Batata Movies – Sicario, Dia do Soldado. Na Maldição Das Continuações.

Cartaz do Filme

Uma sequência foi exibida em nossas telonas; “Sicario, Dia do Soldado”, dá continuidade a “Sicario, Terra de Ninguém” e segue a mesma filosofia do primeiro filme, onde agentes federais dos Estados Unidos fazem “serviços sujos” para combater o narcotráfico mexicano. O primeiro filme  mostrou uma sinistra e excessiva carga de violência, disputada com afinco por protagonistas e antagonistas que mais pareciam farinha do mesmo saco do que qualquer outra coisa no que tange a serem pessoas implacáveis. Entretanto, essa sequência sofre a maldição, muitas vezes vista em outros filmes, do fato de ser pior do que o primeiro filme, principalmente na sua principal característica: a violência explícita. Para entendermos um pouco melhor o que aconteceu, vamos precisar de alguns spoilers.

Graver, em nova missão…

Façamos uma breve sinopse. O agente federal Matt Graver (interpretado pelo “Thanos” Josh Brolin) é chamado pelo secretário de defesa para lidar com mais uma ameaça aos Estados Unidos: os atentados terroristas cometidos pelo Estado Islâmico. Após algumas investigações (e ameaças de torturas a prisioneiros de origem islâmica, assim como assassinatos de seus entes queridos), descobriu-se que são os narcotraficantes mexicanos que estão promovendo a vinda dos terroristas para solo americano. Dentro da mentalidade americana dos homens da defesa, só há um jeito de se lidar com a situação: colocar os narcotraficantes em guerra. Para isso, a filha de um deles será sequestrada. É claro que Graver contará com a ajuda do obscuro e misterioso Alejandro (interpretado por Benicio Del Toro), um assassino frio e calculista. O problema é que o plano não dará tão certo. E aí, o governo obrigará Graver a tomar medidas, digamos, muito práticas.

Alejandro, mau que nem um pica-pau…

Por que esse filme perde em qualidade para o primeiro Sicario? Em primeiro lugar, há uma menor violência, até porque já esperamos um pouco o que vai acontecer, o que não ocorria na primeira película, onde a inesperada violência foi muito arrebatadora. Mesmo assim, as cenas de violência ainda vieram em menor número aqui na sequência, o que atrapalhou um pouco. Em segundo lugar, o filme é vendido com uma temática de combate ao terrorismo, que acaba atuando apenas como uma fachada, sendo que a película prefere revisitar o tema do narcotráfico mexicano. Ficou com cara de propaganda enganosa a coisa. Esperava-se mais terroristas muçulmanos fanáticos e cruéis trocando tiros com os federais ensandecidos.

Filme tem menos violência…

Num ponto, o filme acertou mais uma vez: o uso de práticas ilícitas para caçar inimigos dos americanos. O interessante aqui é que, tal prática, embora seja vista como necessária., não é exatamente vista como virtuosa, onde os próprios personagens protagonistas são vistos dentro de um clima altamente sombrio, muito realçado pela trilha sonora.

Os dois parceiros irão se desentender…

Ou, resumindo: nossos “heróis” não são exatamente caras bonzinhos, muito pelo contrário. Curioso aqui é que, ao contrário do primeiro filme, onde eles tinham carta branca para explodir completamente tudo o que vissem pela frente no país vizinho (no caso, o México), violando alegremente as leis e a soberania, nesta sequência Graver toma uns pitos do FBI, pois ele matou “só” 24 policiais mexicanos, todos ligados ao traficante local e que abriram fogo contra sua equipe. Ou seja, vamos violar a soberania do México ma non troppo, botando algum freio na insanidade cowboy  conservadora do primeiro filme.

Uma federal na incumbência de segurar a onda da galera…

De qualquer forma, apesar dos problemas, o filme ainda pôde produzir sequências bem dramáticas e angustiantes, sobretudo no que se refere ao personagem Alejandro, mas não vou mencioná-las aqui. Só digo que foi colocado, no desfecho, um gancho para uma continuação, algo bom a meu ver, pois esse Universo tão torto onde os procedimentos de “mocinhos” e “bandidos” muito se assemelham, pode ainda dar mais pano para a manga do que se pode imaginar.

