Batata Movies – O Primeiro Homem. Aventura In Loco.

Cartaz do Filme

Um grande e instigante filme. “O Primeiro Homem”, dirigido por Damien Chazelle (o mesmo de “Whiplash” e “La La Land”), e com produção executiva de, ninguém mais, ninguém menos que Steven Spielberg, fala sobre a saga da exploração espacial americana tomando como foco a trajetória de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua em 20 de julho de 1969. Para o papel de Armstrong, Ryan Gosling foi escalado. Confesso que sempre gostei desse ator, embora ele já tenha ficado estigmatizado como tendo o talento de uma porta para atuar. Sua carreira decolava quando ele resolveu dirigir um filme e o projeto foi um fracasso total. Veio a redenção com “La La Land” e, então o vemos novamente protagonizando um bom projeto. E aí, Gosling interpreta Armstrong, uma figura que parece transpirar muita serenidade e tranquilidade (se me permitirem o trocadilho infame). Mas, apesar de Gosling ter sido demasiadamente sereno e tranquilo novamente, tivemos um momento em que houve uma explosão de choro onde a coisa foi muito sincera (não vou entrar no porquê do choro de Armstrong para evitar um spoiler que deixa a história interessante e ajuda na construção dramática do personagem).

Um astronauta…

Em relação à película em si, o recorte temporal escolhido está no Programa Espacial Americano realizado durante toda a década de 60, quando os Estados Unidos perdiam de lavada para a União Soviética na Corrida Espacial. Nesse contexto, a chegada de uma viagem tripulada à Lua era praticamente uma obrigação, ainda mais depois do antológico discurso de Kennedy que estabelecia essa viagem como uma meta futura. Assim, o filme nos permite testemunhar, além de detalhes pessoais da vida de Armstrong, como foi todo o processo de preparação da viagem espacial à Lua, onde cada missão buscava avançar em mais uma etapa da futura missão Apolo 11, que era a culminância de todo o processo. O filme, também, aborda a situação de angústia e perda das esposas dos astronautas (muitos astronautas morreram no Programa Espacial Americano), manifestas, sobretudo, na personagem Janet (interpretada por Claire Foy), a esposa de Armstrong, que realmente foi a melhor atuação de todo o filme. Essa é uma película que também mostrou todo um questionamento feito ao Programa Espacial Americano na época, com muito desperdício de dinheiro e de vidas, quando problemas sociais mais graves aguardavam por soluções. Tudo isso implicava numa pressão extra para os astronautas, que já tinham, aliás, que passar por situações muito perigosas e escabrosas. E aqui reside o grande trunfo do filme.

Uma esposa…

Ele permite ao espectador vivenciar in loco toda a sensação de desconforto que um astronauta passa quando é arremessado ao espaço espremido numa cápsula espacial. Definitivamente, esse não é um filme para claustrofóbicos. Essa película nos dá a exata sensação de que uma viagem ao espaço nada tem de romântica ou glamorosa, pelo contrário, é extremamente perigosa. Sentimos isso quando escutamos o barulho de ferro rangendo dentro da cápsula espacial em pleno lançamento, onde mais parece que estamos numa lata velha de um ônibus antigo do que num foguete.

Um objetivo…

Aqui, cai como uma luva as palavras de Janet aos varões do controle da missão, quando o seu marido passava por um sufoco no espaço. Quando eles disseram que estava tudo sob controle, ela retrucou: “Não há nada sob controle! Vocês são um bando de meninos brincando com modelos de madeira! Não têm nada sob controle!”. Frases mais precisas, impossível. Mas a experiência de colocar o espectador ao lado do astronauta é altamente compensadora no momento do pouso lunar e das caminhadas em nosso satélite, com momentos de grande beleza nas imagens.

Uma missão perigosíssima…

Não se pode deixar de dizer, para concluir, que o filme também teve uma preocupação em reconstruir de forma muito fidedigna, imagens de filmagens originais da missão, seja no pouso na Lua, seja em testes que Armstrong fez na Terra de pouso do módulo lunar, onde inclusive houve um fracasso, com o módulo se espatifando no chão enquanto o astronauta descia de paraquedas depois de ejetar.

