Batata Movies – O Estrangeiro. Um Jackie Chan Surpreendente.

                Cartaz do Filme

Imagine Jackie Chan fazendo um filme de ação, mas muito sério sobre terrorismo com o grupo IRA envolvido. Agora imagine Pierce Brosnan contracenando com Chan. Você terá a surpreendente película “O Estrangeiro”, infelizmente em cartaz em pouquíssimos cinemas, somente na Barra, nos shoppings Downtown e New York, como se esse tipo de filme fosse rotulado como uma coisa menor, não passando nos cinemas da Zona Sul e mais direcionado para um público, digamos, blockbuster. Lamentável que o filme tenha sido rotulado com esse estereótipo, assim como o próprio público. Cinéfilo que eu sou, me descambei lá para os lados da Barra para justamente assistir a esse filme que parecia, pela sinopse, ser bem interessante.

                          Ele perdeu uma filha

A trama fala do senhor Quan (interpretado por Chan), que perde a filha num atentado à bomba cometido pelo IRA em Londres. Quan fica inconformado e vai todos os dias à polícia para pedir informações sobre quem matou sua filha. Mas ele verá na TV um pronunciamento do vice-primeiro ministro da Irlanda do Norte, Liam Hennessy (interpretado por Brosnan), lamentando o ocorrido e dizendo que vai ajudar as autoridades inglesas nas investigações. Só que isso não é o suficiente para o senhor Quan, que vai até Belfast falar com o vice-primeiro ministro. Como é mal atendido, Quan, que veio fugido da Ásia e perdeu toda a família, tendo sido soldado no passado perito em explosivos, começa a transformar a vida de Hennessy num inferno, explodindo muitas bombas em todos os lugares, o que faz com que o vice-primeiro minsitro coloque os capangas dele no encalço do senhor Quan. O asiático, por sua vez, procura investigar mais a fundo para chegar aos assassinos de sua filha, enquanto busca pressionar Hennessy o máximo possível.

          Um vice-primeiro ministro suspeito

Esse é um filme muito curioso. Em primeiro lugar, quem pensa que essa é uma película onde Chan vai meter a porrada em todo mundo o tempo todo com seus golpes de artes marciais está muito enganado. Ele até lança mão do expediente da luta, mas numa quantidade muito menor do que a gente espera. Fica bem clara no filme a idade avançada de seu personagem, e ele luta contra seus inimigos mais com a inteligência do que com a força, o que foi algo muito positivo na película. Por sua vez, a atuação de Brosnan ficou num outro pólo do filme, que tinha uma intriga politica ricamente elaborada, sendo, talvez, a maior virtude do filme, o que ajudou a manter a atenção do espectador por toda a duração da película.

                                                Um momento tenso

Infelizmente, houve rótulos também. O grupo do IRA foi retratado como formado apenas por vilões terroristas cruéis que matam inocentes, num estereótipo muito semelhante ao que é feito com grupos islâmicos hoje em dia na mídia ocidental. Pelo menos, a atuação da polícia inglesa também foi colocada de forma extrema, com execuções sumárias e insinuações de tortura.

Os protagonistas foram bem. Chan conseguiu fazer um homem de meia idade cerebral e altamente emocional nos momentos certos. Brosnan, com uma rala barba branca, estava irreconhecível e em nada lembrava James Bond. Ver os dois contracenando juntos foi realmente um deleite para os olhos, pois conseguiram levar a trama muito bem.

                   Jackie Chan na pressão!!!

Assim, “O Estrangeiro” é um bom filme de ação mesclado à trama política estrelado por Jackie Chan e Pierce Brosnan. Não caia na armadilha do preconceito e procure alugar esse filme quando sair nas locadoras, já que nosso circuitão foi um tanto preconceituoso com essa excelente película.

https://www.youtube.com/watch?v=W3WFbixgWBQ

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar do Episódio VIII (Parte 5)

