Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 12) “Pelo Vale Das Sombras”. Encarando Uma Dura Realidade.

L’Rell de volta…

E chegamos ao décimo-segundo episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery”, “Pelo Vale das Sombras”. O que pode ser dito do antepenúltimo episódio? Foi melhor que o anterior, mas teve o problema de desenvolver pouco a história. Na prática, só foi obtido um cristal do tempo para se enviar os dados da esfera para o futuro. Entretanto, apareceu mais um fator complicador, que é o procedimento de autodestruição da nave. Será que ele irá para a frente? Confesso que esse desfecho me deu vontade de assistir ao próximo episódio. Mas ainda os nobres roteiristas jogam muita informação nova e as coisas já deveriam ser mais bem trabalhadas para se encaminhar para um desfecho bem amarrado.

Vamos ao plot. Surge o quarto sinal sobre o planeta klingon Boreth, onde Tyler deixou seu filho. Burnham diz que perseguir o sinal é perda de tempo e eles devem ir atrás de Leland.  Mas Saru lembra que os dados da esfera estão na Discovery e ir atrás de Leland é colocar os dados nas mãos dele. Pike diz que irá atrás do sinal, pois precisa focar na missão. Tyler fala da presença do monastério a Khalexxx (pois é, os klingons dessa série não dizem Khaless de jeito nenhum) e diz que irá pedir autorização a L’Rell para a Discovery chegar ao planeta. Michael fala a Tyler que ele está escondendo algo e ele conta toda a história do filho em Boreth, para que Burnham (que carrega toda a responsabilidade do Universo em suas costas) possa levar esse fardo junto com ele. Durante a conversa, Tyler vê que uma nave da Seção 31 não se apresentou no seu local designado. Burnham quer investigar. L’Rell chega à Discovery e diz que o monastério é o local mais sagrado do Império Klingon e de difícil acesso. L´Rell também diz que o monastério existe lá, pois ele protege um cristal muito precioso, o cristal do tempo (e sabemos que a Discovery precisa do cristal para transferir os dados da esfera para o futuro). L´Rell diz que manipular o tempo é uma arma muito poderosa e que os klingons não a usam mais por causa disso (hein? Klingon que é klingon raiz seria o primeiro a usar uma arma poderosa numa guerra; pode-se até discutir qual é a honra em usar uma arma mais poderosa que o inimigo, mas se Kruge quis usar o torpedo Gênese como arma…). Tyler se oferece para ir e L´Rell discorda, pois colocaria a vida do filho deles em risco. Tyler insiste em descer para ver o filho (parece que ele foi infectado pelo vírus de petulância e desrespeito à hierarquia de Burnham). Os dois começam uma DR em klingon. Pike não aguenta isso e acaba se oferecendo para ir. L’Rell diz que é perigoso ir lá e nem ela, que é chanceler, consegue controlar os monges. Ela alerta que ninguém tirou um cristal do tempo de lá sem um enorme sacrifício.

DR com Tyler…

Michael leva o caso do atraso da nave da Seção 31 a Saru e lhe pede para investigar com uma nave auxiliar. Saru dá a permissão numa boa, pois acha que eles devem atacar primeiro (consequência da queda dos gânglios). Mas ele pede a ela que não deixe que sua “compreensível” raiva afete suas decisões (como sempre, todo mundo dando razão a Michael).

Pike chega ao monastério e encontra o guardião dos cristais (T’Navik) que, obviamente, diz que tirar um cristal de lá é perda de tempo. Ele diz ainda que todos que tentam tirar algum cristal de lá precisam fazer um teste, chegam cheio de convicções mas saem arrasados. Pike insiste em fazer o tal teste. Sei não, esperava um pouco mais de resistência de T’Navik aí. Talvez uma cena de lutinha caísse bem nesse contexto. Em tempo, T’Navik é o filho de Tyler (efeito dos cristais do tempo).

Enquanto isso, Spock insiste em ir com Michael, não sem a oportunidade de irritá-la um pouco, o que sempre é hilário. Mas os dois vão juntos. A nave auxiliar de Michael e Spock chega à nave da Seção 31 e encontra a tripulação expelida para o espaço e congelada. Um dos corpos está vivo e é transportado para a nave auxiliar. É o tenente Gant, ex-oficial tático da Shenzhou. Ele disse que estava limpando uma sub-rotina suspeita (poderia ser algo do Controle) quando foram expelidos da nave. Gant teve tempo de entrar num traje espacial antes de ser expelido. Dá para perceber como é uma História da Carochinha desde cedo. Michael insiste em inspecionar a nave da Seção 31 e Gant precisa ir, pois ele conhece os protocolos.

T’Navik

No refeitório, todos riem menos Stamets, por motivos óbvios. Reno (de volta depois de um milhão de episódios, uma boa personagem jogada e desperdiçada pela nave) senta com ele e nota que Stamets ainda não superou a perda de Culber. Reno vai à enfermaria dizendo que está com a cutícula para cortar, pois precisa de um “pretexto” para dizer a Culber como ele está sendo babaca com o Stamets. Culber nota que ela tem uma aliança e é casada. Reno fala que tinha uma companheira, mas que ela morreu na guerra klingon. Reno diz que Culber tem uma segunda chance mas não pode durar para sempre e que não é para estragar isso.

Pike e T’Navik chegam a uma sala cheia de cristais. T’Navik pede para que Pike toque em um cristal. Ele o faz e vivencia o acidente que ainda irá sofrer (boa referência da série clássica). Pike se vê na cadeira, com o rosto derretendo e pira na batatinha. T’Navik diz que se ele desistir do cristal, ele foge desse futuro. Mas se pegar o cristal, estará com o futuro selado. Pike diz que é um capitão da frota, acreditando em servir, se sacrificar, na compaixão e no amor (que fofo!) e pede o cristal a T’Navik, que o dá e admira a sua honra.

Michael, Spock e Gant entram na nave da Seção 31, que se liga sozinha e entra em dobra

Um capitão encarando seu destino…

O Controle tem a posse da nave da Seção 31. Michael e Spock decidem “prender” o Controle em uma armadilha e assumir a nave de volta. Enquanto Spock monta a armadilha, Michael fica sozinha com Gant, que é o Controle (eu disse que era História da Carochinha Gant vestir um traje espacial enquanto era expelido para o espaço). Michael percebe isso quando Gant elogia a Seção 31 e o Controle. Gant diz que a atraiu para a nave para que ela seja “assimilada” pelo Controle e possa trazer os dados da esfera para ele. Começa um tiroteio de phasers a la Star Wars, ou seja, de feixe não contínuo, lembrando sempre que os feixes dos phasers de Jornada nas Estrelas são contínuos, mas fazer o que? Gant domina Michael (umas porradinhas para não perder o hábito) e tenta injetar nano sondas nela. Spock tanta salvá-la com o toque neural em Gant, mas ele não tem terminações nervosas e torce o braço de Spock, atirando-o longe. Michael fuzila Gant com dois phasers aos berros (bem ao estilo do Rambo) e as nano sondas (ou nano bots, segundo Spock) saem dele para ir em direção a Michael. Spock magnetiza o chão onde estão as nano sondas e elas pifam. Spock, ao saber que o Controle tentou transformar Michael, a vê como a variável que o Controle não consegue dominar. Michael conclui (não sei por que) que os sinais podem terminar o que a mãe dela começou.

Pike conta a L’Rell que viu o filho deles e que ele pediu para devolver a eles o símbolo de Portador da Chama que Tyler deixou em Boreth junto ao filho. O símbolo ajudou T’Navik a achar o seu caminho e agora não precisa mais dele. Pike disse que o filho deles tinha que estar lá para guiá-lo, como se tudo estivesse predestinado.

Michael, de volta a Discovery, diz que o Controle pode entrar em qualquer um e que a nave que ele capturou foi para além da fronteira da Federação. Muitas naves da Seção 31 aparecem no tático. Burnham argumenta que não há outra opção a não ser destruir a nave. Pike dá a ordem para a evacuação e autodestruição da Discovery.

Como podemos ver, mais um episódio em que surgem informações novas (T’Navik, autodestruição da Discovery) e, para desenvolvimento efetivo do plot principal, somente a obtenção do cristal do tempo. Mas esse episódio teve algo muito bem, que foi dar ao Pike a chance dele ver o seu futuro trágico e, ainda assim, optar por enfrentá-lo, pois ser um capitão da Frota Estelar implica em sacrifícios. Tá bom que a parte do amor ficou piegas demais. Entretanto, ainda assim a cena assumiu um tom solene que valeu a pena. E foi num momento em que a aparição de Michael era zero. Ou seja, a coisa melhorou quando se deu espaço para um personagem, ainda mais da série clássica, onde o fan service foi muito bem executado.

Esse também foi um episódio onde os klingons foram bem trabalhados. Apesar de ainda falarem Khalexxx, e de serem pouco agressivos (casos de L’Rell achar uma arma temporal perigosa demais ou T’Navik deixar Pike fazer o teste dos cristais muito facilmente), neste episódio não ficou muito exagerada a forma klingon de Discovery, com conversas intermináveis sobre religião, por exemplo. O Universo klingon foi usado para dar suporte à história de uma forma bem enxuta, sem exageros.

A guerra contra o Controle continua…

Por fim, a autodestruição da Discovery. Isso abre margem para várias especulações. Linhas do tempo alternativas, relações com o short trek Calypso, etc. Ainda não dá para falar muita coisa (embora já tivesse que dar, pois faltam só dois episódios para o fim da temporada), mas fica aqui uma certeza: como esse povo que escreve Jornada nas Estrelas (seja de Discovery, seja das séries mais antigas), gosta de apertar o botão de autodestruição da nave! E, cá para nós, seria muito esquisito uma série Discovery sem Discovery. Será que vem uma NCC-1031-A por aí???

Pois bem. Mais dois episódios. E pouco vislumbre de desfecho à vista. Só quero ver se vão deixar tudo para o último episódio e, caso isso aconteça, como todas essas pontas serão amarradas. Vamos ver o que vem por aí.

https://www.youtube.com/watch?v=jdxCFkky-MI

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 11) Infinito Perpétuo. Escuta A Mamãe!!!