Salvando uma sequestrada…

Assim, se “Sicario, Dia do Soldado” não é exatamente uma boa continuação, ainda assim segue o ritmo e a temática do primeiro filme, onde se estabelece uma espécie de “vale tudo” para o combate ao narcotráfico, nem que direitos básicos sejam violados, indo bem ao estilo do pensamento conservador americano, embora a narrativa do filme deixe bem claro que isso não é visto como algo virtuoso, embora se insinue que seja necessário. Entretanto, toda essa violação começa a ser mais questionada e relativizada nessa sequência, mesmo que seja por um breve momento. No mais, o gancho para uma sequência é um bom sinal de que há uma disposição para ampliar a discussão do que se é apresentado no filme, ou seja, a violação dos direitos e uma truculência explícita usando como argumento o combate ao narcotráfico e ao terrorismo. Torçamos para que esse terceiro filme saia.

 

Batata Movies – Homem Formiga E A Vespa. Micro-Macro.

Cartaz do Filme

A Marvel apresenta mais um de seus filmes. Depois do impacto provocado por “Vingadores: Guerra Infinita”, chega “Homem Formiga e a Vespa” para manter o bom nível das películas, além de, talvez, lançar alguma luz sobre todo o imbróglio do filme anterior, onde Thanos pintou e bordou, saindo triunfante. Dá para perceber o tamanho da responsabilidade que o micro (ou quântico?) herói tem sobre suas costas. E o filme, correspondeu? Para isso, teremos, como sempre, que lançar mão de spoilers.

O Homem Formiga agora tem a companhia da Vespa…

Do que consiste a história? Scott Lang (interpretado por Paul Rudd) cumpre prisão domiciliar depois de ter ajudado o Capitão América em “Guerra Civil”. Só que logo ele será “solto” por Hope Van Dyne (interpretada por Evangeline Lily), pois a mesma tenta buscar tirar sua mãe, Janet (interpretada por Michelle Pfeiffer) do mundo quântico. Scott teve sonhos com a mãe de Hope e enviou uma mensagem de texto para o Dr. Hank Pym (interpretado por Michael Douglas), marido de Janet e pai de Hope.

Devidamente paramentados…

O cientista estava elaborando uma espécie de túnel quântico para resgatar a esposa e tentou colocá-lo em funcionamento, no que não foi bem sucedido. Logo após esse evento, Scott começou a ter esses sonhos. Hank acredita então que Scott e Janet podem estar conectados por uma espécie de emaranhamento quântico. O mais curioso é que o tal túnel foi construído dentro de um prédio que era devidamente “encolhido” pelo Dr. Pym e transportado para lá e para cá. Tudo parecia ir às mil maravilhas, não fosse o fato de que Ava, uma vítima de uma experiência quântica mal sucedida (interpretada por Hannah John-Kamen) precisa fazer uso desse túnel quântico para salvar sua vida (ela tinha sua estrutura molecular destruída e reconstruída permanentemente e isso a matava lentamente). O problema é que esse uso poderia matar Janet. Começa, então, uma disputa pelo túnel quântico, que ainda conta com a presença de um empresário inescrupuloso, Sonny Burch (interpretado por Walton Goggins), que funciona mais como um alivio cômico (como se o filme precisasse de mais algum) do que como um vilão.

Fantasma, uma vilã, mas nem tanto…

O filme segue a tendência do primeiro, que é mostrar uma veia cômica mais forte do que habitualmente se vê nos filmes da Marvel, tal como faz “Guardiões da Galáxia”. A situação onde heróis e objetos de todos os tipos são aumentados e diminuídos repentinamente trazem situações muito engraçadas, o que é a grande atração do filme, sem falar no carisma de Paul Rudd, que consegue ser um protagonista muito cômico. Interessante, também, é o uso de termos de física quântica no filme, onde é citado o emaranhamento quântico, ou a “ação fantasmagórica à distância” mencionada por Albert Einstein. Para compreendermos melhor esse termo, temos que citar aqui o Princípio da Incerteza de Werner Heisenberg. Quando estudamos o movimento de uma partícula, precisamos saber simultaneamente de sua velocidade e posição. O problema é que não podemos medir essas duas grandezas ao mesmo tempo, por limitações impostas pela própria natureza.

Michael Douglas de volta…

Assim, para cada posição que medimos, temos infinitas velocidades possíveis e vice-versa. Isso leva à conclusão de que o Universo que observamos é apenas um de muitos possíveis. Como os cientistas procuram fazer uma determinação simultânea de posição e velocidade de uma partícula? Eles pegam duas partículas iguais, colocando-as em movimento e em sentidos opostos, e medem a posição de uma e a velocidade de outra. Dessa forma, para que possamos estudar o movimento da partícula, elas precisam ter alguma ligação entre si, mesmo que estejam separadas. É o tal emaranhamento quântico. No filme, Scott e Janet estão, digamos, “emaranhados” (no bom sentido, é claro, segundo o próprio Scott).

