Batata Movies – Minha Irmã De Paris. Engraçadinho, Mas À Americana.

Minha Irmã de Paris
Cartaz do Filme

Uma comédia francesa engraçadinha à americana. “Minha Irmã de Paris” é um filme com o único objetivo de entretenimento. Protagonizado por Mathilde Seigner (irmã de Emmanuelle Seginer, esposa de Roman Polanski e que contracenou com Harrison Ford no já longínquo “Busca Frenética”), que faz dois papéis, o de uma atriz profissional sofisticada e metida à besta que busca recuperar sua carreira (Jullie) e uma cabeleireira de cidade de interior altamente alegre e comunicativa (Laurette), o filme consegue fazer rir mas também passa uma mensagem da importância de tratarmos bem ao próximo e fazermos a diferença na vida dos outros. Para podermos falar desse filme, vamos lançar mão de spoilers.

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Uma atriz desiludida com sua profissão, lê mais um trabalho…

Como Julie e Laurette, duas mulheres ao mesmo tempo tão diferentes e iguais irão se encontrar? A primeira está com sua carreira por um fio e seu empresário consegue um papel para ela com começo imediato. O problema é que a atriz fez preenchimento labial e teve uma reação alérgica, ficando com o lábio inchado. Dias antes da operação, Laurette se apresentou a Julie e seu empresário no restaurante, numa mostra de tietagem explícita, e deixou o cartão de seu estabelecimento de cabeleireira. Julie então irá contactar Laurette e pede para substituí-la nos primeiros dias de filmagem, até que ela se recupere de seu inchaço no lábio. Mas a natureza afável e amigável de Laurette conquista todos no set de filmagem, onde a moça cai como uma luva no papel de uma protagonista de comédia, algo impraticável para Julie, que faz filmes mais “cabeça”. O grande detalhe aqui é que Laurette e Julie são irmãs gêmeas que foram abandonadas num orfanato e, enquanto a atriz orgulhosa e metida à besta não sabe disso, Laurette tem plena consciência dos laços de parentesco. Está montado o cenário para várias situações hilárias ao longo da exibição da película.

Previsível, 'Minha Irmã de Paris' é típica comédia francesa sem ...
Uma transformação…

É um filme onde tudo depende muito de Mathilde Seigner, que conseguiu muito bem dar conta do recado. Ela realmente conseguiu dar vida a duas pessoas de características completamente diferentes, mesmo que as duas personagens tenham a mesma cara. O mais interessante é que a atriz consegue fazer rir com as duas personagens, por mais díspares que sejam suas características, numa prova de um bom trabalho de interpretação. E ainda, de quebra, conseguiu levar ao público uma lição de moral, pois Julie consegue aprender com Laurette que a petulância e a soberba machucam muito as pessoas, de forma que a diva desce de seu pedestal e desiste de sua carreira, havendo uma verdadeira troca de papéis entre as duas, onde a vida de uma agrada à outra. O grande barato do filme é que, até que esse desfecho seja alcançado, temos um roteiro que apresenta muitos desdobramentos e alternativas, que desenvolvem a história de uma forma engraçada, mas também instigante, onde torcemos pelo espírito alegre e cheio de compaixão de Laurette, mas também torcemos por Julie, pois ela é muito infeliz com seu trabalho e muito de sua soberba vem daí. Isso tudo sem falar que Julie precisa saber de sua história pregressa de órfã, um elemento a mais para trazer tensão ao roteiro.

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Trocando de ofício…

Dessa forma, “Minha Irmã de Paris”, se é uma comédia um tanto despretensiosa, ela cumpre a função de fazer rir, traz uma tocante lição de moral e o talento de uma atriz como Mathilde Seigner, que consegue fazer duas personagens com características muito diferentes, fazendo o público rir igualmente com as suas interpretações. Vale a pena para passar um tempinho agradável.

Batata Movies – O Último Amor De Casanova. Um Amante Deprê.

O Último Amor de Casanova - Filme 2019 - AdoroCinema
Cartaz do Filme

Vincent Lindon está de volta em mais uma película. “O Último Amor de Casanova” é um daqueles filmes que vão na contramão de todas as nossas impressões sobre o personagem em questão. O prolífico amante que povoa nossas mentes está mais para um cara feliz e vibrante, que sabe aproveitar a vida e que tem um controle muito forte da situação. Mas o filme em questão não mostra nada disso, muito pelo contrário até. Para podermos entender um pouco melhor isso, vamos lançar mão de spoilers.

