Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Minari. Mais Uma Vez A Questão Da Tradição E Da Modernidade.

Minari
Cartaz do Filme

Dentre as nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar nesse ano de 2021, vamos falar de um concorrente de peso hoje. “Minari” concorre a seis estatuetas (Melhor Filme, Melhor Ator para Steven Yeun, Melhor Diretor para Lee Isaac Chung, Melhor Atriz Coadjuvante para Yuh-Jung Youn, Melhor Roteiro Original e Melhor Trilha Sonora), além de ter ganhado o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Para que possamos falar desse filme, vamos precisar de spoilers.

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Uma família coreana em busca do sonho americano…

O filme conta a história de uma família coreana, cujo casal é formado por Jacob (interpretado por Steven Yeun) e Monica (interpretada por Yeri Han). Os dois trabalhavam na Califórnia num aviário, identificando o sexo dos pintinhos. Mas Monica não se adapta ao emprego, sendo demitida. Jacob decide começar vida nova no interior do Arkansas, comprando um pedaço de terra para iniciar a produção de vegetais coreanos, tornando-se um fazendeiro, ao mesmo tempo que trabalha no mesmo emprego onde agora sua esposa é aceita. Desde o início, Monica não gosta da mudança de vida, pois eles moram numa espécie de trailer gigante no meio do mato, longe de tudo. Mas Jacob acredita que lá ele vai conseguir seu “sonho americano”. Os problemas surgem rápido: a necessidade de se procurar um local onde tem água para se cavar um poço, ameaça de tornados, o estranhamento com uma sociedade cristã e conservadora. A mãe de Monica, Soonja (interpretada por Yuh-Jung Youn) chega para ficar com a família, trazendo hábitos coreanos, o que provoca estranhamento nos netos que cresceram nos Estados Unidos, principalmente David (interpretado por Alan Kim), o caçula da família. A insistência de Jacob na fazenda deteriora seu casamento, com Monica pensando em abandoná-lo e voltar para a cidade com os filhos.

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Iniciando uma fazenda…

O filme é muito tocante e doloroso, pois vemos como uma família estrangeira muito fragilizada busca seu lugar ao Sol, tendo que enfrentar uma série de dificuldades. Ao contrário do que se pode imaginar, não vemos situações de preconceito ou xenofobia, mas de muito estranhamento entre os coreanos e os americanos. Jacob terá a amizade de um americano veterano da Guerra da Coreia, um cristão fervoroso zureta das ideias que carrega uma enorme cruz em direção à igreja local na estrada todos os domingos. Monica é religiosa e busca frequentar essa igreja, para desgosto de Jacob que não é muito religioso. A comunidade cristã local até recebe bem os coreanos, mas a sensação de deslocamento da família coreana nessa nova realidade tradicional rural cristã e conservadora é evidente.

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David, uma criança coreana com hábitos americanos…

Entretanto, um estranhamento maior é a grande atração do filme, que está no relacionamento entre o menino David e a sua avó Soonja. Um menino de família coreana que foi criado nos Estados Unidos vê a avó como uma espécie de corpo estranho e até um tanto hostil em sua casa, pois ela traz várias tradições coreanas que ele não conhece e não se “comportaria” como avó. A relação dos dois inicialmente é muito difícil, mas, com o tempo, eles vão se aproximando. O menino, que tem problemas no coração e é tratado com muito zelo pelos pais, é tratado de forma normal pela avó que bota o menino até para carregar peso, algo inimaginável para o pai e a mãe. A melhor forma que a avó consegue usar para se aproximar do menino e levá-lo a cultura do país de sua família é o cultivo de uma plantinha chamada minari à beira do riachinho da fazenda, que é comestível. Infelizmente, Soonja tem um derrame e fica incapacitada para fazer várias coisas, botando fogo sem querer no galpão da fazenda com toda a produção, justamente no momento em que Jacob consegue um comprador. Essa pequena tragédia acaba fazendo com que Monica e Jacob se reaproximem e a família não se fragmente, algo que foi até bom, mas sempre a duras dores e com uma dificuldade que massacra nossos pobres protagonistas que dá um dó desgraçado.