Mãe e filha… iguaizinhas…

E entramos na reta final de “Jornada nas Estrelas Discovery”. Com esse episódio aqui analisado, faltam apenas mais quatro para tudo ser fechado. E, quais são as expectativas? Pela quantidade de pontas soltas que ainda existem a essa altura, confesso que estou um pouco receoso de que a coisa não se dê muito bem ao final. De qualquer forma, espero que minha língua seja queimada. Mas esse foi um episódio um tanto mediano, que ajudou a desenvolver um pouco mais a história, e nos deu a certeza de uma coisa: Michael Burnham tem a quem puxar, pois sua mãe, Gabriele Burnham, também é um bocado teimosa.

Vamos ao plot. Michael tem um pesadelo, onde vê sua mãe e seu pai no dia da explosão da supernova. As imprecisões científicas já começam aí mesmo. Além de já ter sido mencionado na resenha anterior que observar uma supernova de perto é algo praticamente impossível, devido a estúpida energia que é liberada, ainda vimos o pai dando uns dados que corroboram essa impossibilidade (uma supernova libera a mesma energia que o Sol libera em dez bilhões de anos) e a jovem Burnham olhando o fenômeno por uma luneta sem qualquer filtro. Só isso já começou a pegar mal para um episódio que diz ser de ficção científica. Porém, parece que não há muita preocupação por parte dos roteiristas com essas imprecisões que todas as séries anteriores de Jornada nas Estrelas tinham em se esquivar um pouco. Bem, voltemos. Os klingons aparecem e Michael acorda com aquelas aspiradas fundas e exageradas pela boca. Ela está na enfermaria e recebe a informação de que a sua mãe é o anjo e está sob segurança, mas inconsciente. Spock diz que o traje do anjo tem um diário e Michael ficará com a tarefa de analisar os dados desse diário. Na Seção 31, Leland fala com o controle, que se manifesta em holografias que “trocam” de pessoas. O controle escolhe Leland por seu caráter e injeta no homem da Seção 31 um monte do que parecem ser nanossondas (borg?). Enquanto isso, Michael vê os diários da mãe e obteve a informação de que ela avançou 950 anos no futuro para fugir dos klingons e, por mais que ela tente voltar, sempre retorna a 950 anos no futuro, onde toda a vida na galáxia já foi destruída. Isso acontece, pois o campo de contenção mantém a mãe de Michael mas o universo, pela terceira lei de Newton (temporal?) a puxa de volta aos 950 anos a frente. É necessária mais energia gravitacional para segurar a mãe da Michael e, em uma hora, o Universo “vence” o cabo de guerra. Tudo bem até aí, mas fica a pergunta: a terceira lei de Newton não ocorre instantaneamente? Se joga numa parede para não perceber como você quica e volta na hora…

Tiroteios e tiroteios…

Leland, já possuído pelo controle, diz que a mãe de Michael morreu e não sabe quem estaria ali como mãe dela. Leland pede a Tyler que pegue os dados da esfera para protegê-los na Seção 31. Ou seja, o controle começa a mexer seus pauzinhos com Leland para obter os dados. Analisando os diários, Michael vê sua mãe dizendo que o controle pegou os dados da esfera e ela precisa alterar o passado, colocando a esfera no caminho da Discovery para ver se esta protege os dados da esfera. Quando a mãe de Michael é acordada, ela só quer falar com o capitão. Burnham dá um ataque de pelanca muito infantil, mesmo dizendo que não está tomando uma atitude infantil. Culber, Pike e Spock acham melhor que Burnham ainda não tenha contato com a mãe. Mesmo assim, ela insiste… A mãe de Michael fala a Pike que, enquanto o controle tiver acesso aos dados da esfera, o perigo é iminente. E ela precisa continuar a fazer o trabalho dela de viajar no tempo para buscar evitar isso, ao invés de ficar presa. Ela diz, também, que não sabe nada sobre os sinais. Gabriele (a mãe de Michael) fala para apagar os dados da esfera para o controle não acessá-los e ela quer ser solta. Pike diz que não pode fazer isso e Gabriele diz que todos eles são fantasmas para ela, pois já os viu morrerem centenas de vezes. Gabriele diz que não tem conversa enquanto eles não fizerem exatamente o que ela diz. Apesar dela estar igualzinha a Michael aqui, eu me pergunto: por que não fazem o que ela pede e destroem os dados da esfera de uma vez? A mulher já viu presente, passado e futuro, tentou mil vezes salvar o dia e deve muito bem saber o que está falando. Mas insistem em manter os dados. O que adianta ter esses dados se não vai haver ninguém para ver? Mas o detalhe aqui é que, quando decidiram apagar os dados, estes criaram um dispositivo para se proteger.

Por que não fazem o que a mamãe (ou o anjo) mandou???

Spock vê os diários de Gabriele e escuta dela que ele pode ser o único a ajudá-la, em função de sua lógica e emoção, que dão a ele a capacidade de compreender a existência de Gabriele, assim como a dislexia faz ele superar os efeitos da displasia atemporal (ou seja, uma tecnobabble exagerada para justificar a dislexia do Spock). Spock ainda reconhece que Michael precisa falar com a mãe, pois precisa de respostas às suas perguntas (aff). Michael finalmente convence Pike a falar com a sua mãe mas ela não quer falar com a filha e perguntou se os arquivos da esfera foram destruídos. Michael disse que não conseguiram. A mãe falou que sabia que isso ia acontecer (e aí entra outra questão: por que a mãe não disse para Pike que sabia que os dados desenvolveriam uma resistência a tentativa de serem apagados, pois ela vem do futuro e já deve ter tentado isso?). Gabriele insiste em ser solta, Michael insiste em ela ficar para fazer as tais perguntas. As duas são muito teimosas uma com a outra (como dito acima, duas Michaels, credo!). A mãe diz que se desapegou da filha, pois já a viu morrer centenas de vezes e ainda verá muitas outras. Já a tripulação da Discovery tem a brilhante ideia de mandar os dados da esfera para o futuro, contrariando a mãe de Michael… para que isso??? Parece até implicância com Gabriele. Senão vejamos: eles ainda querem manter a mãe de Burnham no presente deles, impedindo-a de defender os dados no futuro, mas precisam de uma energia equivalente a de uma supernova, que também se encontra na matéria escura que possuem (hein???). Ou seja, além de fazerem o contrário de tudo que Gabriele quer, ainda me metem essa tecnobabble altamente cretina de que matéria escura gera tanta energia quanto uma supernova. Eu sei que a ciência de Discovery é muito falha, mas nesse episódio eles estão se superando. E o Spock ainda tem a cara de pau de dizer que gosta de ciência.

O Controle, no corpo de Leland, tirando a maior onda…

Leland convence a imperatriz de se livrar da mãe de Michael, pois ela viaja no tempo e é muito onipotente, e que é um risco mandar as informações da esfera para um futuro e torcer para que elas não sejam achadas (ele tem uma certa razão, esse plano é horrível). Como Leland ficou sabendo do plano? Pelo Tyler? A gente não vê a informação do plano chegando à Seção 31 (descontinuidade de roteiro?). A imperatriz vai colocar uma espécie de pendrive todo luminoso no traje que vai transferir os dados para a Seção 31 e se autodestruirá, levando tudo a sua volta (traje, mãe, etc.). Quando Philippa está com Gabriele, esta diz para Philippa cuidar da moça e diz ainda que não pode fazer isso pois, para o controle, ela é um risco para uma missão maior (foi o mesmo que Leland falou de Gabriele para Philippa, o que despertou nessa última uma desconfiança com relação a Leland). Philippa colocou os dados para transferir mas diz a Tyler que suspeita de Leland.

A mãe de Michael, obviamente, não concorda com o plano dos dados ficarem desprotegidos no futuro. Tyler e Philippa, então, bloqueiam a transferência de dados. Quando Tyler vai investigar Leland, o descobre cheio de implantes cibernéticos na cara (borg?). Começa, então, a pancadaria da cena de ação. Tyler é ferido mas se comunica com a Discovery e fala de Leland, que se transporta para onde a mãe de Michael está e começa um tiroteio. Os dados voltam a ser transferidos por Leland. Philippa luta caratê com ele. O plano de manter Gabriele vai por água abaixo e os dados precisam ser transferidos para o futuro, junto com a mãe da Michael. O campo de contenção tem que ser destruído, não sem uma birrinha de Michael antes. Mãe e traje voltam para o futuro. Os tripulantes da Discovery são teletransportados e o lugar é destruído com torpedos fotônicos, com Leland junto. Mas parece que ele fugiu. Tyler, por sua vez, foge da Seção 31 em um modulo de fuga. Spock diz a Michael que Leland ficou com 54% dos dados. Michael diz que eles não têm traje, nem cristal, nada para prosseguir. Spock diz que eles têm o agora, a lógica e o instinto, na verdade uma desculpa para lá de esfarrapada para dar um quê mais literário-filosófico para o fim do episódio. E a convida para jogar o bom e velho xadrez tridimensional para buscar a solução para os problemas vindouros.

O que esse episódio teve de bom? Na verdade, não muito. Ele deixa mais uma ponta solta, que é mais um objetivo para a nave: transferir o resto dos dados da esfera para o futuro. Mas é necessário arrumar mais um cristal do tempo para isso. Ainda, agora precisam também trazer a mãe da Michael de volta. Nesse sentido, o episódio deu um direcionamento para o que a gente vai ver daqui para a frente, levando a mais um avanço na trama principal da série. No mais, muita tecnobabble absurda, principalmente com supernovas, mais chiliques da Michael, agora em dose dupla pois a mãe dela é igualzinha e uma teimosia irracional da tripulação da Discovery em manter os dados da esfera. Por que simplesmente não fazem o que a Gabriele sugeriu com tanta veemência? Ela é o Anjo Vermelho, caramba! O mistério a ser desvendado na série. Agora que o Anjo se revela, simplesmente descartam o que ele diz que tem que fazer? Muito estranho isso…

Leland… um borgão???