Vincent Lindon interrogé sur ses "fesses dans le film" : Il répond ...
Casanova, um amante que se depara com um grande desafio…

Vemos aqui a vida de Casanova na Londres do século XVIII. Todo senhor de si, Casanova fica fortemente atraído por uma cortesã, Marianne de Charpillon (interpretada por Stacy Martin), que vê prestando seus serviços a dois homens numa carruagem. A partir dali, Casanova faz de tudo para se aproximar da moça, e ele descobre que ela havia recebido um presente dele quando menina. Sabendo do histórico de casos do famoso amante, Marianne faz de Casanova gato e sapato, humilhando-o o tempo todo e não se entregando a ele, até que o famoso personagem pira na batatinha e destrói o quarto quando Marianne presta seus serviços para um cliente, o que provocou o afastamento definitivo da moça e mergulhou Casanova na depressão.

O Último Amor de Casanova | CinePOP
Marianne de Chapillon. Vingança???

Esse é um daqueles filmes franceses que trabalham sua temática favorita: o existencialismo e a depressão. Lindon, como sempre, teve uma excelente atuação, e com sua voz grave, adicionou um tom de melancolia que tornou o filme extremamente arrastado e tristonho. Parece que vemos aqui uma vingança contra todos os males que Casanova provocou contra as mulheres que ele atraiu para sua alcova, um desfecho deprimente para sua vida de coleção de amantes. O chato é que o filme, apesar de contar com um bom figurino e locações, não foi muito além desse clima melancólico, o que pareceu um desperdício de um talento como Lindon.  Um ponto positivo foi a participação de Valeria Golino, que mais era uma amiga de Casanova do que uma amante. Ela estava muito  linda com suas vestimentas de época e seu penteado louro e encaracolado, onde sua voz rouca e sexy é uma marca registrada ainda muito forte.

Crítica (2): O Último Amor de Casanova | Woo! Magazine
Casanova, humilhado por Marianne…

Dessa forma, “O Último Amor de Casanova” foi demasiadamente arrastado e melancólico, o que foi uma pena, pois o talento de figuras como Vincent Lindon e Valeria Golino poderia se destacar um pouco mais se o filme fosse um pouco mais vibrante. A humilhação do personagem principal cheirou a uma vingança contra o passado de excessos do amante, embora nunca devamos nos esquecer que essa história é baseada na vida de Casanova. Se você gosta muito, como eu, de Vincent Lindon e de Valeria Golino, esse é um programa obrigatório. Mas o filme é muito lento e deprimente, e ainda tem ingleses que defecam nos jardins.

Batata Movies – Aspirantes. Choque De Realidade.

Aspirantes - Filme 2012 - AdoroCinema
Cartaz do Filme

Um filme brasileiro. “Aspirantes”, de Ives Rosenfeld, fala da trajetória de um rapaz que tem um sonho igual ao de milhares, talvez milhões de jovens por todo o país: ser um jogador de futebol famoso e rico. Mas a vida, sempre ela, dá uma rasteira atrás da outra no protagonista desse filme. Para podermos pensar um pouco sobre a película aqui, vamos precisar de spoilers.

O gramado de tensão em Aspirantes - Assiste Brasil
Júnior. Um rapaz na busca do estrelato no futebol…

O protagonista em questão é Júnior (interpretado por Ariclenes Barroso), um rapaz que vive na região dos lagos no Rio de Janeiro e tenta, juntamente com o amigo Bento (interpretado por Sérgio Malheiros) um lugar ao sol no difícil mundo do futebol. Júnior tem uma namorada que está grávida dele e mora com um tio com quem não se dá bem. Tudo parece muito idílico e prosaico no filme, mas o cenário tem um potencial para virar de cabeça para baixo a vida de Júnior, o que acaba acontecendo. Ele se desentende com o tio, que o expulsa de casa, tendo que ir morar na casa da namorada. Entretanto, um desentendimento entre a mãe da namorada e a mesma mostra que Júnior tem, na verdade, que lidar com uma grande pressão, que é arrumar um emprego para sustentar o filho vindouro. Isso faz com que ele precise ter êxito na carreira de jogador de futebol, o que pode ser um processo muito lento sem garantias a longo prazo. E aí, nosso Júnior entra em parafuso, com direito a desentendimentos com o amigo Bento (inclusive de forma trágica) e com a namorada, a ponto do menino dormir na rua até ser acolhido por seu técnico e pelo clube. O filme termina com Júnior numa partida decisiva, fazendo um gol.

