Wim Wenders está de volta em grande estilo com seu filme “Submersão”. E eu digo isso, pois o renomado diretor alemão trabalha com dois atores de peso: James McAvoy e Alicia Wikander, tendo, ainda, a excelente participação de Alexander Siddig, o Doutor Bashir de “Jornada nas Estrelas, Deep Space Nine”, para delírio dos trekkers de plantão que tiveram a oportunidade de ver a película.
James e Danielle se conhecem num hotel…
A história fala de um jovem casal de namorados, James More (interpretado por McAvoy) e Danielle Flinders (interpretada por Wikander), que se conhecem num hotel em período de férias. A relação é altamente idílica e sentimental, no bom sentido da palavra. Mais do que o amor físico, está um amor mais da alma, onde duas pessoas que se conhecem rapidamente e tiveram muito pouco tempo para estarem juntas, encontraram uma alta afinidade, mesmo que elas exercessem ofícios bem diferentes: James é uma espécie de agente que investiga ações do Estado Islâmico na África, e Danielle é uma cientista que estuda vida subaquática a grandes profundidades.
Logo rola uma terna química entre os dois…
Apesar dos ofícios altamente díspares, podemos dizer que há algo em comum entre eles, pois ambos estão submetidos a um risco de vida profundo, como se a “submersão” do filme fosse justamente estar afundado até abaixo do pescoço para cumprir tais ofícios e o risco envolvido compensasse a execução de tais tarefas, dada a importância dos objetivos a serem alcançados. O problema é que os empregos de nossos protagonistas os impõem ao isolamento um do outro, o que provoca muita dor no casal. Mas o mais lindo de tudo é que tal isolamento é justamente o que estimula o casal a lutar contra o estado de submersão, pois eles batalham para estar juntos novamente. E aí está toda a poesia do filme, coalhada de momentos de flashback do casal junto, momentos muito breves e efêmeros que confortam as almas de nossos personagens nos momentos mais dolorosos da submersão.
Mas, infelizmente, a vida nos prepara algumas surpresas…
Não preciso dizer aqui que esse é mais um filme de atores bem dirigidos. Apesar de muito diferentes, as situações passadas pelos dois personagens prendiam a atenção do espectador do início ao fim. James passava por uma situação extremamente traumática, ao ser prisioneiro dos jihadistas do Estado Islâmico.
Vikander, em todo o seu talento, fez a gente sofrer junto com ela…
Torturas, prisões e a incerteza de ser ou não executado a qualquer momento mergulhavam o espectador numa torrente de angústia. Uma leve tentativa de relativização do elemento cultural ocidental e muçulmano foi brevemente realizada, mas os efeitos dos últimos atentados na Europa fez com que o estereótipo do muçulmano como fanático terrorista acabasse prevalecendo, embora tivéssemos a ótima presença de Alexander Siddig, fazendo, também pudera, um médico, o Doutor Shadid (trekkers entenderão).
Alexander Siddig, em seus momentos, arrebentou (Aêêê, Doutor Bashir!!!!)
Sua interpretação, contida e, igualmente, espontânea, dava legitimidade à sua luta, mesmo nos momentos mais radicais e nos enchia de empatia mesmo quando o personagem reconhecia que não concordava com tudo na sua luta contra o Ocidente e que já se sentia um condenado à morte. Já McAvoy convence na barbarização de seu personagem que, entretanto, não desistia de sair daquela situação de refém. Seus diálogos com o jihadista que insistia em convertê-lo foram primorosos. Vikander, por sua vez, convenceu muito com o sofrimento de sua personagem pela ausência do seu amado, o que chegou a comprometê-la profissionalmente, mas com a moça dando a volta por cima e conseguindo empreender a sua missão arriscada, apesar da dor reprimida. Mais uma atuação muito boa dessa atriz que se impõe por seu talento.
Wim Wenders dirige James McAvoy…
Assim, “Submersão” é mais um bom filme de Wim Wenders que conta com ótimos atores de um porte de James McAvoy, Alicia Wikander e Alexander Siddig. Uma história de romance, com muitos devaneios existenciais, mas que amarra muito bem duas histórias de vida que se conheceram muito rapidamente e de forma efêmera. Cada personagem estava afundado em sua própria submersão e era isso que os ligava e cimentava as suas relações. Um interessante filme que vale a pena uma conferida.
Roman Polanski volta a atacar (no bom sentido, é claro) com o seu novo filme “Baseado em Fatos Reais”. Esta película é uma adaptação do romance de Delphine de Vigan e é Polanski em estado puro, com todas as neuroses e até escatologias que têm direito na obra do diretor. Tudo isso regado a um bom suspense.