Laurence Fishburne. Outro nome de peso…

É curioso também notar que o filme não tem propriamente um antagonista de peso como foi Thanos em “Guerra Infinita”. Aqui, Ava (que é também conhecida como “Fantasma”) é uma moça revoltada por ter sofrido com as experiências quânticas, e é tratada mais como uma vítima do que uma vilã. Há, inclusive, a boa presença de Laurence Fishburne no elenco, como um cientista que é um antigo desafeto do Dr. Pym e que tenta salvar a moça do mal que a acomete. É claro que, até a antagonista se entender com os personagens protagonistas, muitas cenas de ação irão ocorrer, com Fantasma aparecendo e desaparecendo aqui e ali, ao bom estilo de uma onda de probabilidade quântica.

Pode ficar pequeno, mas também pode ficar grande…

Já Burch, o empresário inescrupuloso, funciona muito mais como uma piada do que como um vilão, sendo um declarado alívio cômico, além de sua atuação ser para lá de sofrível. De qualquer forma, o elenco tem bons medalhões. Além da presença já citada de Fishburne, temos Michelle Pfeiffer, retornando a um blockbuster e Michael Douglas. Nomes desse quilate sempre são bem vindos a filmes de super-heróis. E não podemos nos esquecer que o CGI trabalhou aqui nos flashbacks, rejuvenescendo Douglas, Pfeiffer e Fishburne.

Michelle Pfeiffer de volta…

O filme tem duas cenas pós-créditos. A última, depois de todos os créditos passados, é um alivio cômico. Mas a primeira é um pouco mais sinistra, pois nos lembra dos estragos provocados por Thanos e nos ajuda a entender por que o Homem Formiga não desmanchou como outros super-heróis. Mas vou parar com os spoilers por aqui.

Cenas de filmagem.

Assim, “Homem Formiga e a Vespa” é uma boa continuação do minúsculo herói e sua nova parceira e, se não traz uma luz no fim do túnel para a querela de Thanos em “Guerra Infinita”, estabelece uma ponte com aquele arco. Fica agora a expectativa de se a gente verá o Homem Formiga trabalhando em conjunto com a Capitã Marvel para salvar o Universo das garras de Thanos.  Vamos aguardar os próximos capítulos.

 

Batata Movies – Finalmente Podemos Falar De Han Solo: Uma História Star Wars (Parte 5)

Alden Ehrenreich convenceu, apesar das más expectativas. Já Chewie foi o mesmo de sempre…

Vamos hoje terminar de expor as impressões sobre “Han Solo: Uma História Star Wars”.

Bom, dá para perceber, pelo que foi dito nos artigos anteriores, que é um filme que dá muito caldo e que vale a pena assistir, mesmo depois de todos os spoilers citados. Mas, o que a gente pode falar dos atores que participaram da película? Em primeiro lugar, vamos falar de Alden Ehrenreich. Muito se falou mal no início do ator: que ele não se parecia em nada com Harrison Ford, que a presença de um “coach” (uma espécie de pessoa que o orienta na interpretação do papel) mostraria seu talento limitado, etc. Mas até que ele não foi mal. Ele conseguiu, por exemplo, dar aquele sorriso torto que somente o Harrison Ford sabe fazer, o que já foi um grande trunfo, embora ele repetisse muito isso ao longo do filme, como que se fosse para se afirmar. Ele também conseguiu ser um misto de cafajeste cara de pau (o futuro Han) e o menino apaixonado que acredita cegamente na namorada, apesar dos alertas de Beckett, que também se revelou outro traíra (aliás, a trairagem pode ser considerada uma personagem do filme, com loops de trairagem, o que é outro fator de construção do personagem Han que, interpretado por Ford, é o cara que não confia em ninguém, exceto em Chewie, e que pensa em só si mesmo). Na minha modesta opinião, o melhor momento de Ehrenreich no filme foi quando ele pilotava a Millenium Falcon em Kessel, onde ele mostra, com a sua destreza, que seu discurso de ser um grande piloto não era apenas da boca para fora.

Emilia Clarke meio letárgica…

Já Emilia Clarke como Qi’ra não ficou tão bem. Ela tinha um ar meio indiferente, meio blasé para a personagem que exigia mais dela. A mulher era o primeiro grande amor de Han e vai traí-lo. Não podia ter um arzinho tão letárgico. A única explicação para isso era a de que Qi’ra estava sendo sonsa mesmo. Já Woody Harrelson foi muito bem interpretando o personagem Beckett, que serviu de inspiração para Han em várias coisas: seu destemor, os malabarismos com a arma, etc (foi de Beckett que Han recebeu sua pistola). Algumas pessoas acham que Harrelson é um ator de um papel só, interpretando qualquer personagem sempre da mesma forma. Eu confesso que não o acho tão plano assim. No filme “O Povo Contra Larry Flint”, sua atuação é impressionante, e em “Três Anúncios Para Um Crime”, ele consegue fazer um policial com todos os preconceitos e rudezas de um WASP, mas ainda assim ser uma boa pessoa, mostrando que ele dá conta de papéis complexos e não ser somente o carinha legal.