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Soonja, uma avó guardiã das tradições coreanas…

E as indicações? Esse é um concorrente graúdo e definitivamente merece ganhar algum dos prêmios. Mais um filme com coreanos e com legendas em alguns momentos, ele teria tudo para fazer o mesmo sucesso de “Parasita” no ano passado. Mas se pergunta aqui se um filme tão “estrangeiro” (que tem Brad Pitt como um dos produtores, é verdade) e da Coreia teria novamente o apreço da Academia na premiação logo no ano seguinte. E temos grandes concorrentes nas categorias graúdas nas quais “Minari” concorre. Logo, é muito difícil dizer se o filme vai ganhar algum Oscar. De qualquer forma, será merecida qualquer premiação que venha a ganhar, até porque “Minari” já venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

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Esse filme merece ganhar algum dos Oscars a que concorre…

Dessa forma, “Minari” é um concorrente de peso ao Oscar desse ano, indicado nas principais categorias. É um filme cativante onde o espectador rapidamente acolhe todos os personagens em seus sonhos, esperanças e decepções, com a gente se compadecendo muito de suas dificuldades.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Mulan. Da Animação Ao Filme De Guerra, Numa Conciliação Entre Tradição E Modernidade.

Mulan - Filme 2020 - AdoroCinema
Cartaz do Filme…

Dando sequência às análises dos filmes que concorrem ao Oscar nesse ano de 2021, falemos hoje de “Mulan”, uma produção que está na Disney +, que concorre a duas estatuetas: Melhores Efeitos Visuais e Melhor Figurino. Para podermos falar do filme, vamos precisar de spoilers.

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Mulan vai enfrentar uma guerra e o machismo de sua sociedade…

O filme conta a história de Hua Mulan (interpretada por Yifei Liu), uma mocinha que vive numa aldeia do interior da China que deve ser preparada para honrar a família sendo uma boa esposa num casamento arranjado. Mas ela tem um “chi” que a torna muito apta para ser uma guerreira. Um povo estrangeiro invade o país, tornando-se uma ameaça para o Imperador (interpretado por Jet Li). E aí, todas as famílias da China teriam que fornecer um homem para fortalecer o exército. Na família de Mulan, havia somente filhas mulheres, com seu pai, um veterano de guerra e com problemas em sua perna, tendo que voltar à batalha, o que significaria a morte certa para ele. Mulan não aceita tal situação, pega emprestado a armadura, a espada do pai e a convocação militar, se disfarçando de homem da família para entrar no exército e salvar seu pai. O grande detalhe é que uma mulher no meio militar significaria uma enorme desonra para o exército, para a família e para o país. Assim, Mulan ficou com a difícil tarefa de enfrentar uma guerra e manter encoberta sua verdadeira identidade para não provocar uma vergonha de grandes proporções para todos.

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Sendo preparada para um casamento arranjado…

Quando a gente vê um filme da Disney que é uma adaptação live action de uma animação já consagrada, as comparações são inevitáveis. Com relação ao live action, a gente consegue ver um ponto positivo e um ponto negativo. Com relação ao ponto negativo, no live action Mulan já tem um “chi” de nascença, sendo uma fora de série e muito melhor que seus colegas soldados do ponto de vista militar e das artes marciais. Na animação, Mulan é apenas uma garotinha que vai desenvolvendo suas habilidades no treinamento que ela recebe junto com seus colegas soldados do sexo masculino. O mérito de Mulan na animação é aguentar, enquanto mulher, o mesmo treinamento que os homens recebiam, dando um sentido maior para a mensagem de empoderamento feminino da história. Agora, o ponto positivo do live action com relação à animação, é que temos um filme muito mais adulto, onde os elementos infantis da animação foram retirados em boa parte. Um ou outro alívio cômico permaneceu na live action, mas a toada mais madura de filme de guerra prevalece, o que torna a releitura muito mais interessante.

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Protegida pela fênix…

O filme também trabalha, como já dissemos acima, a questão do empoderamento feminino. Apesar do chi atrapalhar um pouco nesse quesito, é bem interessante a interação entre Mulan e a “bruxa” Xianniang (interpretada por Gong Li). Usada como uma espécie de arma pelo povo invasor, tratada praticamente como um objeto, ninguém pode com Xianniang. Quando ela se confronta com Mulan, percebe que a menina também passa pelo mesmo preconceito que ela, e propõe uma aliança para as duas almejarem uma maior posição na  sociedade machista em que vivem. Mas Mulan está muito empenhada em defender seu país e seu imperador, apesar de todo o preconceito contra as mulheres. Soa um pouco falso ver a moça sendo reaceita pelo seu superior, o Comandante Tung (interpretado por Donnie Yen, que trabalhou em “Rogue One”), e pelos seus colegas soldados tão facilmente, o que poderia separar Mulan de Xianniang, mas quando nossa protagonista diz que precisa da ajuda da bruxa, ela acaba ajudando-a, com as duas fazendo uma aliança na parte final do filme.

