Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 1, Episódio 14). “A Guerra Por Fora, A Guerra Por Dentro”. Desperdício No Finalzinho.

                                               Um Sarek permissivo…

E chegamos ao penúltimo episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery”. Qual é a primeira sensação que esse episódio nos dá logo de cara? Desperdício. E justamente ao finalzinho da temporada. Esse episódio, sobretudo, foi para dizer que a Federação foi praticamente aniquilada pelos klingons, para colocar Tyler e L’Rell para escanteio (a menos que uma espetacular reviravolta aconteça no último episódio, esperemos que sim) e para colocar a Imperatriz como capitã da Discovery, restaurando o clima de neurastenia entre a tripulação, que nem sabe que não está com sua Phillipa. Além do retorno de Sarek e da Almirante “cara de empada” Cornwell, comprovando aquela teoria de que todo almirante da Federação é um bunda mole (foi lamentável vê-la sem ação depois de constatar a destruição da Base Estelar 1 e ainda chamar T’Kuvma de ignorante na cara de L’Rell, mesmo que ela ainda estivesse atordoada com a destruição da base; isso não é postura de militar de alta patente, que tem por obrigação controlar suas emoções). Ainda, ficou bem claro que Burnham trouxe a Imperatriz para a Discovery porque não queria perder Phillipa mais uma vez, em mais uma de suas atitudes tresloucadas (pelo menos, a Imperatriz foi usada para algo nesse microarco final, como não podia deixar de ser). O que incomoda aqui é que vemos a Discovery somente fugindo dos klingons. Nem uma batalhazinha espacial para aquecer para o Gran Finale do décimo-quinto episódio. Esse décimo-quarto episódio poderia muito bem terminar com a Discovery encurralada pelos klingons ou algo parecido. Tudo pareceu muito tácito e letárgico nesse episódio cheio de diálogos que mais enchiam o saco, principalmente a DR entre Tyler e Burnham (e como soou artificial todo mundo chegando lá para falar com o Tyler, mesmo que Discovery quisesse passar a imagem trekker de tolerância) . Agora que estamos no final, a gente precisava de um pouco mais de ação. A impressão que fica é a de que, ao retornar do Universo Espelho, a Discovery retornou também o marasmo de alguns episódios do Universo Prime, num contraste com o último episódio, que aí carregou demais nas tintas da ação.

                                                             Sai Saru…

E Stamets com os micélios? É, definitivamente os roteiristas vão insistir nisso. A “terraformação” daquela luazinha morta com os micélios traz os esporinhos de volta e os roteiristas não desistem dessa ideia que não está lá na Série Clássica e é absurda demais até com licença poética, pois fala de tecidos vivos no espaço sideral e imagina um motor com velocidade infinita, algo totalmente impossível e meio que absurdo até numa série com tecnologia de dobra.

                                                … entra Cornwell…

Agora, os esporos serão utilizados aqui para um plano para lá de inusitado, sugerido pela Imperatriz, ou seja, um ataque direto a Qo’nos, o planeta natal klingon. Como ele não foi mapeado pelos humanos, a ideia (sensacional) é usar o motor de esporos para se transportar para o interior do planeta e mapeá-lo de dentro para fora para depois atacá-lo. Ideia brilhante dos roteiristas? Sei não, é muita papagaiada demais para a minha cabeça. Eu creio que dava para fazer algo instigante, até original, mas não tão surreal. Do jeito que ficou planejado isso, nem posso imaginar como ficará o último episódio e todas as coisas que precisarão ser feitas para desatar os nós de toda essa confusão.

                           Uma solução do mal para a guerra???

Mas realmente o que mais deixa a gente perplexo foi a facilidade com que Sarek e Cornwell colocam o comando de uma nave estelar nas mãos (beijadas) de uma terráquea do Universo Espelho. Mesmo que eles se justificassem o tempo todo dizendo que esse movimento era muito arriscado, etc., etc., ainda assim eles deram o comando para a Phillipa de lá. Pelo menos ficaram os olhares de reprovação de Burnham e Saru na ponte, com esse último já sabendo que é uma iguaria no Universo Espelho. Climão tenso…

Bom, com a Imperatriz Georgiou na cadeira de capitão (talvez a única coisa que tenha prestado nesse episódio, apesar da forma inusitada como Sarek e Cornwell deram o braço a torcer), embora eu particularmente ainda queira muito Saru no posto ao invés da tresloucada Burnham como capitão, só resta uma coisa a dizer: rumo às cavernas de Qo’nos. Saímos do espaço sideral e façamos uma Viagem ao Centro de Qo’nos, para delírio dos fãs de Júlio Verne.  Os mais maldosos dirão que a série ia mesmo terminar no buraco. Que se encerre logo a primeira temporada e que os roteiristas façam uma avaliação de seu trabalho para não repetirem alguns absurdos na segunda temporada. Fica, agora, a expectativa pelo desfecho de tudo, se é que vai haver algum…

https://www.youtube.com/watch?v=DeQvi7Qvmuo

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Batata Antiqualhas – Spock e Leonard, Dualidade que se Completa (Parte 13)

              Kirk, em desespero, ao ver o amigo à beira da morte.

Um momento engraçado das filmagens de “Jornada nas Estrelas II, A Ira de Khan” foi o fato de Nimoy salvar Walter Koenig (o russo Checov) de um grande vexame. Ele teve um verme alienígena inserido em seu ouvido por Khan, que se alojava no córtex cerebral e o deixava à mercê das ordens de Khan. Extraído o verme, Checov se apresenta a ponte com uma espécie de curativo no ouvido. Só que o curativo era um… sutiã!!! Nimoy, então, perguntou a Meyer por que Koenig estava com um sutiã no ouvido, o que provocou risadas gerais e o rápido convencimento de que a peça deveria ser descartada da filmagem.