Aspirantes' ganha força 4 anos após lançamento - Cultura - Estadão
Júnior cultiva uma grande amizade com Bento…

O filme, que parece um tanto ingênuo e bucólico em seu início, acaba se revelando uma sucessão de choques de realidade com o passar do tempo, marcando a via crucis de Júnior, um rapaz pacato que se torna um cara soturno e até agressivo em virtude das pancadas que a vida dá. O maior problema aqui é que o filme termina de uma forma extremamente abrupta, como se um gol fosse a solução de todos os problemas do personagem. Ele ainda precisa de um bom emprego, precisa se acertar com sua namorada e, principalmente com Bento, a parte mais surreal desse choque de realidade. Entende-se até que o roteiro tenha sido enxuto mais pelo sentido de se contar uma boa história e não se complicar muito para não encarecer demasiadamente a produção. Mas o excesso de pontas soltas e se dar ao espectador a responsabilidade de mentalmente amarrá-las podem ser problemas que tornam o filme um tanto incompleto em sua construção. De qualquer maneira, essa é uma história que pode acontecer com muita gente por aqui em nosso país.

Filme "Aspirantes" usa futebol para tratar de inveja e competição
A vida de Júnior vai passar por muitas turbulências…

Dessa forma, “Aspirantes” vale por seu choque de realidade, embora seu roteiro pareça demasiadamente simplório e plano, deixando muitas pontas soltas. Vale para o espectador trabalhar sua imaginação.

Batata Movies – E Então Nós Dançamos. Contra Tudo E Contra Todos.

E então nós dançamos – Infonet – O que é notícia em Sergipe
Cartaz do Filme…

Uma grata surpresa cinematográfica vinda da longínqua Geórgia. “E Então Nós Dançamos” é mais um filme de temática LGBT, mas que tem como pano de fundo a cultura local da ex-república soviética, que tem na sua dança uma verdadeira bandeira – ou, por que não dizer, essência – da cultura nacional. Uma dança onde a masculinidade é fortemente exigida. Para podermos falar do filme, vamos lançar mão dos spoilers.

E Então Nós Dançamos | Festival Mix Brasil
Merab. Conflitos entre o machismo de seu país e sua sexualidade…

O filme gira em torno de Merab (interpretado por Levan Gelbakhiani), um rapaz que faz parte de um grupo de dança georgiana, que recebe muitos pitos de seu professor por não ser másculo como as tradições nacionais exigem nos números de dança. Ele trabalha como garçom num restaurante, passando por muitas dificuldades, mas não esmorece. Seu irmão também participa do grupo, mas falta a seguidas aulas, levando uma vida completamente irresponsável. Um belo dia, chega um aluno novo a escola de dança: Irakli (interpretado por Bachi Valishvili), que é mais competente do que Merab e toma o seu lugar. Mas Merab, além de se sentir ameaçado, também tinha uma atração pelo rapaz, e os dois vão engatar um relacionamento. O problema é que Irakli some do mapa e deixa Merab completamente atônito, onde uma sucessão de acontecimentos vai detonando a vida do jovem. Ao mesmo tempo, o homossexualismo de Merab vem à tona na comunidade, e o rapaz começa a ser perseguido pelos seus colegas de dança. Irakli até retorna, mas seu pai está doente, à beira da morte, e ele precisa ficar com a mãe, engatando um noivado em sua cidade de origem. Resta a Merab juntar os cacos de sua vida e buscar novos horizontes, não sem antes corajosamente desafiar a cultura de seu país como uma resistência pela sua sexualidade.