Delphine, uma mulher esgotada…
Vemos aqui a história de uma escritora, Delphine Dayrieux (interpretada por Emmanuelle Seigner), altamente renomada e esgotada, com sua grande popularidade, submetida a uma dura rotina de sessões de autógrafos e palestras. Numa dessas sessões de autógrafos, Delphine conhece Elle (interpretada pela sempre estonteante Eva Green), que diz ser uma fã da escritora. Num primeiro momento, há apenas uma conversa cordial entre as duas, mas, com o tempo, a fã se torna uma presença mais constante na vida de Delphine, sempre comparecendo nos eventos em que a escritora está e, paulatinamente, aproximando a relação entre as duas. Até que Delphine e Elle se tornam amigas muito próximas. Vai ser o início de uma amizade onde a fã tem um comportamento, digamos, obsessivo com seu ídolo, o que vai trazer muita dor de cabeça a já perturbada escritora.
Mas, eis que surge Elle, em toda a sua sedutora exuberância…
Esse é um filme que incomoda o espectador, como todo bom filme de Polanski. A relação entre a escritora e sua fã é doentia, e com uma opressão da segunda sobre a primeira. Delphine fica mais afetada do que nunca, totalmente submissa nas mãos de Elle, que passa a controlar sua vida do jeito que quer. A escritora até tenta lutar contra a influência de sua fã, mas sua fragilidade emocional logo faz com que Delphine caia nas mãos da tresloucada Elle novamente. A coisa vai ficando cada vez mais barra pesada, entretanto vou acabar aqui com os spoilers, até porque haverá alguns elementos novos mais ao final.
No início, tudo foi amor e carinho…
Ficando na parte do filme apresentada aqui, esse tema da relação doentia e destrutiva entre duas pessoas não é algo propriamente inédito em cinema. A novidade reside na forma de como essa relação é tratada nos filmes. E aqui, a gente pode ver que a coisa foi feita muito bem, pois as atrizes conseguiram, em todo o seu talento, instigar a história. Seigner consegue ser muito convincente com seu semblante cansado e perturbado, com várias crises existenciais.
Mas, com o tempo, Elle mostra um comportamento, digamos, estranho…
A ideia de fragilidade que sua atuação passa também é muito contundente e ficamos estarrecidos e angustiados de como ela fica vulnerável ao seu misto de fã e algoz. Algo agônico, digno do que a gente viu com Rosemary (isso mesmo, leitor que pegou a referência, a Rosemary do bebê, do antológico filme do Polanski). Já Eva Green, como ela foi sensacional! Sua interpretação foi muito deliciosa! Eu sou até suspeito para dizer, pois aprecio demais o seu misto de grande beleza e elegância infinita. Mas aqui Green acrescentou uma psicopatia perturbadora! A mulher subiu nas tamancas! Ela começou como a fã aduladora, mas elegantemente respeitosa. Num segundo estágio, tornou-se uma confidente e uma amiga bem próxima, digna de dar conselhos pessoais. Mais tarde, um leve ciúme, que paulatinamente se torna tenso e pesado, culminando com explosões de violência perturbadoras. Podemos até dizer que Green “polanskou” geral.
Emmanuelle Seigner beija o marido Polanski em Cannes…
E me arrisco até a dizer que aqui a atuação de Green lembra (guardadas as suas devidas proporções, é óbvio!) Catherine Deneuve em “Repulsa ao Sexo”, outro filme de Polanski, onde a então jovem atriz conciliou enormemente, inocência, paranoia e venalidade, com direito a muita escatologia. Green, assim como Deneuve, conseguem ir além de seus status de musas e reúnem, com muita maestria, e em uma só personagem cada uma, características muito díspares. No caso de “Baseado em Fatos Reais”, só faltou a bateria sixty muito nervosa de “Repulsa ao Sexo”, que aumentava em muito a dramaticidade das ações tresloucadas de Deneuve. Enfim, foi uma atuação antológica de Green.
A beijoqueira Emmanuelle Seigner continua a atacar em Cannes. Agora, a vítima é Eva Green…
Dessa forma, “Baseado em Fatos Reais” é mais um bom filme de Polanski, com todas as características e intensidades do diretor. Um suspense perturbador, que ataca o psicológico dos personagens e do espectador, levando à paranoia e até à escatologia. Um filme do qual você não sai indiferente e que tem um bom plot twist ao seu final. Um programa imperdível não somente para os fãs de Polanski como para os fãs do bom cinema em si.
Uma comédia muito louca em nossas telonas. “A Noite do Jogo” é um daqueles filmes que brinca com plot twists. É uma história engraçada, descompromissada e que é ótima para te distrair numa tarde no cinema, sem qualquer intenção de desdém nessa afirmação.
Um casal que adora jogar…
A história é sobre pessoas que gostam de se reunir na casa de um amigo para jogar coisas do tipo a dedanha, qual é o nome do filme, ou até jogos de tabuleiro. Duas dessas pessoas, Max (interpretado por Jason Bateman) e Annie (interpretada por Rachel McAdams) são tão boas nos jogos que se conheceram e se casaram nas partidas. O problema é que Max tem um irmão, Brooks (interpretado por Kyle Chandler), que sempre foi melhor que ele em tudo. Brooks, uma certa vez, convidou Max, Annie e seus amigos para jogar em sua casa. Esse seria o jogo mais instigante de todos. Um agente policial chega à casa e começa a distribuir as tarefas. E um grupo de sequestradores chega e leva Brooks, para a diversão de todos. Mas, será isso apenas um jogo, uma brincadeira, ou tem alguma pitada de real nessa história.