                               Spock e Kirk, no momento derradeiro…

As filmagens avançavam dentro do cronograma e de forma muito confortável para todos. Nimoy dizia que parecia que eles filmavam um velho episódio da série clássica. E a grande mensagem do filme, o efeito destrutivo da vingança, era passada com maestria. Até que chegou o dia da grande contribuição do vulcano, que sacrificaria a sua vida. Na sua sede de vingança, Khan arma o torpedo Gênese para destruir a Enterprise. Kirk precisa de velocidade de dobra em três minutos. Mas somente manipulando um material radioativo muito letal a nave teria velocidade de dobra. Para um humano, tal manipulação era impossível. Mas para um vulcano, três vezes mais forte que um humano, talvez fosse possível tal manipulação antes da morte inevitável. E lá vai Spock cumprir a máxima de que “a carência da maioria sobrepuja a carência da minoria… ou a de um só”. A cena no fim do filme ficou muito mais antenada com o desenrolar do roteiro. Mas, no dia em que Nimoy teve que gravá-la, uma angústia tomou conta não só dele, como de todos. Nimoy se sentia em direção à câmara de gás. E o ambiente do estúdio onde Spock morreria estava silencioso e sombrio. Nimoy, então, se concentrou em seu trabalho. Ele entraria na câmara de radiação, mas seria impedido por McCoy. Para não perder tempo, fez o toque neural no médico para deixá-lo inconsciente. Depois que ensaiou com De Forest Kelley a cena várias vezes, Nimoy foi chamado por Bennett, que perguntou se ele não poderia acrescentar algo à cena que desse um gancho para um novo filme. Nimoy, muito concentrado em fazer seu trabalho naquele momento, não percebia que Bennett queria dar algum futuro para a continuidade de Spock, e não teve sugestões para dar. Bennett sugeriu então que Spock fizesse um elo mental com McCoy desacordado. Nimoy aceitou. E Bennett perguntou o que Spock poderia dizer a McCoy. Nimoy acenou com um “Lembre-se”, algo que era vago o suficiente para abrir grandes possibilidades dramáticas. E assim a cena foi gravada, com um certo contragosto de Meyer, que queria uma definitiva e bem feita morte de Spock.

                                          Lembre-se…

A cena seguinte, a da morte de Spock, causou muito mal-estar em Nimoy. Além do sofrimento com a morte do personagem, houve o agravante da câmara de radiação ser de um vidro hermeticamente fechado, que a tornava muito quente e que provocava dificuldade em respirar. Apesar da câmara ter sido perfurada e ar ser bombeado lá para dentro, as bombas faziam tanto barulho que tiveram que ser desligadas nos diálogos entre Kirk e Spock, excessivamente longos para a situação. O ensaio da cena foi feito. Spock entra na câmara e fez o reparo no equipamento. Logo após, ele ficava caído, e quando Kirk chegava para falar com ele, Spock se levantava, mostrava estar cego e se aproximava do vidro. Enquanto falava com o almirante, escorregava gradativamente pela parede de vidro, até estar novamente no chão e morrer. Concluído o ensaio, Nimoy foi fazer a maquiagem das queimaduras de radiação. O tom do “set” e da sala de maquiagem era silencioso. Apesar de ter certeza de que a cena e o drama ficariam sensacionais, Nimoy estava arrasado, pois Spock iria morrer. De volta ao “set”, todos estavam sombrios e calados. Nem Shatner fazia suas piadinhas habituais. Nicholas Meyer chegou ao estúdio com traje de gala, pois iria assistir a uma apresentação da ópera “Carmen” depois da gravação. Tal atitude magoou Nimoy. Meyer também insistiu que Spock ficasse com as mãos totalmente sujas de seu sangue verde. Mas Nimoy achou aquilo demais e pediu para tirar todo aquele sangue das mãos, sendo atendido por Meyer. Na gravação da cena, Nimoy, ao se levantar, ajeita conscientemente a sua jaqueta, que como já foi dito, repuxava. Esse gesto foi de grande ajuda à cena, pois Nimoy queria que Spock, apesar da agonia física, tivesse a vontade de  aparecer de maneira apropriada e digna ao seu almirante pela última vez. Uma grande dificuldade foi manter a respiração presa depois de morto. A câmara já estava quente demais e a câmara do filme se afastava lentamente, o que obrigou nosso artista a prender a respiração por longo tempo.

Era o fim de mais um dia de trabalho. Mas Nimoy, voltando de carro para casa, só se fazia uma pergunta: “O que foi que eu fiz?”.

No próximo artigo, vamos ver como Spock foi “ressuscitado”. Até lá!

                                                    O funeral de Spock…

Batata Antiqualhas – Spock e Leonard. Dualidade que se Completa (Parte 12)