E Então Nós Dançamos
Merab irá engatar um relacionamento com Irakli…

É um filme que apresenta a dança georgiana, uma grata surpresa, por ser muito bonita, vibrante e vigorosa. Merab conseguia imprimir à dança toda uma sensualidade que desafiava as tradições estabelecidas, sensualidade essa usada como resposta na sequência final do filme, onde ele desafia a tudo e todos com sua coreografia forte, mas ao mesmo tempo, muito esguia, o que ficou bonito de se ver. É claro que a temática LGBT também tem a sua importância no filme, pois ela invadia um espaço onde a masculinidade era muito exigida. E o filme foi muito corajoso, pois as diretas e tórridas cenas de amor entre Merab e Irakli pareciam uma resposta à altura contra a forte masculinidade que a cultura da Geórgia exigia. A forte reação de Merab usando a dança como linguagem ao final da película é uma resposta à situação de desalento total em que o personagem se encontrou, pois ele teve que enfrentar o preconceito de sua sociedade sozinho, já que ele fora abandonado por Irakli e perdeu todo o chão de sua vida no seu microcosmos. E aí a gente tem que bater muitas palmas para a atuação de Levan Gelbakhiani, que agüentou bem o tranco da situação complexa em que seu personagem se encontrava.

Sexo transborda de dançarino gay no filme 'E Então Nós Dançamos ...
O dançarino vai ter muita coragem para enfrentar os percalços de sua vida…

Dessa forma, “E Então Nós Dançamos” é um programa imperdível, pois mais uma vez chama a atenção para o preconceito contra a comunidade LGBT mas traz a grata surpresa de dar a nós contato com uma cultura tão distante quanto à da Geórgia. Vale muito a pena dar uma conferida.

Batata Movies (Especial Oscar 2020) – Indústria Americana. A Face Mais Cruel Do Capitalismo Travestida De Socialismo.

Indústria Americana (Filme na Netflix 2019) - Filmmelier: assistir ...
Cartaz do Filme

Um documentário perturbador na Netflix. “Indústria Americana” ganhou o Oscar de Melhor Documentário esse ano e revela uma das faces mais cruéis do capitalismo no mundo contemporâneo pós-guerra fria. Um filme que mostra os rumos perigosos que o mundo está tomando e que nos faz refletir, e muito. Esse documentário teve a participação de Barack Obama entre os produtores. Para podermos falar sobre esse filme, vamos lançar mão de spoilers.

Indústria Americana | Trailer oficial | Netflix - YouTube
Indústria americana de patrões chineses…

O filme começa com o fechamento de uma fábrica da GM em Ohio e a consequente demissão de todos os seus trabalhadores, ficando totalmente desguarnecidos em virtude da crise econômica que aflorou em 2008. Mas, alguns anos depois, um fio de esperança apareceu, pois uma empresa chinesa decidiu abrir uma fábrica de pára-brisas, empregando a mão-de-obra local. Até aí, tudo bem. Mas haveria um primeiro problema nesse aparente feliz casamento entre chineses e americanos: superar as barreiras culturais. O estranhamento se faz inevitável, pois as visões de mundo de americanos e chineses eram muito diferentes e logo entrariam em conflito. Os americanos, acostumados com os direitos trabalhistas e os altos salários motivados pelo “welfare state” não estavam acostumados com a disciplina milenar dos chineses, que pensavam mais no sucesso da empresa do que em ganhar salários. Os chineses achavam que os americanos estavam num patamar inferior, pois não se dedicavam a um maior ritmo de produção. E os americanos reclamavam que os chineses não cumpriam as leis trabalhistas básicas, como a segurança no trabalho. Para colocar um ingrediente nesse conflito, os chineses abominavam a presença do sindicato entre os trabalhadores e fizeram de tudo para dissuadi-los dessa presença. Numa queda de braço desigual, a gente já sabe muito bem quem sai perdendo nessa história e o desfecho do filme não tem nada de esperançoso ou promissor.

Crítica de Indústria Americana
Um relacionamento que pode ser difícil…

O mais irônico aqui é que os chineses, originariamente de um país socialista, agem como se estivessem no capitalismo mais selvagem dos anos iniciais da Revolução Industrial, onde não havia qualquer direito trabalhista. Na fábrica da China, por exemplo, os trabalhadores vão à fábrica aos sábados e domingos e praticamente vivem nela, vendo seus entes queridos uma ou duas vezes por ano, chegando a trabalhar doze horas por dia. No caso dos Estados Unidos, a diretoria da fábrica era dividida entre chineses e americanos. Mas, assim que as metas começaram a não ser cumpridas, os americanos da diretoria foram todos demitidos e os chineses passaram a controlar tudo, o que somente aumentou a exploração sobre os trabalhadores. Os americanos também reclamavam dos baixos salários e do tratamento que recebiam dos chineses. Já os chineses achavam que essa atitude dos americanos era uma consequência da criação  de pessoas que foram muito mimadas na infância. As ameaças com quem se ligava aos sindicatos também logo se concretizariam com demissões.

