Blog

Batata Books – O Último Comando. O Fim de uma Saga.

Resultado de imagem para o último comando livro
Capa do Livro…

Falando ainda dos livros do Universo Expandido de Guerra nas Estrelas pela Aleph, temos o último livro da Trilogia Thrawn de Timothy Zahn. “O Último Comando”, que tem a importante missão de costurar todas as tramas da história e dar um desfecho à altura da Trilogia. De todos os livros lançados pela Editora Aleph referentes ao Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”, a Trilogia Thrawn foi, de longe, a mais interessante e bem escrita. A grande virtude da Trilogia foi criar várias subtramas que se interligavam com grande eficiência. O autor ia dando pequenos detalhes que, mais à frente se encaixavam em outras situações, provocando um encadeamento muito bem elaborado. Um detalhe muito bem usado por Zahn foi fazer sempre referências a situações ou falas que apareceram na Trilogia Clássica (os Episódios IV, V, VI), o que dava um grande tom de legitimidade à história. E se você acha que precisa dar uma relida no livro anterior da Trilogia antes de encarar o próximo para recordar detalhes da história, pode ficar despreocupado, pois Zahn relembra todos os pontos necessários. Por essas e por outras, muitos fãs consideram essa Trilogia os verdadeiros Episódios VII, VIII e IX.

Grão-Almirante Thrawn. O cara!!!

Só para falar um pouquinho por alto da trama (alguns “spoilers” de leve para encorajar a leitura), a história se passa cinco anos depois dos eventos de “O Retorno de Jedi”. A Nova República ainda busca se consolidar, sendo formada por vários grupos que ainda não se entendem muito bem. Por outro lado, o Império ainda controla uma parte da galáxia. Esse dado corrige um fato inaceitável em “O Retorno de Jedi”: um poderoso Império Galáctico do Mal ser derrotado por uma facção rebelde ajudada por um grupo de ursinhos de pelúcia beiçudos (por que você fez isso, George Lucas?). E o líder do Império agora é um grão-almirante. Havia doze grãos-almirantes e a Aliança Rebelde pensava que tinha dado cabo de todos eles, numa alusão de que o pau não quebrou somente em Endor (esses detalhes já nos mostram como Zahn leva o Universo de “Guerra nas Estrelas” muito mais a sério do que Lucas). Esse é o grão-almirante Thrawn. Esse é o cara!!! O grande trunfo de Zahn! Ouso dizer que é um vilão à altura de Vader ou até além. Se Vader era o mal em pessoa e era implacável, matando seus desagrados com o uso da força, Thrawn é muito mais maquiavélico, no sentido de que ele morde e assopra. Ele raramente mata alguém e prefere controlar as pessoas com um terrorismo psicológico sem precedentes. Mas sabe também dar promoções aos seus subordinados, mesmo em situações adversas de um ataque fracassado, por exemplo. É só o comandado saber analisar a situação racionalmente, mesmo sob a pressão do medo e buscar alternativas plausíveis para sanar o problema. Isso fazia com que o grande líder fosse simultaneamente amado e temido por seus subordinados, bem ao estilo do que Maquiavel recomendava no capítulo 13 de sua obra “O Príncipe”. Esse quê maquiavélico de Thrawn aparece progressivamente ao longo da Trilogia, sendo coroado agora em “O Último Comando”.

Mara Jade. Uma misteriosa mulher.

Para auxiliar Thrawn na reconquista da galáxia, Zahn criou o personagem C’Baoth, um mestre jedi altamente instável emocionalmente. Essa instabilidade também é crescente ao longo da Trilogia e o motivo dela é algo muito bem bolado, mas essa vou deixar para vocês procurarem lá nos livros. O trato entre Thrawn e C’Baoth consiste no jedi auxiliar Thrawn com a força e o grão-almirante fazer todos os esforços para capturar Luke Skywalker, Leia Organa Solo (a princesa se casou com o contrabandista Han Solo!) e seus filhos gêmeos, para C’Baoth treiná-los e moldá-los aos seus planos de dominar a galáxia. Essa aliança entre o jedi e o grão-almirante vai infernizar a Nova República, ainda frágil politicamente, principalmente pelo fato de que Thrawn é um excelente estrategista em muitas áreas e consegue antecipar todos os movimentos da Nova República. Há, ainda, um grupo de contrabandistas liderado por Talon Karrde, que conta com a ajuda da enigmática personagem Mara Jade, que tem como objetivo principal de sua vida matar Luke Skywalker. Por que? Vá ler o livro!!!

