inutilidade. Mas confesso que nunca mais queria ver essa personagem na minha frente e essa infeliz foi usada mais uma vez na série. O mais deprimente é ver Picard batendo a palma da mão na outra como se dissesse “consegui!” depois da queda de braço da comandante em chefe. Isso não seria uma atitude de um Picard de TNG. Parece que ele está numa posição muito inferiorizada. Será que o ostracismo da aposentadoria vai ser tão pesado no século XXIV como o é no século XX?

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Conversando sobre Data…

Raffi procura Rios para conversar sobre suas teorias sobre Jurati e Soji, mas este encontra-se confinado. Cabe a Raffi então conversar com todos os cinco hologramas de Rios, o que nos ajuda a ver todo o talento de Santiago Cabrera, que interpreta seis personagens e serviu como uma espécie de alívio cômico responsável (não como o carnavalizante de Star Dust City) nesse núcleo da La Sirena, que ficou muito melancólico e depressivo nesse episódio.

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Um capitão perturbado…

Voltando para o cubo, Rizzo descobre o comunicador dos Rangers de Fenris no chão e descobre que Sete de Nove está no cubo junto com Elnor. Os dois estão nos aposentos da rainha borg e Sete de Nove quer formar uma espécie de microcoletividade para acionar os borgs para lutar contra os romulanos. O problema é que se esses borgs e a própria Sete de Nove forem assimilados, pode ser que eles não queiram se desassimilar. Rizzo, ao perceber a regeneração do cubo, segue a sugestão de seu centurião de ordenar o lançamento dos borgs para o espaço.

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Hologramas, hologramas e hologramas….

Voltando a La Sirena, Picard e Soji comem e o almirante escuta a crise existencial de Soji com relação à dúvida de se suas memórias são delas mesmo ou são implantes de outras pessoas, ao melhor estilo Blade Runner. Picard retruca dizendo que ela tem um passado a recuperar. Soji acha que Picard se refere a Data e os dois começam a conversar sobre o robô de TNG, onde Picard vai se lembrar de todas as virtudes do amigo. Essa conversa pode ser vista como um mini fan service, pois ajudou também a aliviar o clima pesado da nave e ajdou a aproximar Soji de Picard. Ela, inclusive, disse ao almirante que Data o amava, para uma certa perplexidade de Picard.

Nas conversas de Raffi com os hologramas de Rios para se descobrir a total inquietação deste último, surgiu uma coisa que incomoda demais. A questão do sistema estelar óctuplo seria impossível e ele somente ocorreria se fosse construído artificialmente. E aqui caímos na questão da ficção científica demasiadamente fantasiosa que acaba se tornando boba e pueril. Por mais avançada que uma civilização seja, soa muito estranho ela ter a capacidade de unir oito sóis e um planeta somente para chamar a atenção para a advertência. É implausível demais, mesmo para os vôos mais pirados de ficção científica, o que torna a história boba de tão espetaculosa. Outro dispositivo bem mais simples poderia ser utilizado para se chamar a atenção para essa advertência. É claro que Jornada nas Estrelas já fez uns vôos meio loucos, mas este meio que ultrapassou todas as escalas. Coisa de rede micelial para baixo. Ainda, uma civilização tão desenvolvida a ponto de juntar oito estrelas e um planeta num sistema seria destruída por robôs? A coisa não encaixa muito. Bom, na conversa que Raffi tem com os cinco hologramas de Rios (um dos melhores momentos do episódio), ela descobre que Rios teve um problema pregresso com uma moça chamada Jana e o capitão de Rios nos tempos de Frota Estelar, Alonzo Vandermeer, que teria se suicidado. Mas somente Rios sabe o real motivo.

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Uma lembrança amarga…

Picard conversa com Jurati quando esta acorda e fala que a moça deverá se entregar às autoridades na Base Estelar 12 pelo assassinato de Maddox. Ele não entende por que ela o matou e Jurati falou do encontro que ela teve com a comodoro Oh e de como sua mente foi envenenada pela comodoro, mas não consegue falar sobre isso em virtude de um bloqueio psíquico colocado nela. Jurati ainda diz que a única forma dela aliviar essa dor das visões terríveis que tem é pensando em suicídio todos os dias (mais uma pensando em suicídio, ratificando o clima pesado do episódio). O mais curioso é que, mesmo com o bloqueio imposto a mente de Jurati, ela conta toda a história para Picard: que as visões horríveis foram implantadas por uma civilização que viveu milhares de séculos atrás, que tudo foi culpa dos sintéticos e que eles devem ser detidos para que… aí Soji entra dizendo que é para que Seb-Cheneb, a destruidora (ou seja, ela mesmo, Soji) não triunfe. Jurati aproveita a oportunidade para conversar com Soji e fica maravilhada com suas características humanas (fome, sede, sono, sonho, choro, etc.), assim como as imperfeições no corpo de Soji (pintas, manchas, um dedinho torto, etc.). Jurati diz que Soji é uma obra-prima e a moça pergunta se ela é uma pessoa, deixando a Jurati sem saber o que dizer, realçando o drama existencial da andróide. Soji sabe que Jurati foi mandada por Oh para matá-la. Mas Jurati disse que, depois de conhecer Soji, que jamais a mataria. Esse diálogo foi um tanto tenso em alguns momentos, mas acabou apaziguador, outro elemento para aliviar o clima pesado da nave.

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Uma vilã que quase foi linchada…

Enquanto Jurati e Soji conversam, Raffi consegue furar o bloqueio de Rios e os dois conversam sobre Vandermeer, o capitão que Rios via como um pai. Rios e seu capitão estavam na nave Ibn Majid quando detectaram uma pequena nave com apenas dois passageiros, estabelecendo um Primeiro Contato. Os dois tripulantes eram um embaixador que respondia pela alcunha de Flor Bonita (hein???) e sua pupila, Jana (que é a cara da Soji e trouxe a história de Vandermeer à tona na memória de Rios). Pois bem. Algumas horas depois de desembarcar na Ibn Majid, Vandermeer matou os dois a sangue frio por ordem da Federação por serem sintéticos. Caso Vandermeer não fizesse isso, a Ibn Majid seria destruída. Rios criticou severamente a atitude de Vandermeer que se suicidou com um tiro de phaser na boca. Rios encobriu tudo para que a Frota não soubesse o motivo do suicídio e a Ibn Majid não sofresse alguma represália (aqui fica a dúvida: Vandermeer cumpriu as ordens da Frota e se matou. Por que a Ibn Majid seria punida pelo suicídio de Vandermeer? Ficou um pouco mal contada essa histõria). Algum tempo depois, Rios foi dispensado por disforia traumática. E agora conhecemos toda a melancolia do capitão da La Sirena. Pesadíssimo, não? Provavelmente, esse foi o episódio que mais abordou a questão do suicídio de toda a franquia.