Agora, cá para nós, a sugestão que tem sido ventilada por aí de que o controle pode ter alguma ligação com os borgs (o episódio deixa evidências com relação a isso) só vai introduzir mais papagaiadas desnecessárias e buscar ainda mais problemas com o cânone original. Sinceramente eu não prefiro que isso aconteça. Mas como em Discovery tudo é possível… pelo menos, espero que os roteiristas tenham a nobreza de reconhecer que estamos em outra linha temporal para que o cânone não seja ainda mais maltratado.

Acabei de ver o décimo-segundo episódio “No Vale das Sombras”. A princípio, foi muito melhor que este aqui. Mas sem spoilers no momento. Fica para a próxima resenha. Até mais!

https://www.youtube.com/watch?v=Nb5UMSWLr8E

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 10) Anjo Vermelho. Anjo É A Mãe!!!!

Eles reatam. Que fofo!!!

Mais um episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery”. “Anjo Vermelho” despertou muita polêmica na semana passada em virtude da divulgação muito prematura de um spoiler monstruoso do episódio (ainda bem que eu tinha acabado de ver o episódio assim que vi o spoiler). Sim, meus amigos, o anjo é a mãe! Da Michael, é claro, de quem mais podia ser? Pelo menos, a série não caiu no óbvio de ser a própria Michael o anjo, como já tinha sido ventilado por aí. Discovery já foi altamente previsível com o klingon Tyler e o Lorca do Universo Espelho no ano passado. Agora, não fizeram o mesmo com o anjo, embora ele tenha sido a mãe de quem a gente achava que era o bichinho. Devo dizer que esse foi um episódio um tanto complicado, com uma série de problemas, embora haja poucos pontos bons. Quem ainda não viu vai ver spoilers se continuar a ler aqui. Vale sempre lembrar.

Bom, vamos ao plot. O episódio começa com um longo funeral ao personagem secundário Airiam, que a série não nos deu o direito de conhecer profundamente e que agora quer que a gente se emocione com ele. Muitos discursos com direito a uma canção de Saru e o lançamento do corpo da moça dentro de uma casca de torpedo fotônico em direção a um planeta. Qualquer semelhança com o funeral de Spock em “A Ira de Khan” NÃO é mera coincidência. Após o funeral, Tilly, depois de mais uma de suas falas infantis e irritantes (é muita sacanagem o que os roteiristas fazem com a personagem, a atriz que a interpreta e o público) diz que descobriu um arquivo em Airiam chamado “Projeto Dédalo” que diz que o Anjo Vermelho é a Burnham. Confesso que achei isso muito complicado, pois foi um pretexto para o ego de Burnham inflar desgraçadamente nesse episódio, algo que justamente ela não está precisando para melhorar seu personagem, muito pelo contrário até. O detalhe bom aqui é que Spock sacaneia Burnham dizendo que ela entrar na pele do anjo para salvar a galáxia se encaixa no perfil dela (ela se responsabiliza por situações fora do seu controle). Burnham diz, de forma sarcástica, que agradece a Spock por compartilhar isso com todos. Ela ainda pergunta ao irmão que, se ela soubesse de tudo o que estava por vir, por que ela não disse isso a todos? Spock retruca com um argumento muito furado: “talvez você tenha uma propensão ao drama”. Mas ainda sim valeu, pois a gente viu a protagonista onipresente ser zoada um pouquinho, algo que ajuda a humanizar o personagem.

Spock, Bons diálogos com Burnham aqui…

De repente, a Seção 31 chega. Leland e Phillipa sugerem aprisionar o Anjo Vermelho. Confesso que isso muito me incomodou, pois dentro do espírito de Jornada nas Estrelas se esgotariam primeiro todas as possiblidades de comunicação com o anjo, mesmo que houvesse dificuldades apontadas por Spock para isso. O ato de atrair o anjo para uma armadilha e aprisioná-lo me pareceu um pouquinho bárbaro demais para os galantes (e malcriados desrespeitadores de hierarquia militar) oficiais da Discovery. Mas, continuando. Há, também, a revelação de que o anjo e o Projeto Dédalo são, originariamente, da Seção 31, que o desenvolveu para fazer viagens no tempo, depois que foi descoberto que os klingons também desenvolviam projetos de viagens no tempo, formando uma espécie de “corrida armamentista temporal”. Só que os klingons destruíram o traje do anjo e a Seção 31 simplesmente deixou tudo para lá, sem sequer se preocupar se os klingons retomariam o projeto e fariam um anjo, o que acabou acontecendo. Muito esquisita essa parte. Você desenvolve um projeto par lutar com o seu inimigo, ele vem e destrói o projeto e você simplesmente deixa tudo para lá? Nem imagina que o seu inimigo vai pegar os caquinhos do seu projeto destruído, estudá-los e reproduzir seu projeto? Depois reclamam por aí quando se fala que a série é muito mal escrita. Mas vamos lá. Faz-se um plano cheio das tecnobabbles elaboradíssimas e exageradas que só Discovery produz para depois se usar um termo altamente simplório do tipo, a gente vai aprisionar o anjo como se o prendesse a um elástico. Sofrível isso. Mas não teve nada pior nesse episódio que o diálogo de Phillipa com Culber, Stamets e Tilly. Tudo começou assim: Stamets explica o plano de aprisionamento do anjo para Phillipa e ela diz que ele pode ser melhor que o Stamets do Universo Espelho mas bem mais neurótico, além de perguntar se ele nunca pensou em se medicar (uma coisa horrorosa de diálogo). Stamets, elegante como ele só, ignora o que Pihllipa disse e continua e falar sobre o plano. Mas Culber entra na engenharia. Stamets se cala e Phillipa percebe a “tensão masculina”, além de dizer que a tentativa de Tilly de aliviar o constrangimento de tal tensão é brochante., e ainda pergunta se ela nunca curtiu um desconforto e quem a criou.  Tilly responde que foi a mãe dela, que não era muito presente, e Phillipa manda ela parar de falar. Phillipa começa a provocar Stamets e Culber pergunta se ela sabe que Stamets é gay. Phillipa diz para Culber não ser tão binário e que o Stamets do Universo Espelho era pansexual, onde  Phillipa fazia umas brincadeirinhas com ele, assim como com Culber. Ela chama Culber de Papi (cacilda, eu realmente escutei isso?). Stamets rebate dizendo que tanto ele como Culber são gays. Ela diz que é claro que são e como é bom ver o que está na sua frente. Philipa sai e Tilly pergunta: o que foi isso? Confesso que eu também me perguntei sobre a mesma coisa e, pela primeira vez, achei algo que Tilly disse pertinente. Mas, depois desse espetáculo simplesmente constrangedor, o que a gente pode tirar de bom aqui? A forma meio depravada de ser do Universo Espelho, que tem origem lá na série clássica diga-se de passagem, fez Phillipa abrir os olhos de Culber para Stamets novamente. A Imperatriz apimentou a conversa para cima de Stamets e despertou um ciuminho em Culber. Para quem está torcendo pelo casal (parece novela mexicana do SBT em versão LGBT isso), até que essa conversa muito esquisita rendeu um bom fruto, pois Culber foi procurar a Almirante cara de empada Cornwell depois e ela, como terapeuta, falou em síntese para o rapaz que ele deve fazer suas escolhas e ter coragem de trilhar seus caminhos. E, ainda, cá para nós, como foi bom ver Phillipa mandar a Tilly calar a boca. Agora, foi de uma deselegância extrema e agressiva dizer que Stamets precisava de um remedinho. Também pudera, ela é do Universo Espelho. Mas não deixou de ser surreal.

Um plano arriscado…

Saru e Leland trabalham juntos no projeto de aprisionamento do anjo. Leland não gosta da presença de Saru (sente que está sendo vigiado a mando de Pike) e Saru diz que sente que Leland está ainda escondendo algo. Nisso, Michael entra, para mais uma vez se meter na conversa de outros dois personagens (como ocorreu no episódio anterior com a Almirante e Spock). Ela pede para falar em particular com Leland e descobre por ele depois de pressioná-lo a dizer tudo que os pais dela fizeram parte do Projeto Dédalo e estavam sob sua coordenação. Para fazer a roupa do anjo viajar no tempo, era necessário roubar um cristal e ir para um lugar com emissão de muita energia (embora os diálogos do episódio não tenham deixado isso muito claro), no caso, próximo a uma explosão de supernova. Os klingons, por negligência de Leland, rastrearam o cristal e mataram os pais de Burnham, que mete dois socos na cara de Leland (um pelo pai e outro pela mãe) e ainda desconta sua raiva em Tyler por ele ser da Seção 31. Ou seja, Burnham age mais uma vez como uma menina meio mimada. O que me impressiona aqui nessa sequência são duas coisas. Em primeiro lugar, parece que Leland está nessa série para ser sacaneado o tempo todo. Arrumaram um ator com cara de mau para personificar a vilania da Seção 31 e ele é esculhambado a toda hora, seja por Phillipa, seja por Burnham. Fica meio esquisito. E a segunda coisa: a série parece não ter um consultor científico, pois uma explosão de supernova não é brincadeira. É algo equivalente a explosão de um setilhão de bombas atômicas. Para se ter uma ideia da violência da coisa, se a gigante vermelha Betelgeuse, que está a quinhentos anos-luz da Terra lá na constelação de Órion (perto das Três Marias, que fazem o cinturão de Órion) explodisse numa supernova, a radiação emitida por ela acabaria com a vida aqui na Terra. E aí, você vai lá perto da supernova na iminência de uma explosão para assisti-la? Se não há consultor científico aqui, pelo menos que se fizesse uma pesquisa no Google para se saber o que é realmente uma supernova.

Um momento bom do episódio foi a conversa a sós entre Spock e Burnham. Ela descia  a porrada no boneco de luta da Academia da Discovery e Spock entra dizendo que compreende sua reação de raiva, pois perdeu uma amiga, que ela é o Anjo Vermelho, e ainda descobriu que perdeu os pais por negligência de Leland. Burnham admite que sempre se culpa sobre as coisas, corroborando o que Spock disse sobre ela (ainda há salvação para a personagem!) e a moça pede desculpas. Spock, compreensivo, diz que ela era uma criança e aceita suas desculpas. Burnham respira aliviada. Ela agradece a ajuda imprevisível de Spock que disse que também não previu essa conversa mas que gostou de tê-la. Na minha modestíssima opinião, esse reconhecimento de Burnham de que ela não pode abraçar o mundo com as pernas e assumir a responsabilidade de tudo a todo o tempo é algo que pode tornar o personagem bem mais agradável para a audiência nos próximos episódios talvez da temporada do ano que vem, indo no passo certo de uma humanização maior de Michael, que agora reconhece seus defeitos.