Um irmão um tanto enrolado…
Essa é a grande diversão do filme. Você não sabe quando as coisas são “reais” ou elas fazem parte do jogo. E aí, Max, Annie e seus amigos terão que libertar Brooks desses bandidos, o que vai levar a situações inusitadas, com algumas piadas sem graça, mas outras na medida certa. O que eu posso dizer é que o público se divertiu bastante com o filme, que teve lances hilários e outros bem surreais. O filme também não abriu mão das cenas de ação, com direito a perseguições de carro, sem perder o humor.
As charadas dos jogos foram um personagem à parte, pois eles não ficaram restritos apenas à sala e nos tabuleiros, mas também eram usados para resolver charadas que apareciam no processo de se salvar Brooks. Em alguns momentos, essas charadas foram bem engraçadas em momentos um tanto inusitados. Coisas que beiravam o pastelão, no bom sentido do termo.
Um policial deprimido e seu cachorrinho…
Com relação aos atores, Jason Bateman esteve muito bem e engraçado e fez um par com boa química com Rachel McAdams, igualmente engraçada e a melhor coisa do filme. uma menção toda especial deve ser dada a Jesse Plemons, primeiro por sua semelhança com Matt Damon e, segundo, por fazer um policial divorciado que não conseguia se esquecer de sua ex-esposa. Ele conseguia ser melancólico e engraçado ao mesmo tempo, sendo uma ótima contribuição para o elenco.
Momentos surreais…
Assim, “A Noite do Jogo” não vai acrescentar muito à sua vida, pois não mostra nenhuma reflexão relevante ou mensagem. Ele é galhofa pura, com o único intuito de rir com situações absurdas, surreais e inusitadas. Mas, quem disse que o cinema não pode ser apenas diversão? Um simpático filme com cara de Sessão da Tarde, que serve para desopilar o fígado e desestressar. Vale a pena dar uma conferida nesse, uma higiene mental básica para relaxar.
Um remake de um conhecido filme do passado está em nossas telonas. “Desejo de Matar” ressuscita o personagem do arquiteto Paul Kersey, interpretado por Charles Bronson lá no longínquo ano de 1974, agora na pele de Bruce Willis e com algumas pequenas alterações que nos fazem pensar e que infelizmente trarão os spoilers à baila. Então, se você pretende ver o filme, seria legal voltar aqui depois de assisti-lo.
Paul Kersey, um homem transformado pela violência…
Todo mundo conhece a história. Paul Kersey, agora um renomado cirurgião, é uma pessoa pacata que perde de forma extremamente violenta a esposa e sua filha fica vários dias em coma depois que assaltantes invadem a sua casa. E aí, o homem deixa de ser pacato e passa a fazer justiça com as próprias mãos, metendo bala nos canalhas por aí. Confesso que já vi a versão do Charles Bronson há um milhão de anos, mas o que a gente pode comparar aqui? Em primeiríssimo lugar, o Kersey de Bronson é o modelo mais arquetípico da figura controvertida do “cidadão de bem” que temos hoje: bom cristão, contra o aborto provavelmente e, com certeza, defensor da pena de morte, onde os bandidos que ele assassina são os “vagabundos” desalmados por excelência, pouco se importando com a vida original dos criminosos, por que eles entraram para a vida do crime, se são ou não vítimas da sociedade, etc. O negócio é passar o rodo mesmo, para satisfazer a necessidade de sangue do protagonista e da plateia. Para se medir o conteúdo WASP da coisa, em “Desejo de Matar 2”, havia até o célebre diálogo entre Bronson e sua vítima: “Crê em Jesus Cristo?”, “Sim”, “Então vai vê-lo de perto!” com os tiros logo em seguida. Em outro filme da série (foram cinco longas), Bronson ainda solta um “Vai com Deus” antes de executar o vagabundo. Mais ético e cristão impossível…
Uma família feliz…
Já o Kersey de Bruce Willis é um pouco mais complexo. Para começar, há o dilema, por ser médico, de salvar ou tirar vidas. Enquanto nada acontece com sua família, ele encara seu ofício com frieza e naturalidade, não se importando quem é a pessoa que ele precisa salvar, como a boa ética médica exige. Pode ser um policial ou um bandido homicida. Entretanto, depois que a pimenta entra nos seus olhos, ele toma atitudes, digamos, pouco ortodoxas com relação a sua profissão. Ele não coloca qualquer entusiasmo no uso do desfibrilador quando trata de um dos bandidos da quadrilha que destruiu sua família. E fica meio implícito se foi ele ou não que crivou o meliante a bala.
