Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 02), Envoys. Desentendimento Com Culturas.

Star Trek: Lower Decks “Envoys” – the agony booth
A amiga do Klingon…

O segundo episódio da primeira temporada de Jornada nas Estrelas Lower Decks, “Envoys”, aborda, de forma mais pronunciada que no primeiro episódio, a questão da diferença entre culturas. Para podermos falar mais desse episódio, vamos precisar dos spoilers.

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Rutherford e Tendi. Uma amizade fofa…

O episódio começa com Mariner e Tendi conversando quando um ser de energia com espírito conquistador e maligno invade a nave. Mariner imediatamente o domina e o ser suplica para ser libertado, dizendo que pode sintetizar qualquer coisa. Ela pede então um tricorder com bateria e ele o sintetiza, ficando bem pequeno. As duas vão embora e a forma de vida, bem pequenininha, tenta atacar a capitã e desaparece.

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Uma parada de “emergência”…

Boimler comunica a Tendi e Mariner que vai escoltar um Klingon, o General K’orin, até um planeta uma espécie de missão diplomática. É claro que Mariner vai fazer pouco caso disso, enquanto Boimler vai treinando palavras klingons para se comunicar com o general. Enquanto isso, Rutherford sai todo feliz de um tubo jefferies depois de muito trabalho duro. Mas ele vai voltar para recalibrar, feliz da vida. Tendi então o lembra de que eles iam ver juntos um pulsar, o que implica que ele vai ter que faltar seu trabalho. Mas, como um homem da Frota Estelar, ele não volta atrás em suas promessas e vai ver o pulsar com Tendi, o que vai implicar que ele precisa mudar de função na nave. Rutherford pede ao seu superior na Engenharia para procurar outra função e, quando acha que vai receber uma grande bronca, recebe a autorização e os parabéns de todos. Enquanto isso, Boimler chega à nave auxiliar e encontra Mariner lá dentro. Ela mexeu uns pauzinhos para ir com Boimler, que ficou como seu co-piloto, para desespero dele. Quando o General K’orin chega, Boimler o aborda cheio de formalidades, enquanto que Mariner o ataca, para depois caírem na risada. Os dois são velhos conhecidos, para surpresa de Boimler. Durante a viagem, o Klingon se embebeda com Mariner e suja toda a nave. A pedido do General, eles descem num distrito Klingon do planeta. Quando eles chegam lá, o Klingon está dormindo de tão bêbado. Boilmer e Mariner saem da nave, com o primeiro reclamando muito de tudo o que está acontecendo, enquanto que Mariner bota panos quentes. Mas o Klingon acorda e rouba a nave, uma prática corriqueira dele, segundo Mariner. Os dois começam a ir atrás do Klingon, e Boimler passa por tremendas saias justas com várias culturas no planeta por sua inexperiência. Ele não entende por que isso acontece, já que ele passa horas na biblioteca estudando as culturas. Mariner recebe uma informação de que K’Orin está numa cidade andoriana e lá, Boimler provoca um briga generalizada num bar. Mariner para a briga pagando cinco rodadas de bebida para todo mundo com o dinheiro que ela roubou de um alienígena e Boimler, chateado, senta num canto se sentindo um inútil e pensando em desistir de tudo, jogando sua insígnia longe, todo choroso. Ainda procurando K’orin, eles se deparam com um ferengi que oferece um transporte. Boimler, sabendo da reputação dos ferengis, se nega, mas Mariner quer aceitar. Boimler chama a atenção de Mariner sobre os ferengis, mas a moça, se achando a sabichona, aceita, achando que o ferengi é um boliano. Boilmer pergunta qual é o código de pouso da nave ferengi e o ferengi puxa uma faca. Boimler desarma o ferengi com um phaser e diz a Mariner que estava certo. Eles encontram a nave auxiliar com K’orin dentro, desmaiado e bêbado, e deixam em frente à sede da Federação no planeta.

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Apuros no holodeck…

Na nave, Rutherford está no holodeck com o primeiro oficial testando situações de comando na ponte, e a experiência é um desastre total, sempre destruindo a nave ou causando muitas mortes. Rutherford, então, vai para a enfermaria e recebe da médica a ordem de conversar com um paciente para acalmá-lo, mas só consegue deixá-lo mais nervoso ainda. A médica, então, sugere que ele tente a segurança. Numa simulação com borgs, ele consegue destruir vários, e parece que finalmente Rutherford encontrou a sua verdadeira aptidão. Mas ao ver uma moça saindo de um tudo jefferies, ele decide que a engenharia é sua verdadeira paixão.