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Uma vilã que se torna uma aliada, em nome do empoderamento feminino…

Ao final, Mulan é a grande heroína e recebe um convite do imperador para fazer parte do seu exército. Mas a moça declina do convite para pedir perdão à sua família por ter mentido, já que ela acha a família a instituição mais importante, além dela ter violado a verdade, uma das virtudes que está escrita na espada do pai. A reconciliação é feita (não podemos nos esquecer de dizer que a mãe de Mulan é interpretada por Rosalind Chao, que fez a Keiko, esposa de O’Brien em Jornada nas Estrelas DS9), com somente Mulan aceitando o convite do imperador posteriormente. Ou seja, é curioso perceber como Mulan, apesar de reprimida pela sociedade onde vive, não a renega e ainda respeita seus princípios. Caberá ao imperador, em toda a sua sabedoria de líder, abrir uma exceção à sua súdita e reconhecê-la como uma guerreira, já que seu “chi” a garante nisso. Mas confesso que ainda preferia ter visto ela conseguir sua virtude guerreira como fruto do seu próprio esforço, como visto na animação, algo que legitima muito mais o empoderamento feminino da menina.

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Filme tem um figurino impecável…

Com relação às duas estatuetas a que “Mulan” concorre, os efeitos visuais da ave fênix que a persegue são marcantes, assim como as sequências de luta, com direito a se andar em telhados e paredes, sendo um concorrente de peso. Mas ainda acho que a premiação para figurino seria mais justa, pois as roupas estavam simplesmente deslumbrantes. E não seria nada demais uma indicação para design de produção.

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Mulan é aceita em sua sociedade, sem rechaçar a sua tradição…

Dessa forma, “Mulan” é mais uma produção da Disney que concorre ao Oscar, numa premiação técnica (efeitos visuais) e mais tradicional (figurino). A questão do “chi” no filme dá um overpower desnecessário para nossa protagonista. Mas temos um filme mais adulto, com boas sequências de guerra. Ainda, um filme simpático aos nossos olhos, quando mocinha e vilã fazem uma aliança em virtude do machismo da sociedade em que viviam. Mulan consegue seu espaço e status social, sem rechaçar de todo a tradição, que se concilia com a modernidade.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Borat, Fita De Cinema Seguinte. Um Borat Menos Agressivo.

Borat 2: Fita de Cinema Seguinte - AdoroCinema
Cartaz do Filme…

Dando sequência às nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar 2021, vamos falar hoje de uma produção que está na Amazon Prime Vídeo. “Borat, Fita de Cinema Seguinte” concorre a duas estatuetas (Melhor Atriz Coadjuvante para Maria Bakalova e Melhor Roteiro Adaptado), além de ter ganho os Globos de Ouro de Melhor Filme nas categorias Musical ou Comédia e Melhor Ator nas categorias Musical ou Comédia para Sacha Baron Cohen. Para podermos falar desse filme, vamos precisar de spoilers.

Borat: Fita de Cinema Seguinte" encontra na realidade um espelho a seu  protagonista
Ele está de volta…

O filme fala sobre Borat (interpretado por Sacha Baron Cohen), um repórter do Cazaquistão, que estava preso, pois ele passou uma imagem ridícula de sua pátria quando esteve nos Estados Unidos (vide o primeiro filme). Ele foi retirado da prisão pelo presidente do país para uma nova missão, que era dar um macaco de presente para o vice-presidente dos Estados Unidos. Mas sua filha Tutar (interpretada por Maria Bakalova), que vivia acorrentada em casa, acaba fugindo e se escondendo na jaula do macaco. Como ela não tinha nada para comer, a garota comeu o macaco. E aí, Borat decide dar a própria filha de presente para o vice-presidente dos Estados Unidos.

