Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Picard (Episódio 3), O Fim É O Princípio. Finalmente Ao Espaço.

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Picard e sua amiga bipolar…

Chegamos ao terceiro episódio de “Jornada Nas Estrelas Picard”. E qual foi a impressão inicial? Tivemos um plot um pouco melhor do que vimos no episódio anterior e mais alguns pequenos avanços na história. Está começando a chamar a atenção algumas opiniões de que essa série é mais um filme de dez capítulos que deveria ter sido liberado todo de uma vez no streaming do que em episódios semanais, o que tem dado uma cadência lenta para o desenvolvimento da história, já que os episódios são muito conectados. De qualquer forma, houve alguns fatores mais atraentes dessa vez. Para podermos discutir o episódio, vamos precisar de spoilers como sempre.

O episódio, assim como o anterior, começa com um flashback, para podermos entender o grau de relacionamento entre Picard e Raffi. Esta última mostrou-se bem hostil a Picard no episódio anterior. Mas, no flashback, Picard acaba de sair de uma reunião com o comando da Frota onde ele se mostrou contrário a negação da evacuação de Marte e ao desligamento dos sintéticos e pôs o cargo à disposição se a Frota não voltasse atrás na questão da evacuação. A Frota não voltou atrás e ele se demitiu. Isso deixou Raffi sozinha contra a Frota e ela foi desligada, o que levou-a a mágoa contra Picard, que também não a procurou depois disso. Aqui vão alguns comentários. Apesar de toda a mágoa de Raffi, isso justificava ela apontar um phaser para o Picard quando ela o recebeu? E por que ela estaria tão mal financeiramente (pelo menos é isso que aparenta), se a economia do século 24 é muito diferente da nossa, onde as trocas dos frutos do trabalho são mais atuantes que o uso do dinheiro em si? Ainda, não é do feitio de Picard abandonar seus tripulantes assim e desistir tão facilmente do plano de evacuação, mesmo que isso implicasse em mobilizar milhões de pessoas.

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Um Hugh elegantérrimo…

Na conversa de Picard com Raffi, mais ressentimentos por parte desta última. Vou repetir: mesmo que haja uma rusga entre os dois, a reação de Raffi pareceu muito exagerada. Ela teria que contabilizar a distopia da Frota que cedeu à intolerância e ao medo, nas palavras do próprio Picard. Agindo como agiu, parece que Raffi coloca toda a culpa de seu declínio somente nas costas de Picard e a coisa pareceu muito mimizenta. Ainda, ela começa a fumar umas plantinhas meio esquisitas, num indício de uma cultura tabagista lá no final do século 24, o que parece soar um pouco pesado para o contexto, se tomarmos os parâmetros de hoje, sem querer ser anacrônico (e já o sendo um pouco). Como Raffi saiu tresloucadamente pelo vale, Picard vai atrás dela, que está tomando o vinho de seu chateau no gargalo (esquisito essa coisa de você aceitar um presente de quem você muito repudia, enfim…). Picard a cobre de razões por sua raiva contra ele (talvez para colocar panos quentes no conflito). Picard fala de um possível complô entre a Federação e o Tal Shiar para caçar sintéticos e Raffi fala de que conhece provas concretas de que um oficial da Frota estimulou o ataque a Marte para sabotar o resgate dos romulanos, ao que Picard não acredita muito. Ou seja, ele acredita numa conspiração onde a Federação e o Tal Shiar tomam parte juntos (olha “A Terra Desconhecida” aí de novo!) mas não acredita que Raffi tenha provas concretas de sabotagem de um oficial da Frota? Estranho isso. Picard pede ajuda de Raffi, pois ela tem uma visão ampla das coisas, mas ela não quer se meter em confusão de novo por causa dele e o manda embora. Picard sai sem insistir. Aí, ela muda de idéia e indica um piloto para Picard chamado Rios. Vemos aqui uma primeira manifestação da bipolaridade de Raffi. Num momento, ela é hostil a Picard e não quer ajudá-lo, mas, num instante depois, ela começa a ajudar nosso almirante. Ou seja, a moça tem momentos de Raffi, mas também tem momentos de Raffa. Ficou uma coisa meio forçada e artificial, mesmo que vejamos que a personagem está indecisa com seus sentimentos em relação ao nosso querido ancião.

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Tabagismo no fim do século XXIV…

No cubo borg, um envelhecido e sinistro Hugh, diretor da área cinza, agradece a Soji pelo fato da doutora ter apreço com os assimilados e a autoriza a falar com Ramdha, uma romulana que foi assimilada e era estudiosa de mitos romulanos de onde se podiam tirar práticas terapêuticas. Eles vão para a seção de romulanos que foram retirados da assimilação e todos estão lelés da cuca. Tem até um romulano que joga uma espécie de cubo mágico. Sei não, isso me pareceu um bullyingzinho com quem participou daquela moda lá da década de 80 do cubo mágico. Enfim… Eles encontram Ramdha, que parece ser uma versão mais velha da Tilly de Discovery, e a senhora joga umas cartas triangulares, como se fosse uma taróloga. Soji diz a Ramdha que ela estava na nave romulana que havia sido assimilada por aquele cubo borg em que estavam e que a assimilação dos romulanos teve um problema, perguntando o que houve de errado na assimilação, para estupefação total de Hugh que não sabia de tudo aquilo.  Ramdha pergunta a Soji, depois de colocar uma carta de irmãs gêmeas na mesa, qual das duas irmãs ela é, se e a que vive ou morre. Ramdha pira na batatinha, toma um disruptor e chama Soji de seb-cheneb, a destruidora. Ela ia se matar com o disruptor, mas Soji a rende e tira-lhe a arma. Enquanto Ramdha é rendida, os romulanos lelés olham com uma cara de ódio infinito para Soji.

No Insituto Daystrom, a Dra. Jurati é surpreendida pela Comodoro Oh, que está com um óculos escuro muito estiloso, meio Matrix, meio MIB, e orelhas de abano que parecem mais um aerofólio de Fórmula 1 ou as orelhas daquele piloto lá da década de 90, o Aguri Suzuki. Se desse uma ventania, ela levantava voo. Ela pergunta a Jurati sobre seus encontros com Picard.

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Tarô romulano…

Picard vai a nave de Rios e o encontra, junto com sua unidade médica de emergência (que é a cara dele). Rios está com um pedaço de metal cravado no ombro e fuma charuto, além de beber uma cachaça (pelo andar da carruagem, só faltava incorporar o tranca rua ou o exu caveira; mais um exemplo de tabagismo e, agora, alcoolismo no episódio, assim como a Raffi, que fumava a plantinha esquisita e bebia o Chateau Picard no gargalo; isso ficou muito esquisito e pegou um tanto mal para um século 24 cada vez mais distópico e com cara de século 21). Eles conversam sobre a missão, que ainda não tem um destino, e Picard nota que Rios tem a disciplina da Frota Estelar. Esse vê todo o falatório de Picard com desdém e diz diretamente para Picard contratá-lo ou procurar outra pessoa. Mais tarde, Rios tem uma conversa com seu holograma, que está todo animadíssimo em ver que Rios irá trabalhar com uma lenda viva como Picard. Mas Rios diz que não precisa de um capitão ídolo em sua vida, pois o último que teve foi morto e seus pedaços espalhados à sua frente, o que mergulha Rios num estado de melancolia (mais uma história de personagem para ser desenvolvida mais à frente).

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Que orelhas e óculos escuros são esses, meu Deus do céu???