Talon Karrde, o contrabandista

A história ainda se desdobra em mais personagens e subtramas, e assim podemos ver toda a saga visitando vários planetas, detalhadamente descritos por Zahn, que nos ajuda e muito a construir toda uma memória visual. Eu diria que Zahn tem um estilo muito cinematográfico em seus textos, a ponto de, mal comparando, se assemelhar até a João do Rio em alguns momentos, que falava detalhadamente da vida e do cotidiano do Rio de Janeiro no século XX. Uma descrição muito cinematográfica, assim como a de Zahn.

O Mestre Jedi C’Baoth

E o desfecho da Trilogia? Calma, não darei “spoilers” aqui. Só vou dizer que fiquei um pouco decepcionado. A obra foi tão grandiosa que eu confesso que eu queria algo um pouco mais pirotécnico. Zahn tinha dois desfechos simultâneos. E ele priorizou mais um desfecho que outro, o que eu achei uma pena. E o desfecho menos priorizado acabou de uma forma excessivamente simplória. Confesso que queria muito mais. Talvez o que salve esse desfecho simplório tenha sido a fina dose de ironia nele, que não condiz com o que foi apresentado ao longo do livro. Daí a ironia… Mas confesso que fiquei com cara de tacho.

Outra coisa que lamentei foi um número excessivo de erros de revisão no texto. Os livros iniciais da Aleph não tinham tantos erros de revisão. Mas, com o tempo, e talvez com a pressa de lançar novos livros todo mês, os erros de revisão se multiplicaram. Vemos desde erros de digitação até de concordância, verbos mal conjugados, palavras repetidas, palavras que faltam. Toda vez que eu pegava o livro para ler, me deparava com um ou dois erros. E eu peguei o livro para ler várias vezes, pois só posso fazê-lo em doses homeopáticas. Tudo bem, eu sei que errar é humano, que sempre alguma coisa passa, mas tanto em “O Último Comando” quanto em “Um Novo Amanhecer”, os erros de revisão foram excessivos. Eu também sei que esses lançamentos buscaram ser alavancados pela estreia do Episódio VII na ocasião, mas talvez fosse melhor lançar uma quantidade um pouco menor de livros mais cuidadosamente revisados. Todos esses erros acabam pegando mal para um trabalho tão bem feito e elogiado que a Aleph faz. Fica feio…

De qualquer forma, a experiência de ler o Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas” tem sido esplêndida e confesso que não tenho conseguido ler mais nada desde que a Aleph se apossou de nossas almas. Como eu já disse em outras ocasiões, esses livros dão um tom de seriedade à saga que Lucas infelizmente não deu, quando o criador de “Guerra nas Estrelas” buscava um caminho mais lúdico e aventureiro. O Universo Expandido, pelo contrário, tem os pés mais no chão, enreda uma boa trama política, é uma ficção científica mais séria, ou seja, para fazer uma pequena provocação, aproxima “Star Wars” das melhores coisas que vemos em “Star Trek”. E isso é um elogio, pois eu sou um trekker assumidíssimo que também gosta muito de “Guerra nas Estrelas”, que praticamente deu o pontapé inicial em minha cultura cinematográfica lá no final da década de 70. Por essas e por outras, os livros do Universo Expandido são altamente recomendados, por darem novas perspectivas à “Guerra nas Estrelas”.

Resultado de imagem para timothy zahn
Timothy Zahn, o maior escritor de “Guerra nas Estrelas”, sem a menor sombra de dúvida…

Batata Movies (Especial Cinema Centro América) – Histórias Do Canal. O Imperialismo Que Não Nos Contam.