Maria Bakalova
Excelente presença de Maria Bakalova…

Quem viu o primeiro filme do Borat, sabe que o humor dele ultrapassa as fronteiras do ácido, indo para o agressivo e o provocativo. A proposta do filme era confrontar diversos segmentos da sociedade com seus próprios preconceitos, criando situações altamente absurdas. No primeiro filme, havia muitas cenas com câmaras escondidas que flagravam as pessoas estupefatas com as situações criadas por Sacha Baron Cohen, como correr pelado por uma Conferência num hotel de luxo, destilando um humor muito mais agressivo. Nesse segundo filme, Borat e Sacha Baron Cohen já eram  figuras conhecidas, o que tornou o artifício da câmara escondida mais difícil de ser feito (embora o encontro com o vice-presidente numa Convenção de Conservadores tenha usado a câmara escondida). Assim, a impressão que se dá é a de que muitas das situações inusitadas que vemos no filme parecem ter sido combinadas previamente, com muita gente entrando na brincadeira proposta por Sacha (a cara do velhinho da loja em que Borat passava fax é impagável). Isso não faz com que o filme perca a graça, muito pelo contrário até, pois o roteiro bem escrito conseguia divertir bastante, se posicionando de forma muito debochada contra os setores mais caretas e conservadores da sociedade americana. Outra coisa muito engraçada eram os disfarces que Borat usava, já que ele era uma figura conhecida e ele queria se passar por americanos conservadores típicos, fazendo isso de uma forma tão caricata que despertava gargalhadas. Um elemento que tornou um filme um pouco mais suave foi a relação entre pai e filha, introduzindo um melodrama leve que não vimos no primeiro filme, muito mais agressivo. Assim, a indicação para roteiro adaptado foi bem dada, assim como a indicação para Maria Bakalova como melhor atriz coadjuvante, que entrou no clima das provocações e deboches com grande desenvoltura e, por que não, coragem, pois Sacha é muito malucão e não tem medo de se colocar em situações até um tanto perigosas como a Convenção dos Conservadores ou um encontro de americanos de extrema-direita onde, disfarçado, cantou uma música de apologia ao ódio contra Barack Obama e aos democratas (se a galera percebesse que ele fazia tudo isso de deboche, Sacha estaria ferradaço ali). De qualquer forma, essa atitude muito corajosa de Sacha acabou produzindo um documento, um depoimento dos dias atuais, onde a polarização política gera grupos que podem ser muito perigosos, como vimos no episódio da invasão ao capitólio.

Critica | Borat: Fita de Cinema Seguinte (2020) - Audiência da TV
Momento mais tenso do filme…

Dessa forma, “Borat, Fita de Cinema Seguinte” é uma boa pedida, já tendo conseguido abiscoitar dois Globos de Ouro e concorrendo a dois Oscars. Esperemos que pelo menos um dos Oscars ele consiga ganhar. Torço mais para a premiação de Atriz Coadjuvante, onde vejo mais chances que no Roteiro Adaptado, onde é uma maior briga de cachorro grande.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Shaun, O Carneiro A Fazenda Contra-Ataca. A Animação Mais Infantil.

Shaun o Carneiro – O Filme – A Fazenda contra-ataca Netflix filme -  NoNetflix.com.br
Cartaz do Filme…

Dentre os filmes que concorrem ao Oscar 2021, vamos hoje falar de “Shaun, O Carneiro. A Fazenda Contra-Ataca”, uma animação stop-motion que concorre à estatueta de Melhor Animação, sendo continuação de “Shaun, O Carneiro” e está no Netflix. Para podermos falar desse filme, vamos precisar de spoilers.

Shaun, o Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca – Papo de Cinema
Shaun e seu amiguinho alienígena…

A historinha é bem simples. Um disco voador desce numa cidadezinha e um alienígena vai parar numa fazenda, conhecendo um carneirinho de nome Shaun. Os dois vão se tornar amigos e vão ser perseguidos por caçadores de alienígenas. Ainda, Shaun vai ter que ajudar seu amigo alienígena a retornar ao seu planeta, pois ele é uma criança e acabou “pegando emprestado” o disco voador do pai enquanto ele dormia. Mas os caçadores de alienígenas e o dono da fazenda onde Shaun vive podem atrapalhar, e muito essa missão, pois o dono da fazenda decidiu criar um parque temático em sua propriedade, construído pelas… suas ovelhas (???).

Foto de Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca - Foto 48 -  AdoroCinema
Um cachorro que proíbe tudo…

Essa é, dentre todas as animações que concorrem ao Oscar, a mais infantil de todas. Para começar, não temos diálogos em toda a animação, com os personagens emitindo sons como berros, grunhidos, suspiros, rosnadas e por aí vai. Pode-se dizer que temos um pouco da tradição e da linguagem do cinema mudo aqui, com tons de um grande surrealismo até. O alienígena acaba sendo uma espécie de brincadeira nessa linguagem sonora de sinais, pois ele consegue repetir com precisão todos os sons que escuta, sendo um detalhe cômico bem bacana, deixando a animação bem simpática, mas é meio complicado de acreditar que ela possa sobrepujar “Soul”, a grande favorita. O grande barato que vemos aqui é que todas as características más de alguns personagens somem ao final da película, como o cachorro que toma conta das ovelhas, que impõe severas regras e proibições a elas, tornando-se uma figura bem mais camarada ao longo do filme, ao ajudar Shaun a levar seu amigo alienígena de volta para a sua casa, e a líder dos caçadores de alienígenas, que era muito ambiciosa em capturar um, principalmente depois que viu alienígenas quando era criança e fez um desenho deles, apresentando num trabalho de escola e sendo ridicularizada por toda a sua turma, o que a magoou demais e a fez se tornar uma pessoa muito amarga. A presença dos alienígenas pais do amiguinho de Shaun perante um grande público fez com que finalmente a sua visão dos alienígenas fosse legitimada, com a moça abraçando ternamente os alienígenas e purgando todas as suas raivas. O único personagem que teve uma má índole por todo o filme e foi punido nos pós-créditos por causa disso foi o dono da fazenda que, na sua ganância de aproveitar a vibe da visita dos alienígenas, criou um parque temático bem chinfrim, cobrando um alto preço e não dando devoluções. A sequência final do filme aconteceu meio que travestida da atração principal do parque, o que rendeu muito dinheiro para o fazendeiro, que tinha o sonho de comprar uma mega colheitadeira de milho. Ele a consegue, mas um acidente surreal e improvável a destrói, como castigo para o ganancioso.