No Chateau Picard, o almirante e seus amigos romulanos, cada vez mais com cara de Tal Shiar, rechaçam um ataque romulano (ceninha de ação com direito a caratê e kung fu romulanos e o pobre do Picard apanhando quando decide dar umas bengaladas num romulano, embora ele tenha acertado uns dois romulanos com o disruptor). A Dra. Jurati aparece (do nada) e mata mais um romulano. Fica aí a pergunta: essa aparição da Jurati no momento do ataque dos romulanos não é um tanto suspeita? Jurati diz que foi procurada por Oh e disse tudo da conversa com ela com Picard por parecer muito importante e por ser péssima mentirosa, mas ela não falou “uma coisa” (ela irá com Picard na missão). Picard disse que não havia problemas. Um dos romulanos estava inconsciente e foi amarrado para ser interrogado. Picard pergunta ao romulano por que Dahj foi morta. O romulano retruca dizendo que Dahj não é o que parece ser. Picard pergunta se há uma irmã gêmea e o romulano diz que eles a acharão antes de Picard e que essa irmã gêmea é a destruidora. O romulano, então, joga ácido para tudo que é lado e se desmancha perante os olhos de um Pcard que espragueja. Notem que toda essa sequência de interrogatório é simultânea à sequência de interrogatório de Ramdha feita por Soji acima. Soji vai para seus aposentos e fala com sua mãe, perguntando se Dahj está viva. A mãe responde que sim e começa um falatório fútil que mergulha Soji no sono, confirmando as suspeitas de que nesse mato tem coelho para essa mãe aí. Passa-se um tempo e a Soji acorda, quando Narek adentra o quarto. A moça diz que não sabe como as informações da nave romulana assimilada com Namdha foram parar na cabeça dela e acha que essa informação confidencial pode ter sido lida por ela em arquivos não confidenciais onde a informação ficou por lá e escapou dos olhos dos censores romulanos, embora essa história esteja muito estranha e é mais uma das muitas pontas soltas que os episódios vão revelando.

Picard e Jurati vão para a nave de Rios e Raffi está lá, dizendo que achou o Maddox, pedindo a ir à missão, mas não se unindo a Picard (olha a bipolaridade de novo), mas sim quer uma carona para Freecloud, não deixando claro o que é isso e qual a importância. Mas há um detalhe interessante aqui: Raffi implicou com Jurati e repreendeu Picard por ele não ter feito uma verificação de segurança sobre a moça, o que aumenta as suspeitas sobre Jurati. Rios, na cadeira de capitão, olha para Picard, que dá o tradicional “engage” para a nave entrar em dobra. Fim do episódio.

Bom, depois dessa descrição do episódio, algumas coisas a se falar. De pontos negativos, ficou um pouco estranho essa apologia ao tabagismo e até ao álcool, principalmente por parte de Rios e Raffi, personagens mais com cara de badass. Estamos no final do século 24 e vícios que já são rechaçados no século 21 voltam com força total? Isso até pode ser possível, pois não devemos cair no maniqueísmo do anacronismo, que julga um intervalo temporal com os valores de outro intervalo temporal. Mas que é estranho ver isso, por mais distópico que esse século 24 nos pareça, ah isso é. A bipolaridade excessiva e o comportamento quase infantil de Raffi está muito exagerado ao meu ver. Ela poderia ser bem mais sutil nesse quesito, o que levaria a bons diálogos com Picard para aparar as arestas dos dois. Mas sua forma muito ríspida acaba anulando essas possibilidades.

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Engage…

O episódio tem bons pontos positivos. A coisa de Soji ser a destruidora aumenta demais a curiosidade sobre ela e aumenta as esperanças de que a personagem possa ser bem construída. O Hugh ficou muito legal, com uma levada meio envelhecida, meio soturna que caiu bem no personagem. E o personagem Rios, com sua unidade de emergência à sua imagem e semelhança, dá chances a Santiago Cabrera de fazer dois personagens bem diferentes, um mais vívido, outro mais depressivo, onde esse capitão que morreu espalhado à sua frente se constitui num outro mistério que terá que ser explicado. Para finalizar, uma suspeita em cima da Dra. Jurati, que aparece no Chateau Picard imediatamente após um ataque romulano e depois de conversar com a Comodoro Oh, e, ainda, despertar as suspeitas da tresloucada Raffi, onde essa suspeita pode justamente ser um lampejo de lucidez dessa personagem tão bipolar, e pode ser um bom elemento para a personagem Jurati, que, até agora, está muito sem sal. Torçamos para que Jurati seja do mal, e muito. Quem sabe a bam-bam-bam do Zhat Vash?

Resta-nos esperar agora o próximo episódio.

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Uma tripulação prestes a zarpar…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Picard (Episódio 2), Mapas e Lendas. Exagerando Uma Distopia.

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Um andróide assassino…

A série “Jornada nas Estrelas Picard” chega ao seu segundo episódio e temos aqui, depois do ritmo um tanto frenético do episódio de estreia, algo um pouco mais cadenciado. Por um lado, isso foi bom, pois não tivemos as ceninhas de ação regadas a muita luta. Por outro lado, entretanto, alguns problemas um pouco mais sérios apareceram. Para podermos falar aqui do episódio, vamos precisar de spoilers.

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Um início de episódio meio enrolado

O episódio começa com um flashback que mostra o ataque dos “sintéticos” em Marte quatorze anos antes. O andróide F8 começa todo um ataque e acaba dando um tiro em sua própria cabeça. Ou seja, não parece ter feito isso de vontade própria, como se estivesse sendo manipulado por alguém. Somente a título de curiosidade, vemos aqui um certo preconceito dos humanos contra F8 que remete muito ao preconceito contra os robôs visto nas obras de Isaac Asimov, como se fosse uma espécie de homenagem ao consagrado escritor de ficção científica. O episódio, depois da abertura, corta para a vinícola de Picard, que investiga as imagens dos ataques romulanos contra ele e Dahj, e viram que tanto Dahj quanto os romulanos foram apagados das imagens. Laris, que, junto com Zhaban, fazia parte do Tal Shiar, o serviço secreto romulano, diz que isso foi um ato do Zhat Vash, que é uma espécie de outro serviço secreto romulano. Aqui há um exagero. Para que fazer um segundo serviço de inteligência e não aproveitar o Tal Shiar de uma vez? Isso ficou com uma cara de dedo do Alex Kurtzman, que tinha tais exageros em Discovery, por exemplo. Aliás, essa primeira sequência com a fala de Laris ficou um pouco enrolada e complexa de forma totalmente desnecessária a meu ver, o que ajudou a criar um clima de antipatia para o episódio logo em seu início. Toda essa sequência, em suma deixou três coisas claras: o Zhat Vash tentou apagar todos os passos de Dahj, o Zhat Vash tem aversão (não explicada até agora) a sintéticos e, com uma tecnobabble um tanto desnecessária, Laris consegue rastrear ligações entre Dahj e sua irmã que foram feitas fora da Terra. Confesso que respirei aliviado quando essa sequência terminou, pois as tecnobabbles a deixaram muito cansativa, sem qualquer necessidade disso. Muito papo enrolado para poucas afirmações concretas.

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Um namorado cheio de mistérios…

No cubo borg (ou artefato, ou seja, um cubo borg “quebrado”, separado da coletividade), Narek deixa a entender a Soji que é um homem cheio de segredos que não podem ser revelados. De volta à vinícola, Picard recebe a visita de Moritz, médico dos tempos de Stargazer e este comunica ao almirante que ele tem uma síndrome incurável que o levará à morte, síndrome essa já citada anteriormente no cânon. Picard agora corre contra o tempo em virtude de sua doença e pede a Moritz que ele dê um parecer dizendo que Picard está apto ao serviço interestelar. Essa síndrome acaba vindo a calhar para a dramaticidade da trama, pois Picard tem 90 anos e essa idade no século 24 não seria um problema no que tange a viver mais (devemos nos lembrar que o Dr. Mc Coy tinha, no episódio piloto de TNG, 180 anos).