Logo, elas farão parte de uma perda…
Antes desse dilema médico moral meio que chutado para escanteio, o filme provocou outra reflexão. A esposa de Kersey (interpretada por uma envelhecida, mas ainda muito bonita Elisabeth Shue) era proveniente do Texas, um estado americano com alta fama de belicismo. Ao retornar do funeral, o sogro de Kersey, com o genro no banco do carona, para o carro, pega uma arma e passa fogo em caçadores ilegais. Noutro momento do filme, Kersey vai a uma loja de armas e é atendido por uma sensual lourinha que lhe mostra as opções da casa e ainda ressalta as facilidades da burocracia americana para você sair dando uns tecos por aí. Ou seja, um filme de ação onde motherfuckers serão sumariamente eliminados tem, num dado momento, a preocupação de criticar o pensamento belicista americano. Realmente não é uma coisa que se vê todo dia por aí. Entretanto, tal visão bélica passa a ser legitimada depois que Kersey percebe que a morosidade das investigações deixará os criminosos impunes. E aí, aquele momento de curiosa lucidez se desvanece na pirotecnia armamentista básica.
Kersey em ação!!!
Ainda assim, o filme tem outros momentos de lucidez. Um programa de rádio questiona se é correto ou não fazer justiça pelas próprias mãos, lembrando que nesse programa o apresentador é negro. Já outro programa de rádio, que faz apologia ao “anjo da morte”, é apresentado por um gordinho branco. Mais maniqueísmo impossível. Uma questão é levantada: e se todo mundo resolve fazer justiça com as próprias mãos? A consequência disso aparece duas vezes: no ferimento provocado na mão de Kersey depois que ele dá um tiro, por não saber usar a arma direito (fica dado o recado a quem tentar cometer essa loucura por aí) e no caso de um aprendiz de justiceiro que, repetindo as atitudes de Kersey, acaba assassinado pelo bandido que pretende matar. O filme, cujo tema é a justiça pelas próprias mãos, ao mesmo tempo diz claramente: “Não faça isso na vida real senão você vai quebrar a cara!”. É o politicamente correto tentando consertar o politicamente incorreto nos filmes de ação.
Atirando no “bandido”…
A questão das mídias sociais do século XXI também é abordada no filme. Se o Kersey de Bronson matava seus vagabundos em paz, sem a vigilância de alguém, o mesmo não se dizer do Kersey de Willis, cujos primeiros homicídios foram filmados pelo celular de uma moça, colocados na internet e viralizados praticamente de forma instantânea, elevando Kersey ao status de celebridade em poucos segundos. O médico parecia se divertir com isso, mas, ao mesmo tempo, teve que calcular mais os seus passos enquanto buscava os assassinos de sua esposa que, confesso, acho que caíram no colo dele de forma um tanto fácil. Um pouquinho mais de investigação não faria mal ao filme, mesmo sendo ele de porrada, bomba e tiro declarado.
Bronson também aponta o dedo, sob a aprovação de Willis…
Dessa forma, esse remake de “Desejo de Matar” não deixa de trazer novos atrativos sem corromper demais a história original. Um filme belicista que critica o belicismo é, no mínimo, uma curiosidade que merece a nossa atenção. E ainda foi feita uma homenagem ao filme original bem ao fim da película, onde tanto Bronson quanto Willis “disparam” com os dedos contra um negro (obviamente) ao fim da película. Sei não, mas dessa vez soou com um extremo mau gosto. Não que a versão de Bronson não tenha sido de mau gosto, mas agora Willis parecia apontar sua “arma” para um trabalhador comum. Esquisito. De qualquer forma, vale a pena dar uma conferida nesta versão de “Desejo de Matar”.
Um filme muito singelo e fofo em nossas telonas. “Tudo Que Quero” é, antes de tudo, uma película muito humana, muito tocante. Em segundo lugar, é um prato cheio para qualquer trekker, apinhado de referências que somente os fãs de “Jornada nas Estrelas” vão pescar logo de cara. Em terceiro lugar, temos atrizes do quilate de Dakota Fanning (sim, ela cresceu desde “Guerra dos Mundos”!!!), Toni Collette (a inesquecível e sempre amada Muriel) e Alice Eve (a Dra. Carol Marcus de… “Jornada nas Estrelas, Além da Escuridão”!!!). Com esse curto preâmbulo, já dá para perceber que o filme promete.
Wendy. Vivendo em seu mundinho trekker…
Mas, no que consiste a história da película? Temos aqui a trajetória de Wendy (interpretada por Fanning), uma moça na casa de seus 21 anos e que sofre de autismo. Ela está internada numa clínica sob tratamento ministrado por Scottie (interpretada por Collette). Wendy obviamente tem dificuldades de relacionamento e se fecha no seu mundinho, onde “Jornada nas Estrelas” tem uma parcela muito grande de sua atenção. Ao descobrir que haverá um concurso de roteiros de “Jornada nas Estrelas” para os fãs, a moça decide escrever sua história. Mas um imprevisto a impedirá de colocar o roteiro no correio para participar do concurso. E aí, com a cara, a coragem e seu cachorrinho de estimação, Wendy parte sozinha para Los Angeles com o objetivo de entregar o roteiro pessoalmente para a direção do concurso. É desnecessário dizer que essa viagem será feita com muitos percalços e a mocinha terá que se descobrir para superar todas as dificuldades.