O velho trio de volta num segundo longa

Nimoy encontrava-se novamente entre dois sentimentos. Um, de desconforto, pois Spock iria morrer. E outro, de enorme entusiasmo por participar de uma história promissora e mais fiel ao espírito da série clássica. Desde já, ele sentiu diferenças com relação ao filme anterior. O vestuário não era mais cinzento, mas com uniformes de cores bem vivas (vinho e branco) que, entretanto, saíam do lugar quando os atores se sentavam, sendo necessário que eles ajeitassem as jaquetas sempre que se levantavam, detalhe que seria crucial na cena da morte de Spock. O primeiro longa tinha, nas palavras do próprio Nimoy, uma influência de “2001, Uma Odisseia no Espaço”, resgatando o misterioso do espaço. Já o segundo filme se chamaria “A Terra Desconhecida”, pois Meyer tirou esse título de uma citação de “Hamlet, de Shakespeare: “Mas esse temor do que existe após a morte, a terra desconhecida, de cujas fronteiras nenhum viajante retorna, intriga o desejo e nos faz suportar os males que já temos melhor do que se nos voltássemos para outros que não conhecemos…”. Bárbaro! Essa excelente ideia de Nicholas Meyer numa alusão à morte de Spock mostrava bem o nível de intelectualidade de “Jornada nas Estrelas”. Mas, segundo Nimoy, “forças superiores” mudaram o título para “A Vingança de Khan”, que foi alterado para “A Ira de Khan” quando foi anunciado que o novo filme de George Lucas se chamaria “A Vingança de Jedi”, também alterado depois para “O Retorno de Jedi”. Hoje sabemos que o título “A Terra Desconhecida” foi utilizado para o sexto longa da série. Além da morte de Spock, a vida também seria tratada através do projeto Gênese, que era de provocar uma terraformação, dando vida à matéria morta. O filme também traria discussões sobre a passagem do tempo e do envelhecimento. Efeitos especiais? Estes ficariam mais em segundo plano desta vez.

Spock e Saavik. Mestre e aprendiz…

Uma pegadinha foi feita para “amolecer” o público. O início do filme mostra o teste “Kobayashi Maru”, onde a cadete vulcana Saavik faz uma simulação como a capitã de uma nave sob ataque klingon. O teste não tem saída e mede a reação dos cadetes a uma situação de morte iminente. Os comandados de Saavik na simulação são os tripulantes da Enterprise e eles, pouco a pouco vão morrendo. Como Spock cai morto, ficou a impressão de que a morte de Spock era de mentirinha. Kirk até pergunta a Spock ao fim da simulação: “você não morreu?”. Mas, como sabemos hoje, a morte estava guardada para o final. Para o vilão, Harve Bennett, que havia visto todos os 79 episódios da série clássica, escolheu Khan, e pensou o longa como uma continuação do episódio “Semente do Espaço”. O que teria acontecido àquela raça humana geneticamente superior do passado (década de 1990, que estava em estado criogênico numa nave) deixada num planeta para recomeçar a vida? O grande vilão e oponente da Enterprise, era interpretado por Ricardo Montalbán, ator latino que impressionava naquela época por fazer o gentil e refinado senhor Rourke da série televisiva “Ilha da Fantasia”, com seu terno branco impecável e sempre acompanhado por seu ajudante anão Tatu. De repente, ele aparece com trajes de um bárbaro, torso musculoso (segundo Nimoy, do próprio Montalban) à mostra e de gestos ora rudes, por seu espírito conquistador, ora refinados, por ser também um intelectual. Um inimigo realmente à altura e que chamou muito a atenção. No filme, é nítida a passagem de Khan de um conquistador com traços de cavalheiro, que na sua obsessão de se vingar de Kirk, vai enlouquecendo gradativamente até a demência total, quando explode a nave que havia sequestrado, a Reliant, com o torpedo gênese, somente para destruir a Enterprise.

Mas o mais importante em “A Ira de Khan” é que a velha química entre os atores da série clássica estava de volta, sobretudo na tríade Kirk, Spock e McCoy, talvez pelo fato do filme abordar o tema do envelhecimento de Kirk. McCoy chega a dizer para o agora almirante, no dia de seu aniversário: “Pegue logo o comando de uma nave espacial antes que você envelheça de verdade”.

No próximo artigo, falaremos mais das filmagens de “Jornada nas Estrelas II, a Ira de Khan”. Até lá!

Khan, interpretado por Ricardo Montalbán. Vilão à altura…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Episódio 12, Temporada 1). Ambição Desmedida. Comendo O Saru.

                                      O encontro com a Imperatriz…

O décimo-segundo episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery” prossegue a saga do Universo Espelho, onde parece que fica bem claro que esse foi o melhor arco da primeira temporada, cheia de problemas e sub-arcos. Esse é um episódio marcado, basicamente, pela descoberta, ao seu final, do que muitas pessoas nas redes sociais já desconfiavam: de que Lorca era do Universo Espelho e todo aquele clima negativo da Discovery era consequência do comportamento tacanho de seu capitão. Mesmo assim, devemos nos lembrar de que a Federação deu também algumas mostras do comportamento errático de Lorca, principalmente quando foi dito que a mesma caçava tardígrados para colocar a tecnologia do motor de esporos em outras naves da Federação em virtude da guerra. Esse ainda não é um comportamento condizente com os procedimentos da Federação Unida de Planetas, constituindo-se num furo de roteiro. Assim, nem essa revelação de Lorca ser do Universo Espelho conseguiu sanar todos os problemas que vimos na série. Pelo menos, rolou uma trairagem entre Lorca, a Imperatriz e Burnham, onde a monarca via Burnham como uma filha, Lorca como seu braço direito e como pai de Burnham, onde depois, com esta mais crescida, sendo seduzida por Lorca, agora também uma espécie de garanhão. Só queria saber onde os biscoitos chineses e os pingos se encaixam em todo esse fuzuê.

Esse também foi um episódio marcado pelo encontro de Burnham com a Imperatriz Georgiou, que teve algo que gerou muita polêmica entre os fãs. Bem ao início do encontro com a Imperatriz, essa pede a Burnham para escolher um kelpiano. Como os kelpianos eram vistos como escravos no Universo Espelho, Burnham pensou que a escolha era apenas para esse propósito. Mas, na verdade, o kelpiano era o prato principal da janta entre Burnham e a Imperatriz. Assim, podemos dizer que Burnham comeu um alienígena da espécie do Saru. Alguns fãs levaram isso numa boa, outros acharam demais. Sei não, mas o trauma em Burnham provocado por esse “canibalismo” humanoide vai ter muito pouco tempo para ser desenvolvido quando toda uma gama de questões terá apenas três episódios para ser resolvida até o fim da temporada. Aliás, esse novo formato de série (com quinze episódios de cerca de quarenta e cinco minutos) parece fazer com que as coisas tenham que ser logo resolvidas, tornando a coisa um tanto que jogada e pouco desenvolvida. E, ainda mais, como ficou parecendo que muita coisa foi sendo mudada ao longo dos episódios (guerra klingon, tardígrados, Mudd, Universo Espelho), como se os produtores estivessem tateando o rumo certo ao longo da produção dos episódios, deu-se a impressão de que tudo ficou ainda mais jogado. A gente espera que, na segunda temporada, haja uma espécie de arco único e uma coesão maior, pois vários arcos numa temporada funcionariam melhor se isso fosse no formato antigo de série (cerca de vinte e cinco episódios numa temporada).