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Conversa entre Jurati e Soji foi reconfortante para as duas…

Todos se reúnem na La Sirena para conversar e Raffi e Picard falam aos demais sobre a advertência, ao desejo de destruição de andróides pelo Zhat Vash, e a infiltração de Oh como espiã na Frota Estelar depois da construção de Data pelo Dr. Soong. O Zhat Vash provocou o ataque a Marte. Ainda, o diplomata assassinado por Vandermeer seria do planeta dos andróides onde Maddox os construía. O Zhat Vash achou esse mundo depois que Soji deu mole para Narek. Isso irritou a moça andróide que esmurrou a mesa onde conversavam. Soji sequestra a nave, colocando um campo de força na ponte e tentando acionar a nave para ir ao planeta dos andróides. Rios canta uma canção de ninar em espanhol de sua mãe que desativa o campo de força. Picard pede que Rios vá para onde Soji quer ir e senta na cadeira de capitão para tentar ativar a nave, mas não consegue pilotá-la. Mais uma cena para desvalorizar escandalosamente o protagonista da série. Rios aciona a dobra e La Sirena parte para o planeta dos andróides.

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O desejo por suicídio nesse episódio é perturbador…

No cubo borg, chegam várias naves romulanas para partir para o planeta dos sintéticos. Rizzo quase é linchada pelos xBs mas se teletransporta. As naves romulanas partem para o mundo dos sintéticos. Sete de Nove facilmente se desassimila e ela e Elnor assumem o cubo.

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Uma conversa para amarrar as pontas soltas da série…

Na La Sirena, Picard conversa com Rios sobre como superar o medo e a traição com otimismo, franqueza e curiosidade, sendo esses os passos para a construção do futuro. Essa boa conversa onde se lembra que Jornada nas Estrelas é utopia e otimismo é interrompida por Soji que diz que eles chegaram. A La Sirena sai de dobra e entra por uma espécie de portal, seguida por uma nave. Seria Narek? Fim do episódio.

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Mais um vexame desnecessário…

Quais são os pontos positivos desse episódio? Toda a parte do cubo borg, que teve algumas cenas de ação, mas que foi tomado por uma Sete de Nove que quase se assimilou e ficou com um exército de borgs à disposição. Alguns acham que a idéia dos borgs ejetados foi boa, pois depois seria complicado um cubo totalmente fora de controle nos dois últimos episódios. Eu confesso que preferia um cubo cheio de borgs como um elemento a mais nesses dois episódios finais. Outra parte boa do episódio foi o alivio cômico dos vários hologramas de Rios que, pouco a pouco, deram as pistas do passado do capitão e de sua melancolia. Aliás, esse foi o episódio que teve como função principal amarrar todas as pontas soltas para que tenhamos um bom desfecho em dois episódios. Ainda, as conversas entre Picard e Soji sobre Data,  Jurati e Soji, sobre a humanidade da última, e a conversa final entre Picard e Rios sobre esperança no futuro e otimismo, ajudaram a amenizar a coisa no ambiente pesadíssimo da La Sirena.

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Indo para o planeta dos andrõides…

E os pontos negativos? Em primeiríssimo lugar, a ficção científica barata e esdrúxula do sistema dos oito sóis. Sabemos que, às vezes Jornada nas Estrelas beira o inverossímil (viajar no tempo dando uma volta quase em dobra dez em torno do Sol, por exemplo). Mas pegar oito estrelas e juntá-las em torno de um planeta cheira a fantasia para lá de barata. Tudo tem um limite nessa vida e contar uma história nesses termos a deixa infantiloide demais. Outro problema: a forma agônica e suicida com que a tal da advertência é apresentada. Nunca um episódio de Jornada nas Estrelas evocou tanto a questão do suicídio, justamente uma série que é conhecida por ter uma visão otimista de futuro. O pessimismo doentio que vemos no ritual ocorrido neste sistema estelar artificial completamente inverossímil, competiu palmo a palmo com o pessimismo dentro da Sirena, com uma Jurati lançando mão de tendências suicidas para se livrar dos pesadelos da advertência e do trauma de Rios de ver seu querido capitão se matar na sua frente por causa do assassínio dos andróides. Dá uma vontade danada de fazer terapia.

Estamos na reta final. Dois episódios e um campo de batalha aparentemente montado. Vamos ver o que vem por aí…

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As visões malignas da advertência…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Picard (Episódio 7) Nepenthe. Pausa Para Um Earl Grey.

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O maior fan service dos últimos tempos…

O sétimo episódio de “Jornada nas Estrelas Picard” intitulado “Nepenthe” foi uma espécie de “pausa para um Earl Grey” na série. Esse também é o episódio conhecido pelo encontro entre Picard, Riker e Troi, muito esperado pelo fandom mais antigo. Para que a gente possa falar do episódio, vamos precisar de spoilers.

O episódio começa com um flashback de três semanas atrás, quando revemos o encontro entre Jurati e a Comodoro Oh, com o objetivo de nos explicar por que Jurati passou a ser uma garotinha do mal. Oh mostra a Jurati, através de um elo mental, o que vai acontecer caso haja a existência de vida sintética e Jurati vê muita destruição. Jurati então recebe uma espécie de menthos (já que deve ser mastigado) que é uma espécie de rastreador e escuta de Oh que ela terá que fazer um sacrifício imenso.

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Pares de conversas: Picard e Riker…

Voltamos para a data presente. Rios e Raffi tentam se livrar do raio trator do cubo borg e Jurati fala para eles entrarem em contato com os romulanos e pedir para serem liberados, já que os romulanos querem a andróide (Soji) e destruí-la. Já no cubo borg, Rizzo interroga Hugh que se recusa a cooperar e a romulana executa vários ex-assimilados. Narek, por sua vez, pega uma nave e vai à caça de Soji. Inexplicavelmente, Rizzo solta a nave de Picard (provavelmente um truque, como disse Raffi). Jurati, arrumando um pretexto para não irem adiante, pergunta sobre Elnor, que está com Hugh no cubo (Rizzo poupou Hugh por causa do tratado dos romulanos com a Federação). Rios se comunica com Elnor e este diz que vai ficar no cubo, pois precisam dele lá. A nave entra em dobra sob o olhar de reprovação de Jurati.

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… Picard e Troi (com direito a esporro construtivo)…

Após a abertura, estamos em Nepenthe onde Picard e Soji chegam. Eles são recepcionados por Kestra, filha de Riker e Troi, e a menina logo faz amizade com Soji, que sempre está arredia com todo mundo e não confia em ninguém, o que é perfeitamente justificável. No meio da conversa, surge a suspeita de que Soji é filha de Data e ela é andróide, o que deixa a moça agitada. Picard tenta tranquilizá-la, mas precisa dizer a verdade, mencionando que Dahj, a irmã de Soji, está morta, o que deixa a andróide ainda mais confusa e desconfiada. Eles chegam à casa de Riker e Troi e ocorre o tão esperado encontro, que lembra demais o encontro entre Picard e Kirk no Nexus em “Generations”. Riker, sabendo que a presença de Picard ali não é algo normal, aciona todas as defesas da casa, como um bom “Number One”. Kestra conversa com a androide sobre Data e de como ele queria ser humano, onde fica claro que Soji é uma versão mais desenvolvida do que Data, pois tem muco. Já Picard e Troi conversam sobre Thad, o filho do casal que faleceu. Ou seja, estamos vendo que pelo menos houve uma preocupação de se dar uma vida pregressa a Troi e Riker em sua vida de casados, o que foi algo muito bom, bem ao estilo de um bom fan service mesmo. Picard diz a Troi que não vai ficar muito tempo e que, assim que definir o próximo passo de sua missão, ele vai embora, até para não colocar o casal e a filha em risco.

