Batata Movies – A Máquina do Tempo. Mais um Futuro do Pretérito.

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Eletrizante cartaz do filme

Vamos hoje, mais uma vez, relembrar as sessões do Cineclube Sci Fi realizadas no Planetário da Gávea. Por ocasião dos cinquenta anos de “Jornada nas Estrelas” e os cento e cinquenta anos de H. G. Wells, o Cineclube Sci Fi exibiu o clássico da ficção científica “A Máquina do Tempo”, baseada numa história de Wells e que ganhou o Oscar de Efeitos Visuais. Essa excelente versão original do filme, realizada em 1960, foi estrelada por Rod Taylor, que interpretou o protagonista do filme “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock. Ele faz sugestivo papel de H. George Wells, um inventor que reúne em sua casa um grupo de amigos para lhes mostrar um experimento que viaja no tempo, algo que é rechaçado por todos, exceto por seu amigo mais próximo, David Filby (interpretado por Alan Young). Mal sabem seus amigos, depois de deixá-lo sozinho, que Wells tem uma outra versão da máquina e viaja para o futuro. Nosso Wells, que está no ano de 1900, vai presenciar a Primeira e Segunda Guerra Mundiais, assim como a Terceira Guerra Mundial, que acontecerá na década de 1960. Para escapar da morte certa, ele avança milhares de anos no futuro, chegando até o ano de 802701, quando se depara com um mundo paradisíaco e com uma espécie humana altamente dócil e passiva, os eloi. A falta de interesse por parte dos eloi em se aprimorar individualmente e desenvolver tecnologia deixa Wells muito inquieto. Pelo menos, Wells conheceu a bela Weena (interpretada por Yvette Mimieux), por quem se apaixonou. Sua máquina é arrastada para o interior de uma espécie de esfinge e ele fica preso nessa época. Até que, um dia, sirenes tocam e a esfinge se abre. Todos os eloi, numa espécie de transe, se dirigem à esfinge que, depois de um tempo, fecha a porta com Weena dentro. Wells, então, consegue descobrir entradas secundárias que são respiradores que levam às profundezas. Lá, nosso protagonista descobre que existe uma outra raça humana, os morlocks, que vivem debaixo da Terra, e se alimentam dos eloi. Os morlocks são descendentes de um grupo de pessoas que decidiu ficar em abrigos subterrâneos depois das guerras, ao passo que os eloi se aventuraram a viver na superfície. Diante dessa situação, Wells vai ter que libertar os eloi dos morlocks, salvar Weena e, ainda por cima, recuperar sua máquina, para voltar a tempo de jantar com seus amigos no dia cinco de janeiro de 1900. Se bem que, com a máquina ele tem todo o tempo do mundo mesmo!

Esse é um grande filme de ficção científica e, talvez um dos primeiros a abordar o tema da viagem no tempo. Ainda que de forma muito simplória, a questão da quarta dimensão é apresentada na película, onde a máquina não viaja no espaço, e sim no tempo. Ou seja, ela fica lá paradinha na estufa de Wells, enquanto que o tempo passa rapidamente em direção ao futuro. Outro detalhe interessante é que a viagem do tempo na maioria dos filmes que tratam desse tema é em direção ao passado, ao passo que aqui viaja-se para um futuro muito distante. É notória a decepção do cientista com o que vê nos anos vindouros. O personagem, que é altamente otimista com o progresso da ciência e da humanidade, somente viu uma coleção de guerras deteriorando cada vez mais a espécie humana, numa repetição dos erros do passado, tal como se as pessoas não aprendessem com a História. Cabe dizer aqui que o escritor Herbert George Wells também escrevia livros de História.

Wells constrói uma máquina que se desloca no tempo e não no espaço

Cinematograficamente falando, o filme conseguiu mesclar uma linguagem mais intelectualizada, que falava da quarta dimensão e dos rumos da humanidade com uma boa história de ação, sobretudo na parte em que Wells invade o mundo dos morlocks, onde ele precisa fazer o papel do mocinho corajoso que peita os monstrengos a unha e fogo, já que, por viverem debaixo da terra, não suportam claridade. Nunca uma caixa de fósforos fora uma arma tão letal no futuro! Mas o filme também trouxe efeitos especiais notáveis para a época (não podemos nos esquecer de que é uma produção de 1960). Todos esses elementos reunidos fazem do filme uma obra-prima. Ah, e sem falar que ele passava na Sessão da Tarde antigamente, onde foi a primeira vez que o vi, ainda bem criança.