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Problemas com a diversidade cultural…

Na nave auxiliar, Mariner pede que Boimler mantenha em segredo que ela foi enganada por um ferengi e ele diz que não vai contar, pois estão num círculo de confiança. Mas na nave, ele espalha para todo mundo no bar. Mariner sai sem graça do bar depois de ser zoada. Na sua cama, no corredor da nave, ela conversa com seu padd com o ferengi do planeta. Ou seja, Mariner armou tudo para parecer uma tola perante Boimler e fazer o amigo reconquistar a autoconfiança. Já Rutherford disse a Tendi que o lugar dele é na engenharia e que não vai poder acompanhar com ela o pulsar no mirante. A moça de Órion diz que não tem problema e que ia acompanhar do padd mesmo, sendo que ela somente queria uma companhia. O episódio termina com os dois dentro do tubo jefferies, com Tendi olhando o pulsar pelo padd e Rutherford olhando uma peça no tubo jefferies, com os dois maravilhados com o que veem.

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Um ferengi!!!

O que podemos falar de “Envoys”, o segundo episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks? Em primeiro lugar, esse foi um episódio muito melhor que o primeiro, no que tange ao relacionamento entre os personagens. Novamente tivemos uma História A eee uma História B, sendo que elas não interagiram no final. Na História A, Boimler e Mariner levam o General Klingon para um acordo de paz e acabam perdendo não somente o general como a nave auxiliar. Na busca pelo general e pela nave, Boimler, com a sua experiência de antropólogo de gabinete (ou seja, de um antropólogo que nunca interagiu realmente com culturas e só sabe a teoria), quebrava a cara sistematicamente, sendo sempre socorrida por Mariner, a que tinha a experiência de campo e zero de academicismo. Isso fez com que Boimler se sentisse o pior dos mortais e quisesse desistir de sua carreira. Mas aí Mariner armou o seu desconhecimento sobre os ferengis para que o amigo reconquistasse sua confiança, mesmo que ele a zoasse indefinidamente depois disso. Vemos aí a virtude da camaradagem em Mariner, que é considerada a personagem porra louca e indisciplinada da série, o que foi algo bem bacana. Na História B, vimos também Rutherford abrindo mão de sua carreira na engenharia num primeiro momento para poder assistir a um pulsar com sua amiga Tendi, ou seja, ele faz uma espécie de sacrifício pessoal por sua amiga, mesmo que depois ele retorne à engenharia Foi algo engraçadinho ver o final do episódio com os dois no tubo jefferies, uma vendo o pulsar no padd, outro olhando para as máquinas do tubo jefferies. Está faltando somente Rutherford ser menos tapado para rolar até um clima entre os dois.

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Dando uma de boba para recuperar a autoestima do colega…

Dessa forma, “Envoys” foi um bom episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, sendo melhor que o primeiro, rolando uma boa química entre Boimler e Mariner e entre Rutherford e Tendi, com o episódio construindo uma melhor interação entre os personagens. Vamos ver o que vem por aí.

The second episode of Lower Decks continues to make Star Trek fun ...
Um par bem menos conflituoso…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, Lower Decks (S01, Ep 01), Segundo Contato. Apresentando Uma Nova Série.

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Jornada nas Estrelas de volta…

E finalmente chega (?) “Jornada nas Estrelas, Lower Decks”. A franquia passa por altos e baixos desde a chegada do Abramsverso em 2009. Alguns fãs gostam, outros fãs não. Tudo sempre tem seus pontos positivos e negativos. Discutimos exaustivamente aqui as séries “Discovery” e “Picard”, com um saldo não tão positivo assim, pelo menos para este escriba que vos fala. E, como não pode deixar de ser, vamos agora falar de “Lower Decks”, que vem com uma proposta nova: fazer uma animação em tons de comédia para a franquia. Para a gente poder falar dessa estreia, vamos lançar mão de spoilers.

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Boimler. Mania de escrever diários de bordo…

Qual é a impressão inicial? A meu ver, foi boa. Nada de muito espetacular, mas é um episódio que diverte e entretém. A proposta justamente é colocar em foco a tripulação de uma nave estelar que não tem muita importância hierárquica. Não são os oficiais sêniors os protagonistas aqui. Aliás, eles são investidos de uma empáfia e arrogância acima dos limites. Mas, devemos nos lembrar, aqui a vibe é outra. É uma coisa para rir mesmo. A começar pelo nome da nave, que tem nome de salgadinho da Elma Chips: Cerritos. Sem falar que os protagonistas da série, por possuírem patentes menores, são mais jovens e inexperientes, o que faz com que eles se metam em situações engraçadas o tempo todo. O primeiro personagem a ser apresentado é o alferes Brad Boimler, que gosta de seguir direitinho as regras, além de fazer vários diários de bordo além da conta. Sua amiga, a alferes Beckett Mariner, é, digamos, um tanto hiperativa e é o oposto de Boimler, sempre passando por cima das regras, mas tem muita experiência com situações de campo, pois sempre é expulsa de onde está por questões de indisciplina, sendo um tanto rodada na Frota Estelar. A alferes Tendi é uma moça de Órion (é toda verdinha, portanto) que está muito impressionada em servir numa nave estelar e vai trabalhar na enfermaria. Já Rutherford é um engenheiro aprimorado ciberneticamente.