Cartaz do Filme

Ainda dentro da Mostra “Cinema Centro América”, ocorrida na Caixa Cultural Rio de Janeiro no ano passado, sobre a produção cinematográfica recente da América Central, temos o excelente “Histórias do Canal”, produzido no Panamá em 2014, com duração de 106 minutos. Esse filme é contado em cinco histórias, dirigidas por Carolina Borrero, Pinky Mon, Luis Franco Brantley, Abner Benaim e Pituka Ortega-Heilbron. Todas essas histórias orbitam em torno do Canal do Panamá e das relações entre a população local e o processo imperialista dos Estados Unidos na região. Essas histórias se passam em cinco momentos diferentes: 1913, 1950, 1964, 1977 e 2013.

A criança americana que se identifica com a terra dominada…

Em 1913, o canal ainda está em construção e vemos aqui um jovem casal negro que participa das obras. O problema é que um novo capataz americano extremamente racista chega à região e implica com o casal, sendo que, numa briga com o rapaz, acaba morto quando cai ao chão e bate numa pedra com a cabeça. O namorado precisa fugir e a moça, de uma família extremamente religiosa, é obrigada pelo pai (que é o pastor da comunidade) a se casar com o irmão do namorado.

Luta por autonomia dentro do próprio país…

Na segunda história, que se passa em 1950, vemos um garotinho americano, filho do engenheiro que cuidava do canal e recentemente falecido, interagindo com os panamenhos, inicialmente no seu mundinho burguês da zona restrita somente aos americanos, e depois andando pelas ruas de uma cidade dos panamenhos, entrando em contato com toda uma outra realidade com a qual ele se identifica, pois quando ele vai embora de volta para os Estados Unidos com sua mãe, fica com a impressão de que está deixando sua casa.

Casamentos arranjados…

A terceira história, de 1964, fala de um jovem fotógrafo que frequenta a Universidade e se apaixona por uma americana, arrogante toda a vida, que cede aos encantos do moço, mas que logo vão se separar por questões ideológicas. Nesse momento, o Panamá exige o direito de hastear sua bandeira na zona destinada aos americanos, o que é prontamente rechaçado por eles. É uma época de muitos protestos e conflitos, com o Panamá querendo se afirmar diante de seu poderosíssimo “parceiro”.

Resultado de imagem para historias del canal filme
Um James Bond hilário…

Já a quarta história, de 1977, mostra um Jimmy Carter começando a dar autonomia para o país centro-americano. Mas um taxista fará um trabalho de espionagem para um grupo nacionalista, gravando conversas de americanos graúdos que discutem se a administração do Canal será passada aos panamenhos ou não. Essa história tem um divertido tom de comédia e temos aqui uma espécie de James Bond cômico.

Resultado de imagem para historias del canal filme
Um jovem fotógrafo, dividido entre o amor de uma americana e o amor de seu país…

A quinta história, de 2013, se passa cem anos depois da história de 1913 (com o Canal já sob a administração do Panamá) e se remete a ela. Uma ossada é encontrada num sítio arqueológico, onde está uma pedra que pertencia a moça da primeira história. Como o nome de seu namorado está nela, os cientistas conseguem chegar à sua descendente, que vive em Nova York e é cantora. Sua antepassada se desvencilhou do casamento arranjado e fugiu para os Estados Unidos, deixando seus parentes panamenhos magoados. Agora, muitos anos depois, a descendente volta para a reconciliação e para homenagear os mortos na construção do canal, dentre os quais constam seus familiares. Tal ato foi libertador para ela, pois a moça não consegue mais cantar, e depois da viagem, recupera seu dom.

Uma cantora conhecendo o passado de sua família…

Cinco histórias, cinco momentos em que vemos um povo de um país inteiro sendo tratado de capacho pelos Estados Unidos, da mesma forma como os americanos retratam seus inimigos no cinema. Ou seja, é um filme que nos faz pensar, e muito, sendo uma importante atração da Mostra Cinema Centro América, que foi realizada na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.

Batata Books – Minha Lua De Mel Polonesa. Humor E Esquecimento.