Os amigos de Wells não ficam muito convencidos de seu feito

Após a exibição do filme, a tradicional palestra. Dessa vez, houve somente um palestrante, Gabriel Cid, filósofo e produtor cultural formado pela UFRJ. Cid começou sua palestra lembrando que o cinema torna possível a abertura a várias temporalidades. Assim como a astronomia cria aparatos de observação que nos ajudam a ver o passado quando os apontamos para o céu, o cinema faz algo semelhante quando vemos os filmes e fotos antigas. Cid exibiu uma foto de Daguerre feita em 1838, que mostra Paris praticamente deserta. Na verdade, pessoas e carros passavam na rua, mas a pouca sensibilidade do filme não conseguia captar quem estava em movimento, dando-se a ilusão de que não havia ninguém na rua. Já uma foto feita do MoMa foi o resultado da exposição do prédio do museu por vários anos, onde pudemos perceber a justaposição de vários momentos à medida que o prédio era reformado.

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Os morlocks! Aaaaaaarrrrrrgggghhhhhhhhhh!!!!!!

Cid ainda atenta para o fato de que o filme da máquina do tempo tem uma narrativa bem tradicional e cronológica, ao estilo do cinema clássico, onde o personagem principal move a narrativa e a trama num encadeamento bem lógico. Cid ainda usou ideias de Deleuze e Bergson para pensar ideias de tempo subordinado ao espaço, como uma sucessão de movimentos, aspecto esse cronológico e ligado ao cinema clássico, e a questão da duração, mais ligada a uma essência variável das coisas. Essa imprevisibilidade das coisas já seria uma abordagem diferente do tempo que foge ao cinema clássico. “Máquina do Tempo”, por sua vez, é um filme feito dentro de todos os parâmetros clássicos, lógicos e cronológicos, que depende de uma realidade pré-existente, cujo personagem principal é um homem sempre convicto das visões da ciência dentro de um quê iluminista, embora haja uma decepção com a repetição, no futuro, das guerras que assolaram o passado. Mesmo assim, somente a ciência poderá remediar essa questão. Ainda, o filme tem uma análise sociológica e política, aproximando-se nesse viés, de “Jornada nas Estrelas”.

Weena, uma bela eloi

Esse e mais outros assuntos foram abordados na palestra, que dessa vez teve uma abordagem um pouco mais filosófica, mas não menos interessante. Esse foi mais um grande filme de ficção científica que foi exibido no Cineclube Sci Fi e que não deve ser esquecido.

https://www.youtube.com/watch?v=QWth3ZJSUbE

Batata Movies – Em Guerra. Radiografia De Um Movimento Trabalhista.

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Cartaz do Filme

Vincent Lindon está de volta em mais um grande filme e uma ótima atuação. Desta vez, temos “Em Guerra”, de Stephane Brizé, que aborda um tema que parece nunca sair de moda no sistema capitalista: o fechamento de uma fábrica (no caso, de automóveis) na França e a consequente demissão de seus operários, deixando-os completamente à mercê de sua sorte. Um tema constantemente revisitado que tem sempre a necessidade premente de ser revisitado. Para podermos analisar esse filme, vamos precisar lançar mão dos spoilers.

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Laurent encabeça um movimento para salvar o emprego dos trabalhadores de uma fábrica de automóveis…

No caso de “Em Guerra” há, ainda, um agravante: os trabalhadores e a fábrica de automóveis (que pertence a um grupo alemão) haviam feito um acordo de redução salarial para evitar o fechamento da fábrica, com o acordo sendo reavaliado depois de cinco anos. E, dois anos depois, a empresa alemã anuncia o fechamento da fábrica, numa clara violação do acordo. A fábrica alega que a pressão do mercado tirou sua competitividade, mesmo ela dando lucro. E, para piorar, a justiça francesa acaba autorizando o fechamento da fábrica. Ou seja, os trabalhadores tem que pagar um dobrado para lutar nessa queda de braço completamente desigual, onde o sistema capitalista sempre tem a mão mais forte.

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Buscando apoio da mídia…

O mais interessante aqui é que vemos, de forma bem didática, o que acontece num movimento trabalhista quando ele luta por seus direitos. O acordo para se manter o emprego, o acordo sendo descumprido pelo patrão, as reuniões, a busca (em vão) por um apoio pela causa dos operários, a greve, a busca por mais apoio, a repressão policial, a condenação da mídia de direita ao movimento, as ofertas dos patrões de indenizações que são mais um “cala boca”, o racha nos trabalhadores, a repressão aos piquetes, a irredutibilidade dos patrões, a reação violenta do movimento contra a intransigência das negociações, a condenação pela mídia e por todos ao movimento, e a busca de um bode expiatório. Uma história que, definitivamente, não tem um final feliz, mostra como operários podem se dividir e, ao mesmo tempo, os patrões se unem. Ou seja, uma receita de bolo que já conhecemos de longa data. Apesar desse “mais do mesmo”, ainda assim vale a pena termos um filme que descortina todas essas etapas de um movimento trabalhista, pois ele serve de alerta ou de lembrete para reais movimentos no futuro e de como não se deve cair em tais armadilhas, principalmente a mais perigosa dela, que é a divisão dos trabalhadores.