Visão da Lua. Uma recompensa para o espectador…

Assim, “O Primeiro Homem” é um programa obrigatório por tratar da trajetória de Armstrong, por falar das etapas do Programa Espacial Americano, por testemunhar a difícil vida das esposas dos astronautas, e, principalmente, por dar ao espectador a noção de quão perigosa podia ser uma viagem ao espaço nos primórdios da Corrida Espacial. Não deixe de ver.

Batata Movies – Do Jeito Que Elas Querem. Comédia Romântica De Estrelas Consagradas.

Cartaz do Filme

Sabe quando você vai ao cinema com o único intuito de ver os atores que você gosta? Já falamos disso aqui umas mil vezes. E creio que será a milésima-primeira agora. Pois hoje vamos nos ater à análise de “Do Jeito Que Elas Querem”, uma comédia romântica bem convencional, mas que conta com atores para lá de consagrados e que não aparecem nas nossas telonas há algum tempo.

Quatro jovens senhoras… as divas arrasaram!!!

A história é muito simples. Quatro distintas senhoras de meia-idade, amigas antigas, fazem uma espécie de clube do livro para se encontrarem periodicamente, onde em cada reunião uma delas seleciona um livro para lerem e debaterem. Até que, um belo dia, uma delas seleciona “Cinquenta Tons de Cinza”, o que desperta um pouco a libido das jovens senhoras, que irão enveredar por casos amorosos, seja com seus maridos, com amantes obtidos via internet, antigos casos ou até novos casos, não necessariamente de uma nova idade. Esses pequenos casos amorosos é que servirão de combustível para a comédia romântica.

Andy Garcia,, numa interpretação meio quadradona…

Já dá para sentir que é uma história muito bobinha, mas agradável, que dá para passar o tempo numa tarde chuvosa e dar algumas risadas. Ou seja, cinema para o único e exclusivo objetivo de entretenimento, nada mais.

Craig T Nelson surpreende

E o elenco? Ah, sim, o grande trunfo do filme. Anota aí: Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen, Mary Steenburgen (a namorada do professor Brown em “De Volta Para o Futuro 3”, lembram?), Don Johnson (o policial de “Miami Vice” e sua Ferrari branca), Richard Dreyfuss, Andy Garcia, Craig T. Nelson (o pai do filme “Poltergeist”) e ainda Alicia Silverstone. Dá para perceber como a gente vai para o cinema somente para rever esses atores. As quatro atrizes protagonistas foram muito bem, destaques para Keaton e Fonda, obviamente. Dentre o staff masculino, Garcia parecia um robô, com uma interpretação muito rígida e pouco adequada à situação. Ele já foi melhor em outros papéis recentes. Dreyfuss apareceu muito pouco mas correspondeu quando foi exigido. Nelson foi muito bem na pele do marido inseguro e dançando ao som de Meatloaf (outra grata surpresa). Agora, quem roubou a cena foi Don Johnson, fazendo um excelente par romântico com Jane Fonda, destilando muito carisma. O que chama a atenção é o papel altamente periférico de Alicia Silverstone. Para quem já foi a Batgirl, parece que a moça está recomeçando bem por baixo. Vamos ver se ela dá a volta por cima.

Richard Dreyfuss: pouco tempo de tela…

É claro que, numa historinha simplória como essa, o happy end é garantido. Acho que nem seria um spoiler eu dizer isso aqui, tamanha a obviedade de filmes do naipe da comédia romântica. Afinal de contas, uma coisa que é feita para rir geralmente não pode terminar de forma triste. Seria um plot twist de proporções galácticas…

Don Johnson arrebentou!!!

Assim, esse é o tipo de filme para se passar uma tarde leve e agradável, pois a gente se diverte na pouco mais de hora e quarenta de duração com uma historinha banal, mesmo que ela abarque alguns problemas do cotidiano das pessoas, e isso com um elenco que todos nós já conhecemos de longa data e que gostamos. No mais, o filme não apresenta muitas atrações.

Batata Movies – Nasce Uma Estrela. Uma História De Música, Amor E Dores.