Crítica | Indústria Americana é necessário, mas tem tom quase ...
Apesar da animosidade entre americanos e chineses, houve casos de uma aproximação bem sincera…

Ao fim das contas, esse filme mostra uma situação que acontece em nível global e que já foi assinalada no bom documentário “Dedo na Ferida”, de Silvio Tendler. Enquanto ocorria a guerra fria e o antagonismo socialismo X capitalismo, as potências capitalistas ocidentais lançaram mão do famoso “welfare state” ou “estado de bem estar social”, ou seja, garantir direitos sociais e trabalhistas para sua população, já que isso acontecia nas potências socialistas, mesmo que houvesse ditaduras. O caso mais conhecido do “welfare state” estava nos países escandinavos, casos de Noruega, Finlândia e Suécia. Com o fim da guerra fria e dos países socialistas, as potências capitalistas não se viram mais obrigadas a garantir o “welfare state” e, consequentemente, os direitos trabalhistas começaram a cair por terra, enquanto grupos de direita avançavam ao poder. Para piorar a situação, as crises econômicas pelas quais o capitalismo passou nos últimos anos ajudaram a aumentar a instabilidade. Então, o que vemos hoje é uma progressiva derrubada dos direitos trabalhistas, do enfraquecimento dos sindicatos e da queda de salários, além do aumento de horas de trabalho. O mais irônico aqui é que é uma empresa chinesa, de um país teoricamente socialista, aplica o capitalismo mais selvagem em trabalhadores de um país que era a Meca do capitalismo, e eles vão precisar lutar por seus direitos e se sindicalizar, numa total inversão de papéis. Some-se a isso a mecanização do trabalho, que é mais um elemento a aumentar o desemprego e temos um cenário muito negativo para o futuro. Esse será um dos desafios que a humanidade vai ter que enfrentar nesse século.

Filme que venceu "Democracia em Vertigem" aborda sindicalismo e ...
Um patrão ao bom estilo do capitalismo selvagem…

Dessa forma, “Indústria Americana” é um documentário obrigatório, não somente pelo Oscar conquistado, mas pela forma como ele mostra os rumos bem crus que o sistema capitalista toma em todo mundo após o fim da guerra fria. Um filme que nos convida a uma reflexão profunda.

Batata Movies – Feliz Aniversário. Brigas E Mais Brigas Em Família.

Feliz Aniversário - Trailer Legendado HD - YouTube
Cartaz do Filme

Mais um filme com Catherine Deneuve. Mais um filme dirigido e estrelado por Cédric Kahn. “Feliz Aniversário” repete formulas antigas, sobretudo aquela em que a família se encontra na festa de aniversário da matriarca da família e, ao invés do clima de congraçamento, temos uma sucessão de arranca-rabos e resolução de diferenças e feridas antigas. Embora o filme tenha sido rotulado como comédia dramática e até tenha algumas cenas engraçadas, a coisa parece muito mais com um drama bem pesado.

Feliz Aniversário': Cédric Kahn encena 'barraco' com dureza ...
Uma matriarca recebendo sua família…

Andréa (interpretada por Deneuve) recebe seus filhos em casa, cada um com suas manias e se achando supostamente o dono da verdade. Mas o fator maior de desestabilização é Claire (interpretada por Emmanuelle Bercot), filha de Andrea e que estava sem contato com a família há quatro anos (ela estava nos Estados Unidos). Querelas do passado fizeram com que a família devesse a Claire duzentos mil euros e agora ela cobrava essa dívida, o que vai implicar na venda da casa onde mora Andréa. Mas essa é apenas uma das diferenças a serem encaradas por essa família em que tudo parecia ser desentendimento.

À flor da pele: Catherine Deneuve é a protagonista do drama 'Feliz ...
Tudo parecia bem…

Realmente, esse é um filme que não tem a menor graça. Vemos parentes se agredindo mutuamente o tempo todo, num espetáculo que até começa um tanto tragicômico mas que, gradualmente, se torna cada vez mais tenso e chega a um clímax angustiante, com um membro da família (Claire) chegando a explosões de paroxismo onde estava com claros problemas emocionais, o que não foi suficiente para sensibilizar alguns parentes próximos. E ficava até difícil tomar alguma posição, pois a multipolaridade de Claire a tornava, simultaneamente, digna de pena e odiosa.