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…Picard e Soji (com direito a conflito)…

Na Sirenna (nave de Rios) eles percebem que são seguidos por Narek e tentam despistá-lo. Jurati começa a questionar a tripulação se eles querem mesmo ir para Nepenthe e eles a recordam da missão. Raffi relembra quando a conheceu dizendo que Jurati estava doida para ir a missão mas agora, que parecem estar cada vez mais perto de Soji ela quer se afastar. Jurati, então, dá um piti dizendo que quer voltar para casa. Ou seja, ao invés de tentar deter a missão com alguma artimanha, começa a fazer uma birra tal como uma criancinha mimada que mais desperta suspeitas do que qualquer outra coisa. Tudo bem que essa possa ser uma personagem sugestionável e emocionalmente instável, despreparada para uma pressão, mas isso poderia ter sido mais bem trabalhado aqui, onde ela seria desmascarada no futuro depois de tentar algumas sabotagens. Mas o que vemos? A “titia” Raffi a levando para, na cozinha, comer um bolo (???). Definitivamente, muito esquisito e, talvez, até mal escrito.

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… Kestra e Soji (com direito a voto de confiança)…

Em Nepenthe, Riker tenta arrancar de Picard o porque dele estar viajando por aí e o almirante, por medo de envolver o casal, não quer dizer. Mas Riker deduz tudo depois de ver a filha com Soji, que decorou um dicionário de uma língua imaginaria de 300 paginas em dois minutos e de Soji dar uma balançadinha com a cabeça (que ela até então não tinha feito na série toda). Soji e Troi conversam e trocam figurinhas, A conselheira fala dos filhos e da perda de Thad em virtude da proibição dos sintéticos, pois a doença que matou o filho poderia ter sido tratada se, na época, uma matriz positrônica específica pudesse ter sido inventada, algo que não aconteceu por causa da proibição dos sintéticos. Já Soji falou de seu relacionamento com Narek e de como foi enganada, não podendo confiar em ninguém. Picard se mete na conversa tentando convencer a andróide e o clima esquenta, com a moça saindo e dando um empurrão no almirante. Troi, então, dá um esporro em Picard, dizendo que, para Soji, é normal que ela desconfie de tudo e de todos, dada a sua vida pregressa. Picard pergunta o que fazer e Troi diz que ele precisa ser o velho Picard. Ou seja, mais uma vez Picard tomou um esporro, se bem que, dessa vez, a coisa valeu, pois Troi pediu para ele ser o Picard das antigas e não esse Picard que os novos roteiristas acham que ele deve ser (lembremos que essa é uma série escrita a várias mãos). Só incomoda a atitude um pouco intrusiva e até agressiva de Picard para com Soji, o que sai completamente do personagem, somente para justificar um esporro de Troi para cima do almirante. Foi forçado e poderia ter sido feito de jeito bem mais sutil.

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Uma vilã muito instável…

No cubo borg, Hugh e Elnor maquinam um plano para tomar o cubo, mas Rizzo aparece e diz que agora pode matar Hugh por violação do tratado e insurreição, o que acaba acontecendo depois de uma cena de ação de luta. Quero fazer um parênteses aqui. Essa morte de Hugh foi simplesmente revoltante. Depois de tudo o que vimos no episódio anterior, onde Picard e Hugh tiveram seu reencontro, Picard se livrou de seu preconceito contra os borgs ao ver o projeto de desassimilação de Hugh, depois de virmos uma mostra, em tudo isso, dos bons ideais da Federação, no episódio seguinte Hugh é morto. Parece que os escritores dessa série estão querendo esfregar na cara dos fãs mais antigos que a antiga utopia das séries está morta e agora vamos ter que engolir todas essas distopias. E se faz isso matando os personagens antigos de cunho mais idealista. Não sei se vocês perceberam, mas no espaço de dois episódios, três personagens das séries antigas foram mortos de forma violenta (Icheb, Maddox e Hugh), como se fossem algo completamente descartável, mas não o são. Todo o aprendizado de Icheb com Sete de Nove e de Hugh com a Enterprise não é algo para ser jogado fora assim de forma tão mundana. Foi muita sacanagem o que fizeram. E nem serve a desculpa de que Sete de Nove voltará no próximo episódio para comandar o cubo borg e Hugh não ser mais útil para poder matá-lo. Que os escritores encontrem uma função para ele.  O pessoal que escreve essa série tem que perceber que os fãs mais antigos é que mantêm a franquia de pé. Não sei se fãs mais novos terão disposição para fazer isso se não houver algo que ligue essas duas gerações de fãs. Se não houver esse cuidado, a franquia está condenada à morte, pois não se pode fazer uma série só para um fandom ou outro.

Na Sirenna, Raffi e Jurati conversam sobre os traumas da última quando esta vomita, ao mesmo tempo que Narek volta a rastreá-los. Rios conversa reservadamente com Jurati e ele diz a moça que desconfia que Raffi está sendo rastreada. Jurati, em desespero, sintetiza uma substância tóxica e injeta nela mesma para anular o efeito do rastreador de Oh e entra em coma. A estratégia desesperada dá certo, pois Narek perde o sinal da Sirena.  De volta a Nepenthe, Picard vai convencendo Soji a acreditar nele sobre a missão que ele tem e ela fala da visão do planeta das duas luas. Restava somente descobrir a localização dele, o que Kestra acabou fazendo no seu “celular”.

No cubo Borg, Elnor encontra um dispositivo de envio de SOS para os Rangers de Fenris que ele aciona.

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Morte de Hugh. Cada vez mais não suporto esses produtores e roteiristas…

Picard diz a Riker que finalmente a Sirenna entrou no alcance das comunicações e que estava preocupado com ela. Nesse ponto, começa uma conversa dos dois sobre a nova tripulação de Picard. O almirante diz que ela é bem “heterogênea” e que os tripulantes fazem muito drama, parecendo ter mais problemas que os membros da tripulação da Enterprise. Essa parte parece outro fan service aos mais antigos, comparando a tripulação antiga da Enterprise com a tripulação da Sirenna, muito mais mimizenta. Os dois ficam sentados à beira do lago, numa conversa bem amável e que faz bem para os fãs. Kestra diz a Soji que ela poderia ter o Picard como família. Ao se despedirem, Picard dá um beijo no rosto de Riker e Troi, algo mais marcante numa cultura anglo-saxônica do que latina, e Kestra dá de presente sua bússola quebrada a Soji, dizendo que é só fingir que funciona. Os dois são teletransportados e uma cadeia montanhosa que lembra o guardião da eternidade fecha o episódio.