                                             Comendo um kelpiano…

Uma coisa que não encaixou bem na minha cabeça foram as negociações entre Burnham e a Imperatriz. A Burnham do Universo Espelho estava conspirando para tomar o poder da Imperatriz e, por isso a mesma iria executar a primeira. Foi aí então que Burnham abriu o jogo e disse que era do Universo Prime e que precisava dos dados da Defiant para voltar. A Imperatriz disse que tais dados não seriam úteis, pois quando a tripulação da Defiant passou de um Universo a outro, ela enlouqueceu. Foi aí que Burnham disse que a Discovery passou de um Universo a outro com outra tecnologia, e entregou de bandeja o motor de esporos à Imperatriz na negociação para a Discovery voltar ao Universo Prime. Cá para nós, tem que ser muito trouxa para se fazer isso. Outra coisa que incomodou bastante foi associar a sensibilidade à luz como uma característica dos humanos do Universo Espelho para explicar essa característica em Lorca no início da temporada. Nos outros episódios de Universo Espelho na Série Clássica, em Deep Space Nine e em Enterprise, essa característica de fotofobia jamais apareceu, em mais uma forçada de barra dos roteiristas de Discovery.

Tivemos, ainda, dois momentos menos interessantes. A parte em que Stamets volta à vida mas que, enquanto ele estava em coma, conheceu seu contraparte do Universo Espelho e falou com um Culber do além. Aqui, o fator principal foi ver que a rede micelial foi corrompida pelo Stamets do Universo Espelho, que queria usá-la em benefício próprio, e isso estava provocando a destruição de todas as coisas. Caberá ao Stamets do Universo Prime achar um jeito de salvar a rede micelial que, aparentemente, não tem mais salvação. Aqui fica a grande curiosidade: será que essa rede micelial, até por não existir na série clássica, irá mesmo a pique e Stamets não conseguirá salvá-la, o que encaixaria redondinho no cânone, ou os roteiristas da série ainda vão tentar salvar a bichinha e trazer mais problemas? Na minha modesta opinião, acho que essa rede micelial deveria ser riscada do mapa logo de uma vez, até porque toda a sua concepção é muito forçada, até para a liberdade poética de uma ficção científica, pois imaginar um tecido vivo que permeia todo o Universo quando sabemos que o espaço sideral é o lugar mais inóspito que existe para se manter a vida (repito que fazer um motor que usasse a matéria escura no Universo seria muito mais plausível) é um pouco demais. Que esses micélios sejam enterrados de vez, pois eles já estão enchendo o saco, e a boa e velha dobra espacial ressurja, em coerência com o cânone.

                            Stamets e Stamets…

O outro momento menos interessante, adivinhem qual foi? Isso mesmo, Tyler! O infeliz todo amarrado lá na enfermaria, gritando que é um klingon, etc. Os médicos não sabem o que fazer com o pobre diabo. Saru vai à cela de L’Rell para perguntar se ela pode aliviar o sofrimento e, entrega, também de bandeja, à klingon a informação de que está no Universo Espelho (ai, ai). A klingon diz que Voq se sacrificou espontaneamente pela sua ideologia e que isso é guerra. Aí, Saru perde a paciência e, no melhor estilo “Toma que o filho é teu”, coloca Tyler junto com ela na cela. Aí, a klingon decide ajudar e diz que o processo possa ser revertido. Espero que a primeira coisa que L’Rell faça em Tyler é consertar a língua dele, até para ele parar de falar “Khalexxxx”. Os klingons dessa série precisam de fonoaudiólogos klingons do cânone, para falar klingon na pronúncia correta.

                                                   Lorca, o Sedutor!!!!

Bom, agora faltam apenas três episódios para o fechamento das muitas pontas soltas da temporada. Como Lorca vai interferir na volta (ou não) da Discovery para o Universo Prime? Ele vai tomar o trono? Tyler voltará ao normal e cairá nos braços de Burnham? E nossa protagonista? Parará com seus monólogos fora de hora e ficará, pelo menos, um pouco menos trouxa? Stamets conseguirá salvar a rede micelial? E Saru? Ele mandará Burnham fazer aquilo que rima com o nome dele e será o capitão da Discovery? Muitas emoções até o final. Só espero que os roteiristas não usem uma reação interfásica para explodir tudo de uma vez…

https://www.youtube.com/watch?v=maz30XZocL0

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Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Episódio 11, Temporada 1). O Lobo Interior. Olha A Imperatriz Aí, Gente!!!