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Momentos de indignação profunda…

Se o filme foi um primor em retratar didaticamente muitas situações que a gente vê na vida real, o seu desfecho foi um pouco fora da curva, no sentido negativo do termo, pois ele mostra a imolação do personagem de Vincent Lindon (Laurent), jogando combustível em seu corpo na porta da fábrica e ateando fogo em si, o que vai despertar uma comoção geral e a retomada das negociações. Um final falso, a meu ver. Laurent, que foi escolhido por alguns trabalhadores como o bode expiatório do fracasso das negociações, deveria mais ter enfrentado o desemprego, a miséria e o ostracismo. Mas, cinematograficamente, a coisa seria excessivamente melancólica e com um choque de realidade insuportável. Então, optou-se por algo, digamos, mais heróico, o que dá uma certa dignidade a um personagem muito bom. De qualquer forma, ficou exagerado e falso.

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O diretor Stephane Brizé

Dessa forma, “Em Guerra” é um programa imperdível, por Vincent Lindon, pelo tema contemporâneo altamente pertinente que não sai de moda, que é o desemprego provocado por uma situação de suposta crise onde o patrão não dá a mínima para a vida do empregado, e por toda uma carga didática das etapas de uma luta trabalhista. Não deixem de ver.

https://www.youtube.com/watch?v=4ewwv4R2hrs

Batata Movies – Malévola, Dona Do Mal. Uma Guerra Feudal???

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Cartaz do Filme

A Disney dá a “Malévola” a sua continuação. “Dona do Mal” foi um filme, na minha modesta opinião, melhor que o primeiro “Malévola”, até por ser bem mais conflituoso e, eu diria, inesperadamente violento. Mas, ainda assim, um filme que levou a uma interessante reflexão. Para podermos entender melhor a película, vamos lançar mão de spoilers aqui.

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Uma Malévola de face mais poligonal…

O plot é um tanto simples. Há o reino dos humanos e o reino dos seres da floresta. Aurora (interpretada por Elle Fanning), que também atende pela alcunha de “Bela Adormecida”, ainda tem Malévola (interpretada, como todos nós sabemos, por Angelina Jolie) como madrinha, e acaba acertando os ponteiros com o Príncipe Phillip (interpretado por Harris Dickinson), do reino dos humanos, para se casarem. Obviamente, Malévola não vai gostar nem um pouquinho disso, mas Aurora consegue convencer a madrinha a ir ao castelo dos pais do Príncipe Philip. O problema é que a Rainha Ingrith (interpretada por Michelle Pfeiffer), mãe do Príncipe Philip, também não quer o casório e começa a produzir conflitos durante o jantar, o que vai levar Malévola a uma explosão de ódio, enquanto que o Rei John (interpretado por Robert Lindsay) cai, moribundo.

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Asas expressionistas. Como me lembro de “Fausto”, de Murnau!!!

Ingrith na hora acusa Malévola de tê-lo amaldiçoado e ordena que ela seja alvejada enquanto esta sai voando do castelo. Ferida, Malévola é resgatada pelo seu povo, que sempre viveu escondido dos humanos e alguns de seus membros querem a guerra, enquanto que outros querem a paz com os humanos. Aurora fica no Palácio de Ingrith, achando que Malévola a abandonou. E Ingrith continua os preparativos para o casamento, que na verdade será uma armadilha para atrair os seres da floresta para o seu reino para serem envenenados por uma espécie de pozinho produzido por um gnomo especialista em venenos e poções.

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Ingrith, a verdadeira vilã…

Como dito acima, essa é uma história mais violenta que a primeira, onde vemos fadas morrendo intoxicadas e se transformando em flores, além de haver uma monumental cena de guerra no clímax do filme. Confesso que tudo isso me incomodou um pouco, pois eu esperava algo mais próximo do lúdico de um conto de fadas. O filme até parece ir na direção de algo mais lúdico no seu início, mas à medida que a personagem de Ingrith se revela em toda a sua veia perniciosa, o filme vai para uma direção muito pesada. Ver fadinhas e homens árvore gigantes morrendo e se transformando em flores e árvores inertes me pareceu um pouco pesado para um filme destinado ao público infantil. Pelo menos, nesse momento a presença do Príncipe Philip foi marcante, onde ele foi uma voz decisiva para um cessar fogo nessa guerra bem feudal. O mesmo Príncipe Philip, que até aquele momento, não havia feito nada de relevante na película e habitava uma posição entre o coadjuvante e o figurante no filme.