                              Duelo meia boca

Continuemos com nossas impressões sobre Luke Skywalker no Episódio VIII. O que mais incomodou na parte do Luke foi justamente a sequência final, onde ele esteve no campo de batalha virtualmente. Sei que estou indo aqui um pouco na contramão já que muita gente gostou, pois ele mostrou seu verdadeiro poder ao fazer aquilo, etc., mas para mim ficou uma impressão de que o personagem foi mal aproveitado, sendo uma coisa meio Mandrake, 171 até. Sei lá, eu preferia um Luke de corpo presente no campo de batalha. E aí sim ele mostraria seu verdadeiro poder lá, perante um Kylo Ren que ele não entendia e até temia. Já que ele estava muito amargurado pela decepção de sua Academia Jedi ter falhado, que se usasse isso para fazer um lance, digamos, um pouco mais dramático, diferente e inesperado. Sei que muita gente não gosta dessa ideia, mas um Luke amargurado poderia muito bem flertar com o lado sombrio e ter até uns lampejos siths, mesmo que fosse por uns poucos momentos. Por que não? Já que se fez tanta coisa boa e tanta coisa questionável com esses personagens e esses filmes, creio que uma polêmica a mais não faria tanta diferença, com a lembrança de que roteirista de cânone de “Guerra nas Estrelas” tem uma situação muito semelhante a de técnico de seleção brasileira de futebol em época de Copa do Mundo, ou seja, muitos metem o malho. Outro dia, vi no Facebook uma postagem que dizia que era para as pessoas pararem de criticar o filme e, ao invés disso, reescrevê-lo como gostariam que fosse. Como eu achei essa uma ótima sugestão, resolvi fazer um pequeno exercício de imaginação em cima da sequência em que Luke e Kylo Ren se encontram. Aqui realmente devo pedir um pouco de paciência ao nobre leitor.

          Queria ter visto isso no filme… Luke real abraçando Leia…

Vamos lá. Se vai haver um encontro real entre Luke e Ren, como Luke vai sair da ilha? Bom, tem um X-Wing submerso lá. Tudo bem, sei que ele já deve estar todo pifado por estar submerso no mar tantos anos mas quem sabe a Força não pode dar uma mãozinha para consertá-lo? Ou, se isso for totalmente inviável, que Luke saísse da Ilha escondido na Millenium Falcon, sei lá. Sair do planeta não seria dos maiores problemas. Se ele viesse com a Millenium Falcon, a nave chegaria à base rebelde antes do ataque da Primeira Ordem, com Luke descendo à base.

               Que tal um novo final???

Uma vez que ele estivesse no planeta da base rebelde, frente a frente com a nave de Ren e com os walkers, e Ren mandasse todas as armas dispararem, Luke apareceria em outro ponto do vale, enquanto o ponto em que ele estava estaria destruído. Ren mandaria atirar novamente e ele apareceria em mais outro ponto do vale. Na verdade, ele estava se deslocando tão rápido que isso escapava aos olhos de todos. E sem truques de CGI. Quando Ren descesse para conversar com Luke, este último falaria: “Você foi o responsável por uma das maiores decepções da minha vida, escolhendo o lado sombrio”. E Ren retrucaria: “E você também me decepcionou ao tentar me matar”. Luke responde: “Foi somente um momento, um lampejo”. Ren: “Isso não importa mais agora”. Luke: “Tem razão. O que importa agora é que você jamais levará Rey para o lado sombrio”. Ren: “Isso quem tem que decidir é ela”. Luke: “Ela não vai para o lado sombrio, Ben. Eu iria até as últimas consequências para isso”. Ren: “É mesmo? E o que você pretende fazer?”. Luke: “Um dia, eu hesitei. Hoje não hesito mais”. E começaria um antológico duelo de sabres de luz entre os dois, depois de Ren iniciar o ataque. Num determinado momento da luta, os dois sabres presos um ao outro, Luke e Ren cara a cara, bem próximos de suas lâminas. Luke: “Irei proteger Rey do lado sombrio, nem que eu precise ir para o lado sombrio para derrotá-lo!!!”. E os olhos de Luke começam a ficar amarelos. Ele começa a dominar a Força e a usá-la em seu favor, como todo bom sith. E empurra Ren para o chão. Tomado pelo ódio, Luke arremessa seu sabre de luz ao chão e começa a conjurar raios na direção de Ren, que é arremessado de volta para a sua nave. Com a mão esquerda, Luke conjura raios na direção dos walkers à sua esquerda, tombando-os e faz o mesmo com os walkers à direita. Sob o olhar aterrorizado de Ren e Hux, Luke caminha em direção à nave e fala, enfurecido: “Você quer o lado sombrio, Ben? Tome o lado sombrio, então!” . E lança mais raios com as mãos em direção à nave. Ren ordena que ela parta em disparada. Luke fica no deserto de sal fitando com seus olhos amarelos e com uma expressão de profundo ódio a nave da Primeira Ordem que foge. Mas aí vem aquela voz: “Luke!”. E ele se volta para trás, vendo o fantasminha de Obi Wan Kenobi, versão Alec Guiness virtual, assim como foi feito com Tarkin em “Rogue One”. O velho mestre jedi diz: “Depois de todos esses anos, você ainda pode ser uma presa do lado sombrio?”. Os olhos de Luke voltam a ficar azuis. Ele desaba e se ajoelha ao chão, arrasado. “Mestre, o que foi que eu fiz?”, pergunta. “Você mais uma vez foi tomado pelo medo e se deixou seduzir pelo caminho mais fácil”, retruca Kenobi. “Muito me assustou aquela moça e seu poder”, diz Luke. “Nós somente tememos aquilo que desconhecemos”, diz Kenobi. Ele continua: “Faço minhas as palavras de mestre Yoda: Treine Rey. Somente assim você a conhecerá melhor e não mais temerá pelo seu futuro. Ela implora por sua ajuda. Esqueça as mágoas do passado. Dê a ela uma chance e, principalmente, dê a si mesmo uma nova chance. E uma nova esperança para a resistência. Você tem ainda muito a ensinar, meu padawan” Luke pergunta:  “E se eu falhar, mestre?”. Kenobi retruca: “Ainda será uma falha menor que a que você cometeu hoje. Mas saia dessa mágoa, Luke. E olhe para dias melhores. Eles te atrairão e mostrarão o caminho. Lembre-se que tudo depende do ponto de vista”. Obi Wan desaparece no ar. Luke pega seu sabre de luz e retorna para a base rebelde, que já prepara a retirada, se encontra com Rey e fala à moça que irá treiná-la. “Mestre, o que aconteceu?”, pergunta Rey, aflita. “Eu sei, eu errei. Até os mestres podem falhar e fracassar. Tome isso como mais uma lição”, diz Luke. Rey beija carinhosamente as mãos (inclusive a mecânica) de Luke e lhe sai uma lágrima dos olhos, ao mesmo tempo que ela acena afirmativamente com a cabeça e com os lábios comprimidos. O filme termina com Luke e Rey segurando as mãos, sob o olhar complacente de Leia, numa resposta ao final do Episódio VII. Passagem de bastão é o raio que o parta!!!