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Uma conversa muito tensa…

Picard vai ao QG da Frota Estelar em São Francisco para falar com a Comandante em Chefe e não é reconhecido pelo recepcionista, algo estranho, pois ele acabou de dar uma entrevista na mídia de grande repercussão. Ele diz a Comandante que suspeita que Bruce Maddox está usando neurônios do Data para fazer andróides orgânicos e suspeita da participação dos romulanos. Ele pede para ser reintegrado para investigar com uma pequena nave de reconhecimento e tripulação mínima, sendo até rebaixado a capitão, se necessário. A Comandante, falando palavras chulas, diz que Picard é extremamente arrogante, como se ele fosse adepto a uma diplomacia de cowboy no passado. Isso foi, a meu ver, totalmente descabido e de uma grosseria irritante, pois Picard jamais foi adepto de uma diplomacia de cowboy na grande maioria das vezes (essa fama cai bem melhor em Kirk, por exemplo). A Comandante ainda falou outros absurdos como a repercussão negativa da entrevista, da tentativa de  Picard de ajudar os romulanos e da desistência da Federação em resgatar os inimigos depois de 14 civilizações exigirem que os romulanos não fossem ajudados. Picard retruca dizendo que a Federação não pode escolher sobre a vida e morte de civilizações ao que a Comandante retruca dizendo que a Federação tem esse poder de escolha sim. Aqui há sérios problemas. A distopia que a Federação tem mostrado ultimamente chegar a níveis um pouco exagerados na postura extremamente agressiva e arrogante da Comandante, atacando Picard, acusando-lhe de vaidade e de ir para casa. Alguns argumentos em não ajudar os romulanos também aparecem. Se no episódio anterior, os romulanos não foram ajudados devido ao fato de não haver naves suficientes por causa do ataque em Marte, agora são 14 civilizações que se negavam a dar ajuda aos romulanos, o que ameaçava a coesão da Federação. Parece que quem está escrevendo a série reconhece que o teor distópico da Federação está passando dos limites e arruma uma desculpa nova a cada episódio para não justificar a ajuda da Federação aos romulanos. Ainda, todo esse arco está se assemelhando muito à “Terra Desconhecida”, o que pode ser uma boa homenagem caso o roteiro apresente elementos novos e criativos, ou mais um fan service para inglês ver, se ficar uma cópia muito descarada. E, o que mais se teme: essa distopia excessiva seria o começo do fim da Federação que já se insinua na terceira temporada de Discovery, mesmo que ela ocorra lá no século 31? Um crossover aqui definitivamente não cairia muito bem.

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Uma comodoro do mal…

No cubo borg, fica bem claro que há uma zona cinza ainda com borgs que vão ser recuperados pelos romulanos. As instruções dizem que essa é uma zona muito perigosa, embora Narek e Soji não levem muito a sério esse perigo. Na vinícola, a Dra. Jurati visita Picard (ela folheia um livro de Asimov, um “clássico”) e confirma as evidências da existência de Dajh e a possível participação de Maddox na criação das irmãs gêmeas, onde eles se perguntam onde estaria a outra irmã e se os romulanos já a descobriram. No cubo borg, um borg recuperado tem os implantes removidos pelos romulanos. Soji nota uma certa frieza e preconceito por parte dos romulanos contra o zangão que tem sua assimilação revertida.

A Comandante que esculachou Picard entra em contato com a comodoro Oh, que não sabemos se é romulana ou vulcana, só sabemos quea atriz foi par romântico de Daniel em “Karatê Kid II”, e diz que vai investigar as suspeitas de Picard sobre Maddox, o sintético orgânico e os romulanos somente por via das dúvidas. A comodoro chama a tenente Rizzo e fica claro, na fala delas, que elas fazem parte do complô romulano que matou Dahj e que agora vão tentar liquidar Picard. Também fica claro que Narek faz parte do esquema, pois Rizzo conversa com ele (em comunicação por holograma) e fica claro que a aproximação amorosa de Narek para cima de Soji faz parte de um plano dos romulanos para matá-la. Alías, a própria Rizzo é uma romulana disfarçada.

Picard diz a seus amigos romulanos que irá investigar quem matou Dahj e onde está sua irmã, para desespero de Laris. Zhaban sugere que ele junte a antiga tripulação da Enterprise, mas Picard não aceita a idéia, pois não quer sacrificar seus amigos. Então ele procura alguém que o odeia e não tenha nada a perder. Ele vai para uma região deserta numa nave auxiliar onde está escrito “Taxi” (isso ficou um tanto ridículo) e é recebida com um phaser por Raffi, que só aceita ele dentro de sua casa depois que ele fala da questão romulana.

Como podemos ver, o episódio avançou um pouco mais a trama, trazendo a Comodoro Oh e a tenente Rizzo como as conspiradoras que têm Narek como o braço direito no plano de atacar Soji. Elas também vão buscar sabotar Picard. Cheiro de “Terra Desconhecida” no ar, como já falamos acima. Resta ver como esse plot será desenvolvido e quais elementos novos aparecerão nele. A distopia da Federação na figura da Comandante em Chefe mal educada e boca suja pegou um pouco mal. Essa distopia precisa ser mais sutil e não brucutu ao estilo de um rinoceronte entrando a toda numa loja de cristais. Tudo isso tem a cara de Alex Kurtzman, que parece querer colocar a série à sua imagem e semelhança, o que pode sabotá-la completamente. Alguém amarre e amordace esse homem, pelo amor de Deus!!!

Dessa forma, ainda confio numa boa história para “Picard”, mas confesso que esse episódio me preocupou um pouco. Vamos ver o que vem por aí.

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Mal recebido…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (Temporada 6, Episódio 19) Brincadeira De Criança. Pais Desnaturados.

Icheb numa encruzilhada…

Hoje em nossas análises sobre episódios da sexta temporada de “Jornada nas Estrelas Voyager”, falemos de “Brincadeira de Criança”, o décimo-nono episódio. Ele é um desdobramento de “Coletividade”, o décimo-sexto episódio, onde crianças borgs voltaram a ser indivíduos.

Ficar na Voyager ou retornar ao planeta natal????

O plot é simples. Numa feirinha de ciências promovida para as crianças da nave, quem se destaca é o adolescente mais velho, Icheb, cujos dons em astrofísica poderão ser muito úteis para a nave. Entretanto, Janeway alerta para Sete de Nove (que faz as vezes de mãe e de professora para as crianças ex-borgs) que os pais de Icheb foram descobertos e o rapaz será entregue à sua família. O problema é que nem Icheb, nem Sete de Nove parecem estar muito à vontade com isso. E, ainda, o planeta natal de Icheb foi muito destruído pelos borgs, tornando-se uma sociedade agrária, com um conduíte transwarp borg bem nas vizinhanças do planeta, o que aumenta a chance de reassimilação de Icheb. Assim, Janeway terá que lidar com a espinhosa tarefa de segurar Sete de Nove, que sobe geral nas tamancas para segurar Icheb na nave, o próprio Icheb, que não tem muita vontade de retornar ao planeta, e os pais do menino, que querem que ele retorne. Depois de muita conversa com os pais, Icheb decide ficar com eles e se despede da tripulação da Voyager. Mas aí entra novamente Sete de Nove, pois ela descobre que Icheb foi assimilado numa nave ao invés de na superfície do planeta, como dizia o pai de Icheb.

Uma feira de ciências…

Bolada com a mentira, Sete vai novamente atazanar Janeway para, desta vez, a Voyager voltar ao planeta e cobrar explicações. Quando chegam por lá, eles descobrem que aquela civilização criou o patógeno que matava os borgs adultos (vide análise de “Coletividade”) e os inoculava usando crianças contaminadas com o patógeno como isca (credo!). Assim, Icheb já estava numa navezinha em direção ao conduíte transwarp borg para atrair um cubo. A Voyager viaja rapidamente para salvar o garoto e ainda consegue provocar sérias avarias na esfera borg (pois é, veio uma esfera ao invés de um cubo). O episódio termina com uma conversa entre Sete de Nove e Icheb, onde eles combinam que o garoto terá total autonomia em suas escolhas pessoais, como não poderia deixar de ser.