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Príncipe Philip. De coadjuvante a personagem decisivo no fim da guerra…

Toda essa iniciativa do Príncipe consegue colocar um freio nas maldades de Malévola, que entrou na guerra arrebentando com tudo, mas vai parando em sua violência ao ver o ato de compreensão e tolerância do Príncipe. Pode-se dizer que o Príncipe “salva” a protagonista que é condenada na película desde sempre. A grande mensagem do filme é, então, a questão da tolerância com o próximo, com aquele que é diferente de você, se bem que essa lição, dessa vez teve um gosto amargo, pois mostrou-se de forma bem nítida as conseqüências nefastas da intolerância. Assim, a mensagem do filme é bem construída, embora tenha sido um pouco pesada para o público alvo, que é de uma faixa etária bem baixa. Não é à toa que é citado, durante a exibição, que este não é um conto de fadas.

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Cena impagável de bastidores…

Dessa forma, “Malévola, A Dona do Mal” é uma interessante película, melhor que o primeiro filme dessa personagem repaginada, pois aborda a questão do respeito às diferenças, embora a coisa tenha sido feita de uma forma um pouco pesada para o público infantil, pois exibe violência, guerra e mortes. Apesar desse pequeno exagero, o óbvio happy end de conto de fadas foi mantido, o que dá uma leveza compensadora às partes mais pesadas da película. E optou-se não destruir fisicamente a vilã (Me refiro a Ingrith, obviamente), mas sim dar a ela um desfecho mais cômico. Vale a pena dar uma conferida.

Batata Movies – A Luz No Fim Do Mundo. Distopia Como Pano De Fundo Para A Cumplicidade.

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Cartaz do Filme

Um filme escrito, dirigido e estrelado por Casey Affleck. “A Luz no Fim do Mundo” é uma película, acima de tudo, sobre a cumplicidade de um pai e de uma filha. Um filme que mostra como a relação humana pode ser um forte cimento quando você está numa situação muito complicada. Para podermos entender a história, vamos lançar aqui mão de spoilers.

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Um pai numa luta constante para proteger sua filha

E que situação complicada é essa? Um pai (interpretado por Affleck) e sua filha Reg (interpretada por Anna Pniowsky) estão num futuro distópico, onde boa parte das mulheres do mundo morreu em virtude de uma epidemia, o que desequilibrou a sociedade, a ponto da mulher ser uma espécie de um bem precioso disputado pelo excesso de varões. O pai precisa, então, preservar a filha desse comportamento predatório dos homens e fica vagando permanentemente com a menina, que sempre está vestida de menino para disfarçar. Vemos, então, os dois passando por várias situações: acampando na floresta e rapidamente se deslocando à menor presença de um estranho, se abrigando numa casa abandonada e fugindo depois de alguns homens a invadirem com o intuito explícito de procurar mulheres, se deslocar para um local bem mais afastado da civilização, mas sem sucesso no que tange à perseguição desses homens que ainda vão atrás do pai e da filha.

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Uma filha ainda tentando entender o mundo que a cerca…

Apesar de termos uma espécie de clímax na película, onde a ação e a violência ficaram bem mais explícitas, em boa parte da exibição vemos o pai e a filha dialogando sobre os mais variados assuntos da vida. Dá para perceber como o pai está numa tremenda saia justa, pois ele tem a dupla preocupação de proteger sua filha e, ao mesmo tempo, educá-la para a vida, sendo constantemente bombardeado por perguntas da garota, que pergunta sobre tudo sem o menor pudor. Assim, esses diálogos acabam sendo a grande atração da película. A química entre Affleck e Pniowsky foi perfeita, expressando toda uma cumplicidade latente entre os dois.

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Uma cumplicidade que é a grande atração do filme…

O filme tem um desfecho que não dá uma solução para o problema. Ainda estamos nesse mundo distópico, o pai e a filha continuam sendo fugitivos, totalmente subjugados pelas circunstâncias, mas ainda lutando como uma equipe. Se o pai passa boa parte do filme sendo o amparo para a filha, no final os papéis se invertem, pois o pai, já cansado de tantas batalhas, acaba desabando e aí será Rag que o vai amparar, usando as palavras de apoio proferidas pelo próprio pai em outras ocasiões.

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Saudades da mãe e esposa, vitimada na hecatombe feminina (interpretada por Elisabeth Moss)

Dessa forma, “A Luz No Fim Do Mundo” é um filme que vale muito pela curiosidade e pelo conteúdo dramático. A ficção distópica aqui serve muito mais como um pano de fundo para o verdadeiro escopo do filme, que é uma análise meticulosa da relação de um pai e de uma filha através dos diálogos que eles travam. Uma bela cumplicidade entre os dois que surge como a grande atração do filme. Vale a pena prestigiar esse trabalho de Affleck pela curiosidade e pela reflexão que ele desperta, pois a menção à questão da mulher objeto aparece nas entrelinhas. Um programa imperdível.

Batata Movies – Planeta dos Macacos. Um Grande Clássico da Ficção Científica.