                      Negociando com a rebelião

Chegamos ao décimo-primeiro episódio de “Jornada nas Estrelas, Discovery”. “O Lobo Interior” dá continuidade à saga do Universo Espelho, nessa temporada altamente fragmentada em micro-arcos. Esse episódio tem uma característica peculiar logo em seu início: o teaser (aquela parte do episódio antes da vinheta de abertura) tem 14 minutos, o mais longo até agora nessa série e, talvez, em toda a franquia. Esse teaser foi marcado inicialmente por Stamets abraçado a Culber, falando de florestas e árvores, mais uma de suas charadas que serão elucidadas posteriormente. Ainda, tivemos uma Burnham toda reflexiva ponderando se ela vai aguentar todo aquele cotidiano do espelho sem mudar a si mesma. Apesar da boa vontade da reflexão, confesso que achei essa parte muito enfadonha. E, ainda, apareceu algo altamente inquietante: um Saru como escravo particular de Burnham. Ora bolas, se estamos no Universo Espelho, será que os kelpianos não deveriam ser extremamente agressivos como predadores e Saru teria uma posição até mais alta na Shenzhou, em virtude de sua selvageria? Ou, quem sabe, Saru tivesse até um posto de capitão em outra nave? Se a Tilly era a capitã da Discovery, por que não Saru? Foi estranho, e até pegou mal, Saru ser ainda mais submisso no Universo Espelho. Outro detalhe foi a condenação à morte de três tripulantes, sendo teletransportados para o espaço, onde morriam congelados. Sem a gente querer se lembrar dos detalhes científicos da coisa, mas já lembrando, se uma pessoa está no espaço sideral sem qualquer proteção, ela não congela, mas sim explode. Como vivemos na superfície da Terra, com muito ar em cima da gente, e sob a pressão de uma atmosfera, nosso corpo tem que contrabalançar essa pressão de uma atmosfera. Se ele fica no espaço sem pressão atmosférica nenhuma sobre seu corpo, a pressão que está dentro de nosso corpo tende a expandir o organismo até explodi-lo. Ou seja, não dá nem tempo para congelar. Mas como nas séries de ficção científica, o fogo e o som se propagam pelo espaço mesmo…

                                  Tilly tenta recuperar Stamets, mas…

Um problema surge aqui. Os dados da Defiant não poderiam ter sido transmitidos à Discovery sem serem interceptados pela Shenzhou. Burnham terá que enviar o disco físico com os dados para a Discovery. E a forma como ela conseguiu isso foi legal, como ainda veremos aqui.

Um outro detalhe digno de nota foi a tentativa empreendida por Tilly de salvar Stamets de seu estado letárgico. A cadete acreditava que era a mais qualificada para tratar de Stamets, que estava morrendo, e empreendeu um tratamento à base de esporos que acabou matando o engenheiro. Coisas de Tilly. Entretanto, a atividade cerebral de Stamets ligada à rede micelial voltou e ele se viu numa floresta (o que ele dizia no início do episódio), onde encontra a sua versão do Universo Espelho, perguntando se ele estava pronto para o trabalho. Mais mistério por aí.

                                                           Tyler e Voq

Mas a história principal do episódio está na descoberta da base rebelde. Burnham foi incumbida de destruir a base. Entretanto, ela desce com Tyler para fazer contato com o “Lobo de Fogo”, o líder dos rebeldes, que na verdade, é Voq, o que deixa Tyler, digamos, um pouco descontrolado. Burnham consegue convencer os rebeldes de que quer ajudá-los, depois que um Sarek de cavanhaque faz um elo mental com a moça e descobre que ela tem boas intenções, mas Tyler bagunça todo o coreto, atacando um Voq que lidera uma rebelião multirracial contra a Terra, ao invés de garantir a sobrevivência da cultura klingon. Depois desse momento tenso, o certo seria Voq e os revoltosos retalharem Burnham e Tyler, certo? Mas não foi isso que aconteceu, e Voq ainda continuou a acreditar em Burnham depois que Sarek reiterou as boas intenções da terrestre. Cá para nós, a coisa realmente ficou muito Mandrake aqui. De qualquer forma, ficou acordado entre Burnham e Voq que os rebeldes teriam uma hora para evacuar a base. Em troca, Burnham tinha que mostrar uma prova de que a sua missão foi bem sucedida. Ela recebeu uma base de dados que mostrava a localização das bases rebeldes que seria logo inutilizada. Nessa parte da base rebelde, houve mais uma parte um tanto chata, onde Burnham ficou filosofando com Voq como ele aceitava a diversidade dos revoltosos e ainda mantinha o orgulho da própria cultura klingon. Esse diálogo lembra um pouco, e de longe, a mesma conversa que Kirk teve com o Spock do Universo Espelho, onde o capitão tentava estimular o vulcano a se revoltar contra o Império Terrestre. Mas não caiu muito bem nesse contexto (só serviu mesmo para fazer Tyler surtar). Creio que tal conversa se encaixaria melhor numa situação futura.  Na verdade, Burnham tenta fazer uma aliança com os rebeldes, liderados por um klingon, para ver se ela consegue um tratado de paz com os klingons em seu Universo. Só que essa ideia precisa ser melhor gerida nos próximos episódios e não jogada aqui de qualquer jeito.

Pelo menos, a identidade secreta de Tyler (um Voq transformado) foi revelada aqui para Burnham. E isso porque Tyler ainda falou a ela que tinha um elo com L’Rell e que assassinou Culber. Para coroar toda a decepção de Burnham, Tyler ainda tenta matá-la, sendo salva por Saru no último momento. É claro que Tyler foi condenado à morte no teletransporte para o espaço (colocado didaticamente no início do episódio) e Burnham aproveita a situação para colocar o disco com as informações da Defiant no bolso da roupa de Tyler, depois de lhe dar um soco, pois Tyler, depois de transportado para o espaço, foi interceptado pela Discovery e transportado para lá.

              Burnham busca instruções com um capitão abalado…

O episódio termina com uma nave do Império chegando antes da evacuação dos rebeldes e destruindo toda a superfície do planeta. Quem comandava essa nave? Isso mesmo, a Imperatriz… Georgiou!!! Algo que já era esperado, pois a versão dublada da série mencionava uma imperatriz e não um imperador. De qualquer forma, isso deu um sabor especial ao final do episódio, tornando-o relativamente bom e sendo o seu principal ponto positivo. Revelar Tyler como Voq transformado foi também algo bom, pois fechou-se algo que já estava sendo germinado há vários episódios. Resta ver o que Voq e L’Rell vao fazer ainda na série.