Woody Harrelson. Bom ator e não somente o “carinha legal”…

Ele ainda deu visualidade a alguns trejeitos em seu personagem que ficaram marcados, como aquele amendoim (?) que ele comia enquanto tinha conversas decisivas com seus interlocutores. Agora, um ator que muito me impressionou foi Paul Bettany, que interpretou o vilão Dryden Vos. Talvez pelo fato dele interpretar o Visão nos Vingadores, e ser lá excessivamente cortês e gentil, tenha parecido a mim que sua interpretação de Dryden Vos tenha ficado tão marcante ao fazer um cruel vilão. O que mais impressiona é o misto de paternalismo e de truculência, onde ele mostra uma preocupação com as pessoas que fazem missões para ele, mas que se volatiliza numa fúria assassina se elas falham. O cara era mais instável do que o coaxium que ele mandava roubar e era assim que Vos controlava as pessoas: através do medo que elas sentiam de seu comportamento instável e violento.

Donald Glover arrebentou!!!

E, apesar de ser um chefão muito sofisticado, como era o seu enorme iate, ele não hesitava duas vezes em fazer o trabalho sujo de matar alguém com aquelas duas adagas iradas, ou seja, não deixava o trabalho para os capangas, mas sim ele mesmo fazia, como se tivesse prazer em matar com raiva. Foi uma atuação bem impressionante e uma das melhores do filme. Outro cara que mandou muito bem foi Donald Glover, entrando muito bem no personagem de Lando. Mesmo não sendo tão bonito e elegante como Billy Dee Williams, ainda assim Glover conseguiu recuperar essas deficiências na sua excelente atuação, sendo, na minha modesta opinião, o ator que mais aproxima sua atuação das atuações dos filmes clássicos. Só não foi melhor do que o Chewbacca, que estava igualzinho a todos os outros filmes.

Paul Bettany, um excelente vilão, aprovado pelo diretor…

Bom, essas foram em linhas gerais as impressões sobre “Han Solo: Uma História Star Wars”. Mais uma vez o spin-off foi melhor que os episódios. Também pudera. Colocar Ron Howard na direção e Jonathan e Lawrence Kasdan no roteiro acaba dando um resultado melhor, mesmo com toda a turbulência nas filmagens. Ou seja, quando o pessoal quer fazer um filme bom, acaba fazendo. Que essa lição fique para o Episódio IX e os próximos spin-offs, sendo esses últimos os que mais despertam a curiosidade agora.

Será que vai ter continuação???

 

Batata Movies – Finalmente Podemos Falar De Han Solo: Uma História Star Wars (Parte 4)

“Eu te odeio”. “Eu sei”

Continuemos com as impressões do filme “Han Solo: Uma História Star Wars”.

Após a sequência de Kessel, devo confessar de que achei o filme um pouco mais caído, servindo apenas para fazer o desfecho das pontas soltas, exceto pelo fato da revelação da  identidade de Enfys Nest e da morte de Beckett. Ah, sim, ainda teve a aparição de Darth Maul. Bom, vamos colocar as coisas em ordem. Ao chegar ao planeta onde o coaxium será refinado (que tem uma enorme praia e um deserto, não tendo nem um pouquinho a cara industrial de Corellia; até agora me pergunto onde eles refinaram substância tão perigosa), surge outra referência a “O Império Contra Ataca”. Vendo a Millenium Falcon toda esculhambada após as intempéries de Kessel (isso porque a gente teve a oportunidade de vê-la novinha em folha nesse filme, cuidada metodicamente por Lando), Lando parafraseia Leia e diz a Han: “Eu te odeio”, ao que Han responde com o óbvio “Eu sei”. Enquanto o coaxium é refinado, Enfys Nest aparece na praia e se revela: é uma moça (interpretada por Erin Kellyman). Nest disse que não fazia parte de um grupo de piratas, mas sim de uma rebelião cujos membros tiveram pessoas próximas assassinadas pelos sindicatos do crime, que teriam ligações com o Império. Han percebe que está do lado errado da história e decide não entregar o coaxium a Vos.