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Cartaz do Filme

Vamos hoje recordar mais uma sessão do Cineclube Sci Fi. No mês de agosto de 2015, o Cineclube Sci-Fi exibiu no Planetário da Gávea um clássico da ficção científica. “Planeta dos Macacos” (“Planet of the Apes”), produzido em 1968, é um filme inspirado no livro de Pierre Boulle e provocou tanto sucesso que rendeu várias continuações no cinema, sem falar das histórias em quadrinhos, livros e até “remakes” mais recentes. Contando com atores de peso como Charlton Heston, Roddy McDowall e Kim Hunter, essa película tem o grande mérito de ser mais uma daquelas histórias que nos convida à reflexão. E o faz de modo muito inquietante.
Vemos aqui a história de quatro astronautas que fazem uma viagem em direção à um sistema planetário na constelação de Órion. Seguindo o modelo do paradoxo dos gêmeos da Teoria da Relatividade de Einstein, o tempo passa mais lentamente para quem viaja a velocidades próximas à da luz, fazendo com que, quando os astronautas tivessem chegado ao seu destino, dois mil anos já tivessem se passado na Terra. Esses quatro escolhidos (três homens e uma mulher) levariam a raça humana para outro recanto do Universo. Mas a coisa deu errado e a mulher morreu, pois sua câmara de hibernação se rompeu. Os três astronautas caíram num planeta aparentemente muito inóspito, com a paisagem altamente desértica. Mas logo eles descobririam uma região de vegetação e de seres humanos vivendo como se estivessem lá no paleolítico da pré-história, ou seja, somente coletando frutas nas árvores, além de não falarem uma palavra. Qual não foi a surpresa deles quando apareceram vários macacos que raciocinavam, falavam e atacavam os humanos para mantê-los presos como animais selvagens? Na violenta perseguição dos macacos aos humanos, um dos astronautas acabou morrendo, outro desapareceu e um terceiro, George Taylor (interpretado por Heston) acabou sendo capturado. Como ele havia sido alvejado no pescoço, não conseguia falar e foi encarado como um humano como qualquer outro, considerado selvagem. Mas ele se comunicava por sinais com a cientista Zira (interpretada por Kim Hunter), que tinha uma visão mais complacente com os humanos, juntamente com seu marido Cornelius (interpretado por MacDowell). Entretanto, eles eram malvistos pelo Dr. Zaius (interpretado por Maurice Evans), que via os humanos com muito preconceito, já que escrituras sagradas antigas diziam que o ser humano era tudo de ruim na face do planeta. Taylor tentará fugir e, quando é recapturado, fala e raciocina, para espanto de todos.

Taylor, Cornelius e Zira

O filme suscita muitas discussões. Como é dito na própria película, a teoria da evolução das espécies é meio que colocada “de cabeça para baixo”. E aí, os humanos são colocados num patamar de inferioridade como eles o fazem com os animais. Não é à toa que Pierre Boulle teve a ideia de escrever a história do filme ao visitar o zoológico e pensar como seria se fossem os humanos presos nas jaulas ao invés dos animais. A forma como os macacos tratavam os humanos tem muito da forma como os humanos tratam os demais animais. Mas a coisa vai além, já que, na situação do filme, tanto macacos como humanos (no caso especial de Taylor) são seres pensantes e que possuem cultura. Assim, há um caso bem evidente de preconceito e intolerância contra o outro, tão condenado pela antropologia cultural. É assombroso perceber que esse filme nunca foi tão atual. A cultura dos macacos misturava ciência e religião da forma mais promíscua, ou seja, rezando pela cartilha do etnocentrismo e do preconceito. O mais curioso é que Taylor, uma espécie de rebelde e revoltado com o mundo, topou fazer essa viagem porque ele estava totalmente descrente da raça humana e irá encontrar uma civilização de macacos que pensa igualzinho a ele, mas a ponto de repudiar a raça humana com extrema violência e intolerância e a aplicar processos por heresia para o casal Cornelius e Zira, macacos simpatizantes dos humanos, ao bom estilo dos Tribunais de Inquisição e Santo Ofício da Idade Moderna, que queimava quem discordasse dos dogmas estabelecidos (vale dizer que não somente católicos condenaram pessoas à fogueira, mas protestantes também, num momento em que a Europa passava por uma situação de intolerância total).

Elite, em seu preconceito, se fecha a novas formas de pensar…

E por que as escrituras sagradas antigas condenavam tanto os humanos? Aí entra o elemento reflexivo mais importante do filme. Quando Taylor conquista sua liberdade, levando a bela Nova (interpretada por Linda Harrison) em seu cavalo para começar uma nova vida, eles cavalgam pela praia. E aí, temos a famosa cena em que Taylor encontra a metade de cima da Estátua da Liberdade fincada na areia, e Taylor desce do cavalo e ajoelha-se na areia para amaldiçoar a humanidade, que enfim tinha conseguido destruir o mundo com a hecatombe nuclear (os tempos da Guerra Fria, sempre eles!).

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Pontepretano assumidíssimo! Isso é que é estar com a macaca!!!