Resultado de imagem para minha lua de mel polonesa filme
Idílico Cartaz do Filme

Um filme francês provocador. “Minha Lua de Mel Polonesa”, de Elise Otzenberger, se apresenta como uma comédia mas, no fim das contas, aborda uma temática para lá de séria: a questão do esquecimento e do apagamento da memória, feito de forma muito proposital. Um filme que acaba tendo como objetivo nos colocar em estado de alerta quanto a algumas injustiças que pensamos estar enterradas há muito, mas que ainda pululam alegremente por aí. Para podermos entender melhor o filme, vamos lançar mão de spoilers.

Resultado de imagem para minha lua de mel polonesa filme
Um casal buscando as origens…

Vamos ao plot. Anna (interpretada por Judith Chemla) e Adam (interpretado por Arthur Igual) são um casal parisiense de origem polonesa que organiza uma viagem a terra natal de seus antepassados para participar de uma celebração em nome das vítimas do holocausto. Anna tem grandes expectativas de encontrar suas raízes por lá, já que sua mãe nunca quis muito revolver o passado e isso é motivo de fortes discórdias entre as duas, com Anna tomando atitudes que beiram a histeria. Já Arthur também não dá muita ideia para o passado (o evento em que vão até tem mais ligação com sua família), mas acompanha a esposa.

Resultado de imagem para minha lua de mel polonesa
Anna, uma mocinha bem estressada…

Ao chegarem por lá, a decepção vai tomando conta de Anna, pois ela não consegue se satisfazer com as poucas pistas que vai encontrando sobre o passado dos judeus, além de não ter nenhuma referência sobre o próprio passado, o que entristece demais a moça. Para piorar a situação, o apelo turístico local é todo em torno da cultura judaica fazendo dobradinha com o holocausto, onde temos a inusitada situação de camelôs que vendem, ao mesmo tempo, elementos da cultura judaica juntamente com souvenirs de suásticas, algo que beira o bizarro. A situação vai ter um ponto de virada com a chegada repentina da mãe de Anna, que ajuda a filha a se encontrar com o passado da família. Entretanto, infelizmente a surpresa não será das melhores.

Resultado de imagem para minha lua de mel polonesa
Um espacinho para romance a la Gene Kelly…

O filme tem violentos plot twists. No início, vemos um casal numa espécie de segunda lua de mel, onde a esposa é muito metódica e agitada, sendo engraçada e chata ao mesmo tempo. Ou seja, a personagem de Anna flerta perigosamente com a caricatura. Mas, com a chegada à Polônia e as consequentes decepções de Anna, a coisa vai mudando de figura. Para ela, não conseguir ter contato com o passado da família vai assumindo um peso doloroso e aprofunda o abismo entre ela e a mãe, que não quer desenterrar o passado. A Anna chata e caricata do início do filme dá lugar a uma Anna com a qual nos solidarizamos e compadecemos. Começamos a nos mortificar com sua tristeza que beira o paroxismo.

Resultado de imagem para minha lua de mel polonesa
Reconciliação com a mãe…

A chegada da mãe e a reconciliação das duas é uma grata surpresa, mas o filme nos dá outra rasteira quando as duas procuram a casa da avó de Anna e somente se deparam com um terreno baldio cheio de mato, onde será a vez da mãe de Anna se debulhar em lágrimas e ser confortada pela filha. Foi de doer testemunhar a tristeza das duas abraçadas. Agora, esses pontos de virada no filme são fundamentais para cimentar a mensagem principal: por mais que a Polônia viva do turismo do holocausto, ainda assim há um apagamento da memória da cultura judaica e de toda a tragédia ocorrida, relegando-as a um mero souvenir. Os últimos sobreviventes do holocausto estão morrendo, o cemitério judeu tem as lápides saqueadas, a Estrela de David é usada como pichação em tom ofensivo em brigas de torcida de futebol. Ou seja, não se mudou muita coisa no tratamento dos judeus do holocausto da Segunda Guerra Mundial para cá.