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Mariner se apresenta a Tendi, de Órion…

Duas histórias paralelas são desenvolvidas no primeiro episódio, ao bom estilo das histórias A e B que víamos nas séries mais antigas de Jornada nas Estrelas. Na história A, vemos Boimler sendo obrigado a vigiar sua amiga Mariner a mando da capitã Freeman (depois sabemos que Mariner é filha da capitã, que está preocupada com o histórico de indisciplinas da filha, sendo mudada constantemente de posto pela Frota Estelar) na superfície do planeta onde se está fazendo o segundo contato. E, na segunda história, o primeiro oficial Ransom é picado por um inseto e se torna extremamente agressivo, atacando as pessoas a dentadas, passando essa doença para os demais tripulantes. No meio de toda essa turbulência e do alerta vermelho, o engenheiro Rutherford se encontra com uma alferes que se apaixona por ele, mas o engenheiro não é esperto o suficiente para perceber isso. Será Boimler que trará o antídoto para a doença, já que ele foi “chupado” por uma aranha gigante que funciona como vaca de uma fazenda da superfície do planeta alienígena e cuja gosma é o antídoto.

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Animação teve História A e História B…

Assim, “Jornada nas Estrelas Lower Decks” é uma série engraçada, tendo os seus momentos de humor pesado e negro. Alguns comentários por aí dizem que a série se aproxima um pouco da animação “Ricky and Morty”, mas confesso que não vi essa última. De qualquer forma, as piadas mais pesadas não chocam muito,e o saldo da série foi positivo para esse episódio, o que já é muito se nos lembrarmos das críticas mais contundentes a Discovery e Picard. Vale a pena dar uma conferida e torcer para que a animação chegue ao Brasil pelo menos por algum canal de streaming.

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O Segundo Contato…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, DS9 (S01 Ep03), Prólogo Do Passado. Aparências Que Enganam.

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Herói ou terrorista???

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos a DS9 para falar do terceiro episódio da primeira temporada, intitulado “Prólogo do Passado”.

Star Trek: Deep Space Nine 1x03 "Past Prologue" | The Goddess ☥ Room
E surge Garak…

O plot consiste no seguinte. Garak é introduzido na série, se apresentando a Bashir, e querendo sua amizade. Passamos a saber que ele foi o único cardassiano que ficou na estação, que é alfaiate e que há uma suspeita de que ele é um espião dos cardassianos. Carregado de fina ironia, Garak assusta muito o doutor, que fica ressabiadíssimo. Bashir vai falar sobre o fato com a tripulação, mas não dão muita importância para isso, pois há um problema maior: uma nave cardassiana ataca uma nave bajoriana em espaço bajoriano. Os cardassianos não atendem às frequências de saudação e o bajoriano na nave solicita uma atracação de emergência. Ele é transportado para a estação quando a destruição da sua nave pelos cardassianos é iminente. Seu nome é Tahna Los e ele solicitou asilo político, além de conhecer Kira (lutaram juntos na resistência). O cardasssiano (Gul Danar) que perseguia Los entra em contato com a nave e exige que Los seja entregue a ele, pois ele cometeu crimes hediondos contra o povo cardassiano e é um Khon-ma. Sisko disse que Los pediu asilo e ainda não decidiu a questão, além dos cardassianos terem invadido o espaço bajoriano. Sisko pede que os cardassianos atraquem na estação para discutir a questão da invasão e de ter ameaçado uma unidade da Federação. Sisko e Kira vão à enfermaria e a segunda não quer que Sisko o entregue aos cardassianos. Entretanto, Sisko a lembra que o Khon-Ma é um grupo bajoriano que mata a torto e direito cardassianos e até colaboracionistas bajorianos. Kira e Sisko entram em atrito por causa de Los, pois ela acha que grupos como o Khon-Ma devem ser repatriados, enquanto que Sisko não quer abrigar “terroristas” na estação. Na conversa entre Sisko e Los, o segundo admite que continuou a matar cardassianos depois da suspensão da guerra, mas que estava cansado da matança. Ele também tinha cicatrizes de tortura dos cardassianos no corpo.

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Um cardassiano assustando um médico…

Kira fala com uma almirante da Frota à revelia de Sisko e esta depois comunica ao comandante que a bajoriana entrou em contato com ela no meio de uma reunião. Ainda, O’Brien fala a Sisko que ele não irá querer entregar ninguém aos cardassianos se soubesse o que os cardassianos fazem com seus prisioneiros.

Danar vai ao escritório de Sisko e ouve do comandante que concederá asilo provisório a Los, pois entregá-lo aos cardassianos poderia gerar atritos entre a Federação e Bajor, algo que iria contra as pretensões da Federação no setor. E que Danar poderia discutir com o governo provisório bajoriano a questão depois que Los fosse a Bajor. Danar sai do escritório de Sisko cuspindo marimbondos.

Kira se aproxima de Los e escuta dele que é contra a presença da Federação e dos cardassianos, mas Kira justifica a presença da Federação dizendo que ela pode proteger o buraco de minhoca e os bajorianos podem usá-lo para se tornar um fortalecido pólo comercial, mas Los ainda quer, ao velho estilo da Doutrina Monroe, “Bajor para os bajorianos”. Kira pergunta se Los saiu do Khon-Ma e ele diz que sim. Kira ainda diz que busca, junto aos ministros bajorianos, a anistia dos membros do Khon-Ma.