Cartaz do Filme

Quando eu vi o trailer de “Nasce Uma Estrela”, achei, em meu preconceito, que não seria grande coisa. Um projeto encabeçado por Bradley Cooper, diga-se, de passagem, um ator de que gosto muito, onde ele atuou, foi um dos roteiristas, dirigiu e produziu. Aí, a Lady Gaga é uma das protagonistas (vem, então, a pergunta: mas ela não é cantora? Será que tem experiência como atriz?). O filme é sobre música. Parecia country. Será que o filme será uma versão americana de música sertaneja? Confesso que já tinha praticamente desistido de ver o filme. Mas, por questões de horários de exibição adequados e, principalmente, por ser um projeto em que Bradley Cooper parece que depositou tantas fichas, cedi à curiosidade e dei um pulinho no Estação Botafogo 1 (que teve um bom público na sessão) para ver a película.

Um cantor cheio de problemas…

No que consiste a história? Um cantor consagrado, meio de rock, meio de country de nome Jackson Maine (interpretado por Cooper), tem uma cansativa rotina de shows. Acometido por problemas de alcoolismo, drogas e de surdez, ele procura fugir um pouco de sua vida agitada e cai numa casa noturna de Drag Queens, onde conhece Ally (interpretada por Lady Gaga), uma moça que consegue fazer números musicais por lá.

E aparece Lady gaga, de forma surpreendente…

Os dois se conhecem melhor, têm uma grande afinidade um para com o outro e Jack descobre que Ally é uma excelente compositora. Dessa forma, Jack vai convidando a geniosa Ally para seus shows, com o intuito de cantar ao vivo com ela as composições da moça, o que acaba acontecendo. Logo, eles começam um romance e a carreira de Ally dispara. Mas o passado de Jack e seus problemas com bebidas, drogas e surdez  vão colocar uma série de obstáculos para a felicidade do casal.

Parceira na composição…

E aí vem a pergunta, depois de meu preâmbulo um pouco pessimista: o filme é bom? Pode-se dizer que sim. Isso porque, se ele parecia tomar a cara de um musical country, quando assistimos nós percebemos que a coisa não é bem assim e a película tomou contornos de um drama muito bem construído (o roteiro é inspirado na história de William Wellman e Robert Carson), onde o relacionamento entre Ally e Jack dão o tom da coisa. E aí, os problemas de Jack ganham um enorme peso na História, naufragando a carreira do músico enquanto a carreira de Ally tem uma ascensão meteórica. Obviamente, isso provocará certos problemas de ego e turbulências no relacionamento do casal. Mas paro por aqui com os spoilers.

… na música…

Como o leitor pode perceber, esse é um filme que dependerá demais das atuações dos protagonistas. Foi legal ver Lady Gaga atuando sem toda aquela maquiagem escalafobética. A cantora mostrou bastante firmeza e carisma, fugindo dos padrões de beleza habituais (sua personagem cita isso no filme). Os adeptos da ditadura da magreza diriam que ela estava meio “gordinha”. Mas que bom que foi assim! Ajudou demais a compor o personagem, enchendo de admiração quem a assistia. Já Bradley Cooper, bem, dá para perceber como ele deu muito carinho a todo o processo, a começar por uma voz rouca, um tanto caricata, mas ainda assim virtuosa, para seu personagem Jack.

… e no amor…

Em suas crises, parecia que ele carregava o mundo inteiro nas costas e ele fazia o espectador sentir todo esse peso do mundo junto com ele. Era doloroso ver todo o sofrimento de seu personagem e de como isso afetava Ally, que segurou o rojão com grandeza. Os choros de arrependimento de Jack para com sua esposa também foram muito arrebatadores. Só esses momentos já valeram o ingresso.

Bradley Cooper e Lady Gaga em Veneza…

Assim, “Nasce Uma Estrela” é um filme que vale a pena ser visto, pois não foi um musical com uma historinha de amor meio chinfrim como o trailer parece ter vendido. Muito pelo contrário, é um drama bem construído e pesado, que se amparou nos talentos de Bradley Cooper e Lady Gaga, cujo relacionamento teve uma excelente química. Assim, se você (como eu) viu o trailer com um certo preconceito, deixe-o de lado e pode ir ao cinema tranquilo.

Batata Movies – Venom. Uma Interessante Releitura.