Explosões de paroxismo…
Esse é um filme em que Fanning rouba a cena quase que completamente. A jovem atriz convence muito em sua interpretação de autista, robótica e repetitiva em alguns momentos, e com explosões paroxistas de desespero em outros. Sua beleza de mulher feita não apagou sua beleza infantil angelical, constituindo uma boa mistura estética. Mas o seu talento não se ancora em sua beleza, sendo espontâneo acima de tudo, fazendo com que a personagem conquiste o espectador desde o primeiro momento. A gente compra a ideia da menina, a gente torce por ela e sofre com ela. É como se a atuação de Fanning nos impregnasse totalmente e nos prendesse ao mundinho de sua personagem. O misto de obstinação e de fragilidade de Wendy nos apaixona fortemente.
Sofrimento da irmã…
Quanto às atuações de Collette e Eve, ambas foram bem. A última convenceu com o sofrimento de longa data provocado pela doença da irmã caçula. Já a primeira teve o paradoxo de ser uma terapeuta compreensiva e uma mãe relativamente opressora.
Em busca de seu sonho…
As referências ao Universo Trekker são uma atração à parte, que divertem demais os iniciados e, infelizmente, a ameaça de spoilers não me permite dizer. Digo, inclusive, que o grande momento do filme é uma referência ao Universo Trekker, que provoca uma situação muito terna e fofa, de fazer qualquer trekker ir às lágrimas (confesso que devo estar carregando nas tintas, pois me identifiquei demais com a personagem). De qualquer forma, o roteiro é quase que um personagem à parte na película e que ajuda muito a se entender a psique de Wendy e o seu relacionamento com sua irmã, Audrey (interpretada por Eve). Só para dar uma palhinha bem rápida, a história se passa num planeta árido e desértico, com o Capitão Kirk à beira da morte e Spock, seu primeiro oficial e amigo, tentando salvá-lo. Esse enredo inicial tem muita coisa a ver com a vida e os sentimentos de nossa protagonista e fica bem claro como a confecção do roteiro funcionou como uma espécie de terapia para a moça.
Uma terapeuta meio bolada…
Dessa forma, “Tudo Que Quero” é um filme, sobretudo, para trekkers, mas não apenas para trekkers. Se os fãs de “Jornada nas Estrelas” vão se deliciar com as referências, esse também é um apaixonante filme de atrizes, com um destaque todo especial para Dakota Fanning, que nos arrebata do primeiro ao último minuto. Programa imperdível.
E estreou o tão esperado “Vingadores, Guerra Infinita”, com novamente a Marvel produzindo um grande filme, embora eu confesse que o filme me incomodou, talvez pela pegada altamente sombria da película. Antes de mais nada, vou logo dizendo que esse texto está repleto de spoilers. Não é a toa que estou o publicando com pouco mais de uma semana de exibição. De qualquer forma, se você ainda não viu o filme, é melhor voltar aqui quando já tiver assistido à película.
Thanos, um vilão muito poderoso…
Vamos lá. Bom, a sinopse todo mundo já conhece. O vilão Thanos precisa das seis joias do infinito para se tornar a criatura mais poderosa de todo o Universo e fazer todos de gato e sapato com um mero estalar de dedos. É claro que, para enfrentar um vilão extremamente poderoso, tivemos a presença de praticamente todos os heróis da Marvel, com a (sentida) ausência do Homem Formiga. Infelizmente, todos os heróis não lutaram exatamente juntos, numa batalha totalmente épica, mas sim em núcleos isolados, embora eles não tenham necessariamente deixados de ser épicos. Uma coisa deve ser dita aqui: houve várias situações paralelas, em locais (e planetas) diferentes, o que exigiu uma certa atenção do espectador. Mas como o filme teve a grande virtude (como todos os filmes da Marvel) de prender constantemente a atenção do espectador, a coisa se fez de forma relativamente tranquila. Ainda, o filme, apesar do clima pesado, manteve a pegada de humor, sobretudo nas situações em que personagens de dois núcleos diferentes interagiam, como quando vimos Groot e o Capitão América se conhecendo. O não abandono do humor nessa situação extrema não comprometeu o filme, ao contrário do que poderia parecer. Nos poucos momentos em que o humor desandou um pouco foi nas participações dos personagens dos Guardiões da Galáxia, onde tivemos diálogos bem bobinhos, a ponto de deixarem um Stark e um Strange da vida completamente estupefatos, mas que também contaminava as falas engraçadas desses personagens. Tudo bem, a pegada dos Guardiões da Galáxia é outra, mais bobinha e engraçadinha mesmo.
Dr. Estranho e Homem de Ferro. Choque de egos…
Uma coisa que chamou demais a atenção foi a motivação de Thanos em acumular tanto poder com as joias do infinito. Sua argumentação se baseava na premissa de que o Universo é finito e seus recursos também. Logo, o aumento das populações dos planetas provocaria um colapso que somente poderia ser solucionado com a execução de metade dessas populações. E ele se vangloriava de levar essa tarefa a cabo, uma tarefa que ninguém mais tinha coragem de fazer. Impossível não fazer uma comparação direta com Thomas Malthus, um economista britânico que viveu entre os séculos XVIII e XIX, e sua famosa teoria que dizia que a população pobre crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos crescia em progressão aritmética. Logo, a única forma de resolver esse problema de escassez seria através de um controle populacional onde, obviamente, os pobres pagariam o pato.