No Promenade, as irmãs klingons Duras (Lursa e B’Etor) se recusam a entregar suas armas e Odo diz que isso faz parte do procedimento de segurança da estação e,que se elas não querem obedecer, que elas podem ir embora. As irmãs entregam as armas e Odo dá, sarcasticamente, as boas vindas. Odo comunica a Sisko sobre as irmãs Duras e pergunta se ele não deve prendê-las e entregá-las aos klingons, pois elas são renegadas por terem insuflado a guerra civil no Império Klingon (procura lá em TNG). Sisko disse que elas não cometeram nenhum crime na estação e pede a Odo para ficar de olho. No Quark’s Bar, Los aparece e as irmãs Duras se levantam de suas cadeiras. Os três se encontram secretamente fora do bar. As duas cobram um ouro de Los, sinal de que fizeram algum serviço para ele. Odo, disfarçado de rato, escuta a conversa.

Past Prologue (1993)
Odo se revelará um importante amigo de Kira nesse episódio…

Kira diz a Sisko que as negociações da anistia a Los e ao Khon-Ma estão adiantadas e ela está agradecida da ajuda dele, além de dizer que mais dois membros do Khon-Ma estão a caminho da estação, pois a anistia pode sair. O comandante lembra a Kira que ela falou com uma almirante da Frota sem a autorização dele, lembrando a ela que, se ela passar por cima dele de novo, ele “servirá a cabeça dela numa bandeja”. Ao conversar com Odo, Sisko sabe do contato de Los com as Duras e suspeita que os dois membros do Khon-Ma estão trazendo o ouro do acordo. As irmãs Duras, nesse meio tempo, vão a Garak e tentam negociar Los para ele entregá-lo aos cardassianos, o que interessa Garak e reforça a sua posição multifacetada na estação já logo em sua primeira aparição na série.

Kira vai a Los falar da anistia em negociações avançadas e ele se revela ainda fazer parte do Khon-Ma. Assim, Los mentiu para Kira (ela mesma disse a ele que ele já havia mentido antes). Exaltando o nacionalismo bajoriano e perguntando de que lado Kira estava, Los a manipula e pede uma nave com motor de dobra para garantir a paz e a vitória bajoriana definitiva. E Kira cai na conversa em virtude de seu nacionalismo bajoriano.

Star Trek: Deep Space Nine Rewatch: “Past Prologue” | Tor.com
Kira precisa tomar uma decisão…

Os dois membros do Khon-Ma estão no promenade e Garak chama a atenção do fato para Bashir, convidando o doutor para “comprar” uma roupa em sua loja. Bashir comunica o fato a Sisko, dizendo que isso tem a ver com os membros do Khon-Ma, e Sisko diz para o doutor ir ao encontro, pois isso pode ser um sinal de que os cardassianos e a Federação têm um inimigo em comum.

Kira vai a Odo e fala, indiretamente, de seu dilema em ajudar o Khon-Ma ou ficar do lado da Federação. Odo chama Sisko para conversar com ela, achando ser essa a melhor solução. Já Bashir chega à loja de Garak e este pede que o doutor se esconda em um dos provadores para escutar o que as irmãs Duras dirão ao cardassiano. As irmãs Duras chegam e Garak consegue arrancar delas a informação de que Los receberá um cilindro de bilítrio, um material que pode ser usado para produzir uma bomba. O doutor leva essa informação para Sisko e a tripulação arquiteta uma emboscada para Los e o Khon-Ma no ponto de encontro entre Los e as klingons, o lado escuro de uma lua bajoriana.

Star Trek: Deep Space Nine 1x03 "Past Prologue" | The Goddess ☥ Room
Irmãs Duras surgem no imbróglio…

Kira e Los vão fazer a troca do ouro pelo bilítrio, enquanto que Sisko e O’Brien estão em outra nave auxiliar espreitando a troca. Uma nave cardassiana está invadindo o espaço bajoriano e Sisko vai com sua nave auxiliar interceptar a nave de Kira e Los. Este manda Kira entrar em dobra mas ela se recusa, Los ataca Kira e a rende, obrigando-a a entrar em dobra, mas ela se recusa. Los diz que se ela não entrar em dobra, que ele vai explodir a bomba e vai matar todas as colônias bajorianas da lua que orbitam. Kira entra em dobra e Sisko pede que a nave dela pare ou ele irá explodi-la. Los diz da bomba que irá explodir junto da nave. Sisko então pede ajuda à nave cardassiana e Danar aceita ajudar, não sem falar um “eu avisei”. Mas a nave cardassiana está mais atrasada e Sisko terá que atacar a nave de Kira e Los, sendo que este último quer usar a bomba para afetar o buraco de minhoca. Mas Kira faz uma parada súbita da dobra na nave que, em impulso, entra no buraco de minhoca. Depois de uma luta corporal entre Kira e Los, a bomba é expelida para fora da nave do outro lado do buraco de minhoca e explode sem provocar danos. Sisko chega e fala a Los que, se ele não se entregar, o comandante entregará Los para os cardassianos. Los acaba se rendendo a Kira. Los é preso na estação, não sem chamar Kira de traidora. Sisko e Kira se entreolham em silêncio. Fim do episódio.