Filme "Feliz Aniversário" serve torta de climão em reunião de ...
Mas a situação ficou bem tensa…

O elenco correspondeu bem. Além das boas atuações de Deneuve e Kahn, a gente tem que dar destaques para Bercot, que levou com muita competência o papel mais difícil de Claire, o bom ator Vincent Macaigne, que fez o filho Romain e a revelação Luàna Bajrami, que já havia brilhado em “O Professor Substituto” como Emma, a filha de Claire, que não a perdoava por ter ido embora para os Estados Unidos e a defendeu quando a mãe explodiu de forma totalmente descontrolada no jantar da família.  É realmente um filme que vale a pena pelas atuações dos atores.

Superação, redenção e fé: tudo cabe no engajado cinema de Cédric ...
O diretor e ator Cédric Kahn…

Assim, “Feliz Aniversário”, apesar de ser um clichezão já meio batido, é um filme que se ampara num bom elenco e transita do tragicômico para o angustiante. Uma experiência um tanto dolorosa, mas que vale a pena pelos diálogos e pelas atuações dos atores.

Batata Movies (Especial Oscar 2020) – Entre Facas E Segredos. Romance Policial À Moda Antiga.

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Cartaz do Filme

Quando falamos de Rian Johnson, a primeira palavra que vem às nossas mentes é polemica, sobretudo em virtude do Episódio 8 de “Guerra nas Estrelas”. Uns gostaram, outros não (me incluo no segundo grupo). O que acabou acontecendo é que Johnson foi retirado da franquia, mesmo ele tendo sido designado previamente para cuidar da nova trilogia nos anos vindouros. Após toda essa decepção, Rian Johnson veio com uma excelente película, daquelas bem arrebatadoras, que é “Entre Facas e Segredos”, uma história policial à moda antiga onde um assassinato precisa ser esclarecido, havendo uma lista enorme de suspeitos além de outros personagens interpretados por um baita de um elenco: Ana de Armas (de “Blade Runner, 2049”), Daniel Craig, Christopher Plummer, Frank Oz, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Don Johnson, Toni Collette, Chris Evans, M. Emmet Walsh. Esse filme concorreu ao Oscar de Melhor Rpteiro Original. Para podermos falar da película, vamos precisar lançar mão de spoilers.

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Marta Cabrera tem papel central na trama…

A trama gira em torno da morte de Harlam Thrombey (interpretado por Plummer), um escritor que conseguiu montar uma fortuna com a venda de seus Best Sellers e uma editora. A policia investiga a morte e o investigador Benoit Blanc (interpretado por Craig) é chamado como consultor. Nos interrogatórios, vemos que filhos, genro, netos, bisnetos, todos têm alguma motivação contra Thrombey mas não a ponto de matar o patriarca na visão da polícia, embora, por meio de flashbacks, percebamos que a coisa podia ser um pouco mais complicada. Uma peça chave na história é Marta Cabrera (interpretada por De Armas), a cuidadora de Thrombey que, acidentalmente, injetou uma alta dose de um medicamento que mataria o idoso em questão de minutos. Este então usou seus últimos minutos de vida para pensar num álibi, bem ao estilo de seus romances policiais, para livrar Cabrera de qualquer culpa sobre sua morte. Mas a história não seria tão simples assim e muitas reviravoltas aconteceriam, envolvendo inclusive, o mal intencionado Ranson (interpretado por Evans), que finge se aproximar de Cabrera. O detalhe cômico aqui é que Cabrera não consegue mentir, tendo um acesso de vômito toda vez que tenta encobrir alguma coisa.

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Benoit Blanc, o investigador…

Esse é o tipo do filme que necessita de uma grande atenção do espectador, pois a trama é muito tortuosa e elaborada, mostrando o bom trabalho de Rian Johnson, que assina o roteiro e a direção. O elenco estelar também ajuda muito, pois a gente vê todo um rosário de artistas muito talentosos fazendo os personagens. Outra atração à parte são os muitos plot twists do filme, que parece esclarecer a trama da morte do patriarca antes mesmo da metade da exibição, mas que trouxe muitas viradas e surpresas à medida que a história ia se desenrolando e onde a maioria dos personagens foi relativamente bem usada e tinha a sua importância no desenvolvimento da história.