Chega a hora…

Uma coisa muito louca no episódio foi a estratégia de aprisionamento do anjo, envolvendo Burnham. Spock conclui que Burnham é a variável do anjo e que ela não pode morrer senão o anjo do futuro não existe (um clássico paradoxo temporal). Assim, para o anjo aparecer, Michael tem que estar em risco de vida. Eles vão para um planeta que tem muita energia para a armadilha do anjo funcionar (Essof IV). Como a atmosfera de lá é irrespirável, Michael ficará sob essas condições para sufocar e o anjo aparecer para salvá-la, quando ele será aprisionado. Ou seja, Michael é a isca. Todas essas coisas conspiram contra o episódio, pois só servem para inflar o ego da Burnham. Mas, vamos lá. Há um momento romântico Tyler-Burnham. Ela vai a Tyler dizer que foi injusta com ele e que não queria que a briga com ele fosse a última conversa entre os dois. Ele a conforta dizendo que tudo vai dar certo e os dois dão um beijo apaixonaaado. Ela chora dizendo que está com medo e ele também está. Apesar desse romance entre os dois estar muito capenga, essa aproximação valeu porque ela implicitamente pediu desculpas pela grosseria e mostrou alguma consideração pelo cara que amou e parece voltar a amar. Interação entre Burnham e os personagens havendo uma troca (mesmo que seja com o Tyler) é o que pode salvá-la na série.

Michael entra na armadilha. A atmosfera tóxica do planeta entra no receptáculo e ela começa a gritar que nem uma doida (um “overacting” muito desnecessário). E nada do anjo aparecer. As pessoas tentam salvar a moça. Michael diz “variável”, ou seja, ela quer que a missão vá adiante e Spock detém todas as tentativas de salvá-la com uma arma. O negócio é deixar ela morrer, segundo Spock, pois somente assim o anjo virá.

Culber e Stamets apreensivos…

Michael morre. O anjo aparece e ressuscita Michael (milagrosamente) mas é aprisionado. Enquanto isso, Leland olha por um instrumento e recebe uma agulhada no olho (indício de que a tecnologia do futuro pode deixar esse personagem finalmente mau como ele merece). E aí, o episódio termina com a constatação de que o anjo é a mãe da Michael!!! Agora posso falar esse spoiler, quase uma semana depois da estreia do episódio…

Pois é, temos um episódio meio enrolado aqui. Um problema é mais uma informação nova que precisa ser amarrada lá na frente, ou seja, o aparecimento da mãe biológica de Michael. Discovery peca pelo excesso e pela omissão. Há episódios em que não vemos um avanço da história. Em contrapartida, há episódios que vomitam tanta informação nova que a gente até se perde. Eu mesmo uso muito a tecla de voltar do meu controle remoto para entender o que aqueles personagens dizem, dado o volume de informação. Essa descontinuidade de um roteiro para outro acaba cansando um pouco. Outra coisa que irrita são alguns diálogos que são de um constrangimento e tristeza enormes. Os roteiristas precisam imediatamente rever como constroem as falas dos personagens. Eu sinto vergonha de presenciar alguns diálogos daqueles. A ideia de aprisionamento do anjo também foi algo um tanto perturbador, pois me pareceu muito agressivo para os supostos ideais da Federação (se é que eles existem nessa série, onde até a hierarquia militar é jogada no lixo). Esse também foi um episódio que trilhou o caminho perigoso de superexaltar Burnham, algo que definitivamente não é necessário aqui. Essa coisa dela ser o anjo a maioria do episódio massageou demais o ego da moça, que agiu com muita empáfia em alguns momentos, bem ao estilo da menina mimadinha. Pelo menos, a conversa entre Michael e Spock onde ela reconhece seus defeitos e limitações foi algo altamente produtivo no sentido de recuperar e humanizar a personagem. Aproveitando o gancho dos pontos positivos, parece que surgiu uma luz no fim do túnel para Culber e Stamets, esse sim um romance que dá para torcer, ao contrário da xaropada entre Burnham e Tyler. O fato de o anjo, ao fim das contas não ser Bunrham também foi outro ponto positivo, pois sai da armadilha do óbvio, em que a série caiu muito na temporada passada.

Assim, “Anjo Vermelho” não foi lá essa maravilha de episódio, mas pelo menos teve poucos pontos positivos. Esperemos o que vem por aí, agora que já chegamos na reta final da série, com um monte de coisas para se amarrar.

https://www.youtube.com/watch?v=Uz5cmD1nTjA

Batata Séries – Jornada nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 9) Projeto Dédalo. Máquinas X Humanos.

Cornwell trabalha conjuntamente com a tripulação da Discovery

O nono episódio da segunda temporada de “Jornada nas Estrelas Discovery”, “Projeto Dédalo”, é dirigido por Jonathan Frakes, o que é um sinal de que o episódio se sai melhor do que a média. Entretanto, dessa vez a coisa degringolou um pouco em virtude do roteiro, que não ajudou muito. Ou seja, ele foi um pouco abaixo da média, já baixa, dos roteiros de Discovery. Apesar disso, nem tudo foi perdido e o episódio também teve alguns pontos bons. Para a gente poder entender isso, precisamos dos spoilers habituais.

Airiam trabalhando sorrateiramente…

O plot começa com a Almirante Cornwell chegando às escondidas à Discovery, para interrogar Spock, que nega categoricamente ter assassinado alguém e não sabe por que foi escolhido pelo Anjo Vermelho para ter as visões da destruição em massa que os habitantes da galáxia sofrerão. O teste diz que Spock não mentiu, com 100% de certeza, mas Cornwell tem um vídeo que mostra Spock matando três pessoas na sua fuga da clínica psiquiátrica. Cornwell diz a Pike que a sede da Seção 31 tem um controle que recebe informações da Frota, mas ele está bloqueado pela Almirante Patar. O controle ajuda a tomar decisões estratégicas e foi transferido para a Seção 31 a pedido de Patar com o surgimento dos sinais do anjo. A missão da Discovery é ir a sede da Seção 31 e desbloquear o acesso ao controle para voltar a abastecê-lo com informações. O grande problema é que o antigo presídio onde está a sede da Seção 31 é cercado por minas que são atraídas pelos escudos. Ao chegar à sede, a Discovery sofre ataques das minas e não consegue se desviar. Burnham (sempre ela) sugere padrões evasivos aleatórios para pegar de surpresa o computador que controla as minas. A Discovery consegue atravessar a barreira de minas e recebe uma transmissão ameaçadora da Almirante Patar. Mesmo assim, vão para a antiga prisão e descobrem que Patar e os demais almirantes estão mortos há duas semanas. Quem, então, entrou em contato com a Discovery com a imagem de Patar? Saru descobre que a transmissão de Patar foi um holograma, assim como também na cena do homicídio de Spock, incriminando-o. Logo, a Discovery parece lutar contra todo o sistema, com um ingrediente a mais: o controle, que recebe os dados, se abastecidos com os dados da esfera, pode adquirir consciência e extinguir toda a vida na galáxia. É por isso que Airiam, que armazenou os dados da esfera em sua memória, conseguiu convencer Pike a ir para a missão para transferir todos esses dados para o controle. Mas seu plano foi descoberto e, depois de dar uma boa surra na Burnham, acabou presa em uma câmara de vácuo por Michael. Airiam, que está sob o controle da entidade alienígena, pede que Burnham a ejete para o espaço. Depois de muito resistir, ela ejeta Airiam que morre, provocando uma grande comoção.

Uma estranha sede da Seção 31…

Bom, esse foi o plot principal, embora haja algumas pequenas histórias paralelas que serão mencionadas ao longo de nossa explanação. O que podemos falar dessa história? Em primeiro lugar, é uma missão com um propósito um tanto quanto confuso, pois o controle estratégico de toda a Frota Estelar não pode ficar numa base escondida da Seção 31 somente porque uma almirante quis e, ainda assim, depois vedou esse controle de receber informações. A Frota já deveria ter mandado uma pá de naves para recuperar esse controle assim que a Patar vedasse o acesso de informações ao controle. Antes a Discovery tivesse que ir para São Francisco, procurada por toda a Frota. Seria algo bem mais interessante. Outra coisa que incomoda é você dar consciência para uma máquina (o tal do controle) para ele adquirir consciência com todo o volume de informação da esfera e destruir toda a vida na galáxia. Há vários problemas aí. Primeiro, um volume ilimitado de informação não assegura o desenvolvimento de consciência. Na verdade, segundo Marcelo Gleiser, mesmo que um dia consigamos fazer uma máquina que reproduza fielmente um ser humano e sua capacidade de armazenamento de informação, ainda assim não teremos uma máquina consciente, pois a consciência é algo completamente incompreensível e inalcançável nos dias de hoje. Não sabemos do que é feita, como pode ser produzida, ela simplesmente está lá, no cérebro. E mais: por que, uma vez a máquina tendo desenvolvido a consciência, ela destruiria a vida orgânica? De onde vem o motivo para isso? Qual o antagonismo entre máquina e vida orgânica? Ficou muito simplória e maniqueísta essa ideia. De qualquer forma, apareceu uma espécie de “mal maior”, que manipula a Seção 31 e a Frota, vide os hologramas que incriminam Spock ou a morte dos almirantes na sede da Seção 31. Mais uma vez Discovery apresenta uma boa ideia. Só esperemos que ela consiga desenvolver essa ideia bem, pois já está cansando a gente ver um monte de boas ideias mal aproveitadas. Ainda indo nessa direção, o que seria o Projeto Dédalo? E por que tudo tem que ser em volta de Burnham, como disse Airiam ao final? Mais uma vez o problema do protagonismo excessivo de Burnham na série. De qualquer forma, todo esse protagonismo foi questionado por Spock. As cenas de bate-boca entre os irmãos enervam alguns fãs, mas eu consigo ver um aspecto positivo nelas. A coisa tá parecendo uma terapia de grupo bem catártica, onde os dois resolvem suas diferenças. O chato foi ver Spock mais emocional nesse episódio, com uma tensão crescente nas discussões até a explosão paroxista em cima do pobre do tabuleiro de xadrez tridimensional. Mas, por outro lado, Spock fala o que Burnham precisa ouvir há muito tempo: ela sempre quer atrair toda a responsabilidade para si, como se carregar um pesado fardo fosse melhor do que carregar uma dor incontrolável. Spock cita a responsabilidade que Burnham construiu em sua cabeça na guerra com os klingons e no assassinato dos pais pelos klingons, dizendo que não pode haver igualdade entre os irmãos enquanto ela ficar assumindo toda a sua responsabilidade, não reconhecendo fracassos ou sua posição de irrelevância em algumas questões. É claro que Burnham vai pirar na batatinha com isso, mais uma vez agindo como uma criança mimada. Nesse aspecto, a briga entre os dois foi ótima, pois Spock expôs todos os defeitos da protagonista de forma impiedosa, o que ajuda a personagem a enfrentar seus próprios dilemas. Ainda, seguindo essa linha, a morte de Airiam tem uma razão de ser, pois a coisa foi construída a um ponto de que era impossível salvar a “mulher-robô”, mesmo que Burnham insistisse em salvá-la (não se pode abraçar o mundo com as pernas, não se pode salvar o dia todo o dia) e recebesse uma ordem direta do capitão para sacrificar Airiam, assim como Spock falava da ponte que era impossível salvá-la. Ou seja, quando reconhecemos que também precisamos conviver com o fracasso, isso se torna algo libertador, nas palavras do próprio Spock.