Resultado de imagem para minha lua de mel polonesa
Descobrindo aos poucos uma dura realidade…

E Anna e sua mãe recebem a polarização de toda essa violência que a cultura judaica ainda sofre. Ao usar o recurso dos plot twists para mostrar de forma veemente esse preconceito ainda reinante, a diretora Elise Otzenberger marcou um pontaço, dando ao filme o valor do ingresso e até muito mais. Para a coisa não terminar extremamente melancólica, optou-se por um último plot twist em forma de happy end, com o casal chegando a sua casa em Paris e praticando uma tradição judaica, que foi enterrar o prepúcio do filho pequeno num vaso de flores. Se Anna queria fazer isso na Polônia, as decepções da viagem acabaram levando-a a realizar isso em Paris, cidade que a mãe e a avó escolheram para se esquecer do duro passado na terra natal.

Resultado de imagem para minha lua de mel polonesa
A competente (e deslumbrante) diretora Elise Otzenberger…

Dessa forma, se “Minha Lua de Mel Polonesa”, num primeiro momento ao assistir o trailer, parecia uma comédia bobinha, acabou posteriormente se revelando um grande filme pelo fato dos plot twists mostrarem a questão do apagamento compulsório da memória de uma cultura que ainda sofre perseguições hoje em dia. E o mais interessante é que a dor desse apagamento se personifica nas personagens de Anna e sua mãe onde a filha, incialmente afastada da mãe por não aceitar que ela quer deixar o passado para trás, depois a entende justamente pelos males que esse passado (e o apagamento do mesmo) provocam. Programa imperdível.

Batata Literária – Caos

Grita daqui

Grita de lá

Farofa por ali

Farofa por acolá

Olha a feira!

Gooool!

É nóix!

É quatro por cinco!

Quer um morango?

Olha a banana!

Zás-trás!

Plunct, plact, zuuum!

Olha o pai da moça!

Vamos dançar a quadrilha!

Osquindô, osquindô!

Ziriguidum!

Ilariê!

Tem promoção hoje!

Ô louco, meu!

Avanti!

Rá!

Craw!

Crew!

Krill!

Kiwi!

Interjeições!

Exclamações!

Camaleões!

Bobões!

Resultado de imagem para caos

Batata Books – Almanaque Jedi. De Fãs Para Fãs.

Resultado de imagem para almanaque jedi
Capa do Almanaque

Editora Leya lançou a primeira publicação de autoria de um grupo de fãs no Brasil, o Almanaque Jedi, um livro com o selo do Conselho Jedi Rio de Janeiro. Escrito por Brian Moura e Henrique Granado, o almanaque é um prato cheio para todos aqueles que curtem o Universo de “Guerra nas Estrelas”. Como os próprios autores enfatizam, é um livro feito por fãs para os fãs, e que se estende em conhecimento e conteúdo também inspirado em amigos dos demais Conselhos Jedi existentes no Brasil. Então, podemos ter a certeza absoluta de que o trabalho foi feito com muito amor e de forma espontânea, sendo por isso mesmo muito bem realizado e com um ótimo resultado. É um livro de leitura rápida e agradável, onde ficamos impressionados com algumas informações, rimos muito com outras e nos deliciamos com todas.

Resultado de imagem para almanaque jedi
Um livro de leitura rápida…

E o que vemos, afinal, nesse bom almanaque? Lá podemos compartilhar muitas informações preciosas como, por exemplo, quem são os Sith e os Jedi, o que é Cânone e Universo Expandido, quais são as preciosas dicas para se formar um fã-clube, um quiz que tem desde perguntas muito fáceis, passando por várias “pegadinhas” e chegando até àquelas perguntas que somente um fã de carteirinha sabe responder, etc. Um capítulo muito especial é o que fala do histórico dos efeitos especiais. Nunca podemos nos  esquecer que o grande cartão de visitas de “Guerra nas Estrelas” foram os efeitos especiais, considerados revolucionários para a época em que foram feitos (1977) e que mudaram a forma de se encarar o cinema.

Resultado de imagem para almanaque jedi
Tem quiz!!!