A identidade verdadeira de Enfys Nest.

Mas não contará com a ajuda de Beckett, que declina do convite de enfrentar Vos. Han e Qi’ra voltam, então, ao sofisticado iate e recebem um Vos já sabendo de suas intenções, pois ele foi avisado por um agente, que a princípio Han pensava que era Qi’ra, mas na verdade era Beckett. Vos ordenou que seus capangas atacassem Nest e pegassem o coaxium refinado. Mas Han se antecipa a isso e leva o verdadeiro coaxium para o iate de Vos, enquanto Nest embosca e rende os homens de Vos. Beckett, o único que está armado no momento dentro do iate, pega o coaxium e leva Chewie como refém. A partir daí, Han e Vos lutam, mas Qi’ra consegue matar Vos. Han deixa a moça e vai à caça de Beckett, matando-o (Han atirou primeiro). E Qi’ra, que era um personagem ora do lado de Han, ora parecendo traí-lo, mostra de vez que é uma traíra, se comunicando com Darth Maul. O fã mais desavisado pode perguntar: mas Darth Maul não foi partido ao meio por Obi Wan Kenobi no Episódio I? É aí que vai entrar o cânone unificado da Disney. Quem assistiu às animações “Clone Wars” e “Rebels” vai ver que Darth Maul está ali, vivinho da silva, e como ele volta a vida depois de sua morte no Episódio I. Alguns acharam a presença de Maul no filme algo sem propósito. Mais uma vez devo dizer que gostei, pois, em primeiro lugar, dá gancho para uma continuação, e, em segundo lugar, em caso de uma continuação, dá chance para a gente ver a trairagem de Qi’ra se desenvolver mais e, principalmente, de Darth Maul aparecer e tocar um terror geral, pois muita gente reclama que o Zabrak foi um personagem muito bom que foi muito mal aproveitado na saga. Ainda, a presença de Maul poderia até ser um gancho para desenvolver a incredulidade de Han com os jedis.

Beckett. Uma morte sentida…

Depois de matar Beckett, Han ainda tem uma conversa com Nest, que lhe dá um pouco de coaxium refinado por tê-la ajudado e o chama para participar dessa rebelião nascente, algo que ele nega categoricamente (mal sabe ele…). A partir daí só vai restar ele conseguir a Millenium Falcon. Han acha Lando e o saúda da mesma forma que Lando o saudou em “O Império Contra Ataca”: fingindo estar com raiva dele e, depois de simular que vai dar um soco, o abraça. A verdade é que isso serviu como uma estratégia para tirar a carta na manga de Lando e, desta vez, ganhar o jogo de sabacc, feito de forma honesta. O filme termina com Han e Chewie indo a Tatooine procurar um gângster que vai começar um grande negócio (indicação de Beckett).

Não, leitor, a série de artigos ainda não acabou! No próximo artigo, vamos falar um pouco da atuação do elenco que participou da película. Até lá!

Darth Maul, uma aparição inesperada…

Batata Movies – Finalmente Podemos Falar De Han Solo: Uma História Star Wars (Parte 3)

Vamos dar sequência às impressões sobre “Han Solo: Uma História Star Wars”.

A famosa corrida de Kessel…

Nossos heróis vão para o percurso de Kessel e roubam o coaxium, não sem sair sob uma saraivada de tiros. A mina de coaxium era o paradigma da opressão, com várias espécies escravizadas (inclusive robôs), e a missão acaba despertando uma rebelião, gritada a todo volume por L3-37, que libertou os robôs. Chewie também se desvencilha do grupo e liberta wookies aprisionados. O lance mais dramático foi a morte de L3-37, que revelou a curiosa relação íntima de Lando com sua robô. Ainda, durante a fuga de Kessel, a rota é bloqueada por um destróier Imperial.

Han e Chewie, juntos na Millenium Falcon pela primeira vez!!!

Dessa forma, era necessário que uma rota alternativa fosse encontrada, até porque o coaxium também tinha que ser refinado o mais rápido possível para não explodir. Perseguido por caças Tie, Han começa o que, na minha modesta opinião, é a grande sequência do filme: a famosa rota de Kessel feita em 12 parsecs (ou seriam 14?). Para isso, o núcleo de dados de L3-37 foi acoplado à Millenium Falcon, com  L3-37 fazendo parte da nave daquele momento em diante. Han, então, sai da rota convencional, toda sinalizada, e mergulha na nebulosa, que contém vários asteroides em seu interior. Perseguido pelos Tie Fighters, Han vai se desviando dos asteroides. Quando um Tie Fighter colide com um dos asteroides e explode, a referência vem logo à cabeça: estamos assistindo a um revival de “O Império Contra Ataca”, quando Han e Leia fogem da perseguição dos Ties num campo de asteroides.