Um Spock mais desequilibrado, mas que faz Burnham confrontar-se com si mesma

Falando mais de Spock, precisamos mencionar aqui a melhor parte do episódio, que foi o diálogo entre Spock e Stamets. Um estimula o outro pessoal e profissionalmente. Stamets diz a Spock que Burnham o ama e Spock acha que Culber se separou de Stamets não porque não gosta dele, mas porque não sabe mais quem é. Spock também diz a Stamets que ele tem experiência com a rede micelial e vai conseguir resolver o problema da sabotagem do motor de esporos, enquanto que Stamets diz a Spock que o anjo o escolheu, pois ele deve ser uma pessoa especial. Esse foi o momento onde o episódio mais se aproximou da essência de Jornada nas Estrelas a meu ver.

E o fim de Airiam? A coisa era para provocar uma comoção, mas como os personagens da ponte sempre foram mal construídos, mais parecendo coadjuvantes de luxo, talvez não houvesse empatia suficiente por parte do grande público para se emocionar com sua perda. Confesso que até cheguei a me emocionar mas é realmente um problema na série essa gama de personagens mal construídos. Eu tive até uma esperança ao ver o início do episódio, pois finalmente via ali os personagens secundários recebendo uma atenção maior, sobretudo Airiam. Mas na verdade, só estavam era preparando o caixão da moça cibernética, pois ela ia deixar a série ao final do episódio. O que eu quero ver na verdade é um episódio que tenha a coragem de desenvolver bem um ou dois personagens secundários e histórias paralelas ao plot principal em outros episódios que também desenvolvam esses personagens sem descartá-los ao final. O desenvolvimento de Airiam aqui pareceu mais uma colher de chá que deram para a gente (e para a Airiam) já que a moça iria morrer. Assim fica feio.

Airiam deixa a série. Comoção???

Assim, esse episódio dirigido pelo Frakes acabou não sendo um dos melhores, embora tenha tido um razoável conteúdo dramático. O grande problema aqui é o roteiro fraco e enrolado, que introduz uma ameaça eletrônica com um propósito um tanto furado. Mas o filme também tem suas virtudes, sobretudo no relacionamento entre os personagens (as discussões entre Burnham e Spock e o diálogo afável entre Spock e Stamets). E, principalmente, uma boa lição que Burnham tomou, que é a de não poder assumir todas as responsabilidades o tempo todo. É necessário também aceitar o fracasso, para aprender com ele e se superar. Nada mais humano, vindo de um apologista da lógica. Aí é que está a força do episódio. E esperemos o que vem por aí.

https://www.youtube.com/watch?v=wGuhQ2kQnzM

Batata Movies – Capitã Marvel. Uma Heroína Que Funciona.

Cartaz do Filme

A Marvel dá mais um de seus tiros certeiros com “Capitã Marvel”. Protagonizado pela vencedora do Oscar Brie Larson, esse é um filme que tem o trunfo de um elenco estelar. Senão vejamos: além de Larson, temos as presenças de Samuel L. Jackson, Ben Mendelsohn, Jude Law e Annette Bening. Adicionado ao bom elenco, está o fato de termos em mãos uma boa história, com direito a plot twists. Tudo isso ajudou a alavancar o filme de uma heroína pelo menos em tese menos conhecida que um Homem Aranha, Hulk, Thor ou Capitão América. E podemos dizer que a forma como a película foi construída ajudou muito a popularizar a nossa capitã. Vamos lançar mão dos spoilers aqui.

Brie Larson convenceu, e muito!!!!

O plot é o seguinte. Duas espécies alienígenas, os kree e os skrull, estão em guerra. E aí, uma terráquea, Carol Danvers, (interpretada por Larson) acaba envolvida nessa briga. Os kree, num primeiro momento, parecem ser uma espécie galante e nobre, ao passo que os skrull são violentos e feios.

Samuel L. Jackson arrebenta como um jovem Nick Fury…

Mas esse filme é um tremendo de um jogo de gato e rato, onde o que parece ser uma coisa pode depois ser completamente outra. E essa sequência de plot twists deixam a história divertida, com nossa própria protagonista não sabendo muito bem qual é a sua verdadeira identidade. Outro detalhe interessante do filme é a época em que ele se passa: 1995. Então, podemos ver e experimentar piadas referentes àqueles dias, tais como a demora para baixar um arquivo no PC ou os filmes que passavam no período, quando nossa protagonista cai numa loja do Blockbuster. Até Stan Lee (homenageado na vinheta de abertura em função de sua morte) em sua aparição na película, lia um roteiro de “Barrados no Shopping”, de Kevin Smith, filme em que ele fez uma participação naquela época.

Annette Bening, simplesmente deslumbrante e maravilhosa!!!

Ou seja, a Marvel continuou muito eficiente em sua parte de humor, sobretudo quando falava de gatos. Houve, também, a aparição do tesseract, o cubo cósmico que tem a capacidade de transformar qualquer desejo em realidade. Instrumento valioso para “Vingadores: Ultimato”? Provavelmente. Falando nisso, temos duas cenas pós-créditos na película que têm relação justamente com “Vingadores: Ultimato” e o tesseract.

Jude Law, menos tempo de tela…

E os atores? Foi muito legal ver a atuação de Brie Larson. A moça fez jus à sua premiação de Oscar de Melhor Atriz e esbanjou muito carisma, ao contrário do que podem pensar alguns que não gostaram muito da escolha de Larson para o papel. Ela teve, por exemplo, uma excelente química com Samuel L. Jackson, que fez um jovial e muito engraçado Nick Fury.

Os kree, nobres guerreiros que não são galak…

Pode-se dizer que essa dupla protagonizou até bons momentos de alívio cômico na história. Outra atriz que teve uma atuação muito esplendorosa foi Annette Bening, seja como a “mocinha” de gestos maternais com Carol Danvers, seja como uma maligna líder kree (eu disse que o filme tem muitos plot twists). Poucas vezes a gente vê um ator usando com tanta eficácia a expressividade da face como Bening, principalmente aqui nesse filme.

Os skrull, chatos, bobos e feios. Mas será que é isso mesmo???

Gosto muito de ver atores medalhões em filmes de super-heróis, pois eles dão mais credibilidade a todo o conjunto, ainda mais para esse tipo de filme, que o senso comum diz que se apoia quase que inteiramente à pirotecnia dos efeitos especiais. Jude Law, por sua vez, foi uma espécie de mentor kree para Danvers, mas mesmo tendo um plot twist com ele também, a sua atuação pareceu mais apagada se comparada à dos atores acima citados. Deu a impressão que Law teve menos tempo de tela que os demais. Entretanto, ele foi bem em todos os momentos em que apareceu.

Depois desse filme, você nunca mais vai querer um gato em casa…

Dessa forma, “Capitã Marvel” é um grande filme da Marvel, apesar de não ser o melhor de todos (ainda prefiro “Pantera Negra” e Thanos que se lasque). Mesmo assim, foi legal ver Brie Larson interagindo com esse Universo mais por seu carisma na interpretação do que pelo quesito físico da linguagem corporal das batalhas (é dito por aí que a atriz muito se preparou fisicamente para o filme, fazendo ela mesma várias cenas de luta). Foi também bacana ver um novo Nick Fury com Samuel L. Jackson dando uma outra leitura para o personagem. Annette Bening foi a cereja-surpresa do bolo. E agora resta a nós a torcida pela capitã arregaçar Thanos em “Vingadores: Ultimato”, já que os demais super-heróis ainda parecem muito deprimidos com a derrota de “Guerra Infinita”. Que o Homem Formiga saia também do mundo quântico e protagonize muitos momentos de alívio cômico com a capitã. A plateia agradece.

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 8) Se Não Falha A Memória. Fan Service Para Os Dinossauros.

Referência direta a “A Jaula”…

Mais um episódio da segunda temporada de “Jornada nas Estrelas Discovery”. “Se Não Falha a Memória” pode ser considerado mais um bom episódio da série, considerando o rodízio episódios bons – episódios ruins, e bom também pelo fato de que ele é um tremendo fan service para os trekkers mais antigos, pois faz uma alusão direta ao primeiríssimo episódio piloto de Jornada nas Estrelas, “A Jaula”. Temos, inclusive, a aparição de cenas originais de “A Jaula” no início do episódio, até talvez para que os fãs mais novos que não tiveram contato com outras séries e momentos de Jornada nas Estrelas pudessem conhecer a referência.