Shaun, O Carneiro: O Filme - A Fazenda Contra-Ataca (Filme na Netflix 2020)  - Filmelier: assistir a filmes online
Provando novos gostos…

Dessa forma, “Shaun, O Carneiro. A Fazenda Contra-Ataca”, é uma animação bem simpática, mais infantil que as demais que concorrem ao Oscar, e cheia de tons lúdicos e surreais. Um alienígena fofinho, uma série de bichinhos, uma equipe caçadora de alienígenas bem atrapalhada. Tudo isso consegue produzir uma historinha que entretém bastante, mas ainda acho que ela não tem bala na agulha para ganhar um Oscar. De qualquer forma, vale pela distração.

Batata Movies 2. Desarquivando Alice Gonzaga. Uma História de Vida Que Se Confunde Com a História do Cinema Brasileiro.

Desarquivando Alice Gonzaga (2017) - IMDb
Cartaz do Filme…

Até o próximo domingo, rola na internet o FestCômico, um festival de filmes considerados de humor, com o grande público tendo acesso gratuito aos filmes. No meio de uma extensa lista, temos o documentário “Desarquivando Alice Gonzaga” (2017), que conta a trajetória da filha do criador dos estúdios da Cinédia, Adhemar Gonzaga. Em quase uma hora e meia de exibição, podemos ver Dona Alice mostrando e realizando a grande paixão de sua vida, que é arquivar e catalogar coisas e objetos, sobretudo sobre a Cinédia e a História do Cinema Brasileiro, mantendo um poderoso acervo até hoje. A história de Dona Alice e da família Gonzaga se confunde com a própria História do Cinema Brasileiro, pois Adhemar Gonzaga editou a revista Cinearte, que militou pelo cinema brasileiro de 1926 a 1942, além de produzir filmes como Barro Humano e criar o estúdio da Cinédia num terreno em São Cristóvão.

Alice Gonzaga - AdoroCinema
Alice Gonzaga, de inestimável contribuição para a História do Cinema Brasileiro…

O documentário mostra Alice Gonzaga descortinando o farto arquivo da Cinédia e contando para nós não somente a História do Cinema Brasileiro como também a sua história pessoal e a de sua família, falando, por exemplo, do preconceito da avó, que era mãe de Adhemar, com o meio artístico; a complicada história de sua mãe, a atriz Didi Viana com a família de Adhemar (o que acabou afastando mãe e filha); a exibição de muitos trechos de filmes brasileiros e, quando não os havia, a exibição de suas fotos praticamente intactas; a forma e o estilo de como vários diretores brasileiros trabalhavam, etc. Ou seja, temos aqui um documentário em tom bem enciclopédico, sem perder de vista o tom intimista. Dona Alice até hoje arquiva reportagens e fotos sobre o cinema brasileiro, mantendo-se muito ativa em seu oficio que praticamente aprendeu desde muito criança, quando passava as férias na Cinédia e ajudava o pai a organizar as coisas nos estúdios. Mas ela realmente se tornou mais dedicada à preservação da memória do cinema depois que teve uma discussão com Adhemar, que já estava no fim da vida, sobre o valor dos filmes e o sacrifício em fazê-los.

Desarquivando Alice Gonzaga - Festival do Rio
Fazendo pontas em filmes que hoje ajuda a preservar…

Apesar desse documentário estar presente num festival de filmes cômicos, não o encaro como uma comédia. A graça da coisa pode até residir no comportamento de Alice em arquivar e armazenar tudo, como se fosse uma espécie de mania (o documentário começa com as caixas dos restos mortais da família organizados por ela em data crescente de morte no mausoléu da família, ou seja, até os parentes mortos ela arquivou). Mas graças a essa “mania”, muito da História do Cinema Brasileiro está bem preservado e arquivado, sobretudo a sua coleção de revistas Cinearte. O trabalho de Alice Gonzaga de preservação da memória do Cinema Brasileiro é valiosíssimo e será um grande legado para as gerações futuras que vão querer estudar a História de nosso cinema, tão combalida pela falta de preservação da memória. Realmente, já estava na hora de se fazer um documentário para mostrar ao mundo a importância de Alice Gonzaga para a preservação da memória do cinema brasileiro.