Assim, se num primeiro momento toda a intolerância e preconceito dos macacos para com os humanos era algo que nos incomodava, agora que sabemos que na verdade Taylor estava no Planeta Terra de dois mil anos no futuro e que a tragédia nuclear havia acontecido, somos obrigados a dar o braço a torcer e a concordar em parte que “o macaco tá certo”, lembrando o bordão do programa de tv humorístico “O Planeta dos Homens”, que tinha os macacos Charles e Sócrates. Assim, as sagradas escrituras foram escritas pelos macacos seiscentos anos depois da destruição provocada pelos humanos e nossa espécie foi severamente condenada pela besteira que fizemos.

Sócrates. O macaco tá certo!!!!

Assim, o primeiro “Planeta dos Macacos” é um filme que tem uma grande importância, pois ele nos fala de preconceito, intolerância, etnocentrismo, mas também relativiza a questão quando nos faz um alerta de quais rumos a espécie humana quer dar para nosso planeta.
Após a exibição do filme, houve duas palestras. A primeira, feita pela antropóloga Eliana Granado, foi altamente pertinente para a análise do filme, já que ela justamente falou sobre as questões acima abordadas, como a oposição entre preconceito e tolerância, a importância de se respeitar o outro, a ideia de que não há cultura superior ou inferior, mas sim culturas diferentes, etc.

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Uma cena antológica…

Para ilustrar suas argumentações, ela utilizou suas experiências de trabalho de campo com culturas indígenas e denunciou situações seriíssimas de genocídio e etnocídio ocorridas nos tempos atuais, além da insatisfatória política do governo para preservar a integridade das várias etnias indígenas, cada vez mais ameaçadas. O outro convidado palestrante foi Saulo Adami, um dos maiores especialistas em Planeta dos Macacos do país. Fã da saga desde criança, ele cedo começou a colher todo o tipo de informações sobre o filme, chegando a contatos com artistas, produtores e maquiadores que participaram do filme nos Estados Unidos. Sua pesquisa é tão respeitada que ele já foi convidado para dar palestras até no exterior. Saulo conversou com o público sobre suas experiências e contatos, além de ter passado pela experiência de ele mesmo ter sido maquiado e caracterizado como um macaco, além de bilhetes, fotos autografadas e outros itens que chegam a 1800. Essa edição do Cineclube Sci-Fi ainda contou com uma sessão de autógrafos dos livros dos dois palestrantes.

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Saulo Adami

Como podemos ver, a edição de agosto de 2015 do Cineclube Sci-Fi bombou. Um ótimo filme, excelentes palestrantes, bom debate, e uma sessão de autógrafos de quebra. Recordar é viver. Esperemos que, um dia esse cineclube retorne.

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Eliana Granado

Batata Movies – O Pintassilgo. Um Quadro E Um Atentado Terrorista.

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Cartaz do Filme

Mais um curioso filme. “O Pintassilgo” é um longa dramático que consegue trabalhar com maestria, e de forma muito bem conectada, o amor pela arte, um trauma motivado por uma perda trágica, e uma vida cheia de percalços motivados pela falta de afeto e pouquíssimos portos seguros. Uma história longa (o filme tem 149 minutos de duração) e envolvente. Para que a gente possa fazer uma análise um pouco mais aprofundada, spoilers serão necessários aqui.

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Theo, um menino marcado por uma tragédia…

O plot gira em torno da vida de Theo Decker (interpretado na sua fase adulta por Ansel Elgort), um menino que tem um severo trauma em sua vida: ele perdeu a mãe depois de um atentado a bomba em um museu. O menino se sente culpado pela perda da mãe, ao passo que o pai desapareceu de sua vida. Sem ter onde ficar, ele passará uns tempos numa família extremamente tradicional que logo busca se desfazer dele, localizando o pai e sua nova esposa. O menino não se adapta à nova vida, pois o pai é alcoólatra e tem dívidas de jogo, ao passo que Theo adora antiguidades, principalmente depois da explosão no museu, onde ele roubou uma obra de arte raríssima intitulada “O Pintassilgo” e a mantém escondida, levando-a consigo para onde quer que vá.

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Um museu e um atentado…

O filme é um rosário das etapas de vida de Theo, onde a carência afetiva e a relação com os poucos amigos que mantêm na vida ditam o tom. O grande problema aqui é que ele, na fase adulta, ainda mantém o quadro “O Pintassilgo” em seu poder, e trabalha para o dono de antiquário Hobie (interpretado por Jeffrey Wright), e manter uma obra rara roubada num antiquário não é, definitivamente, um motivo para uma boa reputação, muito pelo contrário até.