O que podemos dizer do episódio “Prólogo do Passado”? Em primeiro lugar, é um episódio que segue na vibe de vermos Jornada nas Estrelas longe do ambiente utópico da Federação e da história se passar num lugar cheio de turbulências de um pós guerra. O personagem Tahnar Los era visto pelos cardassianos como um perigoso terrorista e Kira o via como um antigo líder radical que deveria ser reconhecido como herói e repatriado em tempos de paz. Isso tudo virou uma tremenda batata quente para Sisko, que inicialmente abraçou a causa heróica do personagem, até porque ele não queria atritos com Bajor. Mas, por outro lado, a tensão com os cardassianos aumentou. Entretanto, com o passar do episódio, Los mostra a sua faceta radical, o que deu razão aos argumentos dos cardassianos, revelando-se como um elemento perigoso para a paz em virtude de seu estilo belicista e terrorista, capaz de atacar seu próprio povo para aniquilar os inimigos cardassianos e a própria Federação, que também via como elemento invasor. Ao tentar explodir o buraco de minhoca, Los acreditava que ia se livrar tanto dos cardassianos quanto da Federação, mesmo que isso custasse uma posição de importância comercial para Bajor. Los é tão perigoso que ele consegue unir a Federação aos cardassianos para a sua captura. Toda essa querela provocada por Los ajuda a desenvolver a personagem de Kira, um antigo membro da resistência que precisa, em tempos de paz, ter outra mentalidade ao lidar com a Federação e os próprios cardassianos, pensando no que é melhor para Bajor agora dentro de novos parâmetros do pós guerra. Além disso, fica destacada a amizade entre Kira e Odo, onde a primeira vai pedir conselhos ao segundo quando a major não sabe se fica do lado de Los ou de Sisko. Outro ponto muito positivo do episódio foi a apresentação de Garak, desde o inicio se mostrando como um personagem de característica dúbia e altamente cínica, o que viria a ser a tônica da série. É interessante perceber que Garak faz amizade justamente com Bashir, que é visto como o personagem mais imaturo e um tanto abobalhado nesse começo de série. Fica uma questão aí: até que ponto essa amizade de Garak com Bashir ajudou a amadurecer o doutor?

Dessa forma, “Prólogo do Passado” é um excelente episódio que nos mostra que, em tempos de guerra e paz, nem sempre podemos ver as coisas do ponto da dicotomia dos mocinhos e bandidos. Se a perseguição a Los parecia inicialmente uma intransigência cardassiana, com o tempo, percebemos que o bajoriano era uma ameaça real à paz na região, a ponto de Kira rever seus conceitos e de Sisko se unir a Gul Damar para neutralizar Los. Outro episódio que vale a pena a revisita.

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Thana Los se revela uma pessoa muito perigosa…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas TNG (S01 Ep03), Código de Honra. É Jeito, Não É Força.

Code of Honor (episode) | Memory Alpha | Fandom
Picard vai pisar em ovos nesse episódio…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à TNG e o episódio três da primeira temporada, intitulado “Código de Honra”.

Code of Honor | Explaining errors in Star Trek Wiki | Fandom
A Enterprise encontra uma cultura cheia de particularidades…

A Enterprise chega ao planeta Ligon II para adquirir uma vacina importante para a população de outro planeta, o que vai exigir habilidades diplomáticas para tal. É uma sociedade que tem uma história muito parecida com a humana e muito orgulhosa de si. O líder do planeta, Lutan, é recebido dentro de todo o seu cerimonial, e fica impressionado pelo fato de a chefe de segurança, Tasha, ser uma mulher. Um de seus subordinados entrega a vacina a Picard, mas Tasha se antecipa e diz que precisa verificá-la antes. O subordinado manda a “Mulher” se afastar e Tasha lhe dá um golpe para jogá-lo no chão. Após o incidente, Picard convida Lutan para fazer um social e encobrir o mal entendido. Lutan aceita e a tripulação da Enterprise se afasta. O subordinado de Lutan pede desculpas a ele, mas Lutan diz que os humanos são povos com costumes estranhos e diz também que Tasha é o que ele precisa.

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Tasha mostra seu treinamento no holodeck…

O encontro na nave vai muito bem e Picard oferece um presente da Terra. Picard pergunta se não pode oferecer mais uma cortesia e Lutan sugere fazer um treinamento de segurança com Tasha no holodeck. Tasha concorda. Riker, entretanto, fica ressabiado com isso, pois ele percebeu como os ligonianos ficaram surpresos em ver uma mulher no comando, pois são de uma sociedade patriarcal, como era várias sociedades humanas no passado. Tasha mostra um treinamento de aikidô e Lutan fica impressionado, enchendo Tasha de elogios. Mas na hora da despedida, Lutan leva Tasha à força da nave.