Cartaz do Filme

E finalmente temos “Venom”, com Tom Hardy no papel principal. Ok, as pessoas têm uma certa resistência com produções da Marvel encabeçadas pela Sony. O bonequinho do “O Globo” não foi nada gentil com o filme. Mas devo dizer que, em minha opinião pessoal, gostei muito, embora seja um pouco suspeito para falar já que gosto muito do personagem e sempre esperei pelo dia em que ele tivesse um filme solo decente. A ideia aqui é justamente fazer uma defesa dessa película, já que a crítica especializada a esculhambou tanto.

Eddie Brock vai ter um parasita…

Como a trama foi construída? Eddie Brock (interpretado por Hardy) é uma espécie de repórter freelancer que usa o Youtube e seu celular para fazer reportagens que vende para um grande grupo de mídia. Um belo dia, seu chefe pede para fazer uma entrevista bem simples e rápida com Carlton Drake (interpretado por Riz Ahmed, que participou também de “Rogue One”), o presidente de uma empresa que realiza pesquisas científicas. Mas Brock fica meio contrariado, pois há rumores de que o empresário usa indigentes como cobaias humanas para seus experimentos científicos e que muitas pessoas morrem nesse processo.

Conhecendo seu hospedeiro…

Por intermédio de sua namorada Anne Weying (interpretada por Michelle Williams) ele consegue a entrevista, mas faz as perguntas que não devia, provocando sua demissão, a de sua namorada e, de quebra, o fim de seu relacionamento, deixando-o desempregado e amargurado. Meses depois, Brock é procurado por uma das médicas da empresa de Drake e diz que pessoas estão morrendo sim, pois elas são expostas a um simbionte alienígena altamente agressivo. Brock irá invadir o complexo e acaba sendo invadido por um desses simbiontes que começa a falar com o repórter, se intitulando Venom. Drake vai querer seu simbionte de volta e começará então uma perseguição com direito a muita bomba, porrada, tiro e, principalmente, cabeças devoradas por uma bocarra cheia de dentes afiadíssimos e com uma linguona bem inconveniente.

Uma caretinha básica…

O grande barato desse filme é que temos uma releitura desse (anti) herói. A primeira coisa que logo chama a atenção é a ausência total do Homem Aranha na história, justamente por haver essa divisão do Universo da Marvel com a Sony no meio. De qualquer forma, se o fã mais fervoroso dos quadrinhos provavelmente se sentiu incomodado com essa ausência, por outro lado conseguiram criar uma história solo do Venom sem o aracnídeo que funcionou muito bem e deu autonomia ao protagonista sem aquela impressão dele ser uma espécie de escada para outro super-herói mais conhecido e consagrado.

Um empresário sem escrúpulos…

Outra coisa que muito chamou a atenção foi a atuação de Tom Hardy e a construção do personagem Eddie Brock. Se nos quadrinhos, esse personagem é mais soturno e do mal, Hardy consegue fazer um Eddie Brock meio derrotadão, daqueles de desodorante vencido e sandálias que soltam as tiras, mas com um bom quê cômico.que ficou muito bom, sobretudo quando ele trocava umas ideias com o seu simbionte de estimação.

Michelle Williams no elenco…

As falhas de caráter do personagem não foram exploradas de forma tão negativa, mas sim de uma forma positiva, dando a Brock uma pecha de cafajeste carismático e querido. Pena que o Venom em si apareça menos do que a gente gostaria até porque o protagonista quer vender mais sua imagem no filme, o que é algo inteiramente compreensível e que, pelo talento de Tom Hardy, é algo inteiramente justificável e necessário.

Falando com seu hospedeiro, como se fosse uma consciência.,..

Uma coisa que incomoda um pouco é a duração do filme. Creio que, apesar dos 112 minutos de duração, ele poderia se estender um pouquinho mais e não se solucionar de forma tão rápida. Pelo menos, as duas cenas pós-créditos valem muito a pena e uma delas dá gancho para uma boa continuação. Agora é torcer para que o filme tenha fôlego para isso.

Uma linguona inconveniente…

Assim, “Venom” é um bom filme para esse (anti) herói da Marvel, onde os efeitos especiais e as cenas de porrada, bomba e tiro ajudam muito. Mas o filme não seria bom se não tivéssemos a boa atuação de Tom Hardy no papel principal, reinventando um Eddie Brock sem ódio pelo Peter Parker. Vale a pena dar uma conferida.