Desarquivando Alice Gonzaga : Aurora Cinematógráfica
Uma pessoa de vida muito ativa…

Dessa forma, “Desarquivando Alice Gonzaga” é um documentário obrigatório para aqueles que são cinéfilos e que estudam a História do Cinema Brasileiro. Ter a oportunidade de ver a própria Alice Gonzaga falando do arquivo que ajudou a criar é uma oportunidade ímpar e é muito bom que tal coisa tenha ficado registrada no documentário como uma espécie de legado para as próximas gerações. E fique com o documentário completo abaixo

https://www.youtube.com/watch?v=6tL0VkdKkBI&t=1069s

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). A Caminho Da Lua. Uma Ficção Fantástica.

CRÍTICA - A Caminho da Lua (2020, Glen Keane)
Cartaz do Filme

Continuando com nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar 2021, vamos hoje falar da animação “A Caminho da Lua”, que está no Netflix e concorre a estatueta de Melhor Animação. Para podermos falar desse filme, vamos precisar de spoilers.

Crítica | A Caminho da Lua
Fei Fei quer ir para a Lua com sua coelhinha de estimação…

Vemos aqui a história de Fei Fei, uma garotinha chinesa que era encantada pela história de uma deusa, Chang’e, apaixonada por Houyi, mas os dois se separaram, pois Chang’e se torna imortal e vai morar na lua, com o seu amado morrendo, o que provoca grande sofrimento na deusa. Fei Fei cresce, sua mãe se adoenta e morre, deixando a menina desolada. Mas ela segue sua vida adiante, se interessando muito por ciências. Fei Fei ficará abalada quando seu pai se apaixona por uma nova mulher e quer casar com ela. Para piorar, a mulher tem um filho pequeno que é muito mala. Numa festa de família, seus parentes a provocam e dizem que Chang’e não queria saber de Houyi e, por isso, foi morar na Lua, o que deixa Fei Fei irritada e convicta de uma coisa: ela vai construir um foguete para ir para a Lua e atestar, com seus próprios olhos, que Chang’e sofre de amores pela falta de seu Houyi. Por incrível que pareça, ela consegue se lançar ao espaço, usando trilhos semicondutores ao estilo de um trem bala para pegar impulso. Mas seu “irmãozinho” mala se esconde no foguete, fazendo-o cair de volta ao planeta. Quando parecia que Fei Fei, sua coelhinha de estimação e seu irmãozinho iam se esborrachar no chão, um facho de luz vindo da Lua os captura e os leva para um mundo lunar com estranhos seres governados por Chang’e, que parece ser uma pessoa muito vaidosa e fútil, lançando um concurso geral para se dar um presente para ela. É claro que Fei Fei irá participar, mas ela encontrará muitos obstáculos e situações inusitadas para ela achar um presente que nem sabe o que é.

A Caminho da Lua: Confira trailer e detalhes exclusivos da nova animação da  Netflix - Notícias de cinema - AdoroCinema
Um mundo deveras fantasioso…

Essa é uma animação um pouco diferente das que vimos da Pixar aqui. Em primeiro lugar, temos um musical, com muitas canções ao longo da película. Em segundo lugar, e o que é o mais interessante, vemos uma animação muito motivada por elementos da cultura chinesa, tornando a coisa especial. Em terceiro lugar, a gente vê uma característica ambígua em Fei Fei, que gosta de ciências e a usa em toda a sua plenitude no desejo de ir para a Lua. Mas o que motiva essa viagem de Fei Fei é algo fantasioso, uma lenda com gosto de história infantil, que é o martírio da solidão da deusa Chang’e, que ela atribuía demais à sua mãe, uma pessoa a quem amava muito e perdeu cedo. Assim, Fei Fei se identificava com a deusa mitológica na dor de sua solidão e essa característica deu muita liga para a história, principalmente na parte final da animação, quando as duas se identificam em seu sofrimento e solidão, tornando a coisa muito bonita. Confesso que, no transcorrer da exibição, eu estava achando essa animação um tanto cansativa, com um mundo lunar deveras fantasioso e cheio de momentos espetaculosos, mas quando a coisa se voltou mais para a emoção e as carências de Fei Fei e Chang’e, a história melhorou muito. Todo esse aprendizado fez com que Fei Fei retornasse ao seu mundo natal com outra visão de mundo, aceitando as escolhas do pai, seu novo irmãozinho e a família que ela achava chata num primeiro momento. A viagem à Lua de Fei Fei foi uma espécie de metáfora onde ela purgou seus sentimentos sofridos de infância e a tornou uma pessoa melhor, capaz de encarar o futuro com mais maturidade.