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Tasha é sequestrada…

Picard tenta estabelecer contato com Lutan mas não recebe resposta. Como este é um povo que prima muito pela paciência, Picard decide, mesmo muito preocupado com Tasha, esperar. Crusher informa a Picard que não consegue replicar a vacina e que vai ter que obtê-la com os ligonianos, pois a doença que ela trata provoca uma morte terrível. E pede que Picard deixe Wesley entrar na ponte, o que ele faz. Data analisou mais a cultura ligoniana e viu que ela obedece um código de honra que muito valoriza atos heróicos. Lutan, ao seqüestrar Tasha, lançou mão dessa tradição para melhorar sua imagem. Lutan entra em contato e Data e Riker sugerem, que pela cultura ligoniana, Picard peça com educação que se devolva Tasha. Picard, que inicialmente foi ríspido com Lutan, faz o pedido de forma educada e Lutan os convida para descer. Riker não quer que Picard vá (o primeiro oficial que protege seu capitão) mas a tradição ligoniana exige a presença do capitão (uma justificativa para o capitão da nave descer numa missão arriscada com o grupo avançado, algo que era muito criticado em TOS).

Jessie Lawrence Ferguson | Memory Alpha | Fandom
Lutan usa sua cultura para lutar por seus interesses escusos…

Picard desce com Troi para se encontrar com Lutan, que apresenta a eles a sua esposa. Há toda uma formalidade e estranhamento cultural nesse encontro, pois Picard precisa seguir todo o cerimonial ligoniano e pedir perante o público num jantar a devolução de Tasha, que foi seqüestrada. Mas Picard não perdeu a oportunidade de ser um pouco sarcástico quanto à todo aquele cerimonial. Pisando em ovos, essas duas culturas combinam em se encontrar para o jantar (um detalhe aqui: os ligonianos são todos negros e se vestem com motivos um tanto orientais, se aproximando do árabe).

1x04 - Code of Honor - TrekCore 'Star Trek: TNG' HD Screencap ...
Picard vai lançar mão de muita diplomacia para lidar com a situação escabrosa…

No jantar, Picard faz todo o cerimonial para pedir Tasha de volta, bem diplomático como ele o é. Lutan diz que ele foi muito correto em seu pedido, que vai dar a vacina, mas que quer Tasha como sua “primeira”. A então “primeira” de Lutan evoca a tradição e propõe um duelo até a morte com Tasha. Picard se nega e Lutan diz que se ele se negar, não dará mais a vacina. Numa conversa entre Tasha, Picard e Troi, esta última, que percebe como Lutan é um macho alfa bem primário, diz que tudo isso seria bem mais simples sem a Primeira Diretriz. E Picard diz que pensou o mesmo.

A doença avança no planeta que precisa da vacina e, tanto Troi  quanto Tasha dizem que é melhor a útima aceitar o duelo, pois Tasha acredita que terá poder para vencer e dar a Picard a capacidade de barganha com Lutan. Picard vai falar com Lutan e diz que vai ordenar que Tasha lute. Fica claro na conversa que a estrutura patriarcal do planeta dá ao homem as terras que as mulheres possuem e que Lutan não tem tantas terras assim. Lutan não tem nada a perder nesse desafio então.

Picard pede que Data e La Forge desçam e analisem as armas ligonianas para Tasha saber o que espera. Riker fica de sobreaviso de transportar Tasha caso a vida dela corra risco. Tasha pede para conversar com a primeira e diz a ela que não luta por Lutan, somente pela vacina e tenta evitar o combate. A primeira diz que pode matar Tasha e que o combate deve ocorrer. La Forge e Data examinam as armas e verificam que elas são muito mortais e adequadas para uma mulher manusear. Um pouco antes da luta, Picard pergunta a Tasha se ela quer lutar e se está preparada. A chefe de segurança diz que está bem preparada para lutar. Mas, ao ver as armas e a primeira treinando, deu aquele medinho em todos da tripulação. Data sobe à Enterprise para passar instruções de Picard a Riker, que não sabemos de antemão.

Code of Honor (episode) | Memory Alpha | Fandom
Apesar das tentativas de Tasha, ela não consegue evitar o duelo…