Parece que tem algo estranho lá fora…

Até a música de fundo é a mesma. Han se livra do último Tie Fighter com um truque que ele aprendeu com um colega das ruas que não deu certo e provocou a morte do amigo. É claro que no caso de Han irá funcionar. E, ainda de acordo com as referências de “O Império Contra Ataca”, não podia faltar o monstro gigante, que persegue a nave. Aqui, outra referência: em “O Império Contra Ataca”, Leia dá um grito depois que vê um bichinho voador batendo na janela da Millenium Falcon.

E tem!!!!

Agora, há um grito coletivo de todos os tripulantes quando eles veem um monte de olhos da criatura gigante em cima deles. Para piorar a situação, eles estão bem perto do poço gravitacional, que puxa o bichão, depois que ele engole uma cápsula de fuga, estrategicamente disparada por Han. O que salva a Millenium Falcon de ser engolida pelo poço gravitacional é uma gotinha de coaxium bruto que lhes dá a energia necessária. É claro que, antes de escapar, a nave dá aquela famosa pifadinha que vimos tantas vezes com Han interpretado por Harrison Ford. À respeito disso, há outro lance curioso: quando L3-37 ainda estava viva, ela mostra um momento de falha ao acessar seu banco de dados das rotas de navegação, dando um ligeiro tapa em sua cabeça para voltar a funcionar. Parece que essa falha de L3-37 passou para a nave quando seu banco de dados foi acoplado à Millenium Falcon, sendo a explicação para as famosas pifadinhas que a nave dá na trilogia clássica. A sequência da rota de Kessel ainda teve um desfecho grandioso, com Han passando a Millenium Falcon com por uma fenda na nebulosa, da mesma forma que ele fez com o speeder na fábrica de naves de Corellia.

Ron Howard na direção…

No próximo artigo, vamos falar dos momentos decisivos do filme: a revelação da verdadeira identidade de Enfys Nest, a (não) entrega do coaxium a Dryden Vos, a surpreendente aparição de Darth Maul e muito mais. Até lá!

I have a good feeling about this…

Batata Movies – Finalmente Podemos Falar De Han Solo: Uma História Star Wars (Parte 2)

Um Solo chocado com a guerra.

Vamos hoje continuar a falar das impressões de “Han Solo: Uma História Star Wars”.

O filme dá sequência, avançando três anos no tempo e mostrando Han num cenário de batalha, com cenas de guerra e uma vestimenta toda inspirada na Segunda Guerra Mundial, o que deu um tom de veracidade à película. Nada de stormtroopers branquinhos e assépticos. A gente via uma guerra suja mesmo, no meio do barro e com pessoas sendo pulverizadas e mortas de forma implacável. Nós víamos inclusive soldados imperiais andando até dentro de trincheiras, ao bom estilo da Primeira Guerra Mundial. Confesso que a gente se lembra um pouco de Rogue One nesse pequeno momento, o que é um grande trunfo para o filme. Vai ser nesse ambiente altamente caótico que Han conhecerá Thomas Beckett (interpretado por Woody Harrelson), um exímio pistoleiro do Exército Imperial que tem toda uma série de trejeitos que Han terá mais tarde nos filmes clássicos. Nosso protagonista quer se aliar a Beckett, mas este o rechaça, pois Han nota que Beckett não é um militar, mas sim uma espécie de mercenário, algo que fascina Han. Só que o aspirante a contrabandista se dá mal ao tentar chantagear Beckett e acaba preso com uma fera que não come há três dias.

Beckett, fonte de inspiração para Han…

Tal fera não coloca medo no público, pois todo mundo já sabe quem é: Chewbacca (interpretado agora pelo jogador de basquete finlandês Joonas Suotamo). Aqui, aparece outro lance que despertou uma certa polêmica: Han falando a língua de Chewbacca para planejar uma fuga. Alguns acharam a coisa um pouco boba. Vou novamente em defesa do filme e digo que achei tudo muito divertido, bem ao espírito dos filmes mais antigos que tinham lances muito cômicos, daqueles de despertar gargalhadas, muito bem encaixados na ação. O Han falando o idioma de Chewie também serviu para dar uma química imediata à dupla que é antológica no Universo de “Guerra nas Estrelas”.