A Caminho da Lua' é arma da Netflix para desbancar império animado da  Disney - 20/10/2020 - Ilustrada - Folha
Uma deusa que parece ser muito arrogante, mas…

Dessa forma, se “A Caminho da Lua” não é uma grande animação (duvido muito que ela tenha alguma chance com um concorrente tão forte como “Soul”), ainda assim ela consegue despertar emoção no espectador ao seu final, mesmo que tenhamos uma historinha um tanto enfadonha em seu desenvolvimento. Os motivos da cultura chinesa são uma atração à parte e os números musicais ajudam a gente a ter um pouco mais de simpatia pela animação. Vale pela curiosidade.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Uma Canção Para Latasha/Se Algo Acontecer, Te Amo. A Morte Com Variações.

Uma Canção para Latasha - 2019 | Filmow
Cartaz de “Uma Canção Para Latasha”

Dando sequência às nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar 2021, vamos hoje falar de dois curtas que estão no Netflix: “Uma Canção Para Latasha” e “Se Algo Acontecer, Te Amo”. Como sempre, vamos precisar de spoilers.

Se Algo Acontecer... Te Amo | Trailer | Legendado (Brasil) [HD] - YouTube
Cartaz de “Se Algo Acontecer, Te Amo”

O primeiro curta, “Uma Canção Para Latasha” nos fala do assassinato de uma menina afroamericana de nome Latasha que aconteceu no início da década de 90 e que foi um dos motivadores da violenta convulsão social que aconteceu em Los Angeles naquela época. Ela foi a uma pequena loja de conveniência comprar um suco de laranja que não valia nem dois dólares e foi assassinada com um tiro na cabeça pela dona da loja, que pensava que a menina estava roubando. Latasha foi assassinada com os dois dólares na mão para poder pagar o suco. A amiga de Latasha já tinha estado nessa loja antes e só não foi morta com uma barra de chocolate na mão pela mesma mulher, pois a mãe dela apareceu com a nota fiscal do chocolate pago. E qual foi a punição da assassina? Horas de serviços comunitários e uma multa em dinheiro, não ficando um dia sequer na cadeia. A tragédia de Latasha se repetia em sua família, pois sua mãe já havia sido morta de forma violenta. O curta é centrado em torno dessa amiga de Latasha, que falou dos sonhos que as duas nutriam para o futuro, assim como a dura realidade de ser afrodescendente nos Estados Unidos, em dolorosos dezenove minutos de duração.

Uma Canção para Latasha | Site Oficial Netflix
Para um futuro destruído, só resta a lembrança…

O segundo curta, “Se Algo Acontecer, Te Amo”, é uma animação onde vemos um casal que perdeu a alegria de viver depois que sua filha foi assassinada por um serial killer na escola. Os dois têm o seu estado de espírito manifesto em negros espectros que brigam, mas que também têm ternas lembranças e emoções com relação à filha morta. No início, não sabemos o motivo da tristeza dos dois e vemos apenas aquelas sombras se desentendendo e brigando. Mas, num flashback, as sombras relembram a vida da filha, quando o filme se torna mais alegre, apenas sendo o contraponto ao massacre escolar. No fim, ficam as boas lembranças, com o espectro da filha unindo os espectros dos pais, que tendiam cada vez mais a se separar, algo muito terno e tocante, numa montanha russa de sentimentos que dura apenas doze minutos.

CRÍTICA | "Se Algo Acontecer... Te amo" é doloroso, trágico e por fim lindo  - Tribernna
Espectros mostram a destruição de um casal…

Dois curtas, mostrando o mesmo tema com variações: a morte violenta numa sociedade estadunidense completamente descentrada e enlouquecida. No primeiro caso, a morte violenta é provocada pelo racismo e intolerância. No segundo caso, a morte é provocada pelo belicismo e também pela intolerância. Monstros criados por uma sociedade que se arma de ressentimentos até os dentes, cujos monstros atacam a própria sociedade que os cria, numa espécie de insana autofagia. Dois temas chocantes, abordados de formas diferentes, pois em “Latasha” temos a eloquência de sua amiga, que dá voz à menina assassinada e à vida pregressa das duas, com todas as suas expectativas e sonhos, dando-nos o sentimento de todo um futuro perdido. Já no segundo curta, o silêncio chega a ser ensurdecedor, alimentando uma igual sensação de perda e de um futuro destruído. Pelo menos na animação, a lembrança da menina reúne um casal destroçado, num fio de esperança que brota em seu final. Já em “Latasha”, a sensação de desalento e impotência são muito grandes, ainda mais quando somos confrontados com toda a impunidade da situação.