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Vem com a “titia” Raffi….

Quais são os pontos positivos? Obviamente o encontro de Picard com Riker e Troi, sendo esse um episódio que pouco contribuiu para o andamento da história mas foi  um delicioso fan service. A forma acolhedora com que Riker e Troi receberam Picard teve direito a vários bons momentos, que vão das chacotas de Picard e Riker à nova tripulação do primeiro, chegando até a bronca de Troi apesar da situação forçada para isso. A vida pregressa do casal, marcada pela filha Kestra e pelo falecido filho Thad foi algo bem importante para não haver uma lacuna na vida do casal Riker-Troi. Outro ponto positivo foi o relacionamento Kestra-Soji, que ajudou a desenvolver uma confiança maior na última com relação a Picard. É interessante perceber como houve a atenção em se formar pares de interlocutores aqui: Picard-Riker, Picard-Troi, Picard-Soji, Kestra-Soji, Troi-Soji, o que ajudou muito a costurar todo o relacionamento na casa.

E os problemas? Em primeiro lugar, Jurati. Ela, ao invés de se revelar uma boa antagonista e tentar sabotar a missão de Picard, se comportou como uma garotinha mimada e foi consolada pela “titia” Raffi comendo um pedacinho de bolo. Além disso, vomitou umas três vezes no episódio. Eu não entendo tamanha necessidade de vergonha alheia por parte desses roteiristas. Pelo menos a moça teve uma atitude nobre injetando uma substância tóxica para neutralizar o rastreador, entrando em coma.

Agora, a pior coisa foi a morte completamente despropositada de Hugh, um personagem de TNG querido pelo fandom e que mostrou  todo o espírito da Federação com Picard no episódio anterior. A morte desse personagem revela a falta de cuidado e de tato com o fandom mais antigo, assim como prova que esses novos roteiristas não fizeram o dever de casa e não imergiram em todos os mais de setecentos episódios da série (sim, é uma tarefa grande mas obrigatória para quem se presta a escrever sobre Jornada nas Estrelas). São coisas como essa que põem em risco o futuro da franquia e que despertam muitas críticas.

Após esse hiato onde pouca coisa aconteceu, agora Picard vai para o planeta natal de Soji e entramos na reta final da temporada. Vamos ver o que vem por aí.

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Por mais abraços como esse na série…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Picard (Episódio 6), A Caixa Impossível. Encontro de Núcleos.

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Traumas do passado…

O sexto episódio de “Jornada nas Estrelas Picard” intitulado “A Caixa Impossivel” pode ser considerado como um ponto de virada da série, pois ele finalmente marcou o encontro dos dois núcleos da série, ou seja, o de Picard e sua trupe e o do cubo borg. E foi um episódio que deu um indício de que, finalmente, as coisas estão se ajeitando e os problemas estão diminuindo, ainda que haja algo mais esquisito aqui ou ali. Para podermos falar sobre o episódio, vamos precisar de spoilers.

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Sem vontade de entrar no cubo…

O episódio começa com Soji tendo um sonho (ou seria um pesadelo?) onde ela vê o seu pai numa cozinha atrás de flores. Repentinamente, ela acorda e Narek, que está na cama com ela, pergunta o que aconteceu e ela disse que teve um sonho. Ai começa toda aquela balela de conversa desse casal extremamente chato que confia desconfiando um do outro. Soji diz que os romulanos são muito desconfiados, qual é o verdadeiro nome do Narek, que o Narek acha que ela é uma impostora, etc., etc., numa DR torturante que parece não ter fim.

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Alucinações…

Na nave de Picard, Jurati procura manter o seu disfarce e diz para o almirante que não foi possível salvar a vida de Maddox. Elnor entra na conversa e os três discutem sobre Soji, sobre ir ao cubo borg e sobre o passado de Picard como Locutus, o que abala esse último e mostra sua posição intolerante sobre os borgs. Mas a melhor coisa dessa parte é que Elnor nota que Jurati também está atormentada com algo, o que revolta a médica, ou seja, o romulano deslocado que era mais um segurança privado do Picard começa a ter alguma importância na série. No holodeck simulando a vinícola, Picard, ainda atormentado pelo passado de Locutus, faz uma pesquisa no computador sobre os borgs e acha a imagem de Hugh, tanto do passado quanto do presente, e, depois vê sua imagem de Locutus, ficando ainda mais atormentado.

Passada a abertura, vemos Rios fazendo umas embaixadinhas com uma bola de futebol (pelo menos é melhor do que fumar um charuto e tomar um goró) quando Jurati aparece. Ela se faz de coitadinha, joga uma conversa ao estilo da Tilly, ele oferece um goró (como não podia deixar de ser) e rola uma pegação entre eles. Ou seja, está parecendo que Jurati faz isso com a nítida intenção de seduzir Rios e ficar com o dono da nave nas mãos.

De volta ao cubo borg, Rizzo brinca com um cubo mágico do Narek (nada mais conveniente inclusive, brincar com um cubo mágico dentro de um cubo borg) e Narek fica todo enciumado dizendo que o cubo não é um brinquedo, mas uma ferramenta que o ajuda a pensar. Ele diz, também, que está fazendo progressos com Soji, falando do sonho recorrente da moça e se perguntando por que ela foi programada para sonhar. Narek diz que o sonho ajuda Soji a se ver como humana e a bloqueia a procurar a sua realidade como andróide, sendo o sonho uma espécie de conciliação entre sua vertente humana e mecânica que esconde dela essa última. E, através de seus sonhos, Narek pode acessá-la sem acionar a sub-rotina de autodefesa e saber onde fica seu planeta natal, que é a informação que ele e Rizzo buscam. Ou seja, uma tecnobabble para justificar o ato de Narek acessar a informação que quer sem ser detonado por Soji.