Uma professora orgulhosa…

É um episódio interessante, principalmente porque ele desperta algumas questões de nível ético. A principal delas está no fato de que o indivíduo sempre deve ter liberdade para seguir as suas vontades. Quando a família de Icheb foi descoberta, Sete de Nove, ainda experimentando seus conflitantes sentimentos humanos, ficou completamente fora de si ao perder um de seus alunos (e, por que não, filhos?) para os pais biológicos do rapaz. Não lhe ocorreu que o menino poderia decidir por si mesmo. Isso realmente acontece muito por aí, quando os pais decidem o futuro dos filhos sem consultá-los. Essa era uma prática muito comum, por exemplo, no Antigo Regime, onde a vida dos filhos era totalmente decidida pelos pais (com quem eles iam se casar, se tinham ou não direito a herança, qual seria o oficio que eles desempenhariam, etc.) que tinham, inclusive (leia-se o pai), direito de vida e morte sobre os filhos. Dar liberdade de escolha ao filho é algo mais presente nas sociedades liberais. Outra questão ética que está presente no episódio se revela no plot twist (o episódio ficaria muito fraco se ele se baseasse somente no direito de escolha de Icheb), quando os pais usaram o próprio filho como isca para matar borgs. O que parece num primeiro momento algo muito assustador e altamente reprovável, nos faz levar a outra questão: os próprios pais de Icheb disseram que tal medida era para preservar sua própria espécie da destruição total. Ou seja, era uma medida feita num ato de desespero. Até que ponto, nós que estamos numa zona de conforto, não tomaríamos tal medida desesperada e profundamente antiética também? Não quero justificar o injustificável, mas será que seríamos nobres ao ponto de repelirmos totalmente essa medida desesperada num ataque que poderia acabar com toda nossa civilização? Fica a pulga atrás da orelha para você aí, leitor.

Pai pressiona o filho a ficar no planeta…

Dessa forma, “Brincadeira de Criança” é um episódio de “Jornada nas Estrelas Voyager” que merece uma revisita em virtude das questões éticas que aponta, sendo um bom desdobramento do episódio “Coletividade”. Vale a pena dar uma conferida.

https://www.youtube.com/watch?v=q4MOCYbZl_k

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (Temporada 6, Episódio 18) De Cinzas A Cinzas. Fantasmas Do Passado.

Uma alienígena recauchutada…

Hoje nas nossas análises da sexta temporada de “Jornada nas Estrelas Voyager, falemos do décimo-oitavo episódio, “De Cinzas a Cinzas”. É o tipo do episódio centrado num personagem, no caso Harry Kim, e que lança mão de dolorosas questões quando o passado é revirado. Um episódio que reabre cicatrizes.

Uma versão humana antiga…

O plot é o seguinte. Uma alienígena Kobali chega até a Voyager pedindo permissão para pousar. Ela alega que é uma antiga alferes da nave, Lindsay Ballard, morta em missão. Seu corpo foi lançado ao espaço e recuperado pelos Kobali, que têm a capacidade de retornar corpos mortos à vida e integrá-los a sua sociedade. Mas Lindsay não consegue se adaptar e foge para a Voyager. Inicialmente sob forte suspeita, a recém-chegada vai, aos poucos, convencendo a tripulação e Janeway. Exames médicos feitos pelo Doutor confirmam a argumentação da jovem. A partir daí, Kim e Lindsay tomam o centro das atenções do episódio, mostrando um relacionamento regado a muitos elementos da vida pregressa em comum dos dois que acabará levando a um romance. Mas o “Pai” Kobali de Lindsay retorna à Voyager e não abre mão de levar a “filha” de volta, nem que tenha que atacar a nave, o que vai ser um problema sério, pois a tecnologia de ataque dos Kobali é muito forte. Ao mesmo tempo em que há esse impasse, Lindsay começa a ter problemas de adaptação (sua aparência humana introduzida pelo Doutor começa a desaparecer, ela perde a memória de sua vida pregressa com os humanos, assim como demonstra uma adaptabilidade maior à cultura Kobali). Dessa forma, a moça acha que é melhor retornar para a vida Kobali, deixando Kim na mão.

Ela tem um passado com Kim…

Ou seja, é um episódio mais voltado para desenvolvimento de personagens, algo que ajuda o público trekker a criar algumas afinidades com a série. Aqui é importante ver isso, ainda mais porque o personagem Harry Kim é visto por alguns fãs como perfeitamente dispensável, por parecer não feder nem cheirar. Eu creio que todo o seu personagem pode ter sua importância na série se bem trabalhado. Foi uma pena retirarem, por exemplo, a Kes da série. Apesar das críticas, sempre se pode dar uma repaginada no personagem e se fazer mais de uma tentativa para recuperar sua relevância na história. É tudo questão de se fazer um bom roteiro onde os personagens se encaixem bem. Acredito (sou um otimista nessas horas) que o público reconhece esses esforços. Para confirmar essa minha tese, muitas séries de “Jornada nas Estrelas” são criticadas em sua primeira temporada, mas depois se recuperam nas temporadas seguintes, pois os roteiristas reinventam depois de ouvir as críticas.

Tentando trazer os bons momentos de volta…

Agora, coitado do Kim. Sacanagem com ele. Não podia a Lindsay ficar na nave com a aparência Kobali e o alferes compartilhar todas as dificuldades de adaptação com ela? Imagine Paris e Kim compartilhando suas DRs e trocando experiências? Até que não seria de todo mal, se usado nas doses certas. Se as crianças borgs foram anexadas à tripulação, por que não Lindsay? Uma ótima oportunidade para se desenvolver bons roteiros e histórias para os episódios vindouros.

Dúvidas sobre quem realmente é…

Assim, “De Cinzas a Cinzas” é mais um episódio mediano de “Jornada nas Estrelas Voyager”, mais preocupado com desenvolvimento de personagens. De qualquer forma, fica uma sensação de que se iniciou um bom plot que poderia dar mais frutos para episódios posteriores, só que isso não foi bem aproveitado. Uma pena.

https://www.youtube.com/watch?v=AD811bTpv9E

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (Temporada 6, Episódio 17) “Spirit Folk” (Espírito Do Povo). Inquisição Holodeck.

Uma comunidade prosaica…

Dando sequência às nossas análises de episódios da sexta temporada de “Jornada nas Estrelas Voyager”, falemos hoje de “Spirit Folk”, o 17º episódio. Esse é o típico “episódio holodeck” e algumas pessoas torcem o nariz para esse tipo de episódio, pois ele não se foca no retorno da Voyager à Terra e nos problemas que podem surgir no espaço à medida que a nave avança para casa. Entretanto, pode-se dizer que o episódio é um tanto divertido, pois um bug daqueles meteu bastante gente em apuros.

Mulheres que viram vacas????

O plot consiste num programa de holodeck desenvolvido por Tom Paris (sempre ele!) que, de tão carregado, exigiu demais das máquinas e começou a dar problemas, já que o programa roda continuamente. O programa é sobre uma cidadezinha do interior da Irlanda chamada Fair Haven (ela já apareceu no 11º episódio da sexta temporada) e os personagens do programa começam a notar que os tripulantes da Voyager fazem coisas, digamos, mágicas, como transformar mulheres em vacas, acabar com um tempo nublado e substituí-lo por um dia ensolarado, ou tirar uma criança que estava presa num buraco sem um ferimento sequer. Isso acontece em virtude do bug que o programa está sofrendo por ficar rodando continuamente.