             Uma Imperatriz…

O arco inaugurado com os rebeldes pode ainda dar um bom caldo, pois eles não devem ter morrido e devem estar mortos de raiva da Burnham (pelo menos é o que eu espero). Agora, a grande expectativa vai ser o encontro entre Burnham e Georgiou, sobre os olhares atentos de Lorca que, segundo as redes sociais, parece ser cada vez mais originário do Universo Espelho. Assim, se Discovery não é uma série padrão Jornada nas Estrelas, principalmente em termos de cânone, ainda assim está conseguindo produzir uma história um tanto instigante em seu arco final, com curiosas expectativas à vista. A se lamentar nesse episódio, o monólogo de Burnham ao início do episódio e seu diálogo com Voq um tanto fora de contexto. Esperemos, como sempre, quais os rumos a série tomará no próximo episódio.

https://www.youtube.com/watch?v=RBL3WWVX4Hk

 

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar do Episódio VIII (Parte 5)

                              Duelo meia boca

Continuemos com nossas impressões sobre Luke Skywalker no Episódio VIII. O que mais incomodou na parte do Luke foi justamente a sequência final, onde ele esteve no campo de batalha virtualmente. Sei que estou indo aqui um pouco na contramão já que muita gente gostou, pois ele mostrou seu verdadeiro poder ao fazer aquilo, etc., mas para mim ficou uma impressão de que o personagem foi mal aproveitado, sendo uma coisa meio Mandrake, 171 até. Sei lá, eu preferia um Luke de corpo presente no campo de batalha. E aí sim ele mostraria seu verdadeiro poder lá, perante um Kylo Ren que ele não entendia e até temia. Já que ele estava muito amargurado pela decepção de sua Academia Jedi ter falhado, que se usasse isso para fazer um lance, digamos, um pouco mais dramático, diferente e inesperado. Sei que muita gente não gosta dessa ideia, mas um Luke amargurado poderia muito bem flertar com o lado sombrio e ter até uns lampejos siths, mesmo que fosse por uns poucos momentos. Por que não? Já que se fez tanta coisa boa e tanta coisa questionável com esses personagens e esses filmes, creio que uma polêmica a mais não faria tanta diferença, com a lembrança de que roteirista de cânone de “Guerra nas Estrelas” tem uma situação muito semelhante a de técnico de seleção brasileira de futebol em época de Copa do Mundo, ou seja, muitos metem o malho. Outro dia, vi no Facebook uma postagem que dizia que era para as pessoas pararem de criticar o filme e, ao invés disso, reescrevê-lo como gostariam que fosse. Como eu achei essa uma ótima sugestão, resolvi fazer um pequeno exercício de imaginação em cima da sequência em que Luke e Kylo Ren se encontram. Aqui realmente devo pedir um pouco de paciência ao nobre leitor.

          Queria ter visto isso no filme… Luke real abraçando Leia…

Vamos lá. Se vai haver um encontro real entre Luke e Ren, como Luke vai sair da ilha? Bom, tem um X-Wing submerso lá. Tudo bem, sei que ele já deve estar todo pifado por estar submerso no mar tantos anos mas quem sabe a Força não pode dar uma mãozinha para consertá-lo? Ou, se isso for totalmente inviável, que Luke saísse da Ilha escondido na Millenium Falcon, sei lá. Sair do planeta não seria dos maiores problemas. Se ele viesse com a Millenium Falcon, a nave chegaria à base rebelde antes do ataque da Primeira Ordem, com Luke descendo à base.

               Que tal um novo final???