Na nave, eles estão chegando a espaço romulano e Picard, já sabendo da presença de Hugh no cubo como o diretor do Projeto de Recuperação Borg, que é independente por tratado, diz que precisa somente de uma autorização da Federação para entrar no cubo. Para conseguir a autorização, ele vai precisar da ajuda de… Raffi!!! Mas a mulher está um caco, completamente deprimida e bêbada depois do contato desastroso com o filho. Mais uma vez estão tentando esculhambar essa personagem que apresentou uma considerável melhora do penúltimo episódio para cá. É perfeitamente compreensível esse estado depressivo de Raffi, mas colocá-la bêbada com uma garrafa de goró nas mãos e fumando suas florzinhas alucinógenas (o que, inclusive, constrangeu o próprio Picard) beirou o caricato e caiu muito mal para a série e para a personagem. Se foi um alívio cômico, foi uma piada de péssimo gosto. Se foi para aumentar a dramaticidade da personagem, foi um tiro de caricatura que nem a atriz nem a personagem mereciam. Mas, pelo menos, Raffi usou de toda a sua persuasão e inteligência para conseguir a autorização para Picard, que respirou aliviado. Se isso foi um ponto para Raffi, poderia ter sido uma oportunidade para o próprio Picard, com sua lábia, diplomacia e inteligência, conseguir a autorização para si com ele mesmo negociando toda a questão. Alguns poderiam argumentar que Picard estaria com  o filme muito queimado para isso, mas Raffi também não estaria? Pois bem, a justificativa era que Raffi conhecia uns podres da membro da Federação que poderia arrumar a autorização. Mas aí, Picard também poderia saber desses podres e chantagear a membro da Federação. Mas como Picard é o único membro imaculado da Federação, talvez ficasse mal ele chantagear. Enfim… Um problema aqui é que a membro da Federação inicialmente não queria ajudar Raffi alegando que os romulanos estariam de mal humor há 250 anos. E a aliança entre a Federação e os romulanos na guerra do Dominium em DS9? Se esqueceram completamente? Ou os roteiristas de Picard não fizeram o dever de casa e não assistiram todos os mais de setecentos episódios da franquia, o que era o mínimo que tinham que ter feito? Bom, pelo menos algumas coisas ficaram legais nessa sequência: Raffi sendo aplaudida por Picard e depois ela sendo amparada por Rios até seus aposentos (dando uma oportnidade para os dois compartilharem suas dores do passado), além de vermos uma Jurati irada com o êxito de Picard conseguir acesso ao cubo borg.

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Raffi, a decadente…

No cubo borg, Soji diz a Narek que teve o mesmo sonho e que falou com a mãe, adormecendo quando fala com ela. Narek disse então que todas as comunicações do cubo são monitoradas e que todas as comunicações de Soji com a mãe duram exatamente 70 segundos, num sinal de que Narek está jogando para manipular Soji futuramente. De qualquer forma, Soji novamente se comunica com a mãe que sugere que ela vá dormir pois está muito cansada do trabalho e Soji mais uma vez cai no sono, sendo “desativada”. Quando Soji acorda, ela pega todas as suas lembranças (objetos pessoais, bichinhos de pelúcia, fotografias, etc.) e, depois de um scan, ela descobre que tudo tem uma idade aproximada de 37 meses, ou seja, mais replicante Blade Runner impossível. Quer dizer, ela descobre que é andróide. E por que não acionou sua rotina de autodefesa? Saber de algo que escondiam dela já não é motivo suficiente para ela se sentir ameaçada e acionar sua rotina de autodefesa?

A nave chega ao cubo e Picard vai sozinho para lá, apesar dos protestos de Elnor. Picard volta a ser atormentado por sua lembrança de Locutus. Ele quase cai de uma espécie de passarela, mas é amparado por dois “ex-assimilados” no último momento, quando encontra Hugh. E aí, tivemos o melhor momento da série até agora, onde Hugh, todo elegante, educado e fraternal, dá um baita de um abraço em Picard, onde finalmente vemos o almirante recebendo um tratamento à altura da lenda que é e não sendo esculhambado como havia sendo por outros personagens. Aliás, se pararmos para pensar um pouco, Hugh é o personagem mais virtuoso da série, num fim de século 24 onde as pessoas bebem, fumam, falam palavrão e se comportam num meio totalmente distópico. Hugh é a utopia e o espírito original da Federação em pessoa. Sei não, mas os fãs deveriam começar uma campanha para Hugh acumular os cargos de presidente da Federação e comandante em chefe da Frota Estelar. Quem sabe um spin-off do Hugh? Mais fofo ainda foi o Hugh falar do projeto de desassimilação, onde os ex-borgs recebem um nome novo e isso pode ser um passo para uma nova vida, tendo ele mesmo Hugh aprendido isso na Enterprise anos atrás. Esse é o fan service que queremos!!!

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Picard e Hugh, o grande momento da série até agora…

Picard fala a Hugh que está lá pela Soji e Hugh diz que suspeita que ela corre grande perigo pela aparição de Narek e de Picard atrás dela. Soji, por sua vez, conta toda a coisa dos seus objetos pessoais terem 37 meses de idade a Narek, ou seja, ela conta seu segredo mais íntimo se abrindo totalmente a uma pessoa que ela confia desconfiando. Definitivamente, é muito estranho esse relacionamento entre os dois, pois eles confiam desconfiando o tempo todo mas Soji entrega o ouro da forma mais inocente possível. Narek a manipula e diz que alguém pode estar implantando memórias falsas nela para que ela realize, de forma manipulada, uma missão sem saber. E Narek oferece ajuda para descobrir o que está acontecendo, atraindo Soji para a sua armadilha, que é uma espécie de meditação ou macumba romulana mesmo.

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Não vamos nos esquecer desse abraço por muito tempo…

Hugh mostra a Picard o projeto de desassimilação e o almirante fica impressionado com a escala do projeto, passando a ver os borgs de outra forma, acabando com seu preconceito e amenizando seu trauma. Hugh, por sua vez, acha que o projeto não é perfeito e que os ex-borgs continuam escravos, só que agora dos romulanos, e de como seria o máximo ver Picard lutando pela liberdade desses ex-borgs. Dessa parte, só tenho duas perguntas: seria isso um gancho para uma segunda temporada? E onde tem action figure do Hugh para vender? O único medo aqui é que haja um plot twist incomensurável e o Hugh se revele um verdadeiro traíra. Mas vou torcer muito para que isso não aconteça.

Narek e Soji vão para uma sala que mais parece um jogo de gamão gigante. Ele diz seu nome verdadeiro a ela para conquistar sua confiança e eles começam o ritual romulano doido. Soji começa a se lembrar do seu sonho com uns flashes que mais parecem extraídos de “O Chamado”, dando um quê de filme de terror a uma série de que diz de ficção científica. Numa outra sala, Rizzo rastreia os sinais vitais de Soji e escuta a conversa entre os dois. Já Picard e Hugh entram nos aposentos de Soji  e o encontram todo revirado. Picard suspeita que Soji esteja descobrindo quem realmente é e pede a Hugh que a localize no cubo borg, mas ele não a acha. Os dois suspeitam que ela está sendo escondida dentro do cubo.

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O fim de um casal chatérrimo???

Quando Soji entra no laboratório do pai e avança, ela se vê em pedaços em cima de uma mesa e, ao olhar para a clarabóia (sempre sob as ordens de Narek), vê raios com dois planetas vermelhos pairando no firmamento. Rizzo, entendendo que essa é a localização do planeta dos sintéticos, vai procurar mais detalhadamente. Narek diz a uma Soji confusa que ela não é real e a abandona com um beijo e lágrimas nos olhos (que triste!) não sem antes acionar seu cubo mágico que se abre e libera uma radiação letal. Trancada, Soji tem finalmente a sua rotina de autodefesa acionada (acho que ela não foi acionada antes, pois ela foi monga o suficiente para não perceber o que estava acontecendo) e destrói o chão de madeira para escapar. A melhor coisa que restou dessa sequência foi o fim desse malfadado relacionamento que, além de chatíssimo, era muito estranho com um casal cheio de dúvidas um com relação ao outro, mas trocando uma confiança que podia ser considerada muito infantil, dadas as circunstâncias.