Han e Chewie finalmente juntos…

Conseguindo levar a fuga adiante, Han avista a nave de Beckett e implora para que os dois sejam levados, o que acaba acontecendo. Han e Chewie, então, passam a fazer parte do grupo. Há um momento aqui que tem que ser destacado, quando todos estão em volta de uma fogueira conversando uns com os outros e se conhecendo, sendo um bom momento de construção dos personagens.

Enfys Nest, o temido pirata…

O grupo terá uma grande operação a fazer: roubar um vagão inteiro de coaxium. Essa será a segunda sequência de ação do filme, onde há a tentativa de roubo do vagão, a disputa com os mercenários liderados pelo pirata Enfys Nest (os piratas são mais uma referência ao Universo Expandido) e a subsequente explosão do vagão quando este colide com uma montanha. A ação acabou por desmantelar o grupo de Beckett, sobrando apenas Solo e Chewie com ele. Mas esse não era o problema maior: a carga de coaxium era para o líder do Sindicato do Crime Aurora Escarlate, Dryden Vos (interpretado pelo “Visão” Paul Bettany). Os sindicatos do crime são mais outra referência ao Universo Expandido. Vos é, simultaneamente, paternalista e cruel, e não aceita fracassos. Beckett, Solo e Chewie terão que se explicar com Vos em seu gigantesco Iate e lá Solo reencontra Qi’ra, agora como subordinada de Vos.

Dryden Vos, o vilão paternalista e cruel…

O grupo traça um plano para roubar coaxium bruto, um material extremamente volátil e perigoso, que vai precisar ser refinado rapidamente para não explodir. O problema é que esse coaxium bruto está num planeta na rota de Kessel (touché!), que passa dentro de uma nebulosa com um poço gravitacional muito intenso (mais conhecido como buraco negro em nossa galáxia). Será necessária uma nave cargueiro bem rápida para a missão. E aí, Qi’ra tem a pessoa certa para isso. Isso mesmo, caro leitor: Lando Calrissian (ou melhor, Landonis; pois é, seu nome original é revelado), um personagem também muito interessante e muito bem trabalhado aqui, a começar pelas referências que Qi’ra nos fornece: uma pessoa elegante, de bom gosto. Há o famoso jogo de sabacc (o jogo de sabacc é mais uma referência ao Universo Expandido) entre Solo e Lando (interpretado por Donald Glover que, ao contrário do que muita gente tem pensado por aí, não tem rigorosamente nada a ver com o Danny Glover), e, diferente do que imaginávamos, foi Lando quem tomou a nave de Solo, com o manjado truque de carta na manga.

E surge Lando!!!!

De qualquer forma, é aí que Qi’ra e Beckett aparecem e conseguem convencer Lando a usar a Millenium Falcon na missão do roubo de coaxium por uma bagatela de 25% dos lucros. Aqui, surge um personagem bem interessante, até seguindo a linha de robôs interessantes de “Guerra nas Estrelas”: L3-37, uma robô “fêmea” (interpretada por Phoebe Waller-Bridge) será a co-piloto de Lando, tendo duas características especiais: ela tem um mapa de navegação da galáxia muito completo (o que impede de sua memória ser apagada) e ela é uma ferrenha defensora dos direitos dos robôs a terem seu próprio livre arbítrio e a não se submeter à autoridade de seres vivos. Essa segunda característica é muito marcante, pois ela nos remete imediatamente a Isaac Asimov e às suas histórias de robôs lá de meados das décadas de 40 e 50. Em algumas histórias de Asimov, os robôs eram tratados com muita discriminação pelos seres humanos, de uma forma parecida com a que brancos tratam determinados grupos étnicos como os negros ou asiáticos.

L3-37, uma belíssima aquisição à história…

Essa visão preconceituosa do robô como elemento subalterno se repete em “Guerra nas Estrelas”, embora aqui os robôs tenham bem mais personalidade. Se C3-PO aparece como uma figura submissa, parecendo ser controlado pelas três leis da robótica de Asimov e é praticamente espezinhado por figuras como o próprio Han Solo, R2-D2 é muito mais atrevido e ativo, salvando o dia (e a vida) dos humanos em várias situações. Sua personalidade só não é mais atrevida e forte porque ele fala através de uma sequência de bips incompreensíveis. O robô que exibirá essa linha totalmente atrevida será o K2SO de “Rogue One”, onde a gente compreende muito bem o que ele fala e a sua personalidade, sem falar que seu carisma dava a nós uma empatia imediata com ele (muita gente por aí diz que a “morte” mais sentida de “Rogue One” foi justamente a de K2SO). Pois bem, L3-37 consegue ir além: ela não somente tem personalidade forte e não tolera o preconceito dos humanos, mas também se torna uma espécie de ativista que luta pelos direitos de seus pares. E aí, mais uma vez, a gente se curva à importância cultural de “Guerra nas Estrelas”: se Asimov canta a pedra lá nas décadas de 40 e 50, falando de um preconceito de humanos contra robôs, “Guerra nas Estrelas” desenvolve o tema através de personagens robôs que, gradativamente vão enfrentando essa empáfia humana e se afirmam, mostrando muito carisma e encantando o público, numa mostra de que a saga cada vez mais deixa de ser uma fantasia espacial infantil blockbuster para se tornar algo mais maduro, capaz de abordar temas altamente reflexivos.