As plantinhas ainda estão lá…

Vamos ao plot. A Seção 31 conversa com o comando da Frota Estelar (é a entidade secreta mais conhecida da galáxia) e eles acertam que vão colocar as naves para procurar Burnham e Spock, com exceção da Discovery, por motivos óbvios (Pike é o capitão de Spock e Burnham é tripulante). Mas a Discovery deve relatar à Seção 31 imediatamente se Burnham entrar em contato. A Imperatriz passa essas ordens para Pike, sem falar por que a Discovery está fora da busca, obviamente, e Pike desobedece parcialmente a ordem, ficando parado mas tentando rastrear Burnham, para desespero de Tyler, que prefere que a moça se vire sozinha, pois tem (como sempre) toda a capacidade para isso. Enquanto isso, Burnham e Spock chegam a Talos IV e encontram um enorme buraco negro. Burnham tenta se desviar mas Spock a impede, pois o buraco negro é uma ilusão imposta pelos talosianos como defesa. Enquanto isso, Culber e Stamets se desentendem. O médico não mais sabe quem é e não aguenta mais as investidas do engenheiro, pedindo para que ele tome o seu próprio caminho. Culber também vê Tyler na nave, ficando muito revoltado. Em Talos IV, Burnham encontra Vina e esta fala de toda a história que vimos em “A Jaula”. A moça fala que os talosianos querem ver Burnham e Spock. Eles propõem salvar Spock de sua loucura e dar acesso da mente de Spock a Burnham em troca dos dois compartilharem seu passado de dor com os talosianos. Burnham, como uma menina mimadinha, se recusa a princípio (difícil de entender isso, pois saber o que Spock tem em sua mente é vital para a questão do Anjo Vermelho), mas Vina a convence, mostrando seu rosto cheio de cicatrizes e dizendo que os talosianos não são tão maus como parecem, pois eles lhe deram uma nova vida. Burnham concorda desde que veja a mente de Spock primeiro. A visão de Spock começa com a fuga de Burnham pela floresta vulcana. O menino vê tudo e percebe quando Burnham é perseguida por uma espécie de cachorrinho do mato (um inseto que existe aqui na minha área) gigante. Spock fala com os pais, que a salvam. Spock viu o anjo pela primeira vez ali naquela situação. Anos depois, ele recebe um sinal para ir a um planeta remoto e se depara com o Anjo. Ele faz um elo mental com o anjo e a cara de Burnham aparece (essa sequência dá uma pista – que pode ser falsa ou não – de que Burnham seria mesmo o tal Anjo Vermelho); logo depois, ela vê uma guerra com muitos planetas sendo destruídos, extinguindo a vida na galáxia. Depois disso, a gente vê os dois irmãos batendo muita boca, com Burnham levando a melhor em alguns momentos e Spock levando a melhor em outros. Pelo menos me pareceu que Spock deu mais foras na Burnham (havia muito mais em jogo do que uma mera querela familiar) e confesso que gostei da interpretação do Ethan Peck também por causa disso. Ele foi bem contido, sem inventividades, fazendo o arroz com feijão. E conseguiu convencer com isso, sobretudo com sua voz grave que lembrava Nimoy e também o seu avô, o Gregory Peck, que daria até um bom vulcano vendo essa interpretação de seu neto agora. Mas, voltando ao plot. Spock dá a entender que o anjo tem pensamentos humanos, onde o desespero e a solidão dão a tônica. Os talosianos ainda fazem Burnham ver o que aconteceu com Spock na clínica psiquiátrica e viram que ele fugiu sem matar ninguém, apenas aplicando o toque neural vulcano. Na Discovery, Saru diz a Pike que muitos dados estão sendo enviados para um destino desconhecido e sem autorização. Pike pede que Saru investigue quem manda esses dados para fora da nave. Ainda, Culber sai na porrada com Tyler, com o consentimento de Saru e os dois param de brigar quando um diz para o outro que não sabe mais quem é, ou seja, a briga foi boa no sentido de que houve uma identificação entre os dois. Será que vai rolar algo? Agora, que a pancadaria foi muito pior que o Mortal Kombat da Burnham com a Imperatriz, ah isso foi! Como eles brigam mal!!! E, para piorar a situação, Saru ainda disse ao capitão que deixou os dois brigarem, pois achava que era assim que dois homens deviam resolver seus problemas, ou seja, mais uma questão do macho alfa em pleno século 23 (até Culber quis ser macho alfa, só espero que ele não vire homofóbico agora). Mesmo que digam que Kirk era o macho alfa por excelência, ainda creio que tais equívocos do passado não precisavam se repetir aqui numa série de 2018 falando do século 23. O machismo no futuro deveria ser encarado na série como uma questão já superada e não colocada de forma tão escrachada desse jeito para justificar um empoderamento feminino das personagens com mais protagonismo. As coisas deveriam ser mais espontâneas ao invés de forçadas. Pelo menos, Pike disse que essa situação não deve se repetir, já que a violência não leva a nada e o código de conduta deve ser cumprido. Tenho gostado mais dessa postura de capitão que o Pike tem tomado nos últimos episódios, pois a tripulação da Discovery é rebelde demais e tem horas que o capitão realmente precisa subir nas tamancas.

Vina again…

Voltando novamente ao plot, Pike retorna para sua sala e reencontra Vina, que conversa sobre o passado dos dois e mostra ao capitão uma transmissão subespacial onde Spock e Burnham o põem a par de tudo. Pike decide ir para Talos IV depois da conversa com Burnham e Spock, mas o motor de esporos foi sabotado. A culpa recaiu sobre Tyler, sob a alegação de que ele queria manter a nave parada (tal como queria a Seção 31) e que as mensagens foram enviadas por ele (acharam seus códigos de acesso na transmissão das mensagens). Usando o argumento de que a Seção 31 faz técnicas neurológicas invasivas e Tyler pode ter sofrido tudo isso sem saber, Pike o confina a seu alojamento. E Airiam, com a maior cara de inocente, e as luzinhas vermelhas piscando em seu olho. Em Talos IV, Spock e Burnham, pelo acordo com os talosianos, devem compartilhar suas dores do passado. Burnham fugiu de casa, pois era uma ameaça para a família por causa dos extremistas da lógica. Mas Spock não queria que ela fosse embora. Assim, ela o ofendeu profundamente, para que ele pudesse sentir raiva dela e ela poder ir embora. Ele disse que essa foi uma atitude lógica e que o fez seguir seu caminho. Mesmo assim, o diálogo mostra um ressentimento muito forte entre eles, o que deixa Burnham arrasada.

Emocionante reencontro com Pike…

A Discovery chega a Talos IV com a nave de Leland em seu encalço, mesmo que Pike tenha tentado despistar a Seção 31. As duas naves travam o transporte em Spock e Burnham, podendo despedaçá-los. Pike recua, aconselhado por Vina, e deixa os dois irem para a nave da Seção 31. Mas na verdade, a presença dos dois na nave de Leland era uma ilusão talosiana e Burnham e Spock retornam para a Discovery na nave auxiliar. Spock dá um pequeno sorriso ao rever Pike ao vivo (alusão ao sorriso de Spock Nimoy em “A Jaula”). O episódio termina com a Discovery tendo que resolver o problema do Anjo Vermelho (e da futura destruição de toda a vida na galáxia) e ainda fugir da Seção 31 e da Federação, que estão em seu encalço.

Deixa os machos se entenderem!!!

O que podemos dizer mais desse episódio? A gente pode considerar que esse foi o verdadeiro episódio de estreia de Spock em Discovery, pois no episódio anterior seu estado meio lunático ainda não dava para se tirar qualquer impressão do que seria Spock na série. Retirando o fato de que sempre é bom ver Spock de volta, volto a dizer que comprei a atuação de Ethan Peck. Alguns acham a atuação de Zachary Quinto melhor. Talvez. Me parece que Quinto estudou mais o personagem, havendo a vantagem dele ter podido interagir com o próprio Nimoy. O problema foi a emotividade excessiva que Spock sofreu no Abramsverse. Agora, Peck faz um feijão com arroz, sem muitos trejeitos e que rende bem, mesmo quando tem que se passar por algumas falas ruins como vimos depois que os talosianos obrigam os irmãos a reabrir as feridas do passado. Aquela fala onde ele deixa claro que perdeu tudo foi bem desnecessária. A gente aceita até o momento em que ele diz que mergulhou de cabeça na lógica para não ficar suscetível à experiências emocionais como as que ele teve com Burnham, mas depois ele destrói esse argumento dizendo que ele perdeu tudo, até a lógica. Típica coisa mal escrita por causa de um exagero dramático. Pelo menos, espero que Discovery apresente Spock de uma forma bem mais lógica do que emocional nos próximos episódios, pois aqui ele soube levar as querelas emocionais com Burnham sem explosões de paroxismo. Que continue desse jeito.

Um bom Spock…

A ideia de Talos IV foi boa, pois além do fan service, o argumento de trazer de volta os talosianos foi a capacidade deles de curar Spock e de ser um terreno propício para os dois irmãos interagirem, ligando suas mentes. Ou seja, não se fez aqui um fan service jogado de qualquer jeito. A argumentação para se trazer os talosianos foi válida e encaixou bem na história do arco principal, aproximando mais Discovery de Jornada nas Estrelas.

Confesso que ainda me assusta a ideia de que o Anjo Vermelho pode ser a Burnham. Dar um protagonismo excessivo à essa personagem é um dos problemas mais graves dessa série e a história ir nessa direção só pioraria esse problema. Seria muito melhor a meu ver um personagem inteiramente desconhecido como Anjo, mas pelo rumo que a história está tomando (que o Anjo vem do futuro e é humano) parece que vai ser alguém conhecido mesmo. Que os roteiristas da Discovery não sejam tão óbvios como na temporada passada quando a característica klingon de Tyler ficou bem clara muito cedo.

Relação ainda conflituosa com a irmã…

Agora, que está muito engraçadinho a Airiam com a maior cara de inocente e dando uma volta em todo mundo, ah isso está. Sei não, estou achando essa tripulação incompetente demais para demorar tanto a detectar esse problema. Não se roda um diagnóstico nessa nave e se detecta logo uma invasão do sistema? Eles pelo menos poderiam ter detectado o problema e já começado a investigar demorando um tempo até chegar a Airiam. Do jeito que está, do tipo, “ah, tô enganando todo mundo!” pega meio mal.