Outro capítulo muito importante responde uma pergunta muito frequente nas redes sociais, que é a de quais seriam as melhores formas de se começar a tomar contato com o Universo Expandido, falando inclusive da antiga república e do surgimento dos Sith. Você gosta de colecionar “action figures”? Muito bem! Há um capítulo que fala só disso, dizendo quais são os mais antigos e raros, lançados à época do Episódio IV, quais são os mais fáceis e difíceis de achar, o que você deve fazer para não levar gato por lebre, etc. Há, nesse capítulo, até o cuidado de se lembrar que, apesar de uma coleção ser algo legal, você deve preservar o seu bolso e que há coisas mais importantes do que os bonequinhos como, por exemplo, as contas de casa e não ser um chato com as pessoas com quem você convive entupindo a casa com os “action figures”. E se você gostar de videogame? Tem toda uma descrição dos jogos de “Guerra nas Estrelas” para todos os tipos, desde aqueles em que você dá os seus tirinhos até os inspirados em RPG. É falado também dos RPGs em si, não somente dos jogos de “Guerra nas Estrelas”, mas também descrevendo em linhas gerais o que é um jogo de RPG para quem não o conhece. Os filmes feitos por fãs (“fanfilms”) têm um capítulo especial, onde podemos ver excelentes enredos que, se bem trabalhados com todos os recursos, poderiam render ótimas películas. E, é claro, a parte engraçada da coisa, que são as loucuras que os fãs como a petição de 30 mil assinaturas enviadas à Casa Branca pedindo a construção da Estrela da Morte ou sacar seu FGTS para ver a estreia do Episódio I (ainda esse!) nos Estados Unidos. Bom, pelo menos ficou o prazer da viagem e de conhecer um novo país. Não sejamos tão severos assim…

Até a Princesa Leia já comprou!!!

O interessante é que o livro tem curiosidades por todo o canto, seja em letras de música, seja em curiosidades sobre as filmagens (o cachê de Harrison Ford para o Episódio IV foi de apenas dez mil dólares!), seja em pequenos detalhes como, a existência de um material resistente ao sabre de luz.

Resultado de imagem para almanaque jedi
Falando de colecionáveis…

Esses são alguns dos detalhes presentes no “Almanaque Jedi”, mais um presente que Brian Moura e Henrique Granado dão aos fãs de “Guerra nas Estrelas” e à cultura pop nerd em geral. Mais uma vez a gente deve agradecer ao trabalho desses incansáveis fãs, que querem compartilhar o prazer de gostar de uma saga que é amada em todo o mundo e que, no Brasil, sofreu uma espécie de hiato em meados dos anos 90, quando ninguém falava de “Guerra nas Estrelas”, onde um grupo de fãs decidiu se unir para começar a cultuar conjuntamente os filmes de George Lucas. Esse pequeno grupo foi crescendo e hoje conta com muitos integrantes, numa prova de que o amor por “Guerra nas Estrelas” existia e somente estava, digamos, numa espécie de “limbo”, que a criação do Conselho Jedi do Rio de Janeiro ajudou a desvanecer. Um dos grandes frutos gerados pela iniciativa de se fundar o Conselho Jedi acabou sendo a ressurreição, ainda que por algum tempo, da velha tradição cine clubística, um pouco esquecida desde os tempos do intrépido Cosme Alves Neto, que fundou a Cinemateca do MAM. Certa vez, Henrique Granado, um dos autores do almanaque, em sessão do Cineclube Sci-Fi, perguntou ao público quem já havia aparecido em outras sessões. Depois de ver as pessoas que levantaram o braço, ele disse: “É, sempre as mesmas pessoas”. Mas isso é exatamente o que um cineclube se propõe a fazer: formar um grupo fixo de pessoas que vão aos filmes não somente para assisti-los, mas também para debatê-los ao fim da sessão com palestras e discussões reflexivas. E quanto mais pessoas fazendo isso, melhor, pois ajuda a manter essa tradição altamente sadia, principalmente num país com uma escassez cada vez maior de cabeças pensantes em todos os setores. Por essas e por outras que devemos sempre louvar tais iniciativas e Brian Moura e Henrique Granado o fazem de forma impecável, ainda mais com o lançamento do “Almanaque Jedi”, motivo de orgulho visível para os dois. Não deixem de conferir.

O autor deste artigo (em pé) com os autores do Almanaque Jedi (Henrique Granado, à minha direita e Brian Moura, à minha esquerda)

Batata Movies – O Tradutor. O Melhor de Santoro.