Um Doutor Padre…

Assim, os moradores de Fair Haven acham que estão lidando com espíritos que amaldiçoam a cidade. O único morador que não cai muito nessas ideias com fundo de crendice popular é Michael, o dono do bar e o “namorado” de Janeway. Ele chega a ser “capturado” por Kim e Paris para ser “consertado” e não perceber mais que os tripulantes são de uma nave espacial. Mas ele finge que foi consertado e retorna para Fair Haven falando de tudo o que viu. Quando Kim e Paris estão novamente no programa para fazer mais alguns ajustes, são capturados pelos moradores da cidade, que tentam fazer todo o tipo de magias para expulsar os “maus espíritos”. O Doutor (que fazia as vezes de padre) é enviado para lá para detê-los e tem o seu emissor móvel (usado para deixá-lo livre da influência de um programa com bugs) retirado. Com isso, ele é “hipnotizado” e começa a abrir o jogo. Michael pega o emissor móvel e Janeway pensa que é o Doutor, ordenando o transporte. Como resultado, Michael aparece na ponte da Voyager. Será aí que a capitão abre o jogo sobre tudo o que está acontecendo. Assim, os personagens e a tripulação acertam uma espécie de convivência pacífica, onde os personagens serão mantidos no banco de dados do computador da nave e, eventualmente receberão visitas da tripulação.

Um Doutor enfeitiçado…

Pois é, creio que sou obrigado a concordar que é um episódio um tanto mediano. De chamar a atenção alguns poucos pontos: foi hilário ver alguns personagens virtuais se revoltando contra a tripulação e os tais bugs desabilitando os protocolos de segurança do holodeck, deixando-os totalmente perigosos (o tiro de espingarda que um painel do holodeck toma é muito engraçado). Outro detalhe é ver como os personagens falam de crendices populares na virada do século XIX para o XX (Paris dirigia um protótipo dos primeiros automóveis) de uma forma totalmente medieval, pensando até em queimar literalmente Paris, Kim e o Doutor. Exagero? Pode ser que não.

Um holograma à solta…

Em certos lugares por aí ainda vemos hoje um comportamento muito medieval e não são personagens de holodeck, mas pessoas da vida real, em carne e osso, vivendo em plena 2019, onde a tecnologia e a informação seriam suficientes para pessoas não dizerem mais sandices como a Terra ser Plana ou a inexistência da força de gravidade. Pelo menos havia Michael, um personagem que é a voz do racionalismo e da ciência, nadando contra a maré irracional da cidade, mergulhada em mitos ancestrais. É curioso que tal clima irracional tenha sido todo provocado por um bug no programa do holodeck, com se isso sacramentasse a incoerência de uma tradição e glorificasse o racionalismo da modernidade. Voltamos aos parâmetros erráticos de um passado ancestral por um problema num programa de computador moderno. Se o programa não tivesse alguma falha, tudo correria às mil maravilhas, dentro da lógica.

Deu ruim, Janeway…

Assim, “Spirit Folk” (“O Espírito do Povo”) não chega a ser um dos melhores episódios de “Jornada nas Estrelas Voyager”, mas traz de novo a discussão entre tradição e modernidade de forma um pouco maniqueísta, criticando a primeira e exaltando a segunda. A única coisa a se relativizar é o fato de que o clima prosaico antigo é valorizado a ponto de os personagens não serem simplesmente apagados do computador (tal como B’Elanna e Sete de Nove, numa análise mais fria, queriam). Revisite, mas não espere muito.

https://www.youtube.com/watch?v=vG8ZouXoa5o

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (Temporada 6, Episódio 16) Coletividade. Creche Borg.

Janeway e Sete de Nove com uma batata quente e adolescente na mão…

E depois da maratona de análises de episódios de  “Jornada nas Estrelas Discovery”, voltemos a analisar episódios da sexta temporada de “Jornada nas Estrelas Voyager”. Hoje vamos falar de um episódio um tanto inusitado. “Coletividade” vai levantar a seguinte questão: e se um cubo borg fosse controlado por… adolescentes? A ameaça seria maior? Menor? Parece que os roteiristas Andrew Price e Mark Gaberman estavam com problemas com as crianças em casa (se é que eles as têm).

Fetos borgs!!!

Bom, vamos ao plot. Chakotay, Kim, Paris e Neelix jogavam uma partida de pôquer na Delta Flyer quando foram atacados por um cubo borg. Eles são capturados. Kim desaparece e os demais tripulantes estão numa câmara de assimilação. Entretanto, tem alguma coisa de errado. O cubo parece sem tripulação e ninguém foi assimilado. Um corpo com traços errôneos de assimilação paira na câmara. A Voyager, por sua vez, percebe que o cubo tem um comportamento altamente errático e identifica somente cinco assinaturas de drones em toda a nave, que geralmente abriga cinco mil tripulantes. Os borgs entram em contato com a nave e há uma negociação: em troca dos tripulantes da Voyager, eles querem o defletor navegacional da nave. Mas a Voyager ficaria impossibilitada de entrar em dobra. Sete de Nove acredita que os borgs querem o defletor para entrarem em contato com a coletividade. Janeway envia Sete para o cubo e ela descobre que as cinco assinaturas são de borgs adolescentes que ainda não atingiram o estado de maturação total, vindo daí o comportamento errático, típico dos adolescentes. Esses adolescentes perderam o link com a coletividade e buscam recuperá-lo. Sete retorna a Voyager com o corpo de um drone adulto para análises e o Doutor descobre que os borgs foram mortos por um vírus. Os borgs adolescentes não morreram pois estavam nas câmaras de maturação protegidos. As câmaras abriram previamente devido a falhas no sistema provocadas pela morte dos borgs. O Doutor também isolou o vírus, que ficou como uma alternativa para matar os adolescentes, pois eles se revelavam muito perigosos. Janeway deixa isso como uma opção na manga, à despeito do olhar de reprovação do Doutor depois que Sete, friamente, fala a uma capitã em dúvida de que os jovens borgs matariam sem hesitar. Já o acordo com a Voyager é mudado: ao invés do defletor, a nave dará aos borgs a oportunidade de Sete consertar as avarias do cubo. O líder dos adolescentes diz que as avarias precisam ser consertadas em duas horas, caso contrário os reféns da Voyager serão mortos. Kim está na Delta Flyer, recobra a consciência e tenta contato com a Voyager. Já Sete busca relembrar aos adolescentes a vida antes da assimilação para tentar evitar o link com a coletividade. Sete, ao analisar os sistemas do cubo, descobre que os borgs desistiram do cubo e dos adolescentes, pois eles estão avariados, mas os adolescentes não conseguem entender isso. Kim é capturado e tem implantes colocados no corpo, numa assimilação mal feita. O líder dos adolescentes perde a paciência e exige novamente o defletor enquanto Sete tenta convencer os demais borgs de que a coletividade não mais os procura. A Voyager emite um pulso de energia sobre o cubo e consegue transportar Neelix, Chakotay e Paris. Mas Sete e Kim permanecem no cubo. O líder, num acesso de fúria, ataca Sete mas o segundo borg em comando contra ataca. O core transwarp do cubo sobre uma instabilidade e Sete diz que o cubo precisa ser evacuado. O líder não aceita isso e, ao tentar consertar o cubo, é atingido por uma descarga, morrendo nos braços de Sete. Com todos de volta à Voyager, Kim é tratado pelo Doutor, que também retira os implantes das crianças, com elas voltando a ser o que eram antes da assimilação.