                                                 E por que não???

Eu sei que muita gente pode torcer o nariz para tudo o que eu falei acima com relação a esse final alternativo. Mas, cá para nós, por que não tentar isso? Com uns devidos ajustes ao fio narrativo, isso resolveria, por exemplo, todo o comportamento amargurado de Luke ao longo de todo o filme. E mostraria a Rey todos os perigos do lado sombrio, além de aumentar a conectividade entre a padawan e seu mestre. O treinamento aconteceria entre os Episódios VIII e IX (olhaí, pessoal do Universo Expandido, agora cânone, e as possíveis animações!!!) e o Episódio IX já começaria com Rey como uma mestre jedi (fan service com “O Retorno de Jedi”).

Bom, tudo o que eu falei é apenas uma sugestão. Resta agora esperar até 2019 para vermos o que Rian Johnson fará com o desfecho da trilogia. Esperemos muitos fantasminhas de Luke e que os problemas do Episódio VIII sejam sanados até lá. No mais, que a Força esteja com nós, os fãs, para aproveitarmos o que vier de bom e nos lamentarmos com as decepções que, espero, sejam poucas.

                      Vem aí o Episódio IX!!!!

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar do Episódio VIII (Parte 4)

                        Um herói problemático…

Agora, qual foi o grande problema do filme? Isso mesmo, caro leitor. A polêmica envolvendo Luke Skywalker. O personagem principal do filme esteve longe de ser uma unanimidade, por se tratar de um ponto nevrálgico. A começar pelo próprio Mark Hamill, que disse que não concordava muito com os rumos que o personagem tomou. Mesmo que ele tenha se retratado depois (devia ter um rato atrás dele com uma arma em suas costas), ficou-se uma impressão um tanto esquisita de tudo isso. Vamos lá. O que incomodou logo de cara foi refazer a cena final do Episódio VII, onde Rey entrega a Luke o sabre de luz. Já ficou clara uma quebra de continuidade, pois no final do Episódio VII, o tempo estava nublado e agora, no Episódio VIII, havia um tempo ensolarado. Mas esse é o menor dos problemas. Foi difícil de engolir Luke jogando fora o sabre de luz. Mesmo que tenha havido uma intenção cômica, creio que ela não cabia ali, pois quebrou todo o clima altamente emocionante do final do Episódio VII (essa sequência final do Episódio VII foi a melhor coisa daquele filme, na minha opinião). Talvez fosse melhor ele devolver o sabre a Rey e dizer uma coisa do tipo “Esqueça” ou “Não lido mais com isso”. Mas houve outros lances lamentáveis na sequência de Luke como, por exemplo, ele ordenhar aquele bichão e tomar seu leite. Para depois ainda o bichão olhar para a Rey com a cara de “Quer um pouco?” e a Rey virar o rosto como se pensasse “O que esse maldito roteirista estava querendo aqui?”. É claro que a sequência de Luke e Rey na ilha teve seus pontos altamente positivos, principalmente no momento em que a moça dizia ao mestre o que ela sentia na ilha, tanto na parte da luz quando na parte sombria. E, principalmente, que Rey não havia notado a presença de Luke, pois ele estava desconectado da Força.

                  Não joga o sabre de luz fora!!!