Malthus, o Thanos real…
O governo não deveria dar qualquer assistência aos pobres, pois assim eles morrem e a proporção entre pessoas e comida se equilibra novamente (pode-se dizer que, quem critica hoje programas como o Bolsa Família ou reclama que o dinheiro dos impostos arrecadados são para sustentar “vagabundos” tem uma visão considerada neomalthusiana). Só que Thanos, a uma certa passagem do filme, falava que, ao sacrificar as metades das populações dos planetas, faria isso sem privilegiar ricos ou pobres. Seria Malthus ainda pior do que Thanos? Eu não queria estar por perto se Malthus tivesse as seis joias do infinito em sua manopla.
Thor e os Guardiões da Galáxia…
Falando ainda em Thanos, a atuação de Josh Brolin, mesmo com toda aquela capa meio virtual, foi de uma força tremenda, não somente pelas porradas que ele dava, mas também por acreditar piamente que sua visão genocida era totalmente necessária para salvar o Universo. E, ainda, ele, volta e meia apresentava uma visão respeitosa para com seus oponentes, sobretudo Tony Stark e Wanda, sobretudo no episódio da morte de Visão (chamou muito a atenção o afago que ele faz na cabeça de Wanda antes de conquistar a última joia). Agora, foi algo arrebatador a sua relação com Gamora, num misto de amor e ódio, que culminou com o sofrimento (sincero) de sacrificar sua filha para obter a joia da alma. Essa humanização de um vilão ultrapoderoso e imbatível foi um dos grandes momentos do filme.
Homem Aranha e sua roupa iradíssima…
Na parte dos heróis, algumas coisas também chamaram a atenção. O traje do Homem Aranha, por exemplo, estava com aquelas pernas mecânicas implantadas por Stark. O diálogo de Thor e Rogers, falando de barbas e penteados, foi engraçado. Confesso que gostaria de uma participação maior de Steve Rogers no filme. De qualquer forma, foi bom vê-lo em Wakanda (na minha modesta opinião, o que a Marvel tem de melhor nos filmes solo são os três filmes do Capitão América e o Pantera Negra). Agora, uma coisa ficou muito clara aqui. Cada filme de herói da Marvel, mesmo que tenha pontos em comum com os outros, tem uma pegada própria. Isso ficou muito claro quando os personagens interagiam ou havia mudanças de um núcleo para outro, como se a gente tivesse uma espécie de mosaico de tudo o que vimos da Marvel nos últimos anos. Nesse ponto, o filme ficou bem construído, pois essas diferenças de cada personagem poderiam não ter dado muito certo se não fossem bem trabalhadas.
Pantera Negra e Wakanda como campo de batalha…
E o desfecho? Bom, pode-se dizer que a opção pelo vilão ter vencido a guerra e os mocinhos terem perdido foi muito boa, pois se chutou o “happy end” para escanteio. De fato, essa solução engrandece o filme, mas aqui surgiu um pequeno problema. Se tem reclamado por aí que as mortes têm sido desvalorizadas, pois hoje se matam heróis e eles são ressuscitados num piscar de olhos. E, agora, mais do que nunca, se lançará mão desse expediente, pois morreram muitos heróis. E a Marvel não quer perder dinheiro com a franquia, obviamente. Mas ficou uma pulga atrás da orelha: será que todos voltarão à vida, ou alguns realmente foram de forma definitiva? Essa dúvida (e angústia) somente aumentava à medida que víamos os heróis virarem cinzas. Devo confessar que, quando disse que o filme me incomodou, o foi principalmente pela parte dolorosa de ver muitos heróis morrendo (eu sou adepto daquela opinião, meio antiquada para os padrões de hoje, eu sei, de que o herói não deve morrer). Isso deu uma agonia e uma cara de tacho ao fim da exibição, com um Thanos sorridente vendo o pôr-do-sol depois de ter vencido sua guerra.
Steve Rogers, com barba…
Ficou aquela sensação de “já acabou?”. E, dessa vez, até os créditos finais nos meteram uma rasteira, sem cenas por toda a sua extensão, somente com uma aparição de Nick Fury (que também desmanchou) mandando uma mensagem para a… Capitã Marvel (!). Confesso que não conhecia essa super-heroína, mas o que se tem falado por aí é que ela tem muito poder. Outro detalhe interessante está nos heróis que sobreviveram. Bruce Banner, que não se transformou em Hulk por todo o filme, deve voltar com força total como o monstro verde no próximo filme (pelo menos assim espero!), assim como Stark e Rogers terão que fazer as pazes de qualquer jeito. Quanto a trazer os mortos para a vida, Thanos já até deu a dica: é só usar a joia do tempo (o problema vai ser tirar a manopla da mão dele, embora os heróis tenham quase conseguido nesse filme). E seria muito legal ver o Thor descer o cacete (ou o machado) no Thanos (ele quase conseguiu aqui).