A luta começa, muito equilibrada. Quando a primeira quase é golpeada por Tasha, o subordinado de Lutan pede que ela tenha cuidado e Lutan lança um olhar sobre ele. Tasha atinge a primeira com uma luva cheia de espinhos com veneno e se joga sobre ela, que está deitada. As duas são teletransportadas para a Enterprise. Crusher atende a primeira para neutralizar o veneno. Na superfície do planeta, Picard acerta tudo com Lutan, já que a sua primeira foi derrotada, e as vacinas serão entregues. Tasha irá com Lutan se quiser. Mas Picard acaba transportando todo o grupo avançado, Lutan e seu subordinado de surpresa para a Enterprise. Lá, a primeira está viva e Lutan quis desfazer o acordo da vacina. Crusher diz que a primeira ficou morta por alguns instantes e foi trazida à vida, está tudo nos registros médicos. A primeira diz que, com sua morte, o acordo matrimonial está desfeito e Lutan perde todas as suas posses. A primeira diz que ouviu o subordinado chamando por ela na luta e decide se casar com ele, passando todas as suas posses para o novo marido e deixando Lutan como seu número dois. Tasha, que tinha alguma atração por Lutan, diz que ele perdeu tudo. A primeira pergunta se Tasha quer Lutan, mas ela diz que não, que haveria complicações. O antigo subordinado, agora líder, diz a Picard que sua sociedade pode não ser desenvolvida tecnologicamente, mas que é muito civilizada. Picard assente respeitosamente com a cabeça mas com uma expressão cheia de ironia.

O episódio termina com Wesley deixando a ponte depois de ajudar a Riker, e a nave se dirigindo ao planeta que precisa a vacina.

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Nem sempre Picard tem paciência com Lutan…

O que podemos dizer do episódio “Código de Honra”? Em primeiro lugar, é mais um clássico episódio de choque cultural e da não violação da Primeira Diretriz. Para isso, deve-se colocar a cuca para funcionar na hora de atuar. E aí é que está a graça do episódio. Nada de cenas de ação que atropelam tudo, onde o uso da força é a atração. Mas sim é tudo uma questão de jeito, onde a inteligência é que dá as cartas. A cultura ligoniana não era de todo estranha, pois lembrava muito algumas das culturas antigas da Terra, excessivamente patriarcais e machistas. Um código de honra cheio de regras obrigava os tripulantes da Enterprise a pisarem em ovos, ainda mais quando houve o seqüestro de Tasha, considerado um ato de guerra nas regras da Federação, mas uma formalidade para elevar a imagem do líder local. Apesar da situação complicada, foi um deleite ver o Picard das antigas lançando mão de toda a sua diplomacia, não sem uma ironia fina que era uma atração à parte. Uma certa má vontade contra a Primeira Diretriz é notada, principalmente na boca de Troi que, também pudera, estava revoltada contra a posição submissa da mulher na cultura ligoniana. Agora, o que foi muito curioso ver a atração física de Tasha para com Lutan, mesmo que ele tenha a seqüestrado. Mesmo sabendo que um relacionamento a dois não daria certo (seria “complicado”) Tasha chegou a se preocupar com Lutan quando ele perdeu todo seu poder e posses. Uma coisa que incomodou um pouco foi a cara dada aos ligonianos, todos negros e com motivos orientais que se aproximavam um pouco da cultura árabe, representando uma cultura ancestral, machista e patriarcal, em oposição aos brancos desenvolvidos, tecnológicos e tolerantes da Federação, onde La Forge é a exceção que confirma a regra (e num episódio onde não tivemos a presença de Worf). Confesso que isso me incomodou um pouco, pois se aproximou bastante do discurso civilização X barbárie que víamos no processo imperialista do século XIX e início do século XX, cuja expressão mais aguda seriam os regimes fascista e nazista.

O desfecho do conflito foi usado com muita inteligência. Ao teletransportar a primeira e Tasha para a Enterprise e salvar a primeira, que esteve morta por instantes, a cultura local não foi violada e o problema foi solucionado, pois Lutan perdeu sua autoridade e Tasha ficou livre. Tal desfecho resgata o que temos de melhor em Jornada nas Estrelas, pois resolve-se os conflitos não com a força, mas sim com a cuca.

Star Trek: The Next Generation Re-Watch: “Code of Honor”
E começa o duelo…

No mais, tivemos alguns momentos cômicos e interessantes com Data que, na sua aproximação aos seres humanos, ele tenta contar piadas a La Forge e não consegue tirar graça quando tem essa intenção, mas consegue ser bem engraçado quando não o quer, e aí essas experiências somente deixam o andróide ainda mais intrigado com os humanos.

Code of Honor" (S1:E4) Star Trek: The Next Generation Episode Summary
A Primeira escolhe seu novo marido…

Dessa forma, “Código de Honra” é um bom episódio de TNG, pois lida com a questão do estranhamento cultural, do respeito à Primeira Diretriz e com a resolução do conflito pela inteligência e não pela força. É tudo uma questão de jeito.

Star Trek TNG Code of Honor Image 24Reggie's Take.com
Uma nova hierarquia…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, A Série Clássica (S01 Ep03), O Estranho Charlie. Filhote De Q?

1x02 - Charlie X - TrekCore 'Star Trek: TOS' HD Screencap & Image ...
A Enterprise recebe um estranho passageiro…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à série clássica para falar do terceiro episódio da primeira temporada, intitulado “O Estranho Charlie”.