… mas, para sacanear a Seção 31, vale até uma aproximação…

No mais, a coisa da Discovery agora estar contra tudo e contra todos, com a Seção 31 e a Frota Estelar juntas atrás da nave como vilãs, dá um ingrediente novo à história, embora isso não tenha a menor cada de Jornada nas Estrelas, devo dizer. Primeiro que a Seção 31 é ultrassecreta originalmente e aqui ela é mais conhecida (desculpem a piada infame) que o agente secreto português Manoel do terceiro andar (todo mundo sabe quem é). E mais: a Federação e a Frota Estelar, utópicas como elas só, seriam tão distópicas agora? Muito esquisito isso. Por isso que eu começo a entender Discovery como uma livre adaptação de Jornada nas Estrelas, sem a menor necessidade de seguir qualquer cânone, assim como aconteceu no Abramsverse. Só gostaria que os roteiristas e os vários showrunners (já estamos chegando ao quinto, caramba!) pensassem o mesmo, pois engolir algumas coisas goela abaixo como cânone está sendo sofrível.

De qualquer forma, “Se Não Falha A Memória” foi um bom episódio. Tivemos um bom fan service e um bom Spock. A nave agora segue como uma renegada, perseguida por todo mundo, e fica a expectativa em cima da Airiam e de Culber. E que o Stamets tenha melhor sorte, tadinho. Deu dó dele nesse episódio.

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 6) “O Som Do Trovão”. Saru Nervoso.

Saru tenta dar uma força para Culber…

O sexto episódio da segunda temporada de “Jornada nas Estrelas Discovery”, “O Som do Trovão”, confirma uma tendência na série esse ano. Episódios bons, ou razoavelmente bons, são alternados por episódios mais fracos. A bola da vez aqui é um bom episódio, obviamente com alguns problemas, e que tem novamente Saru como a figura central (por que será que, nos bons episódios de Discovery Saru sempre tem um destaque?).

Opa, de quem é o comando???

Bom, vamos ao plot. Um novo sinal brilhante aparece justamente em cima de Kaminar, o planeta dos kelpianos. A Discovery vai lá para investigar, mas os ba’uls não respondem às frequências de saudação. Pike decide então enviar Burnham para a superfície para interagir com uma aldeia kelpiana e seu pastor, uma espécie de porta-voz entre os kelpianos e os ba’uls que existe em toda a aldeia kelpiana. Mais uma vez teremos a violação da Ordem Geral Um (é usado o argumento de que eles precisam saber o que é o anjo vermelho, que a missão é muito importante, etc). Saru, um pouco ansioso, quer ir, mas Pike acha que seu primeiro oficial ainda não está lidando bem com as mudanças em seu organismo (espinhos apareceram no lugar dos gânglios de medo e Saru parece cada vez mais descolado de qualquer medo e com uma agressividade crescente). Saru peita Pike na ponte e Burnham (sempre ela) coloca panos quentes, dizendo que Saru será importante no contato com os locais, pois a moça é uma alienígena para eles. Na superfície do planeta, Saru encontra Siranna, sua irmã, que agora é pastora e está revoltada com o desaparecimento do irmão, em virtude do medo de retaliações dos ba’uls, que poderiam achar que ele fugiu da sua imolação para o Grande Equilíbrio. A aldeia é chacoalhada por um ataque dos ba’uls e Saru e Burnham retornam à Discovery. Os ba’uls contactam a nave. Eles querem Saru de volta para que se restaure o Grande Equilíbrio, deixando o kelpiano louco de raiva e, ao mesmo tempo, desesperado pois seu povo pode ser atacado a qualquer momento. Pike finalmente coloca ordem na casa e ordena que Saru saia da ponte. Este vai para a sala de transporte e se teletransporta para se entregar. Mas se materializa dentro de algo que parece ser uma construção ba’ul. Siranna também é teletransportada para lá. Enquanto isso, Burnham e Tilly descobrem, com os dados da esfera do episódio “Uma Moeda Para Caronte”, que depois que os kelpianos passavam pelo vahar’ai no passado, eles ficavam muito agressivos e matavam os ba’uls, logo eram esses últimos a verdadeira presa. Os ba’ul então exterminaram os kelpianos pós-vahar’ai e passaram a matar os demais quando chegavam na iminência do vahar’ai, fazendo o Grande Equilíbrio. Saru consegue, depois de se revoltar contra os ba’uls, entrar em contato com a Discovery e eles têm a magnífica ideia de acelerar o vahar’ai de todos os kelpianos do planeta, à despeito da Ordem Geral Um mais uma vez, para mostrar aos ba’ul que os kelpianos também têm um lado racional no pós-vahar’ai. Pike chega até a questionar se isso não será perigoso, mas Burnham diz que os ba’ul têm uma tecnologia mais avançada e o vahar’ai abreviado não seria um perigo para eles. Entretanto, ao perceberem o plano da Discovery, os vahar’ai acionaram seus totens nas aldeias kelpianas para destruir todos os seus habitantes. É nessa hora que o anjo vermelho entra em ação e desativa as armas dos ba’uls. Saru consegue ver o anjo vermelho com sua visão mais aguçada e constata que ele tem uma forma humanoide feminina, com um traje mecânico e com uma tecnologia mais avançada que a da Federação. Siranna retorna à sua comunidade e começa a trabalhar um novo equilíbrio, não sem antes fazer as pazes com o irmão.

Saru, nervoso, peita Pike que, finalmente, dá uma resposta à altura…

O que esse episódio tem de coisas positivas? Em primeiro lugar, ele tem como referência o melhor Short Trek, “The Brightest Star”, onde vemos como Saru saiu de seu planeta, além de conhecermos a existência dos ba’uls e do Grande Equilíbrio. Se naquele curta a gente via a coisa de forma muito maniqueísta, com os ba’uls sendo os predadores malvados e os kelpianos as presas vítimas, aqui a coisa foi problematizada e passamos a compreender a importância dos ba’uls manterem o equilíbrio, mesmo que não concordemos com a matança dos kelpianos. Só foi uma pena a gente não ver especificamente a criação de uma nova ordem, onde os kelpianos e os ba’uls deveriam se encontrar para estabelecer acordos e termos. De qualquer forma, se os roteiristas de Discovery tiverem suas cabecinhas iluminadas, esse episódio poderia dar uma boa sequência no futuro, ou seja, a Discovery poderia voltar lá depois de alguns meses e ver como está o andamento desse novo equilíbrio. Novos conflitos, por exemplo, poderiam surgir, e Saru, junto com Siranna, poderiam ter um papel determinante na resolução desses conflitos, ao invés de Burnham sempre resolver tudo. Assim, aquela relativização que víamos nas séries antigas de Jornada nas Estrelas aparece aqui envolvendo o personagem mais solene, que acaba saindo de sua zona de conforto por estar sentindo as transformações em seu organismo, perdendo o medo que define sua espécie e caindo numa agressividade que ele precisa aprender a controlar. Esse elemento novo deixou Saru muito mais interessante.

Saru encontra Siranna. Vamos tomar um chá?

Podemos falar, também, um pouco de Pike. Nesse episódio ele foi mais capitão e tomou mais as rédeas da situação. Dava dó de ver como sua autoridade foi um tanto desrespeitada nos últimos episódios (chegou uma hora em que a tripulação trabalhava na ponte em momentos de crise sem lhe dar a mínima satisfação e ainda aparecia um close da cara dele embasbacado; isso é muito tiro no pé, ao invés de um suposto alivio cômico, o que parece ter sido a intenção aqui). Dessa vez, ao contrário, ele falou de forma grossa com os ba’uls, mas também foi diplomático quando preciso, indo bem ao estilo de um capitão da frota. E, principalmente, deu um grito em Saru depois de todos os seus chiliques e uma clara afronta de autoridade em plena ponte. Definitivamente, Pike merece mais respeito e ele fez se impor dessa vez.

Culber e Stamets. O médico se sente estranho…

E Culber? Eu disse na análise do último episódio que gostei da volta do médico, à despeito da forma miraculosa como a rede micelial fez isso. E por que eu gostei? Por que isso pode trazer mais Stamets para a série, que é um personagem bem interessante, e sem a necessidade dos micélios a tiracolo. E parece que o episódio começou a tatear isso, pois Culber é uma cópia perfeita do original, mas ainda assim não é o Culber propriamente dito. Isso provoca um certo conflito no médico, que pode ainda trazer problemas para a relação entre ele e Stamets. Provavelmente virá algo por aí nesse sentido.

Agora, vamos aos problemas. Em primeiríssimo lugar, mais uma vez a Ordem Geral Um foi vilipendiada aqui, sempre com o argumento de que se deve descobrir o que é o anjo vermelho e o pulso de energia, o que levou Burnham e Saru a entrar em contato com a civilização pré-dobra dos kelpianos. Mas isso foi o de menos, pois houve uma violação pior, muito pior, que foi justamente acelerar o vahar’ai dos kelpianos para provar que eles podiam interagir pacificamente com ao ba’uls mesmo depois da transformação. A coisa não poderia, em hipótese nenhuma, ser feita desse jeito, pois houve uma alteração direta nos corpos dos seres daquela civilização sem qualquer autorização deles. É a mesma coisa que alguns médicos um tanto malthusianos fazem de esterilizar mulheres pobres depois que elas dão à luz, sem o conhecimento delas. Ninguém tem propriedade sobre o corpo de ninguém e isso extrapola a violação da Ordem Geral Um. Talvez a saída aqui fosse alguns kelpianos terem passado pelo vahar’ai no momento de crise (colocando-se que o Grande Equilíbrio momentaneamente não estivesse sendo cumprido) e aqueles kelpianos pós-vahar’ai, juntamente com Saru, convencessem os ba’ul de que a convivência poderia ser pacífica. De qualquer forma, dá para perceber que toda essa querela entre as duas civilizações não pode ser resolvida em somente um episódio de forma muito enxuta. Ela poderia ser perfeitamente mais bem trabalhada num segundo episódio no futuro. Caso contrário, fica a impressão de um desfecho falso.