Quando Soji caiu pelo buraco que ela abriu no chão, a moça apareceu no rastreador de Hugh e Picard percebeu, pela velocidade dela nos sensores, que ela tinha sido ativada. Os dois saem correndo atrás da moça, não sem um alivio cômico: Picard e Hugh passam por um ex-borg que pergunta ao almirante se ele é Locutus. Eles encontram Soji destruindo o teto de um deck. Picard conta a Soji a história de sua irmã e implora que a siga para salvá-la. Soji, sem opção, o acompanha, já que ela está sendo perseguida por um monte de romulanos a ordem de Narek. Hugh os leva para os aposentos da rainha borg, onde há um portal de fuga para a rainha que lembra muito o guardião da eternidade, pois ele pode transportá-los para um outro lugar com alcance de 40 mil anos-luz. Picard entra em contato com a nave e marca um ponto de encontro em Nepenthe (espero que Nepenthe não esteja a 40 mil anos-luz, pois a Vovager demoraria 70 anos para viajar 70 mil anos-luz no espaço; será que os roteiristas de Picard também não sabem disso? Acho que não). Mas Elnor não está mais na nave e aparece nos aposentos da rainha trucidando os três romulanos que já rendiam Picard, Hugh e Soji. Picard e Soji atravessam o portal e Hugh Elnor ficam para defendê-los, apesar dos protestos de Picard na permanência de Elnor. O episódio termina com romulanos cercando os dois e Elnor pedindo que estes “escolham viver”. Esse fim de episódio foi regado a muita ação com pouquíssimas lutas coreografadas (somente Elnor que matou uns três romulanos ali), sendo uma sequência de ação mais aceitável, baseada na tensão da fuga dos personagens.

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Encarando o passado…

Analisado o episódio, podemos fazer um levantamento dos pontos positivos. O encontro dos dois núcleos paralelos (o de Picard e o de Soji), que vai dar uma nova cara à série a partir de diante (ou, pelo menos, é o que eu espero). O reencontro de Hugh com Picard, que foi a melhor coisa da série até agora. A sequência de ação mais baseada no suspense da fuga do que em lutinhas bobas. O poder de persuasão de Raffi ao conseguir as credenciais para Picard. A cara torcida de Jurati ao ver que Elnor conseguia perceber o que a moça sentia e quando Picard consegue autorização para entrar no cubo. Os traumas de Picard com o passado de Locutus e sua redenção ao ver o programa de ex-assimilação dirigido por Hugh. A tentativa bem sucedida de sedução de Jurati para cima de Rios. E os pontos negativos? A forma caricata da depressão de Raffi com direito a garrafa de goró e cigarrinho eletrônico com florzinhas alucinógenas. Toda a parte de Soji com Narek, num relacionamento chato e sem pé nem cabeça em virtude do ato de confiar desconfiando. Ou seja, foi um episódio, a meu ver, com mais pontos positivos do que negativos. Esperemos agora que os quatro episódios finais dessa serie sejam mais instigantes e sem problemas do que este. Mas creio que houve uma melhora deste episódio com relação aos últimos.

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Despedaçada…

Batata Séries – Jornada nas Estrelas Picard (Episódio 5), Encrencas Em Stardust City. É Carnaval!!!

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Picard e seu disfarce cafona…

O quinto episódio de “Jornada nas Estrelas Picard” intitulado “Encrencas em Stardust City” é daqueles que vemos dois gêneros coexistindo. Há um momento breve que flerta com a galhofa, mas, ao mesmo tempo e na maior parte do episódio, a coisa foi bem soturna e novamente com um excesso de violência que, desta vez, até teve alguma justificativa, embora esse nunca seja o melhor caminho, ainda mais quando se trata da franquia “Jornada nas Estrelas”. Para podermos analisar o episódio, vamos necessitar de spoilers aqui.

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Rios e seu disfarce cafona…

O episódio começa com mais um flashback num planeta chamado Vergessen (essa palavra curiosamente é o verbo esquecer em alemão). Numa espécie de laboratório chamado Sete Domos, um tripulante da Federação tem seus implantes cibernéticos arrancados a sangue frio, numa tortura violenta. Dá para perceber que esse tripulante é um ex-borg assimilado. De repente, Sete de Nove aparece e executa os médicos que extraem os implantes do tripulante. Escutando a conversa dos dois, atestamos que esse tripulante é, nada mais, nada menos que Icheb (interpretado por outro ator diferente do da série Voyager) e este pede que Sete tire a sua vida em virtude do grande sofrimento. Sete, sofrendo muito, o mata com um tiro de phaser. Ou seja, um dos personagens secundários mais queridos de Voyager, foi eliminado em Picard, o que é algo revoltante, a meu ver. Esse personagem poderia ter sido bem mais aproveitado aqui nessa série, ainda mais por causa da presença de Sete de Nove. E, reza a lenda, o ator original de Icheb, o na época adolescente Manu Intiraymi, ao atuar juntamente com Jeri Ryan em Voyager, ficava altamente, digamos, estimulado ao ver a atriz naquele macacão justíssimo, e no intervalo das gravações, ele precisava, digamos, se aliviar um pouco. Assim, Icheb é o cara é um porta-voz dos desejos de toda uma geração de trekkers enlouquecidos por Sete de Nove e não merecia morrer daquele jeito. Lamentável.

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Sete de Nove, a badass!!!

O filme corta de um flashback de treze anos para um flashback de duas semanas, agora em Freecloud, em Stardust City, no Sistema Alphadoradus, numa espécie de night club. Bruce Maddox está lá (também interpretado por outro ator) conversando com  uma mulher chamada Bjayzl, que é a que extrai os implantes cibernéticos dos borgs para vender e que é a cara da conselheira Troi. Maddox diz que seu laboratório foi destruído, totalmente dissolvido e ele não terá como pagar o empréstimo que pegou com Bjayzl. Maddox ainda diz que acha que foi o Tal Shiar que destruiu seu laboratório. Logo após, caiu sedado pela bebida dada por Bjayzl.

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Sede de vingança…

Após a abertura do episódio, estamos no holodeck de Picard que reproduz a vinícola e ele recebe Sete de Nove no seu escritório. Ele lhe oferece algo para beber e a moça pede uísque (mais uma vez o álcool aparecendo como coadjuvante na série, parecia o Sr. Scott). A conversa entre os dois é tensa, pois Picard é contra os procedimentos justiceiros dos Rangers de Fenris dos quais Sete faz parte, mas ela diz que ela ajuda quem não tem mais qualquer tipo de ajuda. Foi uma conversa tensa, mas muito respeitosa a meu ver, e com argumentos puramente racionais. Tanto que Sete se dispõe a saber mais de quem Picard procura para salvar da morte, já que essa pessoa (Soji) também não tem mais quem a ajude. E, claro, dentro do espírito da série, Sete pediu mais uma dose de uísque para virar de uma vez de novo.