Capitã Marvel vem aí???
Assim, “Vingadores, Guerra Infinita”, é mais um filmaço da Marvel, muito sombrio, pois os heróis encontraram um inimigo muito poderoso, e a derrota foi avassaladora. Haverá uma volta por cima total? Ou algumas marcas permanecerão? Confesso que não li os quadrinhos para saber como tudo se processou, se bem que nem sempre o cinema toma o mesmo rumo das histórias dos quadrinhos, alterando-as ao seu bel prazer. Até Thanos retornar (como foi prometido no final derradeiro do filme) esse incômodo vai ficar coçando o fundo de nossas mentes. Aquelas cinzas até agora estão provocando uma sensação desconfortável. Mas esse filme é um programa para lá de obrigatório.
A Batata Espacial vai fazer um revival e resgatar alguns filmes que foram exibidos há alguns anos. Essa é a seção Batata Movies, com o selo revival. Hoje começamos com o bom filme “O Mordomo da Casa Branca”.
Cecil, chegando ao seu novo emprego…
A América como ela é. Conservadorismo, direita e racismo travestidos de democracia somente para os brancos WASP (sigla em inglês para a expressão branco, anglo-saxão e protestante). Essa é a impressão inicial do filme “O Mordomo da Casa Branca” (The Butler), estrelado pelo “Academy Award Winner” e excelente Forest Whitaker. Vemos aqui a história de Cecil Gaines, um menino negro do sul dos Estados Unidos que trabalha como empregado numa fazenda que cultiva algodão. O filho do proprietário da fazenda estupra a mãe de Cecil (interpretada por uma gorda e deformada Mariah Carey que, praticamente entrou muda e saiu calada do filme) e, não satisfeito, ainda mata o seu pai, numa mostra de que a vida dos negros da primeira metade do século XX nos Estados Unidos estava totalmente à mercê dos brancos e suas vontades.
Um mordomo dedicado…
O menino é então adotado pela matriarca da fazenda (interpretada pela veterana artista Vanessa Redgrave) que o inicia na criadagem e na arte de servir. Depois de alguns anos, ele abandona a fazenda, pois, como adolescente, já não tem a proteção que a criança negra da Casa Grande tem e, para não ser assassinado, ganha o mundo. Ao tentar assaltar uma confeitaria, é flagrado pelo empregado negro que o acolhe e lhe dá oportunidades de trabalhar no comércio, sempre servindo as pessoas. Daí, sua carreira se desenvolve até chegar a ser mordomo da Casa Branca. A vida, que pareceria um mar de rosas a partir daí, tem ainda muitos lances dramáticos, como a crise conjugal na vida de Cecil que a dedicação ao emprego provoca (a esposa de Cecil é interpretada pela multimídia Oprah Winfrey) e as severas crises de relacionamento entre Cecil e seu filho mais velho, Louis (interpretado por David Oyelowo). Louis decide estudar no sul dos Estados Unidos e se torna politicamente engajado, estando ligado a Martin Luther King num momento, e aos Panteras Negras em outro, indo para a prisão várias vezes, para desespero de sua família, que assiste tudo à distância. Seu pai, em contrapartida, procura não se engajar politicamente para garantir seu emprego de mordomo, engolindo todo tipo de humilhações para poder sustentar a família.
Mordomos muito elegantes…
Tudo isso tendo como pano de fundo a história dos Estados Unidos ao longo do século XX, principalmente no que tange à questão racial. O filme tem um grande mérito: aborda o racismo em toda a sua intolerância, agressividade e violência, onde o próprio espectador sente-se agredido ante à tantas situações ultrajantes que os brancos impõem aos negros. As posições de pai e filho também são relativizadas no filme. Fica bem claro que o pacifismo de Martin Luther King é valorizado e a violência dos Panteras Negras é condenada (ao melhor estilo manifestação pacífica X “Black Blocs” que vimos nos últimos tempos) ao encontrarmos Louis jantando na casa dos pais com sua namorada num gigantesco penteado “black power” e soltando arrotos à mesa, num comportamento que choca os pais inseridos numa vida burguesa, apesar do racismo que sofrem. Por outro lado, o próprio Martin Luther King valoriza os procedimentos do pai mordomo de um envergonhado Louis, dizendo que conquistar a confiança dos brancos e os conhecer a fundo também pode ser visto como uma estratégia de luta (impossível não comparar tal situação com a dos escravos no Brasil Colonial que, em algumas situações, se aproximavam dos seus senhores, conquistando-lhes a confiança, ao denunciar planos de fuga de escravos, por exemplo, ganhando prêmios como comida extra no almoço, um pedacinho de terra para plantar e viver com a família no engenho e até a sua liberdade). Apesar dessa relativização, pai e filho somente se aproximam quando o Cecil pede demissão de seu emprego e também se engaja politicamente com o filho.