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Theo, na fase adulta, reencontra a sua “mãe postiça”…

Não fosse pelo quadro, que é um personagem à parte nesse filme, a película giraria apenas em torno dos problemas pessoais de Theo que, em virtude da perda da mãe, teve sua vida muito bagunçada e com uma carência afetiva enorme, onde ele se amparava emocionalmente em seus poucos amigos de um jeito muito forte. Sua vida complicada também o fez mergulhar no mundo das drogas, viciando-se desde muito cedo. Boa parte do filme é dedicada ao drama pessoal de Theo, o que faz com que o protagonista acabe sendo o personagem mais bem construído do filme, o que deu um espaço menor para o desenvolvimento dos personagens que o cercavam, tornando a coisa um pouco desproporcional no quesito da construção dos personagens.

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Suas amizades marcam profundamente a sua vida…

Entretanto, o quadro também tem um papel central no filme, se destacando mais em sua parte final, quando temos um plot twist que tira a atenção total do drama de Theo para a questão da obra de arte que não está em seu lugar de direito, um museu onde ela possa se perpetuar para as gerações futuras. Na cena final da película, vemos a ligação entre o drama pessoal de Theo e a obra de arte em si, mas não darei esse spoiler para não estragar a surpresa. De qualquer forma, foi um desfecho, digamos, muito afetivo e até prosaico. Podemos, assim, dizer que tivemos um bom roteiro aqui, deixando a história bem cativante, o que é difícil quando temos uma película de duração um pouco maior que a média.

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Um quadro como personagem (aqui, também, como capa de livro)…

Dessa forma, “O Pintassilgo” é uma boa curiosidade que merece a atenção do espectador que gosta de uma boa história contada, até porque o elenco não conta com atores de muito peso (além de Egort, temos uma presença relativamente pequena de Nicole Kidman). Vale a pena dar uma conferida nessa película.

Batata Movies – Greta. Vidas Paralelas.

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Cartaz do Filme

Um curioso filme brasileiro. “Greta”, de Armando Praça, é um filme de várias vidas paralelas que acabam, num momento ou noutro, se cruzando. Explorando um mundo um tanto “underground”, o filme pode chocar mentes mais sensíveis e conservadoras. Mas não tem pudores em expressar detalhes concretos da vida, sem diminuir nem aumentar as coisas. Para entendermos melhor o filme, faremos uso de spoilers.

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Pedro, um enfermeiro envolvido em vários mundos…

O plot gira em torno de Pedro (interpretado por Marco Nanini), um enfermeiro de um hospital público de Fortaleza. Ele tem uma amiga, Daniela (interpretada por Denise Weinberg), uma artista trans de uma boate gay que tem sérios problemas renais e vai se internar no hospital onde Pedro trabalha. Mas há falta de vagas no hospital e Daniela não quer ficar em outro hospital longe do amigo. Ao mesmo tempo, chegam dois feridos ao hospital depois de uma briga. Um dos homens morre, tendo sido morto pelo outro, que se chama Jean (interpretado por Démick Lopes). Com medo de ser morto, Jean pede a Pedro para ser retirado do hospital. Pedro abriga Jean em sua casa, até para surgir uma vaga para Daniela. Logo, Pedro e Jean vão se envolver afetivamente, mas Pedro está sendo investigado pela suspeita de ter acobertado a fuga de Jean, ao mesmo tempo que precisa lidar com o problema de Daniela, que foi diagnosticada como paciente terminal.

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Daniela, uma personagem muito carismática…

A história desse filme é um livre adaptação da peça “Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá”, de Fernando Mello, pois o personagem de Pedro pedia a Jean para que o chamasse de Greta Garbo nas noites de amor dos dois. Temos aqui uma história que aborda o Universo homossexual de uma forma muito aberta e sem hipocrisias, com várias cenas de sexo, sendo esse um filme que desafia abertamente o comportamento conservador de nossa sociedade. Palmas para Marco Nanini e seu personagem Pedro, em quem o filme orbita. Apesar das boas atuações de Denise Weinberg (muito carismática e impressionante) e Démick Lopes (que, apesar de interpretar um assassino que despertava a suspeita de explodir em violência à qualquer momento, deu uma atuação ponderada, delicada e contida para Jean), o filme, obviamente, é de Nanini, que fez um homem que recebia pressões de todos os lados, seja da amiga Daniela, seja da direção do hospital, que sabia de seu envolvimento no desaparecimento de Jean, seja no próprio Jean, que vivia dentro de sua casa e constantemente lhe pedia ajuda. Esse é um filme também de várias vidas, seja em Pedro, um austero enfermeiro que convive com a situação imposta por suas preferências sexuais, seja no relacionamento de Pedro com Daniela, uma amizade consolidada de longa data, seja no relacionamento de Pedro com Jean, que traz ao enfermeiro a novidade de uma nova aventura sexual e traz a Jean a única amizade sincera que teve.