Se Algo Acontecer...Te Amo promete te fazer chorar em 12 minutos (e cumpre)  – Persona | Crítica Cultural
O segundo curta nos dá alguma esperança, ao contrário do primeiro, que é só desolação…

Dessa forma, “Uma Canção Para Latasha” e “Se Algo Acontecer, Te Amo” são dois documentários fortes e obrigatórios que concorrem ao Oscar desse ano, com os dois falando do mesmo tema: a morte trágica numa sociedade violenta, só que com variações, indo desde o racismo até a insanidade do belicismo, com as duas histórias cimentadas pelo ódio e pela intolerância.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Professor Polvo. Como Sobreviver No Mar.

Professor Polvo
Cartaz do Filme.

Dando sequência às nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar 2021, vamos hoje falar de outra produção na Netflix, intitulada “Professor Polvo”, que concorre à estatueta de Melhor Documentário. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.

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Uma amizade inusitada…

O filme fala de Craig Foster, um cineasta que levava a sua vida de uma forma pouco satisfatória e desanimada. Ele vai começar a praticar mergulho nos mares do sul da África para pesquisar a vida marinha. Um belo dia, ele encontra uma espécie de massa de carne envolta em conchas e, quando se aproxima, a massa larga as conchinhas, sendo ela um polvo fêmea camuflado. A partir daí, Craig vai diariamente, pelo espaço de quase um ano, mergulhar no mesmo local em que encontrou a polvo fêmea e estudar a sua vida. Logo vai surgir uma espécie de ligação afetiva entre ele e a polvo fêmea, que vai tocar sua mão com os tentáculos e ficar grudado nele. De uma forma muito cuidadosa e gentil, Craig observa, sem fazer qualquer interferência, a vida do polvo fêmea, que precisa fugir de pequenos tubarões predadores e, ao mesmo tempo, ela mesma ser uma predadora, caçando peixes, caranguejos e lagostas. Craig percebe com o tempo que a polvo fêmea tem uma inteligência notável para a sua espécie, criando rapidamente estratégias de defesa para fugir dos ataques dos tubarões e, ao mesmo tempo, criando outras estratégias para conseguir comida. Craig também testemunha algo que parece inimaginável, que é ver a polvo fêmea brincar com um cardume de peixes que nada bem acima dela, se colando afetivamente no peito de Craig depois disso, sendo a última vez que os dois teriam um contato físico. Depois de quase um ano, Craig testemunha seu acasalamento e a proteção que ela faz a seus ovos, definhando rapidamente. Com o nascimento dos filhotes, a polvo fêmea, moribunda, finalmente serve de comida aos tubarões e morre, fato que deixou Craig muito abalado emocionalmente, mas também o deixou aliviado, pois a tarefa do mergulho diário e da procura pela polvo fêmea diariamente estava se tornando algo muito cansativo.

Crítica | Professor Polvo (My Octopus Teacher) - POCILGA
Notáveis estratégias de sobrevivência…

Que bom que Craig não se cansou antes, pois a gente consegue ver aqui um grande documentário sobre a sobrevivência de um ser vivo praticamente líquido no meio marinho, que pode ser muito rico mas também pode ser muito inóspito. As imagens da “floresta” de algas debaixo d’água são impressionantes, assim como de toda a fauna marinha que vemos no filme, numa explosão de formas que beiravam o abstrato e cores muito fortes e vivas. A polvo fêmea é o personagem do filme em toda a sua plenitude, cujas estratégias de sobrevivência no ambiente em que vivia eram surpreendentes, só não sendo mais surpreendente a forma como a polvo fêmea variava essas estratégias, ainda mais quando sabemos que seu sistema cognitivo é mais atuante nos tentáculos do que no cérebro, com o polvo aprendendo essas estratégias por puro instinto. No caso do ataque do tubarão, a polvo fêmea não somente se cobre de conchas como arruma um jeito de se grudar na parte mais segura do tubarão para ela, que é o seu dorso, enganando-o completamente.

20 Lições aprendidas com o Professor Polvo | by Vanessa Tenório | Revista  Mar Aberto | Medium
Filme fala sobre o ciclo da vida…

Dessa forma, “Professor Polvo” é mais um bom documentário que concorre ao Oscar. O mais impressionante aqui é ver como um ser que, aparentemente, não tem uma “inteligência” muito desenvolvida é capaz de estabelecer várias estratégias de sobrevivência e, ainda por cima, saber variá-las na hora certa, praticamente usando de forma muito sofisticada os seus instintos. Vale muito a pena dar uma conferida.