Uma coisa que doeu bastante foi ver a amargura de Luke com o fracasso de seu treinamento jedi, materializado em Kylo Ren. A gente sabe que essa ideia estava lá no Universo Expandido e defendo avidamente a proximidade desse Universo Expandido com o cânone. Mas creio que dessa vez, a coisa pesou um pouco. Ele até poderia estar amargurado num primeiro momento, mas a presença de Rey e o fato dela ser uma isca fácil para o lado sombrio deveria estimular um pouco mais o nosso velho jedi. Seu medo em treinar a moça e assim ela poder cair no lado sombrio não deveria ser um obstáculo.

                                             Treina ou não treina???

Uma coisa que incomodou muito foi o tom da conversa entre Luke e Yoda. Por um lado, foi uma conversa magistral (“nossos aprendizes se tornam o que somos, esse é o fardo de todo mestre”, “ensine seu fracasso”). O problema foi engolir a suposta destruição das escrituras jedis originais e os argumentos de Yoda do tipo “não há nada ali que ela já não saiba”. Isso porque estamos falando de uma garota que nem sabia direito o que era a Força e que ela servia somente para levantar pedras. Yoda não poderia desdenhar de um conhecimento que ele ensinou por quase novecentos anos, mesmo que ele estivesse ultrapassado. Pelo menos, ficou o alívio, ao final do filme, de ver que Rey guardou os escritos originais.

No próximo artigo (o último), vamos redesenhar um novo duelo entre Luke e Ren. Até lá!

                                  Não façam pouco dos escritos jedis!!!

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar do Episódio VIII (Parte 3)

Quem é Snoke???

Vamos agora falar dos problemas presentes no Episódio VIII. Em primeiríssimo lugar, Snoke… o grande mestre vilão já morre no segundo filme da nova trilogia e nada se sabe do passado dele? Essa coisa ficou um tanto complicada. Os defensores do filme nas redes sociais argumentam que o Imperador aparece na trilogia clássica também sem uma explicação bem fundamentada do seu passado. O problema é que, agora, existem uma série de referências das trilogias anteriores e esse argumento fica um tanto furado. Uma coisa que o fã de “Guerra nas Estrelas” quer é testemunhar, nos filmes principais do cânone, as ligações entre essa nova trilogia e as mais antigas. Assim, quando a gente vê um vilão novo como o Snoke, a gente automaticamente especula sobre sua origem. Há alguma relação entre Snoke e Palpatine? Ou com Vader? São perguntas que inevitavelmente surgem na nossa cabeça e que a gente torce que sejam respondidas. E, de repente, o cara é partido ao meio com um sabre de luz e morre com a língua para fora… bom, eu espero que, mesmo morto, ainda se faça alguma referência sobre a origem do Líder Snoke no Episódio IX ou, caso contrário, será uma grande decepção, a meu ver.

R2D2 no ferro velho…

Uma segunda coisa que me incomoda é a tal da passagem do bastão entre a geração mais antiga e a geração mais nova. Creio que isso está sendo feito de uma forma um tanto abrupta. Primeiro, foi a morte de Han Solo no episódio anterior, algo que já incomodou muita gente. Mesmo que houvesse um desejo do Harrison Ford com relação a isso, não era necessário matar o personagem. É só criar algo que tire o personagem de cena e pronto. Agora, nesse filme, senti que personagens como Chewbacca, C3PO e R2D2 foram tratados de uma forma muito periférica, principalmente este último, que teve participações marcantes e decisivas nas duas trilogias anteriores. Seria muito legal ver R2 interagindo mais com BB8, algo que mais uma vez não aconteceu nesse filme.

Poe Dameron sem X -Wing…

E aí, surge outra questão: se os personagens antigos passaram o bastão para os mais novos, como os personagens mais novos são aproveitados? A primeira vez que assisti ao filme, achei que a coisa ficou muito estranha para Poe Dameron e para o Finn. Eles pareceram muito mal aproveitados. Na segunda vez que vi a película minha ideia mudou um pouco. Gostei da participação dos dois, com um peso maior para o Finn, sua ligação com Rose e a coisa de atacar de frente os senhores de armas e de escravos. Entretanto, quando o Finn aparece, ainda se deu aquele verniz de alívio cômico que não lhe cai bem (já falei em outros carnavais que prefiro um Finn mais sério). O bom é que isso foi sumindo naturalmente ao longo do filme, o que dá uma nobreza bem maior ao personagem. Agora, eu confesso que fiquei um pouco chateado por terem cortado as asas X de Poe Dameron. Depois da brilhante sequência inicial, muito inspirada na Segunda Guerra Mundial, onde Dameron pintou e bordou com seu X-Wing, a coisa ficou por aí e ele ficou preso naquele cruzador discutindo táticas e disciplina com a Princesa Leia e a vice-almirante Holdo (com boa presença de Laura Dern, melhor que Benicio del Toro, que poderia ter sido muito boa). Tudo bem que Dameron encabeçou até um motim mas, cá para nós, eu queria vê-lo em mais cenas no X-Wing. Isso somente não aconteceu pois, em boa parte do filme, o papel da Primeira Ordem ficou reduzido a enfraquecer o escudo daquele cruzador e esperar que seu combustível acabasse, o que também pareceu demasiadamente simplório. Assim, o Episódio VIII deve ter sido uma decepção para os fãs de X-Wing cujos pilotos são os caras. O filme perdeu muito ao Kylo Ren pulverizar a grande parte deles.