Borgs adolescentes

O plot do episódio não deixa de ser interessante, apesar de ser uma alegoria de um problema altamente cotidiano: como lidar com a chatice dos adolescentes. Ficou bem claro no episódio que um cubo borg com cinco adolescentes pode ser muito mais perigoso que um cubo com cinco mil drones adultos, pois o primeiro é altamente instável da mesma forma que os adolescentes são. Será que temos um preconceito implícito aí? A gente pode realmente colocar todos os adolescentes nesse patamar de rebeldia e imprevisibilidade? É o tal negócio. Se fosse qualquer outra série de TV, esse tema passaria batido e seria aceito numa boa. Mas em Jornada nas Estrelas há todo um discurso de diversidade e respeito às diferenças. E aqui pareceu que os adolescentes não tiveram esse privilégio de terem a sua diversidade respeitada. Eles foram rotulados como problemáticos e ponto. Logo, esse episódio acaba ficando datado com os preconceitos da época em que foi realizado. A gente percebe que nem a coletividade queria mais os garotos por estarem “com defeito”.

Janeway busca a diplomacia…

Outra coisa que incomoda é o desfecho. Sete de Nove é o único drone (fora Locutus) que voltou da assimilação para seu estado anterior. Isso a tornava muito especial na série. De repente, quatro dos cinco adolescentes voltam ao estágio anterior também, tirando de Sete seu destaque. Confesso que preferia um final mais “triste”, com os borgs adolescentes sendo não só desprezados pela coletividade, mas também sendo sacrificados no cubo (essa alternativa ficou apenas para o líder). Creio que seria muito mais impactante os adolescentes morrerem, pois, desprezados por sua cultura borg, não teriam mais onde se encaixar e dariam fim a si mesmos. Isso também seria uma alegoria de um problema atual, onde muitos adolescentes sentem a falta de apoio em suas famílias e meio que piram na batatinha por isso. Ou seja, por serem rotulados de “chatos” são tratados como párias, onde alguns chegam até à situação extrema da depressão profunda e do suicídio. Já que o episódio decidiu meter sua colher nesse problema cotidiano, que fosse até o fim com ele, ao invés de enveredar pelo fácil e previsível caminho do “happy end”.

Mas adolescentes podem ser muito imprevisíveis…

Dessa forma, “Coletividade” é um episódio de “Jornada nas Estrelas Voyager” que foge um pouco da ficção científica por retratar um problema cotidiano que é o difícil problema de relacionamento com adolescentes. O episódio caiu no erro de reproduzir preconceitos (o que é complicado numa série que se vende como respeitando as diferenças) e perdeu a oportunidade de falar da questão do abandono que alguns adolescentes sofrem, por optar por um final feliz. Um episódio que merece uma revisita, desde que visto sob um aspecto mais crítico.

https://www.youtube.com/watch?v=vyIeUdeIi3g

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2 Episódio 14) Doce Tristeza Parte 2. O Negócio É Salvar O Canon.

Sob fogo cruzado

E finalmente chegamos ao último episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery”. Alguns acharam “Doce Tristeza Parte 2” um desfecho magistral. Outros acharam que ficou a desejar. Confesso que a impressão que tive desse episódio foi a mesma dos episódios recentes de Discovery, ou seja, despertou sentimentos contraditórios e não foi um dos melhores da temporada (os melhores estavam lá mais para o início). Vamos tentar conversar um pouco sobre esse desfecho da temporada.

Retomando o plot do episódio anterior, a batalha entre Discovery e Enterprise com as trinta naves da Seção 31 está prestes a começar. Aí um detalhe já chama a atenção: a quantidade estúpida de naves auxiliares e caças (hein?) que saem de dentro das duas naves protagonistas. Não parece que elas possam comportar tantas naves assim. Da mesma forma que, quando vemos o elevador da Discovery circulando pela nave, ela parece ser muito maior que é. Essas inconsistências podem até não afetar muito o produto final mas incomodam. Enquanto isso, na Discovery, o traje é montado e a grande maioria dos tripulantes mostram a sua grosseria habitual que incomoda bastante. Nunca podemos nos esquecer que estamos num meio militar e há a necessidade de respeito a uma hierarquia, sem espaço para forinhas. É incrível como as pessoas se destratavam em pleno ambiente de batalha, mostrando que a tripulação não estava totalmente focada em seu trabalho. As duas naves poderiam, muito bem, ter explodido por causa disso. Alguns diriam que tal situação pode até ser compreendida, pois todos estavam sob um forte estresse, etc. Tudo bem. Ainda assim, é necessário um mínimo de autocontrole numa situação extrema dessas e os tripulantes pareciam mais preocupados em deflorar seus repertórios de mimimis.

Spock prestobarba…

As trinta naves da Seção 31 com o Leland borguificado (desculpem, mas não resisto à zoação) chegam e mostram que também têm um milhão de navezinhas para o combate. Algumas pessoas assinalaram, com muita propriedade, que essas navezinhas todas são inspiradas nas navezinhas que destruíram a Enterprise no filme três do Abramsverso. Parece ser por aí mesmo, até para deixar os efeitos especiais mais espetaculares, que realmente foram muito bons para uma batalha que durou praticamente o episódio inteiro.

Ao transferirem o traje do Anjo já pronto para a baia de lançamento, há uma explosão que fere Stamets seriamente. Vemos claramente que isso é para levar o personagem mais albino (natural) de Jornada nas Estrelas aos cuidados de Culber, que diz que quer reatar (que fofo, eu estava torcendo por isso!!! Tivemos um bom desfecho de temporada aqui). O curioso foi ver a falta de ação, num breve momento, tanto de Michael quanto de Tilly, ao ver Stamets seriamente ferido. Mais um indício de falta de preparo em situações extremas. As duas passando pelo teste do Kobayashi Maru seria um desastre total.

Finalmente L’Rell falou um klingon razoavelmente decente…

Finalmente o traje chega a baia de lançamento. Spock vai acompanhar Burnham numa nave auxiliar, orientando seu voo para uma área mais segura, distante da batalha. Enquanto isso, Leland invade a ponte da Discovery e começa a atirar, como acontecido na visão de Michael. Mas agora a tripulação consegue se esquivar, com alguns tripulantes só ficando feridos e não morrendo ninguém. Leland se tranca em outro compartimento para procurar os dados da esfera. Spock e Michael pousam numa carcaça de nave destruída. Mas Michael não consegue programar o Anjo para ir para o futuro. Já a Enterprise sofre, como na visão de Michael, um ataque de um torpedo fotônico, que fica preso no casco do disco sem explodir, embora a explosão em quinze minutos seja inevitável, o que provocaria a destruição total da nave. Nessa hora, Pike manda para a parte de fora do disco uns robozinhos para fazer reparos (seriam astromecs de Guerra nas Estrelas?).

Roteiristas sacanearam Burnham…

Um detalhe interessante aqui é que, na hora em que parecia que a Enterprise e a Discovery seriam derrotadas, caças ba’uls apareceram sob o comando de Siranna, irmã de Saru (será que os malignos kelpianos dominaram os inocentes ba’uls? Tome violação da Primeira Diretriz!) assim como os klingons mandaram reforços, com direito a dois D7s produzidos em tempo recorde (os klingons devem ter aprendido a produzir armamentos assim tão rápido com os russos da Segunda Guerra Mundial, onde uma fábrica de tanques na Sibéria produzia dois mil tanques por mês). É aí podemos ver Tyler e L’Rell falando finalmente um bom idioma klingon, numa prova de que há fonoaudiólogos no Império (qa’plá!), embora L’Rell ainda pareça estar com um chumaço de algodão na boca (ela, como chanceler, deve ser uma pessoa muito ocupada e deve ter faltado a algumas sessões de fonoaudiologia).