Uma vez que ele estivesse no planeta da base rebelde, frente a frente com a nave de Ren e com os walkers, e Ren mandasse todas as armas dispararem, Luke apareceria em outro ponto do vale, enquanto o ponto em que ele estava estaria destruído. Ren mandaria atirar novamente e ele apareceria em mais outro ponto do vale. Na verdade, ele estava se deslocando tão rápido que isso escapava aos olhos de todos. E sem truques de CGI. Quando Ren descesse para conversar com Luke, este último falaria: “Você foi o responsável por uma das maiores decepções da minha vida, escolhendo o lado sombrio”. E Ren retrucaria: “E você também me decepcionou ao tentar me matar”. Luke responde: “Foi somente um momento, um lampejo”. Ren: “Isso não importa mais agora”. Luke: “Tem razão. O que importa agora é que você jamais levará Rey para o lado sombrio”. Ren: “Isso quem tem que decidir é ela”. Luke: “Ela não vai para o lado sombrio, Ben. Eu iria até as últimas consequências para isso”. Ren: “É mesmo? E o que você pretende fazer?”. Luke: “Um dia, eu hesitei. Hoje não hesito mais”. E começaria um antológico duelo de sabres de luz entre os dois, depois de Ren iniciar o ataque. Num determinado momento da luta, os dois sabres presos um ao outro, Luke e Ren cara a cara, bem próximos de suas lâminas. Luke: “Irei proteger Rey do lado sombrio, nem que eu precise ir para o lado sombrio para derrotá-lo!!!”. E os olhos de Luke começam a ficar amarelos. Ele começa a dominar a Força e a usá-la em seu favor, como todo bom sith. E empurra Ren para o chão. Tomado pelo ódio, Luke arremessa seu sabre de luz ao chão e começa a conjurar raios na direção de Ren, que é arremessado de volta para a sua nave. Com a mão esquerda, Luke conjura raios na direção dos walkers à sua esquerda, tombando-os e faz o mesmo com os walkers à direita. Sob o olhar aterrorizado de Ren e Hux, Luke caminha em direção à nave e fala, enfurecido: “Você quer o lado sombrio, Ben? Tome o lado sombrio, então!” . E lança mais raios com as mãos em direção à nave. Ren ordena que ela parta em disparada. Luke fica no deserto de sal fitando com seus olhos amarelos e com uma expressão de profundo ódio a nave da Primeira Ordem que foge. Mas aí vem aquela voz: “Luke!”. E ele se volta para trás, vendo o fantasminha de Obi Wan Kenobi, versão Alec Guiness virtual, assim como foi feito com Tarkin em “Rogue One”. O velho mestre jedi diz: “Depois de todos esses anos, você ainda pode ser uma presa do lado sombrio?”. Os olhos de Luke voltam a ficar azuis. Ele desaba e se ajoelha ao chão, arrasado. “Mestre, o que foi que eu fiz?”, pergunta. “Você mais uma vez foi tomado pelo medo e se deixou seduzir pelo caminho mais fácil”, retruca Kenobi. “Muito me assustou aquela moça e seu poder”, diz Luke. “Nós somente tememos aquilo que desconhecemos”, diz Kenobi. Ele continua: “Faço minhas as palavras de mestre Yoda: Treine Rey. Somente assim você a conhecerá melhor e não mais temerá pelo seu futuro. Ela implora por sua ajuda. Esqueça as mágoas do passado. Dê a ela uma chance e, principalmente, dê a si mesmo uma nova chance. E uma nova esperança para a resistência. Você tem ainda muito a ensinar, meu padawan” Luke pergunta:  “E se eu falhar, mestre?”. Kenobi retruca: “Ainda será uma falha menor que a que você cometeu hoje. Mas saia dessa mágoa, Luke. E olhe para dias melhores. Eles te atrairão e mostrarão o caminho. Lembre-se que tudo depende do ponto de vista”. Obi Wan desaparece no ar. Luke pega seu sabre de luz e retorna para a base rebelde, que já prepara a retirada, se encontra com Rey e fala à moça que irá treiná-la. “Mestre, o que aconteceu?”, pergunta Rey, aflita. “Eu sei, eu errei. Até os mestres podem falhar e fracassar. Tome isso como mais uma lição”, diz Luke. Rey beija carinhosamente as mãos (inclusive a mecânica) de Luke e lhe sai uma lágrima dos olhos, ao mesmo tempo que ela acena afirmativamente com a cabeça e com os lábios comprimidos. O filme termina com Luke e Rey segurando as mãos, sob o olhar complacente de Leia, numa resposta ao final do Episódio VII. Passagem de bastão é o raio que o parta!!!

                                                 E por que não???

Eu sei que muita gente pode torcer o nariz para tudo o que eu falei acima com relação a esse final alternativo. Mas, cá para nós, por que não tentar isso? Com uns devidos ajustes ao fio narrativo, isso resolveria, por exemplo, todo o comportamento amargurado de Luke ao longo de todo o filme. E mostraria a Rey todos os perigos do lado sombrio, além de aumentar a conectividade entre a padawan e seu mestre. O treinamento aconteceria entre os Episódios VIII e IX (olhaí, pessoal do Universo Expandido, agora cânone, e as possíveis animações!!!) e o Episódio IX já começaria com Rey como uma mestre jedi (fan service com “O Retorno de Jedi”).

Bom, tudo o que eu falei é apenas uma sugestão. Resta agora esperar até 2019 para vermos o que Rian Johnson fará com o desfecho da trilogia. Esperemos muitos fantasminhas de Luke e que os problemas do Episódio VIII sejam sanados até lá. No mais, que a Força esteja com nós, os fãs, para aproveitarmos o que vier de bom e nos lamentarmos com as decepções que, espero, sejam poucas.

                      Vem aí o Episódio IX!!!!

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar do Episódio VIII (Parte 4)

                        Um herói problemático…

Agora, qual foi o grande problema do filme? Isso mesmo, caro leitor. A polêmica envolvendo Luke Skywalker. O personagem principal do filme esteve longe de ser uma unanimidade, por se tratar de um ponto nevrálgico. A começar pelo próprio Mark Hamill, que disse que não concordava muito com os rumos que o personagem tomou. Mesmo que ele tenha se retratado depois (devia ter um rato atrás dele com uma arma em suas costas), ficou-se uma impressão um tanto esquisita de tudo isso. Vamos lá. O que incomodou logo de cara foi refazer a cena final do Episódio VII, onde Rey entrega a Luke o sabre de luz. Já ficou clara uma quebra de continuidade, pois no final do Episódio VII, o tempo estava nublado e agora, no Episódio VIII, havia um tempo ensolarado. Mas esse é o menor dos problemas. Foi difícil de engolir Luke jogando fora o sabre de luz. Mesmo que tenha havido uma intenção cômica, creio que ela não cabia ali, pois quebrou todo o clima altamente emocionante do final do Episódio VII (essa sequência final do Episódio VII foi a melhor coisa daquele filme, na minha opinião). Talvez fosse melhor ele devolver o sabre a Rey e dizer uma coisa do tipo “Esqueça” ou “Não lido mais com isso”. Mas houve outros lances lamentáveis na sequência de Luke como, por exemplo, ele ordenhar aquele bichão e tomar seu leite. Para depois ainda o bichão olhar para a Rey com a cara de “Quer um pouco?” e a Rey virar o rosto como se pensasse “O que esse maldito roteirista estava querendo aqui?”. É claro que a sequência de Luke e Rey na ilha teve seus pontos altamente positivos, principalmente no momento em que a moça dizia ao mestre o que ela sentia na ilha, tanto na parte da luz quando na parte sombria. E, principalmente, que Rey não havia notado a presença de Luke, pois ele estava desconectado da Força.