No próximo artigo, falaremos do personagem principal, Luke Skywalker, e dos problemas envolvidos com ele. Até lá.

Benicio del Toro mal aproveitado…

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar do Episódio VIII (Parte 2)

               Canto Bight, onde está o Cassino

Vamos continuar com nossas impressões positivas do Episódio VIII. Outro momento que a gente pode falar aqui que foi relativamente bom, embora esse seja um pouco mais controverso, é a sequência do cassino. Algumas pessoas viram essa parte como uma barriga no filme, mas eu quero ver os aspectos positivos aqui. Uma coisa que, infelizmente decepcionou, era de que havia uma expectativa de que o tal decodificador seria Lando Calrissian, algo que já se reclamava no episódio anterior e que parece cada vez mais distante, já que o diretor (e roteirista, quero deixar isso bem frisado!) Rian Johnson disse Lando não teria qualquer utilidade na história como ela foi montada. Entretanto, creio que isso é um pouco papo furado e má vontade de aproveitar esse personagem, pois a história poderia ser modificada sim para colocar o velho contrabandista na trama. E, cá para nós, Johnson não colocou a Phasma somente para morrer no duelo com o Finn? Por que Lando não poderia ser encaixado de uma forma mais eficaz? Ele poderia ajudar e muito a Rey e Chewie na Millenium Falcon, por exemplo, até porque já foi dono da nave.

                                 Cadê o Lando????

Mas, voltemos aos pontos positivos. O grande lance da sequência do cassino foi que Rose (uma boa aquisição de personagem, muito andrógina a meu ver, o que só traz coisas positivas à franquia) chama a atenção a Finn, maravilhado com o mundo do cassino, de que tudo aquilo ali era uma espécie de fachada para mercadores de armas e senhores de escravos, bases de sustentação da Primeira Ordem. Destruir todo aquele mundo idílico era também um ato de resistência. E aqui “Guerra nas Estrelas” amadurece, se aproximando do mundo real, com situações semelhantes sendo vistas, sobretudo, nos processos imperialistas, onde grandes potências econômicas ocidentais se transformam, como a Primeira Ordem, em senhores de armas e de escravos (africanos que não pagavam os impostos exigidos pelos países europeus eram aprisionados com suas famílias e as antigas colônias, depois de independentes e em guerra civil compravam armas dos antigos países colonizadores).

               Rose e Finn, uma boa dupla…

Assim, se a sequência do cassino foi vista como barriga por uns, e como decepção pela ausência de Lando por outros, creio eu que transmitir uma mensagem dessa importância (a Primeira Ordem pode estar mais perto de você do que imagina) contribui para o engrandecimento do filme, pois franquias de massa como “Guerra nas Estrelas” são um bom veículo para se divulgar uma maior reflexão sobre as coisas. E a película deixa de ser somente um bom entretenimento. Um viva para os cavalinhos orelhudos libertados por Rose e Finn correndo nas pradarias.

No próximo artigo, vamos começar a falar dos problemas do Episódio VIII. Até lá!

                                    Viva aos cavalinhos orelhudos!!!

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar Do Episódio VIII (Parte 1)

                                         Cartaz do Filme

E estreou o Episódio VIII de “Guerra nas Estrelas”. “O Último Jedi”, como não podia deixar de ser, era ansiosamente aguardado pelos fãs, pois havia a expectativa de que algumas questões levantadas pelo Episódio VII já começassem a ser esclarecidas. A noite de estreia do filme no Botafogo Praia Shopping, no último dia 14 de dezembro, foi concorrida como sempre e quem assistiu saiu com a impressão de que era um filmaço, como ocorreu nos outros anos. Entretanto, algumas críticas também surgiram pela internet, e houve até uma petição para que o filme fosse retirado do cânone, provocando debates muito acalorados. Como todo filme, é necessário que se assista a ele mais vezes para se ter uma opinião um pouco mais coesa e argumentada, livre de arroubos emocionais mais profundos. Passada toda a intensidade da estreia, creio eu que já dá para a gente conversar um pouquinho mais sobre o que foi “O Último Jedi”, agora com spoilers, obviamente. Vamos aqui fazer uma espécie de exercício imaginativo para analisar o filme.