 

Batata Movies – Buscando… Sulu Stalkeando.

Cartaz do Filme

Um curioso filme vindo lá dos lados dos Estados Unidos. “Buscando…” é uma película que propõe trabalhar o gênero de suspense com uma temática muito atual atrelada à internet e às redes sociais. Com isso, o filme vai lançar mão de uma estética pouco usual: ele se passa totalmente dentro de uma tela de computador, como se o espectador estivesse sentado à própria máquina.

Um pai cheio de problemas…

Vemos aqui a história de uma família, destroçada por uma doença. Um pai, David Kim (interpretado pelo “Sulu” John Cho), a mãe Pamela (interpretada por Sara Sohn) e a filha Margot (interpretada na adolescência por Michelle La). Pamela morrerá de câncer, deixando pai e filha sozinhos. Um belo dia, Margot diz que vai passar a noite na casa de amigos para estudar para uma prova e… desaparece, deixando David atordoado.

Stalkeando tudo o que pode para encontrar sua filha…

Ele entra em contato com a polícia e vai contar com a ajuda da investigadora Vick (interpretada por Debra Messing) para encontrar sua filha. Enquanto a policial faz as investigações de campo, David segue plugado no seu PC e no de sua filha stalkeando tudo o que vê pela frente para encontrar pistas do paradeiro de Margot. E aí, uma trama de suspense é desenhada.

Onde está a moça???

A grande atração do filme é justamente essa estética baseada no que a gente vê nas telas de computador por aí, com direito a muitas consultas no Google ou conversas no whatsapp. Mas nada disso seria de muita serventia se não houvesse um roteiro bem escrito aqui. A história prende a atenção do espectador do início ao fim, mesmo que alguns possam achar o desfecho um pouco óbvio. De qualquer forma, a investigação das pistas pode assumir caminhos tortuosos, onde problemas muito contemporâneos tais como notícias e perfis fakes levam a perseguição de pistas erradas, introduzindo um elemento relativamente novo nessa proposta de suspense, o que ajuda a tornar a história ainda mais interessante.

Até memórias de um passado distante cabem na tela de um computador…

Com relação aos atores, não há muito o que dizer. Nada de medalhões. O único ator que chama mais a atenção é John Cho, que interpreta o protagonista David Kim, e ainda sim porque ele é conhecido por ser o Sulu do “Star Trek de J. J. Abrams”. Pelo menos foi legal o ator ter a oportunidade de mostrar o seu talento num personagem que passa por várias situações espinhosas, como a perda da esposa e o sumiço da filha, embora sua atuação, se não comprometeu, também não teve nada de muito espetacular.

Identidades fakes…

Assim, “Buscando…” é uma boa história de suspense, que consegue prender a atenção do espectador por despertar grande curiosidade. A gente tem a oportunidade de ver um gênero tão usado no cinema lançando mão de uma nova roupagem, que é o meio cibernético, trazendo elementos novos para a construção da narrativa como os perfis e notícias fakes. E um filme que mostra de forma definitiva como é o exercício de se stalkear tudo o que se vê pela frente. Vale a pena pelo roteiro e pela curiosidade.

Batata Movies – Missão Impossível, Efeito Fallout. Mais Um Bom Filme Da Franquia.

Cartaz do Filme

Sempre gostei muito de “Missão Impossível”. Nunca tive muita oportunidade de assistir a série antiga, mas gosto dos filmes do Tom Cruise, principalmente porque ele dispensa dublês para fazer as cenas de ação. Isso sem falar de que os roteiros sempre são bem escritos, não se apoiando somente nas espetaculares cenas de ação. E, desta vez, não foi diferente a meu ver. “Missão Impossível, Efeito Fallout” traz todos esses ingredientes de forma bem organizada e construída. Mais um bom “Missão Impossível”.

Eles estão de volta!!!