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Blade Runner 2049???

Na ponte, Raffi vê a ficha de um tal Gabriel Hwang. Vamos ver mais a frente que se trata de seu filho. Rios chega e os dois começam a conversar sobre Sete, de quem sabem pouco. O mais estranho é que Rios diz que o pouco que sabe de Picard (que ele já foi borg) ele esqueceu, como se fosse um bloqueio. Muito estranha essa parte. Bloquear o que já se sabe de uma pessoa? Uma prova de que há problemas no roteiro.

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Raffi prova um gosto amargo do próprio veneno…

Enquanto isso, Jurati vê vídeos dela com Maddo e descobrimos que os dois já foram amantes.

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Sete de Nove, frente a frente com a algoz de Icheb…

Ao chegarem a Freecloud, os tripulantes recebem vários avatares holográficos oferecendo serviços e, para desativá-los, você precisa acertá-los com um soco ou tapa, sendo o momento engraçadinho da coisa (um pouco desnecessário, talvez). Raffi localiza Maddox e vê que ele está envolvido e encrencado com o submundo. Quando surge o nome de Bjayzl, Sete de Nove fala que ela esquarteja ex-borgs para pegar as peças e que é procurada pelos Rangers há anos. Bjayzl vai vender Maddox para a Tal Shiar e ela é protegida por um grupo poderoso de capangas. Sete se propõe a ser entregue como isca a ser negociada para Bjayzl, já que esta deseja muito a ex-borg para lhe arrancar as peças.  

Chegando a Freecloud (que mais parece o cenário de Blade Runner 2049), vemos um Rios todo fantasiado bem ao estilo do carnaval que temos passado recentemente. Isso é idéia de Raffi, que diz que intermediários se vestem de forma extravagante em Freecloud. Apesar desse pequeno contratempo (Picard irá disfarçado com um tapa olho e foi um alívio cômico tão ruim e surreal que acabou ficando bom), Raffi fez um bom plano e estava mais estável emocionalmente que nos outros episódios, sendo a sua melhor aparição na série. Mas ela vai abandonar a tripulação para procurar o seu filho em Freecloud. O grande problema é que o pimpolho puxou bem a mãe e ficou cheio de mimimi porque ela abandonou a família na época do conflito dos sintéticos em Marte. Ele não acreditou na história de conspiração como a mãe acreditou e acabou sendo implacável com ela, praticamente chutando-a de sua vida. Isso vei fazer com que Raffi, ao final do episódio, volte para a nave e se isole num aposento, não querendo falar com ninguém, mas sendo bem recebida por Picard. Confesso que fiquei com pena da personagem, que sofre esse forte baque justamente num momento em que ela estava bem mais compreensiva com Picard e até ajudou a arquitetar o plano de resgate de Maddox.

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Maddox. Feito de gato e sapato até o destino trágico…

No night club, Sete é oferecida por Picard a Bjayzl em troca de Maddox. Quando Bjayzl vê Sete, Bjayzl manda seus capangas apontarem as armas, rendendo a todos e as duas começam a conversar sobre o passado. Sete já havia sido aprisionada por Bjayzl e agora procurava vingança. Num rápido movimento, Sete rende Bjayzl instantaneamente. Bjayzl manda que seus capangas abaixem as armas, pois a mão de Sete está sobre sua garganta e Picard percebe que foi usado por Sete para arquitetar um plano de vingança contra Bjayzl. Os mais críticos podem até dizer que Picard foi feito de bobo na história, mas, pelo menos, ele mostrou indignação em sua fala ao perguntar a Sete o que estava acontecendo. De qualquer forma, a cena ficou legal na versão badass de Sete. Sete conta a Picard a história de Icheb e este diz que a vingança e o assassinato não trazem alívio. Rios lembra que se Sete matar Bjayzl, Picard será perseguido por todos. Sete desiste de mater Bjayzl e volta para a nave com Picard e os outros. Sete diz que vai embora para os Rangers mas deixa uma espécie de comunicador com ele. Ela também pede dois phasers para Picard, no que é prontamente atendida. Aí começa a conversa de ex-assimilados. Sete pergunta a Picard se ele, depois que foi resgatado da coletividade, conseguiu recuperar sua humanidade. Picard responde que sim. Então, Sete pergunta e ele conseguiu recuperar toda a sua humanidade, ao que Picard retruca que não. E aí, Picard pergunta: “Mas nós estamos cuidando disso, não?”, e Sete retruca dizendo “Todo Santo Dia”. Essa foi a melhor parte do episódio e, talvez, uma das melhores da série, onde a gente viu Jornadas nas Estrelas à antiga acontecendo. Só é de se lamentar que, imediatamente depois, Sete se teletransporta para o Night Club para vaporizar Bjayzl e tacar fogo geral na galera, bem ao estilo badass. Não foi a melhor coisa, pois ela quebrou toda a palavra com Picard, mas ainda assim a gente entende os atos de Sete por Icheb. É aquela coisa dita por Spock em “Um Gosto de Armageddon”: “Eu entendo sua posição, mas não concordo com ela”. De qualquer forma, foi curiosa a conversa de Bjayzl com Sete antes da segunda vaporizar a primeira. Bjayzl disse que Sete foi sentimental, pois ela arriscou sua vingança para salvar a vida de Picard e dos outros. Sete retruca dizendo que Picard ainda tem esperança na misericórdia da galáxia e que pessoas com esperança devem ser mantidas. O mais interessante aqui é que, depois de matar Bjayzl, Sete passa fogo nos capangas dela mas não a vemos ser alvejada ou morta. E já sabemos, pelo IMDB, que ela volta em mais dois episódios. Isso aê!!!!

Na enfermaria, Picard e Maddox conversam e o primeiro fala da morte de Dahj. Maddox diz que o Tal Shiar destruiu seu laboratório e que a inteligência artificial materna só se manifestou em Dahj quando ela entrou em perigo. Bruce então conta a Picard sobre Soji e sua presença no cubo, sob os ouvidos atentos de Jurati. Maddox diz que mandou Dahj à Terra e Soji ao cubo para buscar a verdade sobre a proibição dos sintéticos e disse que quem está proibindo são os mesmos que caçam as irmãs. Para Maddox, romulanos e a Federação estão envolvidos nisso e ele mandou as gêmeas investigarem. Jurati interrompe a conversa alegando que Maddox não está bem e Picard abandona a enfermaria. Jurati, confirmando as suspeitas dos episódios anteriores, mata Maddox. Antes disso, o holograma médico de emergência vê Jurati matando Maddox. Ela o desativa. A conversa entre Maddox e Jurati antes da morte do primeiro também é interessante, pois ele disse que conseguiu fazer andróides “perfeitamente imperfeitas” com a ajuda de Jurati e Soong. Jurati retruca dizendo que isso é um pecado que ela tem que desfazer e, enquanto mata Maddox, ela diz que não queria ter visto o que viu e saber o que sabia. Ou seja, para matar o ex-amante isso tem que ser algo bem sério, provavelmente o que foi dito pela comodoro Oh a ela alguns episódios atrás. Que não seja um motivo como o que foi para Raffi apontar a arma para Picard.