                       Walkers. Alusão a “O Império Contra Ataca”

Em primeiro lugar: a película foi boa? Na minha modesta opinião, podemos dizer que tivemos um bom filme. Mas ficou aquela sensação de que a coisa poderia ter sido um pouco melhor. Eu pretendo dividir essa análise em duas partes. Inicialmente, vou dizer onde o filme teve virtudes e, depois, onde o filme teve problemas e o que poderia ter sido feito para melhorá-lo.

Se fizermos uma comparação com o Episódio VII, o Episódio VIII tem uma vantagem logo de cara, que foi um filme que tinha a sua própria história, não fazendo alusões excessivas a outros filmes, como foi no caso do “Despertar da Força”, onde foram apresentadas muitas referências a “Uma Nova Esperança”, o Episódio IV. Houve até um fan service no Episódio VIII, com momentos inspirados em “O Império Contra Ataca” e “O Retorno de Jedi”. No primeiro caso, a referência mais latente foi o combate na base rebelde, onde novamente tínhamos walkers, uma linha de atiradores e uma paisagem embranquecida (logo a neve de Hoth veio à cabeça). Mas aí o soldado rebelde passa a mão no chão e leva à língua, falando depois que aquele branco todo era sal, numa clara piada com o imaginário dos fãs. Quando temos esse tipo de referência sem muitos exageros e com uma piada que dialoga com o espectador, aí sim temos algo de bom e espontâneo, não sendo tão forçado quanto a overdose de Episódio IV no Episódio VII. Já as menções ao “Retorno de Jedi” aparecem, sobretudo, na ida de Rey com Ren à sala de Snoke. A mesma conversa que Rey teve com Ren, tentando dissuadi-lo do lado sombrio da Força, teve Luke com Vader em “O Retorno de Jedi”. Ainda, tanto Rey quanto Luke estavam algemados nesse momento. E Snoke também mostrava a Rey como a frota da Resistência era sumariamente atacada e destruída pela Primeira Ordem, tal como o Imperador mostrava a Luke como a Aliança Rebelde era destruída pela Frota Imperial no ataque à Segunda Estrela da Morte. Foram momentos pontuais do filme que chamaram bastante a atenção, fizeram as devidas homenagens e saíram de cena por cima, sem se tornarem enfadonhos.

                       Sala de Snoke. Alusão a “O Retorno de Jedi”

Outro ponto importante e bom do filme foi a interação telepática entre Rey e Ren. Inicialmente, ficou-se a impressão de que os dois são realmente irmãos, em vista de tal empatia. Posteriormente, os fãs começaram com uma história (um tanto ridícula, a meu ver) de uma intenção de relacionamento amoroso entre os dois. Mas, mais importante do que tudo isso, essa interação Rey-Ren serviu para mostrar que cada um tem um pezinho no outro lado. Ou seja, se Ren está mergulhado no lado sombrio, o remorso por ter matado Han Solo, seu pai, o deixa em conflito, dando indícios de que ele poderia ir para o lado da luz. Já Rey, por sua vez, ainda não está 100% antenada com a filosofia jedi e mostra muitos momentos de ódio (inclusive apontados pelo próprio Ren, desde a cena da floresta, no episódio anterior, até alguns momentos no presente episódio), o que poderia conduzir a moça para o lado sombrio. Esse foi um dos aspectos mais relevantes do filme, a meu ver e torço muito para que ele seja mais desenvolvido ainda (o que parece um caminho inevitável) no Episódio IX. Isso sem falar que a cena em que os dois lutam juntos na sala de Snoke após a sua morte foi algo inesperado e muito bem-vindo para o filme. Ainda mais porque os dois lutaram entre eles depois que Ren sugeriu a Rey governarem a galáxia juntos, assim como Anakin sugeriu à Padmé no Episódio III.

   Interação telepática Rey-Ren. Ponto positivo

No próximo artigo, vamos continuar a falar dos pontos positivos do Episódio VIII.  Até lá!

Batata Movies – The Square, A Arte Da Discórdia. O Que É Arte E Qual É O Seu Papel Na Sociedade?

                   Cartaz do Filme

E chegou o grande vencedor de Cannes do ano passado em nossas telonas. “Square, a Arte da Discórdia”, escrito e dirigido por Ruben Östlund, também recebeu uma nomeação para o Globo de Ouro deste ano (melhor filme em língua estrangeira). É uma película que, apesar de muito exótica e altamente inusitada, consegue manter um fio narrativo mais tradicional e, ao mesmo tempo, gera toda uma fábrica de reflexões. Um filme que justificou sua premiação com a Palma de Ouro. E um filme que trabalha uma série de pormenores muito bem amarrados.