Nessa nova aventura de Ethan Hunt (interpretado por Cruise), ele precisa evitar que cargas de plutônio caiam nas mãos de um grupo terrorista. O problema é que, ao tentar fazer isso, ele acabou, como se diz no popular, “dando mole” e deixou justamente tal carga no colo de pessoas que podem vendê-la para terroristas. Tudo isso porque ele preferiu salvar a vida de seus dois fiéis escudeiros – Benji (interpretado por Simon Pegg) e Luther (interpretado por Ving Rhames) – ao invés de deixá-los ir para o sacrifício, como o protocolo exige em caso de falhas na missão. Assim, Hunt precisa, agora, correr atrás do prejuízo. Mas sua falha fará com que ele seja acompanhado pelo agente Walker (interpretado pelo “Superman” Henry Cavill que, além do bigode, agora está de barba também). E aí, tome cenas de ação mas também uma história muito bem elaborada, que precisa bastante da atenção do espectador e que os spoilers me impedem de entrar em maiores detalhes.

Hunt dá mole ao salvar os amigos…

Um dos grandes baratos desse filme é a presença de muitos “plot twists”, onde havia sequências com muitas reviravoltas. Isso já aconteceu em outras oportunidades e a coisa de se usar aquela máscara ajuda em muito nisso. Agora, parece que nesse filme tivemos a maior quantidade de reviravoltas em toda a franquia. A cada segundo, mocinho virava bandido e vice-versa.

Contracenando com Cavill (olha o bigode aí)…

Tudo que parecia ser uma coisa num momento era outra num momento seguinte, onde a narrativa fazia um verdadeiro jogo de gato e rato com a mente do espectador. A história também passou por situações muito extremas e impossíveis, onde o próprio Hunt não sabia se ia conseguir resolvê-las, dando como resposta um “não sei, eu dou um jeito”, cheio de dúvidas quando interpelado se ia conseguir dar cabo da situação ou não. E. claro, os plot twists também deram o ar de sua graça aqui.

O filme só tem mulherão…

Outra coisa muito boa no filme foram as locações. As sequências em Paris tiveram um charme todo especial, onde pontos turísticos como o Opera e o Arco do Triunfo tiveram seu dia de estrela de Hollywood. A sequência de perseguição em Londres teve adicionada uma componente de humor que caiu como uma luva.

Mais uma vez as motos nas cenas de ação…

Esse também é um filme de boas atuações e personagens. Além dos já citados, tivemos as gratas presenças de Alec Baldwin, Angela Bassett, Rebecca Ferguson e Sean Harris, na volta do terrorista Lane, um vilão usado de forma muito sábia ao longo da franquia.

Momentos de descontração nas filmagens…

Assim, “Missão Impossível, Efeito Fallout” é mais uma boa amostra dessa franquia que realmente deu certo, pois sempre apresenta bons filmes com boas cenas de ação, boas tramas, bons personagens e bons atores. Por hora, creio que há mais espaços para continuações, pois o modelo não parece mostrar sinais de desgaste. E um programa obrigatório para quem gosta de cinema como entretenimento, mas também como bom cinema.

Batata Movies – Os Incríveis 2. Sociedade Tradicional?

Cartaz do Filme

A Disney volta a atacar e trouxe, nesse meio de ano, a continuação de “Os Incríveis”. Antes de mais nada, devo confessar que não vi o primeiro filme, mas pretendo preencher essa lacuna em breve, principalmente depois de ter visto o segundo. Em segundo lugar, quero dizer que esta animação segue o alto padrão das animações da Disney, que conseguem ser muito engraçadas e cativantes. E o mais curioso é que ela realmente tem uma pegada de filmes de super-heróis que estamos tão acostumados a ver por aí, constituindo-se numa espécie de sátira a esse novo gênero de ação, o que faz o grande público se identificar mais ainda com a película. Façamos agora uma análise da animação, lembrando sempre que os spoilers serão necessários aqui.

Tentando resgatar a honra dos super-heróis…

O filme já começa com uma questão: os super-heróis são proibidos de trabalhar em virtude de provocarem um estrago quando lutam com seus arqui-inimigos (já vi isso em algum lugar). Mas um grande empresário quer voltar a tornar os heróis populares e, para isso, ele vai pedir a ajuda da mulher-elástica (a mãezona da família Incrível) para levar a cabo tal tarefa. Como os heróis estão proibidos de trabalhar e estão em grave situação financeira, o senhor Incrível (o maridão) apoia a esposa nessa iniciativa, que fica relutante em deixar tudo em casa para o pai tomar conta (afinal de contas, cuidar de três filhos – uma criança pequena, uma adolescente problemática e um moleque totalmente espoleta – não deve ser fácil).