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Jean, o envolvimento amoroso…

Esse é um filme que caminhava para um desfecho melancólico, até porque a relação de Pedro e Jean tem um ponto de ruptura que parecia impossível de reatar. Mas optou-se por uma espécie de direção ao happy end, onde fica todo o indício de que Pedro e Jean voltarão, com um relacionamento repaginado.

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Cenas diretas e sinceras, sem hipocrisia…

Assim, “Greta” é um filme que se pauta, sobretudo, na boa atuação dos atores, sendo que a grande e inquestionável cereja do bolo é Marco Nanini que, volta e meia, nos brinda com seu talento fora do ambiente televisivo, lançando mão do teatro e do cinema, onde sempre parece que ele tem mais espaço para abusar de sua competência. Típico filme que a gente vai ver pelo ator. Vale a pena dar uma conferida.

Batata Movies – Projeto Gemini. Crise De Identidade.

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Cartaz do Filme

Will Smith está de volta em mais um filme de ação. “Projeto Gemini” tem um toque de ficção científica e traz de volta a discussão das questões éticas em clonagem, um assunto que tinha saído um pouco da pauta dos filmes mais recentes. Para a gente poder compreender melhor o filme, vamos precisar de spoilers aqui.

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Brogan, um matador profissional que vai encarar uma surpresa…

O plot é o seguinte. Henry Brogan (interpretado por Smith) é um assassino profissional que faz serviços para o governo americano. Entretanto, ele está cansado dessa vida e quer se aposentar. Mas um amigo seu diz que o último homem que ele matou não era um “bad guy”, mas sim uma espécie de queima de arquivo do governo. Como ele toma conhecimento desse problema, ele imediatamente se torna um alvo do governo americano, ficando marcado para morrer. E quem fica incumbido dessa difícil tarefa, já que Brogan é um profissional extremamente competente naquilo que faz é, nada mais, nada menos do que ele mesmo, pois foi um projeto ultrassecreto do governo de nome Gemini acaba clonando Brogan. E assim, uma versão mais nova dele o caça, sendo que, como os dois são praticamente idênticos, as cenas de perseguição e de ação vão pegar muito fogo.

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Júnior, cheio de dúvidas…

É claro que a principal atração de um filme desse naipe são as cenas de ação, de tiroteios, bombas e explosões, algumas com um CGI relativamente sofrível. Mas, pelo menos, a questão da clonagem dá um tom um pouco diferente para um filme que seria mais do mesmo. Obviamente, a questão ética surge no meio da conversa e a clonagem é vista como algo feito por mentes inescrupulosas que querem poupar a vida de soldados e sofrimentos de famílias, mas brincando de Deus e gerando outras vidas com o propósito da imolação e sacrifício. É claro que Brogan não vai querer dar cabo de seu rival e vai ter uma afinidade total com seu eu mais novo que, diga-se de passagem, está a cara de Will Smith quando fazia “Um Maluco No Pedaço”, que passava já há longínquos anos no SBT (tinha horas que eu me perguntava quando ia aparecer o Carlton e o Tio Phill). E, claro, os dois gradativamente se aproximam e se aliam no transcorrer do filme. O que incomodou um pouco foi que a igualdade genética dos dois foi explorada a um ponto de quebrar a regra do fato de o homem ser produto do meio em que vive. Ou seja, ainda que Brogan e Júnior sejam geneticamente idênticos, eles tiveram experiências de vida diferentes e isso é meio que atropelado ao longo da exibição da película, onde parecia que a igualdade genética determinava tudo entre os dois, o que sabemos que não é verdade. De qualquer forma, valeu pela discussão e pelo debate em torno da questão ética da clonagem humana. Mas outra coisa que devemos nos lembrar é que a versão clonada de Brogan não deveria ser mais jovem que ele, mas sim com sua mesma idade. O detalhe é que isso tiraria toda a graça de Brogan se ver mais jovem e buscar semelhanças de Júnior com a própria juventude de Brogan.

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Ele lutando contra ele mesmo…

Apesar de termos a presença de Clive Owen e Benedict Wong (de “Dr Estranho) no filme, essa é uma película toda centrada em Will Smith, como não podia deixar de ser. Seu personagem Brogan era um pouco durão e sisudo, com poucos espaços para algo mais descontraído e cômico. Já Júnior era bem mais interessante, com todos os dramas e inquietações de um praticamente pós-adolescente. Smith consegue convencer como um cara mais maduro e mais jovem ao mesmo tempo e sua atuação foi nota dez como sempre.

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Sempre vale a pena ir ao cinema para ver Will Smith…

Assim, “Projeto Gemini”, apesar de ser um filme bem convencional de ação, com os tiros, porradas e bombas de sempre, tem um toquezinho de ficção científica e de debate ético em torno da questão da clonagem humana, sendo um filme um pouco mais diferente da média dos filmes de ação. E tem Will Smith, o tipo do ator que a gente vai para o cinema assisti-lo, não importa qual seja o gênero de filme. Vale a pena dar uma conferida.