                          Um diretor de museu…

Vemos aqui a história de Christian (interpretado por Claes Bang), um homem que é responsável por organizar exposições para um renomado Museu de Arte da Suécia. Um belo dia, o museu recebe a proposta de organizar uma exposição de uma artista argentina, onde ela imagina um quadrado de quatro metros quadrados, onde quem se coloca ali tem todos os direitos e deveres de um cidadão comum, sendo obrigado a ajudar a quem precisa.

                                    Um quadrado…

Para promover uma exposição de ideia tão simples, uma equipe de marketing é contratada e ela propõe uma campanha que transforme essa temática em um verdadeiro espetáculo midiático para chamar a atenção. A partir daí, o filme mostra todo um rosário de situações que questionam se realmente cumprimos ou não esse papel mais humanista na sociedade em que vivemos, assim como qual é o papel da arte numa sociedade.

                         O que é arte para você???

O filme consegue ser muito engraçado em alguns momentos e muito tenso em outros. Seu humor é altamente mordaz, sobretudo quando se refere ao significado de algumas peças de arte contemporâneas, qual é o papel de um curador de museu que tem muito poder, mas é obrigado muito mais a seguir parâmetros econômicos do que artísticos ou então momentos muito surreais, como o de manter um macaco (grande) dentro de casa, ato que espelha todo o inusitado dos valores da arte contemporânea. A tensão se manifesta nas performances altamente ousadas e iconoclastas que chegam a um momento extremo numa determinada passagem do filme. Mas a película, acima de tudo, mostra como as pessoas tratam a proposta da artista argentina como uma verdadeira falácia, já que ninguém assume uma postura mais solidária com os mais necessitados, principalmente os que estão mais envolvidos na montagem da exposição e convivem diariamente com essa ideia de solidariedade. O mais interessante é que quando alguém se propõe a ajudar, é mal visto pelo pedinte, ao bom estilo “quando pede a mão, quer o braço”, como se ser solidário levasse a uma punição nos dias de hoje. Muito curioso também é ver como a estratégia de marketing da exposição e seus desdobramentos podem ser encarados de diversas formas, indo desde o eticamente imoral com os mais pobres até o eticamente imoral com a liberdade de expressão, mas sempre eticamente imoral.

                      O filme conta com a fofíssima Elisabeth Moss

Assim, “The Square, a Arte da Discórdia”, é um filme que deve ser acompanhado com atenção, pois ele aborda dois temas muito caros: qual é o papel da arte contemporânea na sociedade e qual é o nosso papel na sociedade. Ao exibir situações muito variadas ao longo do filme, ele escapa de pólos muito extremos, embora tenha coragem também de analisar situações bem agudas. Pela sua riqueza, o filme chega a dar um pequeno nó na cabeça, mas vale muito a pena passar por essa experiência. Programa imperdível para esse início de ano.

Batata Antiqualhas – Spock e Leonard. Dualidade que se Completa (Parte 10)

                  A tal propaganda de cerveja…

Em 1975, Nimoy estava de férias em Londres quando descobriu, através de Henry Fonda, que a figura do personagem de Spock estava sendo usada numa propaganda de cerveja e nosso ator não recebia um centavo por isto. Ao pedir que seu advogado procurasse saber o que estava acontecendo, Nimoy tomou um susto: ele recebia quantias irrisórias pelo uso de sua imagem e já não recebia qualquer dinheiro sobre ela há cinco anos. Nimoy parou de receber dinheiro por sua imagem justamente quando o sucesso de “Jornada nas Estrelas” aumentou com as reprises. E, para piorar a situação, a Paramount não tinha o direito de comercializar a imagem do ator já que a série havia sido cancelada. Mas, mesmo assim, a gigante do cinema o fez por quase dez anos. Assim, Nimoy teve que abrir uma ação judicial contra a Paramount.

                                           O diretor Robert Wise.