… e Tilly

Spock, ao ver os reforços, pensa um pouquinho com seus botões e conclui que os cinco sinais apareceram para que tudo fosse encaminhado para aquele momento da batalha. Ou seja, Michael não conseguia ir para o futuro, pois eles estavam presos num loop temporal. Então Michael deveria ir para o passado, em cada evento dos cinco sinais, para voltar ao momento da presente batalha e “destravar” a viagem para o futuro. Ou seja, uma lógica um pouco sem conexão, mas que justificaria as aparições do Anjo no passado. E aqui, podemos ver que Discovery caiu novamente no que já pahrecia óbvio: Michael é o Anjo, assim como Tyler era klingon na primeira temporada e todo mundo já sabia. A coisa da mãe como Anjo acabou mesmo sendo algo para despistar.

Georgiou e a oficial de segurança Nham (pois é, esse é o nome dela na versão legendada, ela até faz uma piada com isso) conseguem alcançar Leland e partem para uma porradaria geral com direito a dois red shirts (não tão reds assim) que aparecem do nada e morrem numa despressurização (eu juro que voltei a cena várias vezes e até agora não vi de onde eles apareceram para morrer; se alguém aí souber, me avise por favor). Leland é atraído para a Câmara de esporos (os dados estariam escondidos na Seção do motor de esporos) e é trancado lá. Georgiou magnetiza a Câmara e as nanossondas saem de Leland, matando-o, sob o olhar sádico de Georgiou.

Enquanto isso, a Almirante Cornwell tenta desarmar o torpedo incrustado na Enterprise, sem sucesso. Ela vê dentro da sala onde está o torpedo um mecanismo para fechar uma porta de segurança e isolar o torpedo do resto da nave, mas que pode somente ser fechado por dentro. Cornwell então decide se sacrificar e sela a porta, explodindo com torpedo e tudo. Agora, só me explica uma coisa. O torpedo tinha força para destruir quatro deques. E aí uma portinha segura uma explosão desse naipe, a ponto de Pike assistir Cornwell ser incinerada pelo vidro e do outro lado da porta? E ainda: numa moderna nave estelar, a capitânia da Frota, a mais importante, não há um mecanismo computadorizado que tranque a porta por fora? São em detalhes como esse que Discovery peca, e muito.

Saru para capitão!!!

Michael viaja para o passado, indo ao local dos cinco sinais. De volta ao campo de batalha, Michael diz ao capitão Saru que enviará um sexto sinal para orientar a Discovery na viagem para o futuro. Spock não consegue fazer sua nave auxiliar decolar (ela ficou danificada com um tiro) e ele não vai poder acompanhar Michael. Começa então todo um dramalhão onde Spock diz que foi salvo pela Michael (como era de se esperar numa série dessas), etc., etc., além de receber um conselho da Michael de interagir com a pessoa que mais fosse diferente dele (é o Kirk, não é?). Ele termina dizendo “eu te amo” para a irmã. Ou seja, Discovery sendo Discovery como novela mexicana. Spock diz ainda que queria ter certeza da segurança de Michael e ela retruca que ele terá certeza disso, pois ela lhe enviará um sétimo sinal. Spock é teletransportado para a Enterprise. Aí fica a pergunta: a nave abaixou os escudos sob fogo cerrado, ou a batalha já acabava depois da morte do Leland? E outra pergunta ainda mais perturbadora: se Leland está morto e o Controle derrotado, por que cargas d’água a Discovery ainda precisa ir para o futuro com a Michael, até porque a nave só está com parte dos dados da esfera e o Controle, mesmo que volte, não terá acesso integral aos dados? E mais, como um controle quer ser sensciente com os dados da esfera se ele já está atrás dos dados? O fato dele já estar atrás dos dados não seria a comprovação de que ele já é sensciente? Loops de furos de roteiro aqui. De qualquer forma, a protagonista voa em direção ao futuro e com  Discovery a reboque. Todos desaparecem, ficando só a Enterprise, os caças ba’uls e as naves klingons, juntamente com um monte de escombros.

Há um interrogatório sobre o que aconteceu. O interrogador, onde vemos somente algumas partes do rosto (ficou um gosto de mistério aqui) faz as perguntas, não sem receber algumas respostas muito malcriadas que bem poderiam render uma corte marcial. Mas o que ficou marcante nessa sequência foi que se atestou a necessidade de uma reformulação completa da Seção 31, precisando ficar mais transparente, com essa tarefa de reformulação sendo atribuída a Tyler. Foi dito também que o Controle foi totalmente eliminado. Mas o que mais chamou a atenção é o que foi mais intrigante foi a recomendação de Spock (prontamente atendida pelo Comando da Frota) de tornar a Discovery, sua tripulação e o motor de esporos um assunto altamente confidencial, com a sua divulgação sob pena de traição. Além disso, viagens no tempo não devem ser feitas. Peraí, deixa ver se eu entendi direito: a série Discovery renega a própria Discovery para salvar um Canon que a série insistia em desrespeitar e encaixar coisas que não encaixavam? Confesso que fiquei um pouco pasmo com isso. É como se fosse um atestado de incompetência assinado pelos próprios roteiristas: “pois é, tentamos fazer uma série que se encaixasse com o Canon mas não conseguimos. Assim, jogamos a Discovery para bem longe no futuro e começamos tudo de novo”. Esse foi mesmo o fim SENSACIONAL que alardeiam por aí? E, para botar a pá de cal em tudo, temos ao final derradeiro a Enterprise de Pike, o Spock de uniforme e barbeado, com a tripulação da Enterprise começando uma nova missão, a despeito do sétimo sinal enviado por Michael para o irmão que somente irá analisá-lo. Todos sabemos que muita gente quer uma série Pike-Spock na Enterprise. Não sei se isso irá acontecer. Mas o que perturba aqui foi como a Discovery foi tão colocada de lado no final. Eu diria desprezada, até, como se fosse um empecilho. E isso em sua própria série. Muito doido isso. Uma prova de que os roteiristas e os vários showrunners (um péssimo sinal essa quantidade enorme de showrunners, diga- se de passagem) não sabem muito bem o que estão fazendo. Cá para nós: não é fácil escrever Jornada nas Estrelas. Cinquenta anos de série e um Canon muito grande, cheio de furos inclusive, são um obstáculo para uma coerência com o que já se viu. Talvez os fãs mais novos nem se importem tanto com o Canon assim e vejam somente a série como um produto de entretenimento, tudo bem. Mas há fãs que se divertem com as referências colocadas de modo inteligente e sutil, não tão jogadas na cara. E tais referências se encaixando direitinho com o já visto no passado. E isso requer um estudo meticuloso da franquia antes que se escreva qualquer coisa. Parece que em Discovery ficou provado que esse dever de casa não foi feito além do agravante de não haver um consultor científico, com tecnobabbles muito forçadas e confusas, sendo explicadas com comparações muito simplórias e pífias.

Uns talosianos com cara de que gostam de uma Caninha da Roça…

Outro problema foi a forma forçada e desajeitada de inserir temas de ordem mais política e de inclusão social. Jornada nas Estrelas sempre fez isso com sutileza e maestria, o que não aconteceu aqui. O empoderamento feminino foi colocado de forma tão forçada que datou muito a série (lembrem -se que estamos no século 23 e não há mais espaço para machos alfa, essas questões já deveriam ter sido resolvidas, mesmo que tenhamos um Kirk todo serelepe em sua macheza). Mais ainda, bife vegano numa época de sintetizador de alimentos??? Ou uma pessoa andando de cadeira de rodas num século onde ela já poderia estar andando pelo menos num exoesqueleto? Muito complicada essa forma atabalhoada de se mostrar inclusão e respeito à diferença  na série. Forma essa que atingiu também a personagem principal, Michael Burnham. Uma excelente ideia a princípio que foi mal desenvolvida (esse é o problema crônico de Discovery a meu ver, boas ideias mal desenvolvidas). O protagonismo excessivo dado a personagem a torna antipática ao invés de atraente. Ela é tão perfeita e fodona que não há uma chance dela interagir com os demais personagens de igual para igual, desenvolvendo uma relação humana e de companheirismo mais aprofundada, uma coisa que a gente gosta tanto de ver em Jornada nas Estrelas. E, quando essa relação finalmente acontecia, era acompanhada de um melodrama que beirava o insuportável. Sacanagem com Sonequa Martin Green e com Michael Burnham. Sacanagem também com Mary Wiseman e Tilly, outra boa ideia de personagem, que recebeu o presente de grego dos roteiristas de falas completamente imbecis e sem sentido. Era constrangedor e emputecedor ver Wiseman e Tilly falando todas aquelas asneiras. Onde esses roteiristas estavam com a cabeça? Constrangedor também foi ver a falta de respeito com a hierarquia militar. Não que eu seja um militarista, muito longe disso, até. Mas Jornada nas Estrelas sempre primou por uma hierarquia militar respeitosa, onde até o superior respeitava o oficial inferior (“Senhor Sulu, Senhor Chekov”, lembram?) e agora vemos um monte de oficiais seniores se tratando como alunos mal educados em uma sala de aula. Jornada Nas Estrelas passa longe disso.