No próximo artigo, vamos falar do roubo propriamente dito do coaxium e da famosa corrida de Kessel. Até lá!

Paul Bettany e Ron Howard durante as filmagens…

Batata Movies – Finalmente Podemos Falar De Han Solo: Uma História Star Wars (Parte 1)

Cartaz do Filme

E estreou “Han Solo: Uma História Star Wars”, um filme esperado com uma certa expectativa e muito temor por parte dos fãs, já que as notícias referentes às filmagens não eram muito boas: trocas na direção, refilmagens, a necessidade de um coach para o ator que interpretava o protagonista, etc. Pode-se até dizer que havia um clima de desânimo no ar por parte de alguns e de “vamos ver no que deu” por parte de outros. Confesso que fiquei no segundo time, acreditando na afirmação de Mark Hamill de que os spin-offs seriam mais interessantes do que os episódios em si, ainda mais depois de alguma decepção com o Episódio VIII. Agora, passada a estreia e algumas idas ao cinema para se tornar mais íntimo da película, finalmente chegou a hora de se colocar as impressões aqui, lembrando sempre de que precisaremos dos spoilers para uma análise mais aprofundada e fundamentada.

Um Han Solo jovem…

E o que podemos falar em primeiríssimo lugar? Contrariando as expectativas mais pessimistas, “Han Solo” foi um bom filme. Uma boa película de aventura para apresentar um dos personagens mais cafajestes e atraentes de “Guerra nas Estrelas”. Um filme que conseguiu acrescentar, de uma forma bem harmônica, elementos do Universo Expadido e do cânone unificado pós-Disney, o que torna a história atraente para uma maior gama de fãs com um grau relativamente alto de exigência.

O filme já começa no planeta natal de Han (interpretado por Alden Ehrenreich), Corellia, que se especializa na construção de naves espaciais, informação presente no Universo Expandido. Os tempos de juventude de Solo o mostram sobrevivendo nas ruas e submetido aos caprichos de Lady Proxima (interpretada por Linda Hunt), uma espécie de lacraia gigante que controla todo o submundo de Corellia. Solo e sua namorada Qi’ra (interpretada por Emilia Clarke) tentam fugir de Proxima com uma pequena amostra de coaxium, o combustível dos motores hyperdrives, ou seja, os motores que viajam à velocidade da luz, sendo muito potentes e, consequentemente, de um potencial explosivo enorme.

Lady Proxima, a rainha do submundo de Corellia…

A fuga de Han e Qi’ra das (muitas) garras de Lady Proxima é responsável pela primeira cena de ação do filme, onde uma perseguição com speeders se dá nas ruas de Corellia e conhecemos todo um ambiente altamente poluído e industrializado, o que nos dá uma noção de como a vida de Han poderia ser difícil naquele ambiente. Han e Qi’ra chegam ao espaçoporto, mas somente Han consegue fugir, já que Qi’ra é capturada pelos capangas de Proxima. Han promete voltar, mas ainda é perseguido no espaçoporto. Para poder despistar os stormtroopers, ele acaba se alistando no serviço militar imperial, pois também tinha o desejo antigo de pilotar uma nave. Aqui, podemos abrir um parênteses para falar de algumas coisas. Em primeiro lugar, mais uma referência ao Universo Expandido, pois lá há a menção de que Han fazia parte do corpo militar do Império.

Han e Qi’ra numa fuga alucinante pelas ruas de Corellia…

Em segundo lugar, vemos como aparece o nome Solo: o militar que o alistava lhe deu esse nome depois que Han alegou não ter ninguém, que era sozinho. Algumas pessoas não gostaram muito dessa origem do nome. Eu particularmente a achei bem interessante, pois casa um pouco com o lado errante do personagem, onde sua vida vai sendo traçada pelo acaso, pelo sabor dos acontecimentos. Nada melhor do que um lance casual para explicar a origem de seu nome.

No próximo artigo, vamos ver como Han se encontra com Tobias Beckett, que se tornaria um exemplo de vida, e com Chewbacca. Até lá!