A mamãe vai trabalhar…

Mas, como a necessidade faz o monge, a Senhora Incrível vai ao trabalho e se torna uma celebridade, enquanto o paizão passa poucas e boas com seus filhos, principalmente o menorzinho, que passa a ter 17 (!) superpoderes. Ainda, surge um inimigo muito poderoso, que consegue hipnotizar as pessoas para fazer coisas bem do mal, com o intuito de sabotar o programa de revalorização dos heróis.

… e o papai fica em casa…

O desenho traz umas questões interessantes. Essa coisa dos heróis proibirem de trabalhar para não colocar em risco a vida das pessoas a gente viu no “Batman Vs. Superman” e até nas histórias dos X-Men, onde há a perseguição aos mutantes. Aqui, o desenho faz uma troça com isso, pois se o super-herói não pode trabalhar e fica desempregado, como ele vai pagar as contas da casa, já que os heróis aqui são de uma família média americana? Ou seja, o desenho pega uma coisa que a gente vê na ficção altamente fantasiosa de filmes da DC e da Marvel e a trata,digamos, com uma pitada de choque de realidade, o que torna a coisa engraçada. Mas esse choque de realidade vai mais além, pois esse é um filme sobre família? Mas qual família? Uma mais moderna? Ou uma mais tradicional? A grande piada do filme é o paizão ficar em casa cuidando dos filhos e a mamãe sair para trabalhar. O senhor Incrível, ao ficar em casa, cuidando dos filhos, e tendo uma imensa dificuldade em fazer isso, indica que o “seu lugar” é trabalhar fora, e a senhora Incrível, acostumada à dupla jornada de trabalho, é a mais apta a ficar em casa, sendo esse o “seu lugar”?

E despertam os poderes do Zezé!!!

Ainda, fica muito clara numa parte do filme que o sucesso da Mulher Elástica incomoda o maridão que está dentro de casa. É claro que o filme faz piada e troça com tudo isso, que são traços de uma sociedade tradicional. Se a gente leva por esse lado, o filme tem um quê progressista. Mas incomoda um pouco essa visão de que o pai não consegue levar a cabo as tarefas domésticas, como se isso fosse “coisa de mulher”. Ou seja, atribuir a eficiência de determinadas tarefas a um gênero ou outro é uma coisa que incomoda e que o filme, de uma certa forma, não questiona tanto, exceto pelo sucesso da Senhora Incrível em seu ambiente profissional. De toda a forma, quem consegue salvar o dia são justamente as crianças, também consideradas “incapazes” de fazerem tarefas adultas, outro estereótipo de uma sociedade mais tradicional que, aí sim, será questionado aqui em toda a sua plenitude. E, também pudera, quem tem o Zezé com 17 superpoderes, não precisa de mais nada.

Crianças salvam o dia…

Assim, “Os Incríveis 2” é mais uma baita animação da Disney que só aumentou a minha curiosidade com relação a “Os Incríveis”, além de fazer troça com as histórias de super-heróis que povoam o cinema e nosso imaginário, fazendo um divertido diálogo entre a fantasia e a realidade. No mais, o desenho também serve para levantarmos questões sobre parâmetros sociais mais tradicionais e de como eles estão sendo revistos. Tal levantamento de questões só espelha a qualidade dessa ótima animação. Vale a pena dar uma conferida.

https://www.youtube.com/watch?v=vU01tvOJMn0

Batata Movies – Arranha-Céu: Coragem Sem Limite. Medo De Altura.

Cartaz do Filme

Dwayne “The Rock” Johnson volta a atacar em mais um filme de ação. “Arranha-Céu: Coragem Sem Limite” é mais um daqueles filmes de porrada, bomba e tiro, embora ele tenha algumas diferenças bem sutis como, por exemplo, puxar referências de outros filmes. Vamos falar agora algumas coisas sobre essa película, sempre lembrando que os spoilers serão necessários.

Ele está de volta!!!