                  Não joga o sabre de luz fora!!!

Uma coisa que doeu bastante foi ver a amargura de Luke com o fracasso de seu treinamento jedi, materializado em Kylo Ren. A gente sabe que essa ideia estava lá no Universo Expandido e defendo avidamente a proximidade desse Universo Expandido com o cânone. Mas creio que dessa vez, a coisa pesou um pouco. Ele até poderia estar amargurado num primeiro momento, mas a presença de Rey e o fato dela ser uma isca fácil para o lado sombrio deveria estimular um pouco mais o nosso velho jedi. Seu medo em treinar a moça e assim ela poder cair no lado sombrio não deveria ser um obstáculo.

                                             Treina ou não treina???

Uma coisa que incomodou muito foi o tom da conversa entre Luke e Yoda. Por um lado, foi uma conversa magistral (“nossos aprendizes se tornam o que somos, esse é o fardo de todo mestre”, “ensine seu fracasso”). O problema foi engolir a suposta destruição das escrituras jedis originais e os argumentos de Yoda do tipo “não há nada ali que ela já não saiba”. Isso porque estamos falando de uma garota que nem sabia direito o que era a Força e que ela servia somente para levantar pedras. Yoda não poderia desdenhar de um conhecimento que ele ensinou por quase novecentos anos, mesmo que ele estivesse ultrapassado. Pelo menos, ficou o alívio, ao final do filme, de ver que Rey guardou os escritos originais.

No próximo artigo (o último), vamos redesenhar um novo duelo entre Luke e Ren. Até lá!

                                  Não façam pouco dos escritos jedis!!!

Batata Movies – Guerra nas Estrelas. Finalmente Podemos Falar do Episódio VIII (Parte 3)

Quem é Snoke???

Vamos agora falar dos problemas presentes no Episódio VIII. Em primeiríssimo lugar, Snoke… o grande mestre vilão já morre no segundo filme da nova trilogia e nada se sabe do passado dele? Essa coisa ficou um tanto complicada. Os defensores do filme nas redes sociais argumentam que o Imperador aparece na trilogia clássica também sem uma explicação bem fundamentada do seu passado. O problema é que, agora, existem uma série de referências das trilogias anteriores e esse argumento fica um tanto furado. Uma coisa que o fã de “Guerra nas Estrelas” quer é testemunhar, nos filmes principais do cânone, as ligações entre essa nova trilogia e as mais antigas. Assim, quando a gente vê um vilão novo como o Snoke, a gente automaticamente especula sobre sua origem. Há alguma relação entre Snoke e Palpatine? Ou com Vader? São perguntas que inevitavelmente surgem na nossa cabeça e que a gente torce que sejam respondidas. E, de repente, o cara é partido ao meio com um sabre de luz e morre com a língua para fora… bom, eu espero que, mesmo morto, ainda se faça alguma referência sobre a origem do Líder Snoke no Episódio IX ou, caso contrário, será uma grande decepção, a meu ver.

R2D2 no ferro velho…

Uma segunda coisa que me incomoda é a tal da passagem do bastão entre a geração mais antiga e a geração mais nova. Creio que isso está sendo feito de uma forma um tanto abrupta. Primeiro, foi a morte de Han Solo no episódio anterior, algo que já incomodou muita gente. Mesmo que houvesse um desejo do Harrison Ford com relação a isso, não era necessário matar o personagem. É só criar algo que tire o personagem de cena e pronto. Agora, nesse filme, senti que personagens como Chewbacca, C3PO e R2D2 foram tratados de uma forma muito periférica, principalmente este último, que teve participações marcantes e decisivas nas duas trilogias anteriores. Seria muito legal ver R2 interagindo mais com BB8, algo que mais uma vez não aconteceu nesse filme.

Poe Dameron sem X -Wing…

E aí, surge outra questão: se os personagens antigos passaram o bastão para os mais novos, como os personagens mais novos são aproveitados? A primeira vez que assisti ao filme, achei que a coisa ficou muito estranha para Poe Dameron e para o Finn. Eles pareceram muito mal aproveitados. Na segunda vez que vi a película minha ideia mudou um pouco. Gostei da participação dos dois, com um peso maior para o Finn, sua ligação com Rose e a coisa de atacar de frente os senhores de armas e de escravos. Entretanto, quando o Finn aparece, ainda se deu aquele verniz de alívio cômico que não lhe cai bem (já falei em outros carnavais que prefiro um Finn mais sério). O bom é que isso foi sumindo naturalmente ao longo do filme, o que dá uma nobreza bem maior ao personagem. Agora, eu confesso que fiquei um pouco chateado por terem cortado as asas X de Poe Dameron. Depois da brilhante sequência inicial, muito inspirada na Segunda Guerra Mundial, onde Dameron pintou e bordou com seu X-Wing, a coisa ficou por aí e ele ficou preso naquele cruzador discutindo táticas e disciplina com a Princesa Leia e a vice-almirante Holdo (com boa presença de Laura Dern, melhor que Benicio del Toro, que poderia ter sido muito boa). Tudo bem que Dameron encabeçou até um motim mas, cá para nós, eu queria vê-lo em mais cenas no X-Wing. Isso somente não aconteceu pois, em boa parte do filme, o papel da Primeira Ordem ficou reduzido a enfraquecer o escudo daquele cruzador e esperar que seu combustível acabasse, o que também pareceu demasiadamente simplório. Assim, o Episódio VIII deve ter sido uma decepção para os fãs de X-Wing cujos pilotos são os caras. O filme perdeu muito ao Kylo Ren pulverizar a grande parte deles.

No próximo artigo, falaremos do personagem principal, Luke Skywalker, e dos problemas envolvidos com ele. Até lá.

Benicio del Toro mal aproveitado…