Impressões gerais do episódio: o leve alívio cômico carnavalesco foi rápido o suficiente para dar voz a um episódio mais sombrio e violento. Pontos positivos ficam para a aparição de Sete de Nove no episódio e a conversa com Picard inicialmente tensa mas que depois revelou mais um espírito de Jornada nas Estrelas no papo de ex-assimilados. Raffi mais equilibrada e organizando planos foi também algo de bom. Fiquei com pena dela ser escorraçada pelo filho. Jurati mostrar que é do mal também foi algo interessante, embora previsível (ela já se mostrava uma songa-monga em episódios anteriores e até nesse, ao fingir não saber acionar o teletransporte). Pontos negativos do episódio: Sete se vingar mesmo depois de toda aquela conversa sobre humanidade com o Picard. Apesar de vingar o Icheb, que não deva ser morto, esse não foi o melhor caminho. A vingança só valerá aqui se depois Sete tomar alguma lição com isso e se tornar mais humana. Será que esses roteiristas e produtores conseguem chegar a tamanha nobreza? Acho difícil. Outro problema foi a violência explícita do episódio, algo que não estamos muito acostumados a ver em Jornada nas Estrelas, por mais distópica que ela esteja ficando.

Resta, agora, ver o que vem por aí…

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A imperdoável morte de Icheb…

Batata Movies (Especial Oscar 2020) – O Caso Richard Jewell. Salvando O Bode Expiatório.

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Cartaz do Filme

Clint Eastwood está de volta à direção de mais um filme polêmico, como só ele gosta de fazer. “O Caso Richard Jewell” é baseado numa história real de terrorismo quando atentados não eram exatamente um trauma profundo nos Estados Unidos, ou seja, durante as Olimpíadas de Atlanta em 1996. Esse filme rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Kathy Bates Para podermos falar um pouco dessa película, vamos lançar mão de spoilers aqui.

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Richard Jewell, um herói acusado injustamente…

O plot gira em torno do Richard Jewell em questão (interpretado por Paul Walter Hauser), que, no longínquo ano de 1986, era funcionário de almoxarifado de uma firma onde conhece o advogado Watson Bryant (interpretado pelo ótimo Sam Rockwell). Os dois começam uma amizade, mas Jewell logo deixa o emprego, pois quer trabalhar na área de segurança. Enquanto ele é o segurança de uma Universidade, quer levar o seu trabalho ao pé da letra e, por isso, entra em conflitos com o reitor da Universidade, sendo demitido por isso. Ele quer retomar a carreira de segurança para poder ser policial, o seu grande sonho, e faz um bico de segurança nos Jogos Olímpicos, onde descobre uma mochila com uma bomba durante um show de música. A bomba explode, faz muitos feridos e dois mortos, mas mesmo assim Jewell é considerado um herói, pois sua descoberta do artefato evitou as mortes de muitas pessoas. Entretanto, o FBI, responsável pela segurança, falhou em proteger as pessoas e precisava mostrar rapidez na elucidação do atentado. Assim, a polícia federal americana buscou incriminar Jewell pelo atentado, que pediu a ajuda de seu antigo amigo Bryant. A partir daí, vemos os dois lutando simplesmente contra o governo americano e com toda uma mídia, que já praticamente o tinha condenado pelo crime, crime esse passível de execução.

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Ele será defendido por um antigo conhecido, Watson Bryant, que se torna seu amigo…

Esse é um filme que desperta sentimentos muito conflitantes. Nosso personagem protagonista é representado como uma pessoa de boa índole, cumpridora de seus deveres e que respeita a hierarquia mas, ao mesmo tempo, ele é o paradigma da sociedade belicista americana, sendo um segurança que, ao querer impor a ordem a todo custo, pode abusar de sua autoridade, como foi no caso da forma em que ele tratou os alunos da Universidade. Entretanto, esse ato mais truculento de Jewell é “justificado” no filme pela falta de respeito e bullying dos estudantes contra ele. De qualquer forma, nosso simpático protagonista tem atitudes pouco virtuosas, como manter um arsenal em casa para caçar veados, por exemplo. De qualquer forma, ele é o protagonista do filme, que também sucessivamente pisa na bola, tomando atitudes que em nada contribuem para sua defesa – muito pelo contrário até – para o desespero de Bryant, seu advogado.

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Clint Eastwood em ação na direção!!!

O filme também chama a atenção para um problema que temos visto muito ultimamente por aí: o poder que a mídia possui para, simplesmente, destruir a vida de uma pessoa. Infelizmente, a mídia, volta e meia, acusa, julga e condena um “escolhido” num espaço de tempo de um telejornal ou a leitura de uma manchete nas bancas, isso sem o menor direito de defesa para o acusado. Foi o que vimos aqui e vemos muitas outras vezes no nosso dia-a-dia. Não é à toa que a mídia tem a pecha (negativa, diga-se de passagem) de “quarto poder”. É claro que a coisa ficou um pouco romantizada aqui, pois a personagem que representava toda a venalidade da mídia, a repórter Kathy Scruggs (interpretada por Olivia Wilde), se arrepende de seus atos em acusar Jewell, quando sabemos que na vida real algumas figuras da mídia podem ter um comportamento muito menos ético.

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Mais uma excelente caracterização…

Tivemos um baita staff de atores. Nem é preciso falar muito de Sam Rockwell, que já foi laureado com um Oscar de Ator Coadjuvante. O homem rouba a cena e consegue fazer um par perfeito com Paul Walter Hauser, que surpreende, e muito, nesse filme. Jewell é um personagem bem complexo e deve ter sido bem difícil de fazê-lo. Também não podemos nos esquecer de Kathy Bates, que faz a mãe de Jewell, e teve um carisma todo especial, apesar de seu papel mais periférico na história, embora ela tenha tido um destaque todo especial num momento específico do filme. 

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Kathy Bates teve atuação marcante que lhe rendeu a indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante…

Dessa forma, “O Caso Richard Jewell” é mais um bom filme de Clint Eastwood, que desperta em nós vários sentimentos. Se as intenções de nosso protagonista podem ser sinceras, ele representa um estrato social problemático da sociedade americana. Entretanto, isso não justifica a posição de bode expiatório em que ele foi colocado nem o linchamento moral promovido pelo governo e pela imprensa, que inclusive poderia condená-lo à morte. Um programa imperdível.