Resultado de imagem para o tradutor filme
Cartaz do Filme

Todos nós sabemos que Rodrigo Santoro se aventurou a fazer uma carreira internacional no cinema. Muitos méritos para ele, pois isso não é para qualquer um, já que é difícil levar a cabo tal tarefa sem cair na armadilha dos estereótipos. E podemos dizer que Santoro conseguiu se sair relativamente bem nesse quesito. Talvez o papel mais lembrado de sua carreira internacional tenha sido o Xerxes de “300”. Pelo menos, até o momento em que Santoro emplacou “O Tradutor”, um verdadeiro filmaço, escolhido para ser o representante de Cuba na luta pelos finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Resultado de imagem para o tradutor filme
Um professor de literatura russa numa nova missão…

O plot é o seguinte. Malin (interpretado por Santoro) é um professor cubano de literatura russa na época da visita de Gorbachov à ilha. Um belo dia, seu curso é suspenso na faculdade em que trabalha e Malin é direcionado para um hospital repleto de crianças russas, vítimas da radiação da usina nuclear de Chernobyl. Ele terá a missão de ser intérprete entre os pacientes e seus pais e os médicos cubanos. A princípio, Malin repudia com veemência tal tarefa, já que tem aversão a hospitais, doenças e sofrimento, mas é repreendido pela enfermeira argentina Gladys (interpretada pela versátil atriz Maricel Álvarez). Malin trabalha durante a noite e só vai para casa pela manhã, para desespero de sua esposa Isona (interpretada por Yoandra Suárez), que está grávida e já tem um filho pequeno para cuidar. A ausência de Malin na família implode a relação, mas o professor mergulha de cabeça em seu trabalho, contando histórias infantis para as crianças e estimulando-as a desenhar e falar de si próprias em textos. O grande problema é que o fim da União Soviética mergulha Cuba numa crise e as coisas ficam ainda mais difíceis para Malin e todos.

Resultado de imagem para o tradutor filme
Uma enfermeira argentina que lhe dá um puxão de orelha…

Podemos dizer que esse é um filme que foi um verdadeiro presente para Rodrigo Santoro, pois ele foi, disparado, o melhor filme de sua carreira internacional. Essa é uma história real dirigida pelos filhos do próprio professor (Rodrigo e Sebastián Barriuso) e Santoro teve a oportunidade de fazer um personagem relativamente complexo, pois tinha uma vida confortável, com sucesso pessoal e profissional e, de uma hora para outra, sua vida vira de cabeça para baixo, com nosso protagonista tendo que lidar com emoções altamente conflituosas, odiando inicialmente seu trabalho mas depois caindo de cabeça nele, a ponto de perder sua família. Ou seja, é uma película onde podemos ver muito sofrimento, seja na óbvia situação das crianças russas, seja na família de Malin. Mas o filme teve também um quê muito lúdico nas atividades que Malin fazia com as crianças, conquistando-as. Foi muito cativante essa parte e conquistou definitivamente o espectador.

Resultado de imagem para o tradutor filme
Testemunhando muito sofrimento…

Santoro convenceu bem, com uma interpretação contida, para momentos tão extremos e chamou a atenção do público para toda uma elite intelectual cubana, algo que não estamos muito acostumados a ver nas produções cubanas (temos aqui uma co-produção Cuba-Canadá). No contexto político, houve uma crítica leve ao regime mas a culpa pela crise ficou mais atrelada a uma derrocada do socialismo. Ou seja, fica bem claro na película que, enquanto a União Soviética mantinha relações com Cuba, trocando petróleo por açúcar, os dias de socialismo na ilha eram bem prósperos. E a crise do socialismo e da União Soviética mostrou a dura realidade do embargo econômico da lei Helms-Burton. Ou seja, uma forma ligeiramente diferente de se ver a crise econômica em Cuba tal como a mídia capitalista ocidental veicula.

Resultado de imagem para o tradutor filme
Virando um contador de histórias…

Dessa forma, “O Tradutor” é um filme obrigatório, pois aborda uma linda história real e consagra a carreira de nosso Rodrigo Santoro no exterior. Um verdadeiro presente para o ator e para nós, espectadores. Vale muito a pena dar uma conferida.