Cecil e sua esposa…
Como todo o filme americano que se preza, o “happy end” está garantido, com a apoteose “we can” de Barack Obama, numa espécie de vitória final dos negros na sociedade americana. Outra nota curiosa do filme é o desfile de presidentes americanos, onde a constante é o conservadorismo e o racismo, exceção aberta a Kennedy e, talvez, Eisenhower. Jimmy Carter somente em imagens de arquivo é uma ausência sentida. Talvez o episódio da embaixada dos Estados Unidos no Irã em 1979 tenha sido contundente demais para o seu já combalido carisma. A caracterização de Alan Rickman na pele de Reagan, assim como a de Jane Fonda na pele de Nancy Reagan impressionam. Destaques também para Cuba Gooding Jr. e Lenny Kravitz (!), que trabalhavam na equipe de mordomos.
Excelente caracterização do casal Reagan
Dramas pessoais e história da América. Racismo e luta pela liberdade. Bom elenco e interpretações primorosas. Tudo isso faz de “O Mordomo da Casa Branca” um bom filme.
Mais um filme de porrada, bomba e tiro em nossas telonas. “Rampage: Destruição Total” tem elementos de que um bom blockbuster precisa: algumas cenas de luta, alguns tiroteios, minicatástrofes, como a queda de um avião, e megacatástrofes como três monstros gigantes destruindo uma cidade inteira. E, no meio de tudo isso, Dwayne Johsnon, muito bem acompanhado por Naomie Harris.
Um primatologista e seu gorila…
Do que se trata a história? O primatologista Davis Okoye (interpretado por Johnson) mostra a seus alunos como fazer uma espécie de comunicação rudimentar com sinais com gorilas. O gorila mais avançado nessa comunicação é George, de uma rara espécie albina. Mas a queda de um patógeno que estava em órbita transforma George num gigantesco monstro, assim como um lobo e um peixe, que saem destruindo tudo por aí. O tal patógeno foi criado por uma empresa com intenções, digamos, escusas, mas um acidente na estação espacial com um rato transformado pelo patógeno acabou provocando a queda na Terra. Okoye terá que pagar um dobrado para salvar a pele de seu amigo George, que está totalmente descontrolado, e ainda buscar um antídoto para o gorila. Mas, para isso, ele contará com a ajuda de Kate Caldwell, uma antiga cientista da empresa que desenvolveu o tal patógeno.
Um trio tentando resolver uma catástrofe…
Parece uma história bem simples com o pretexto perfeito para se ter muitas cenas de destruição, que é como o filme é vendido. Mas há uma pequena discussão implícita aí. O grande vilão não são os monstros aterrorizantes que destroem a cidade de Chicago, mas sim o próprio ser humano, explicitado no casal de irmãos sem escrúpulos que dirigem a empresa que fez o patógeno. É até curiosa a disposição dos dois personagens: a moça (interpretada por Malin Akerman) representa a ambição e maldade humana em todos os seus sentidos; já o irmão (interpretado por Jake Lacy) representa a inconsequência, com um toque de estupidez. Esses dois ingredientes se unem para usar a engenharia genética de forma totalmente irresponsável, onde o humano brinca de Deus. Em oposição a tudo isso está Okoye, um homem em completa interação com a natureza, chegando inclusive a desenvolver meios e linguagens para se comunicar com ela mais profundamente, e afastando-se totalmente de qualquer relacionamento mais estreito com os humanos. Essa dicotomia presente no filme, apesar de um tanto simplória, dá um elemento a mais que faz com que a película não seja um simples filme de ação regado a muitos CGIs.
Bichinhos Feios…
E esse é um filme de atores, por que não? A atuação de Dwayne Johnson volta a impressionar. Apesar de ser apresentado como o estereótipo do grandalhão musculoso, ele não precisa disso para marcar presença. Suas atuações são sempre seguras e naturais, e ele convence, mesmo que elas às vezes pareçam um pouco planas. De qualquer forma, o cara passa muito carisma e a gente até se esquece de seu estilo Brucutu ao longo do filme, o que dá a chance de ele trabalhar até algumas piadas quando sua força física é requisitada na história.
Um peixão descomunal…
E Naomie Harris? Essa foi uma grande presença no filme e fez um par com Johnson que rendeu boa química. Sua beleza estonteante ajuda sempre, mas, assim como Johnson não precisa de músculos para se afirmar, Harris não precisa de sua beleza para isso, já que seu talento é inigualável, já mostrado em outras produções como “Moonlight” e “Beleza Oculta”. Vale ainda registrar aqui a presença do ator Jeffrey Dean Morgan, como um agente federal meio canastrão, meio cafajeste, meio gente fina, que chama a atenção no filme e tem bons diálogos com o casal protagonista.
Os verdadeiros vilões…
Assim, “Rampage: Destruição Total” é mais um clássico filme de porrada, bomba e tiro, mas que tem elementos adicionais como a discussão da vilania humana ao fazer manipulações genéticas e conta com bons atores no elenco, mostrando mais uma vez o carisma de Dwayne Johnson, com a grata companhia de Naomie Harris. Vale a pena dar uma conferida para se divertir sem compromisso.