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Ranson, um Capitão América do mal…

Dessa forma “Entre Facas e Segredos” é um trabalho que consegue redimir a carreira de Rian Johnson depois da má impressão que ficou dele em “Guerra nas Estrelas”. Se a fórmula usada não foi tão original (já vimos tramas policiais cheias de personagens interpretadas por um grande elenco em outras ocasiões), ainda assim é uma receita que dá certo e é muito bem vinda quando novamente usada. Vale a pena dar uma conferida.

Batata Movies – A Batalha Das Correntes. Corrente Contínua X Corrente Alternada.

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Cartaz do Filme

Um filmaço. “Batalha das Correntes” fala da disputa comercial entre Thomas Edison (interpretado por Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (interpretado por Michael Shannon) pelo controle do uso da energia elétrica, algo que provocaria uma verdadeira revolução tecnológica na virada do século XIX para o século XX. Para que possamos compreender melhor o filme, vamos precisar de spoilers.

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Thomas Edison, um inventor cheio de ideias…

O que podemos dizer inicialmente é que, em termos de celebridade, Edison era muito mais famoso do que Westinghouse, pois foi atribuída ao primeiro a invenção da lâmpada elétrica. Entretanto, Westinghouse teve o mérito de lançar mão da corrente alternada para levar a eletricidade aos pontos mais distantes das usinas elétricas, embora ela pudesse ser letal em caso de acidentes. Edison, por sua vez, preferia usar a corrente contínua, bem menos perigosa, mas de alcance muito limitado. Revoltado por ver Westinghouse desenvolver sua invenção, Edison o atacava de todas as formas, acusando o empresário de usar uma forma de energia letal. Westinghouse, por sua vez, adotava uma postura bem menos agressiva e até almejava uma parceria com Edison. A grande verdade é que o empreendimento de transformar a invenção da energia elétrica num uso de escala industrial e irrestrita a todos, ricos ou pobres, era algo extremamente custoso que quase levou os dois à falência. E o filme descortina essa competição, com lances inusitados como, por exemplo, usar a eletricidade como uma forma mais humanitária de execução, onde foi criada a cadeira elétrica, em contraponto aos enforcamentos onde o pescoço do condenado ainda tinha que ser quebrado caso ele não morresse de imediato no cadafalso. Nesta questão, Edison foi contra as próprias convicções (não usar suas invenções para provocar a morte de pessoas) em virtude da sua competição feroz com Westinghouse. Mas o filme deixa a entender que o objetivo de se usar a eletricidade de forma ampla foi conseguido, principalmente da ocasião da Feira Mundial de Chicago, toda iluminada com energia elétrica. O desfecho também aponta para um happy end, onde um possível entendimento de Edison e Westinghouse se vislumbrou no ar. No meio desses dois gigantes empresários, também tivemos a presença de Nicola Tesla (interpretado por Nicolas Hoult), que foi o primeiro a pensar o uso das Cataratas do Niágara como força motriz para um motor elétrico, sendo o precursor das conhecidas usinas hidrelétricas de hoje. O desfecho do filme também mostra, com imagens reais, o que aconteceu com os protagonistas. Westinghouse ficou com os méritos do uso de energia elétrica em larga escala com a ajuda de Tesla, mas este terminou a vida quebrado, ao passo que Edison ficou com a fama de ser o inventor do cinematógrafo.

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George Westinghouse, um empresário visionário…

O grande detalhe desse filme é o elenco. É um rosário de atores que fizeram personagens da Marvel. Além de Cumberbatch e Hoult, tivemos também a presença de Tom Holland no filme, interpretando o braço direito de Edison. Mas a grande surpresa aqui foi ver Michael Shannon finalmente não interpretando um vilão. Aliás, se compararmos Edison e Westinghouse no quesito caráter, o segundo era muito mais virtuoso que o primeiro, e é legal ver Shannon escapando do estereótipo do mau.

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Nicola Tesla, que foi o primeiro a pensar na ideia de usina hidrelétrica…

Dessa forma, “A Batalha das Correntes” é um grande filme que merece a atenção dos cinéfilos, pois ele fala da história real de um passo muito importante da revolução tecnológica da virada do século XIX para o século XX com a ajuda de um bom elenco. Um filme sem mocinhos ou bandidos, mas que ainda assim tem personagens com suas virtudes e defeitos. Vale muito a pena dar uma conferida.