Com o sucesso de “Guerra nas Estrelas”, a Paramount começou a entrar em contato com Nimoy, com o objetivo de fazer um contrato para o longa-metragem de “Jornada nas Estrelas” para o cinema. Mas Nimoy saía pela tangente, alegando que não se sentia confortável em discutir um novo contrato com a Paramount enquanto a ação judicial estivesse em curso. Todo o elenco já havia assinado o contrato, o roteiro já estava pronto e Robert Wise (de “A Noviça Rebelde” e “O Dia em que a Terra Parou”) era o diretor. Wise ressaltou a importância de Spock a ponto de constar no contrato dele com a Paramount que o estúdio se esforçasse para resolver a ação judicial de Nimoy, o que acabou acontecendo. Mas Nimoy não gostou do roteiro, pois a história, segundo o ator, não era boa e, também, porque Spock aparecia pouco nela. Assim, Wise, Roddenberry e Jeffrey Katzenberg, da Paramount, foram à casa de Nimoy para aparar as arestas. O problema é que Spock, ao tentar purgar todas as suas emoções no ritual do Kolinahr, que levava à lógica total, teria ficado com uma espécie de “ataque de nervos”. Além de estar violando a integridade do personagem, Nimoy alegou que tal crise de nervos não teria qualquer relação com o núcleo central da história, ou seja, V’Ger, e assim, o personagem Spock se tornaria desnecessário. A conversa terminou com somente Nimoy e Wise, sendo o diretor muito admirado por nosso ator. Roddenberry e Katenberger se retiraram, pois eles haviam combinado que se a conversa não fosse produtiva, eles deixariam Nimoy e Wise a sós. Sem estar ainda muito convencido, Nimoy aceitou participar do filme, em parte porque ele confiou em Wise, em parte porque não queria ficar de fora depois de tanta confusão provocada por “Eu não sou Spock”. Na coletiva de imprensa que anunciava a produção do filme, foi perguntado a Nimoy por que ele havia sido o último a assinar o contrato. Ele já sabia que seria perguntado por isso e, na manhã daquele dia, bolou a resposta no chuveiro: “Estávamos tentando chegar a um acordo, mas o serviço postal entre a Terra e Vulcano é muito lento”, o que despertou gargalhadas gerais. O orçamento do filme, inicialmente estimado em quinze milhões de dólares, chegou a quarenta e cinco milhões de dólares, muito em virtude dos efeitos especiais. Os uniformes, embora agradassem a Nimoy, eram vistos por outras pessoas como “pijamas monocromáticos”. Os efeitos visuais do teletransporte foram mais elaborados, em vez da trucagem simples utilizada na série clássica. Uma cena curiosa é a que Kirk fala à sua tripulação sobre a ameaça que paira sobre a Terra. Os quatrocentos figurantes eram fãs da série, incluindo Bjo Trimble, a fã que liderou a campanha de cartas para salvar a série e que garantiu uma terceira temporada para “Jornada nas Estrelas”. Alguns atores da “Fase II” foram utilizados. Persis Khambatta, a ex-miss Índia, interpretava a navegadora Ilia e teve seus belos cabelos negros raspados para o papel. David Gautreaux, o vulcano Xon de “Fase II”, tinha um papel mais secundário no longa-metragem, sendo um tripulante de uma estação terrestre engolida pela nuvem.

                                      A velha tripulação de volta

Já a participação de Spock foi remodelada para que ela tivesse mais fundamento. Ao invés do tal ataque de nervos, Spock rejeitaria o Kolinahr, pois sentiu uma presença alienígena muito poderosa (ou seja, V’Ger) que tornava sua presença a bordo da Enterprise necessária, algo muito mais coerente, diga-se de passagem. Mesmo assim, o personagem Spock se comportou de uma forma muito fria e taciturna, em parte por causa do ritual do Kolinahr, em parte pelo distanciamento que houve com a tripulação de alguns anos. Nimoy não gostou do ritmo das filmagens, pois o trabalho foi muito tedioso, ao contrário do que ocorria na série. Nas filmagens do longa, houve uma espécie de reverência injustificada e parecia que o filme estava fora do controle do elenco. Nimoy e Shatner deram algumas sugestões, onde umas foram aceitas e outras não. Uma das sugestões aceitas foi a sequência onde a tripulação dá as costas para a sonda em formato de Ilia, que queria que a tripulação a obedecesse. Eles estariam tratando a sonda (e V’Ger) como uma criança mimada, ignorando-a, ao invés de Kirk e Spock travarem uma batalha verbal com Ilia, como no roteiro original, o que poderia ter tornado a história mais maçante. Uma outra improvisação, que ficou de fora da versão final, mas depois apareceu no lançamento em vídeo, foi uma lágrima de Spock ofertada a V’Ger, como se o vulcano se sentisse um alter ego da sonda, compartilhando sua dor em não encontrar as respostas que procurava para suas perguntas: Quem eu Sou? Qual é minha função? Quem me criou? Spock chorava por V’Ger como se chorava por um irmão.

                    Efeitos especiais excessivos, enfadonhos e caros…

Terminadas as filmagens, os efeitos especiais ficaram aquém do esperado e foram refeitos por outra empresa em cima da hora, o que acarretou problemas na edição. A pré-estreia teve uma recepção fria, em virtude do alto número de efeitos especiais, que se tornaram tediosos. Apesar da sequência final dar um gancho para uma continuação, Nimoy achou que “Jornada nas Estrelas” acabara ali.

Seria mesmo? Isso é o que veremos no próximo artigo. Até lá!

    O choro de Spock por V´ger