A história começa com uma operação de resgate, onde Will Sawyer (interpretado por Johnson) tenta induzir o sequestrador a se entregar, mas ele explode uma bomba que mata todos os reféns (a própria família do sequestrador) e fere muitos soldados de seu esquadrão. Anos depois, Sawyer está casado com a médica que o atendeu no hospital e tem uma modesta empresa de segurança. Ele foi contratado por um bilionário chinês que construiu a torre de vidro mais alta do mundo, em Hong Kong, para checar todos os sistemas de segurança e liberar o acesso ao público a parte mais alta da torre.

Contratado por um bilionário chinês…

Quem intermediou o contrato foi um antigo amigo de Sawyer. O problema é que um inimigo do bilionário chinês quer destruir a torre e, para isso, precisa de um tablet em poder de Sawyer que controla todos os sistemas de segurança. Pois bem, esse tablet cairá nas mãos do tal vilão e ele induzirá um incêndio que destruirá a parte superior da torre. O problema é que a família de Sawyer está hospedada lá em cima e, ainda por cima, ele é o suspeito de provocar todo o incêndio. Agora, Sawyer, que estava fora do prédio na hora do incêndio terá que entrar na parte alta acima do incêndio com o encalço da polícia bem atrás de si. Ah, sim, o grandalhão tem medo de altura (o entendo bem).

Medo de altura e muita fita adesiva…

Já falamos aqui em outras ocasiões do talento de Dwayne Johnson no que se refere à atuação. E aqui não foi diferente, ele sempre corresponde muito bem quando é exigido nesse campo. O problema aqui é que o filme, por conter muitas cenas de suspense e ação, não dá muitas oportunidades para The Rock atuar. O mais curioso é que, mais uma vez, a força de sua musculatura é pouco exigida. Tá certo que o homem fica dependurado em prédios, cordas, quase cai o tempo todo, mas uma cena mais “mamãe, tô forte” somente aparece quando ele precisa segurar uma ponte meio bamba enquanto sua esposa salva o filho do casal. O que realmente é mais tenso no filme está nas sequências onde ele precisa ficar dependurado no prédio do lado de fora, ainda mais porque ele mostra, de forma bem convincente por sinal, que morre de medo daquela altura toda. Essas sequências tensas foram as melhores do filme, batendo até as cenas de tiroteios com os vilões.

Precisando salvar a família…

Mas o elemento que diferencia esse filme dos filmes de ação mais convencionais é o excesso de referências a outras películas. Impossível não se lembrar do primeiro “Duro de Matar”, com Bruce Willis, pois o filme também se passava num alto edifício, com sua esposa refém de um grupo terrorista. Mas o filme vai além e bebe fonte de películas ainda mais antigas como, por exemplo, “Inferno na Torre”, onde tivemos o prazer de ver um elenco do quilate de Paul Newman, Steve McQueen, William Holden, Richard Chamberlain, e que também se referia a um incêndio num alto prédio onde as pessoas ficaram encurraladas pelas chamas nos andares mais altos. Ainda a título de curiosidade, “Inferno na Torre” foi baseado no incêndio do Edifício Joelma em São Paulo na década de 70, onde as pessoas também ficaram encurraladas pelo fogo na parte mais alta do prédio e isso se constituiu numa verdadeira tragédia com mais de 180 mortos.

Vilões implacáveis…

Agora, a referência mais inesperada foi ao filme “A Dama de Shangai”, de Orson Welles (1947), cuja sequência clímax do filme é um tiroteio na sala de espelhos de um Parque de Diversões, onde a ilusão de ótica ditava as regras. Qual não foi a surpresa de ver a mesma ideia na sequência final aqui, onde tínhamos telas de led com câmeras cujo conjunto fazia o papel dos espelhos? Essa sequência final é bem ao estilo “entendedores entenderão” e foi uma grata surpresa num filme “blockbuster” que visa apenas ao entretenimento. Valeu muito pela lembrança e foi uma surpresa para cinéfilos mais exigentes.

Poucos momentos “Mamãe, tô forte”…

Assim, “Arranha-Céu: Coragem Sem Limites” é mais um filme de ação estrelado por Dwayne Johnson que, se não deu muita oportunidade ao ator de mostrar seu talento na atuação, trouxe a boa surpresa de fazer referências a filmes mais antigos de um passado relativamente recente, mas também de um passado bem mais distante. Somente esse pequeno detalhe já torna a película digna de atenção. Vale a pena dar uma conferida.