Saru e Siranna fazem as pazes, depois de muitas turbulências…

Uma coisa que me assusta é o que anjo vermelho poderia ser. A sua forma feminina gerou especulações de que poderia ser Burnham vindo do futuro resolvendo algum problema, já que os sinais e o anjo teriam alguma coisa a ver com viagens temporais, como tem sido ventilado nos episódios. Sei não, esse negócio de colocar importância demais na protagonista não é algo que será bom para a série. Já falei aqui que gosto da Burnham quando ela está mais fragilizada e interage mais com a tripulação. Para mim, não há problema em ela chorar tanto desde que ela desça um pouco do pedestal em que a colocaram. Achava melhor que o anjo fosse algo completamente novo, quem sabe até um elemento para ser melhor desenvolvido na terceira temporada. Espero que os roteiristas não estraguem essa ideia do anjo que, confesso, acho boa em seu mistério.

Um ba’ul. Argh!!!

Dessa forma, mesmo com alguns problemas, o episódio “O Som do Trovão” foi relativamente bom a meu ver, pois pegou e desenvolveu a boa ideia mostrada em “The Brightest Star”, confirmando que Saru é realmente um dos personagens mais interessantes da série. Só espero agora que não tenhamos outra bomba no próximo episódio, até porque a terceira temporada de Discovery já está confirmada e a série precisa de mais regularidade. Tempo para isso ela vai ter. Mas a produção dela precisa ser sem percalços, não havendo demissões, remontagens ou refilmagens, pois isso passa a impressão de que a série é uma enorme colcha de retalhos. E fica feio, depondo contra ela mesma. Vamos ver o que vem por aí.

https://www.youtube.com/watch?v=LuhH9JNF8AA

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 5) “Santos Da Imperfeição”. Micélios, Micélios, Micélios.

Georgiou de volta!!!

O quinto episódio da segunda temporada de “Jornada nas Estrelas Discovery”, “Santos da Imperfeição”, foi mais fraquinho do que o anterior. Mas trouxe algumas pontas geradas lá no terceiro episódio. E também trabalhou novamente com a rede micelial que, uma hora, precisa ser fechada e limada da série, dado o seu absurdo até como ficção científica. Mas foi um episódio que também teve alguns pontos bons, como a volta do Dr. Culber, apesar da ópera do absurdo orquestrada em torno disso.

Tilly e a sua amiguinha caçando um monstro…

Bom, vamos ao plot. Ele começa com mais um daqueles intermináveis monólogos da Burnham (pensei que eles já tivessem desistido disso, mas não), até que a Discovery consegue interceptar a nave de Spock que resiste a uma tentativa de comunicação. Depois de conseguir desabilitar a nave do Vulcano, o teletransporte é acionado e é a Imperatriz que aparece. Ela diz que faz parte da Seção 31 e que tinha a missão de interceptar Spock, mas que ele já havia desaparecido da nave quando ela chegou. Leland, o capitão da nave da Seção 31, pede a Pike que libere a Imperatriz e deixará Tyler na Discovery como observador, já que Spock é próximo do capitão e é irmão de Burnham. Enquanto isso, Stamets descobre, usando Lavoisier, que Tilly foi teletransportada pelo fungão para a rede micelial. A moça está realmente lá e encontra a sua amiguinha esquisita May, que diz que a rede micelial está morrendo pela ação de um monstro. A criatura teria chegado depois das intervenções de Stamets na rede micelial. Stamets propõe um mergulho parcial na rede micelial para procurar Tilly, mas os micélios atacarão o casco que vai aguentar por uma hora. Com o mergulho da Discovery na rede, Tilly e sua amiguinha entram na nave. O monstro também entra na Discovery. Elas vão encontrar Stamets e Burnham, contando a história do tal monstro. Gritos ecoam pela nave e acham a criatura que é… Hugh Culber! Ele está coberto por uma casca de árvore que é letal para os micélios. O problema é que os micélios tentavam interagir com o corpo de Hugh e o queimavam. Assim, Hugh cobriu seu corpo para não ser atacado. Hugh sobreviveu pois, quando Stamets achou o corpo do médico, eles estavam imersos na rede micelial e a energia do corpo de Hugh passou para o corpo de Stamets (termodinâmica, foi o que disseram). Mas ao tentar atravessar da rede micelial para nosso espaço, Hugh não conseguia, pois era feito de matéria da rede micelial. Assim, a solução, proposta obviamente por Tilly e Burnham, era pegar uma amostra do DNA de Hugh e colocá-la no fungão para sintetizar o corpo de Hugh no nosso espaço, embora isso fosse fechar o portal para a rede micelial. Enquanto tudo isso acontece, a Discovery está em perigo e recebe a ajuda da nave da Seção 31, através do uso do raio trator, depois de uma “ligadinha” de Tyler, Já livre do perigo, os tripulantes da Discovery vão ao fungão e conseguem retirar Hugh de lá, para a alegria de Stamets (que fofo!). A almirante cara de empada da primeira temporada retorna e dá ordens explícitas a Pike e a Leland para procurarem Spock juntos. O episódio termina com mais um monólogo interminável de Burnham.

Stamets e Culber de volta juntos…

Vamos lá. O que podemos dizer dessa história? Ela até é uma ficção científica relativamente interessante, não fosse os tecnobabbles que encucaram um pouco a coisa. Por exemplo, Hugh não morre pois passa sua energia por termodinâmica para Stamets e quando este está na rede micelial essa energia é transferida para lá e se manifesta no formato de Hugh novamente. Meio louco. Se bem que Spock também ressuscitou no Planeta Gênese. Mas aqui parece um pouco forçado. Ainda mais quando Hugh não consegue atravessar para o espaço comum e uma amostra de seu DNA é extraída para entrar em contato com o fungão e materializar um Hugh novinho em folha. Taí o exemplo de uma ficção científica demasiadamente forçada de forma desnecessária. Teria sido melhor o médico atravessar do espaço micelial para o normal. Entretanto, Burnham disse que isso poderia matar as pessoas todas distorcidas se ocorresse. Como eles atravessaram então? Por que na gaiola do Stamets esse efeito de distorção não ocorre? Percebe-se que o uso indiscriminado de tecnobabbles acaba provocando uns furos meio esquisitos. Tudo poderia ser um pouco mais simplificado aqui a meu ver. Fica difícil até para o espectador acompanhar a lógica de tanta tecnobaboseira. Apesar de tudo isso, gostei da volta de Hugh Culber, ainda mais por causa do Stamets, que é um ótimo personagem que deveria ser mais aproveitado. Quem sabe isso não acontece, pois temos finalmente um par romântico estável novamente nessa série e que muito provavelmente não vai rolar DR, já que eles adoram falar de ópera?

Esse também foi um episódio com uma Tilly e uma Burnham menos boladonas. O resultado disso? Tilly já voltou a ter uma fala constrangedora (a do rifle do grau 3) e os monólogos difíceis de engolir da Burnham deram o ar de sua graça. Ainda acho que essas duas personagens, que têm mais tempo de tela que os demais personagens da nave, devem interagir mais com eles, dando um espírito de camaradagem e companheirismo à toda a tripulação. Isso é fundamental em “Jornada nas Estrelas” e víamos tal situação nas outras séries. Sim, sei que na série clássica havia uma atenção maior na tríade Kirk-Spock-McCoy, mas os demais personagens da série não eram tão esquecidos quanto alguns que vemos em “Discovery” (novamente todos aqueles personagens da ponte, que deviam ser mais acionados nos episódios).

A coisa da Seção 31 se aliar à Discovery (compulsoriamente, diga-se, por ordem direta da almirante cara de empada) pode ser algo interessante a meu ver, se for bem escrito. Está parecendo que a nossa Imperatriz quer pegar o Spock primeiro para poder abrir sua caixa de ferramentas de maldades contra o Vulcano. E aí, a busca por Spock vai mais se tornar uma competição entre a Discovery e a Seção 31, introduzindo aí um elemento dramático novo nessa parte da série. Se isso for usado de forma inteligente (o que nem sempre acontece em “Discovery”), pode dar bons frutos. Mas, ainda falando da Imperatriz: como ela disputou com Burnham o prêmio de “caras e bocas da semana”! As mordidas que Georgiou deu naquela maçã se travestindo de princesa do pecado, para depois ainda imitar uma cobrinha na cara de Burnham foram o suprassumo da vergonha alheia, mesmo com a Michelle Yeoh sendo uma excelente atriz. Da mesma forma que Burnham ficou com a boca aberta, sem sair uma palavra, pois foi impedida por Pike de retrucar uma provocação de Leland, o capitão da nave da Seção 31.

A almirante cara de empada voltou!!!

Por fim, mais uma palavra rápida sobre os micélios. Assim como os hologramas serão substituídos por telas para se adequar ao cânon da série clássica, uma hora essa rede micelial terá que ser chutada para escanteio também. Parece que os roteiristas já estão preparando a cama para isso. Eu realmente espero que aconteça logo, pois esses micélios estão ficando cada vez mais complicados e implausíveis, ainda mais depois desse episódio. Um tecido vivo que está no subespaço e permeia todo o multiverso é algo determinístico demais para o Princípio da Incerteza de Heisenberg, cuja teoria justamente trabalha o multiverso dentro de um contexto mais probabilístico. Agora, a rede micelial ainda pode trazer a vida de volta, associado com termodinâmica? Isso não é mais ficção científica, é uma papagaiada exponencial de quem quer fazer algo espetacular demais e erra na mão. Está na hora de abandonar essa ideia. Uns buraquinhos de minhoca artificiais criados por uma civilização alienígena não seriam de todo ruim perto desse monte de cogumelos. Aliás, cogumelos aqui estão no chá dos roteiristas que criaram a rede micelial.

Chega de micélios pelamordedeus!!!!!

Dessa forma “Santos da Imperfeição” é um episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery” que têm virtudes mais pela volta de Hugh e pela Seção 31 no encalço da Discovery em sua busca por Spock. E seu problema está na famigerada rede micelial, cada vez mais implausível e que deve ser abandonada o mais rápido possível. Esperemos que os roteiristas estejam de comum acordo e já estejam preparando a tecla eject dos micélios, que foi um pouco o que pareceu aqui nesse episódio. Vamos ver o que vem por aí.

https://www.youtube.com/watch?v=3KEVU-v-hYk