Pelo menos a segunda temporada foi melhor que a primeira. Os episódios de Terralísio e de Kaminar foram muito bons, bem ao estilo de Jornada nas Estrelas. As referências a Talos IV e à tragédia pessoal de Pike também foram muito bem vindas.

Todo mundo quer essa série… e Discovery???

Resta agora especular o que vem por aí. Série do Pike? Gostaria muito, mas não há nada certo. Série da Seção 31? Pelo amor de Deus não. E a terceira temporada de Discovery, a única coisa certa aqui? Bom, Michael enviou o sinal para Spock, a Discovery provavelmente está em Terralísio (51 mil anos-luz no quadrante beta, era onde o sinal estava ao fim do episódio) e tripulação da nave deve estar a procura da mãe de Michael. No mais, eles tentariam voltar para o século 23, mesmo descumprindo o sigilo total? E a Discovery abandonada no futuro que vimos no Short Trek? Como ela se encaixa com tudo isso? Como se pode ver, há pano para a manga para se desenvolver. O medo é o que esses roteiristas toscos e descuidados de Discovery irão fazer. Mais uma vez boas ideias. Continuarão elas sendo mal desenvolvidas? Respostas na terceira temporada, no ano que vem.

https://www.youtube.com/watch?v=BVmr03eI9o4

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 13) Doce Tristeza, Parte 1. Vamos Para O Futuro?

Burnham e Spock, empenhados em levar os dados da esfera para o futuro…

O décimo terceiro episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery”, “Doce Tristeza”, é a primeira parte do episódio final e já prepara o público para um desfecho. Como a maioria dos episódios mais recentes da série, ele desperta sentimentos contraditórios, com algumas ideias um tanto boas, mas com coisas ainda muito esquisitas.

Vamos ao plot. A tripulação da Discovery começa a evacuar a nave para o processo de autodestruição. O Controle se infiltrou nas comunicações da nave e eles não conseguem contatar a Federação. Assim, só conseguem se comunicar com a Enterprise. Tubos de transporte ligam as duas naves. Aí fica a pergunta: não se poderia evacuar todos pelo teletransporte? Não haveria tempo hábil? Não há salas de teletransporte suficientes nas duas naves? Ou apenas foram usados os efeitos especiais para impressionar? Burnham, por sua vez, se questiona se a nave precisa ser mesmo destruída e, quando ela pega o cristal, tem uma visão do futuro, onde as duas naves estão numa batalha cerrada contra a Seção 31. Ao fazerem a contagem regressiva para a autodestruição, a Discovery não se destrói, pois os dados da esfera ainda se protegem das tentativas de destruição empreendidas contra ele. Surge outra visão de futuro para Michael. Agora ela vê Leland atacando a ponte da Discovery e matando todo mundo. Enquanto isso, Pike é alertado que a Seção 31 está chegando em uma hora e ele prepara a tripulação para o ataque. Michael diz que nada daquilo vai adiantar e que a Discovery deve ser lançada ao futuro, para tirar os dados da esfera do alcance do Controle. Para isso, um novo traje de anjo deverá ser confeccionado e o cristal precisa ser ativado. A Discovery seguirá o traje do Anjo no piloto automático.

Michael não irá para o futuro sozinha…

Surge o quinto sinal, no planeta Xahea, lar da rainha Po (vide o primeiro Short Trek). Tilly diz que a rainha sabe recristalizar dilítio e ela pode tentar reativar o cristal do tempo. A inteligente e serelepe rainha de 17 anos e que adora sorvete (confesso que eu também gosto muito) vai poder ajudar nisso, depois de vomitar muitas tecnobabbles com direito a energias de supernova mais uma vez (aff). Só que há duas ressalvas: o motor de esporos não funcionará mais e o cristal estará inutilizado ao fim da viagem. Assim Michael vai, mas não volta. Isso será o suficiente para uma série de despedidas chorosas de Michael com meio mundo. Até Sarek e Amanda apareceram de surpresa para se despedir, numa forçada de Barra retumbante (eles souberam por seus catras, disseram os pais). Foi até uma cena boa, essa da despedida, com um Sarek mais meloso pedindo desculpas por não ser um bom pai e marido, além de prometer que ficaria de olho em Spock mesmo que a distância. Mas essa aparição de surpresa do casal num momento de isolamento de comunicação apenas nave a nave pegou muito mal para a coerência da história. Apesar de toda essa choradeira, Michael não vai sozinha, pois parte da tripulação da Discovery decide ir com a moça para o futuro. Tyler, por sua vez, ainda prefere ficar na Seção 31 para combater o controle nas sombras, como se a Seção 31 de Discovery fosse a coisa mais escondida do mundo. Pelo menos, a despedida de Pike da tripulação da Discovery foi algo bem respeitoso e solene, algo indispensável numa série com tantas violações de hierarquia militar. Saru assume o posto de capitão (êêêêê!!!) mas diz em seguida que isso deve ser decidido com mais calma depois, com um olhar complacente na direção de Michael. Ainda acho que Saru tem que ser o capitão da nave, em virtude de sua elegância e serenidade infinitas. O episódio termina com a frota da Seção 31 chegando, e a Discovery, juntamente com a Enterprise, preparadas para a batalha.

Tripulação trabalhando para ir com a Michael para o Futuro…

Bom, como eu disse, é um episódio de sentimentos contraditórios. Quais são os problemas? As tecnobabbles irritantes continuam, sem a regulação de um consultor científico, o que deixa a coisa forçada e exagerada. Sei que já bati nessa tecla aqui várias vezes, mas usar quantidades incríveis de energia do porte de uma supernova é algo muito complicado e o fã da franquia quer um ficção científica mais atraente, que dê para acompanhar e entender, sem qualquer exagero retórico. O clima de fim de festa e de despedida também ficou um pouco maçante, embora eu tenha gostado aqui da despedida da família Burnham-Sarek-Amanda, apesar daquela chegada para lá de implausível dos pais adotivos.

Mais cenas melosas…

Agora, com relação ao ponto positivo da história, podemos dizer que a viagem da Discovery para o futuro foi uma ideia interessante para se arrumar um desfecho digno para a temporada. O problema, como em muitas coisas em Discovery, é se esse final será bem escrito e alcançará uma forma satisfatória de fechar a série. Fica aqui um baita mistério e um receio muito grande.

Assim, Doce Tristeza, Parte 1, pode ser considerado mais um episódio mediano de Discovery. Só é meio complicado que isso continue acontecendo praticamente no apagar das luzes. De qualquer forma, se vislumbra uma luz no fim do túnel, embora haja ainda dois sinais. Fica tudo para o final do final do final…

https://www.youtube.com/watch?v=6qb2hSrh3Q8