Robert Walker Jr., 1940-2019
Charlie parecia um adolescente normal…

Qual é o plot desse episdódio? Um cargueiro se encontra com a Enterprise para trazer um estranho passageiro: um adolescente náufrago chamado Charlie Evans, que viveu quatorze anos sozinho, desde que tinha apenas três anos. Ele será transferido pela Enterprise para uma colônia e mal teve contato com humanos. O capitão do cargueiro está em silêncio e Charlie faz uma cara onde revira os olhos e, logo, o capitão do cargueiro enche Charlie de elogios, dizendo que ele conseguiu, com sua inteligência, sobreviver ao naufrágio de forma bem competente. Charlie fica curioso com a Enterprise e as centenas de tripulantes, interrompendo a conversa de Kirk com o capitão do cargueiro à todo momento. Kirk chama a atenção de Charlie para isso. Kirk pergunta se o capitão precisa de alguma coisa e o capitão diz que não precisa de nada (nem de conhaque sauriano). Kirk estranha isso. Kirk manda a ordenança Rand levar Charlie para seus aposentos e o garoto fica estupefato em ver uma mulher pela primeira vez.

Review “Charlie X” Remastered – TrekMovie.com
… que não sabia lidar com as mulheres…

Charlie faz exames médicos na enfermaria e está em perfeita saúde. Ele pergunta a McCoy se o doutor gosta dele e McCoy diz “Por que não?”. Charlie dizia que as pessoas da outra nave em que ele estava não gostavam dele. McCoy, achando que aquilo é uma inofensiva insegurança adolescente, o conduz para os aposentos. Charlie anda pela nave e vê dois tripulantes se cumprimentando, dando um tapa no outro. Charlie encontra Rand e consegue dar o perfume preferido dela, intrigando a tripulante. Eles marcam para conversar e, depois do combinado, Charlie dá um tapa na bunda de Rand, como viu os outros dois tripulantes fazerem. A ordenança chama a atenção de Rand, dizendo que ele não pode fazer isso com as mulheres e pede para que o capitão ou o doutor explicarem por que.

Robert Walker, Jr. from Star Trek's “Charlie X” has died — Daily ...
Bom em truques com cartas…

Na ponte, McCoy insiste a Kirk que Charlie precisa de uma figura paterna e Kirk joga a batata quente para o doutor. Já Spock insiste na hipótese de que o planeta em que Charlie estava era habitado, pois Charlie, só com três anos e um ano de comida, não poderia ter sobrevivido sozinho.

Charlie Evans from the Star Trek episode "Charlie X". #StarTrek ...
Mas tinha dificuldades para aceitar a derrota no xadrez tridimensional…

Na área de recreação, temos a famosa sequência onde Uhura canta com o acompanhamento de Spock tocando a sua lira irada. Uhura canta e a letra da música é mais uma cantada explícita em cima do vulcano (J. J. Abrams deve ter visto isso). Charlie, que estava dentro da área de recreação, também recebe uma canção de Uhura, mas ele não gosta de ficar exposto perante o público e, com o seu poder, tira a voz de Uhura. Charlie faz alguns truques de cartas para impressionar Rand e faz sucesso entre as pessoas. Mais tarde, Charlie pergunta a Kirk por que não pode bater na bunda de mulheres e o capitão fica todo sem jeito para explicar, num exemplo explícito de puritanismo WASP da década de sessenta dos Estados Unidos em pleno século 23.

Pin em TV Serie: Star Trek / Jornada nas Estrelas
Kirk, mesmo com sua barriguinha, leva o garoto para treinar luta…

Kirk recebe um chamado de que o capitão que trouxe Chrlie quer falar com ele. O rapaz pediu para ir à ponte junto. O capitão não consegue se comunicar com a nave e o sinal desaparece. Charlie falou que a nave era “muito fraca”. Logo depois, Spock descobre pelos sensores que a nave onde estava o capitão explodiu. Ainda, Kirk havia mandado sintetizar carne de peru para o Dia de Ação de Graças. E agora a cozinha da nave estava com perus de verdade. Cherlie escondeu um sorrisinho e saiu da ponte pelo elevador. Tudo isso acabou despertando em Kirk suspeitas sobre Charlie.

Charlie X « Mission Log Podcast
Essas coisas de macho alfa deixaram o menino assustado…

Kirk e Spock jogam xadrez tridimensional (provavelmente, a primeira vez que esse jogo aparece na série). Spock diz taxativamente que Charlie deve ter algo a ver com o evento da explosão da nave. Kirk, embora com suspeitas, ainda acha que Spock está exagerando. Charlie entra na área de recreação e ele e Spock começam a jogar. Spock vence Charlie, mas ele não aceita. Spock simplesmente sai de perto e deixa Charlie com cara de tacho. Charlie se revolta e derrete as peças brancas. Charlie chega perto de Rand e praticamente se declara a ela. Rand chega a Kirk e pede para que ele fale com Charlie para se afastar dela, pois pode magoá-lo. Kirk, com um olhar maroto, diz que vai fazer isso. O capitão diz que Charlie não pode pressionar e fala que há uma diferença de idade entre Charlie e Rand (mais uma vez a mentalidade da década de sessenta) e que Charlie deve aprender a conviver com isso (há coisas no Universo que podemos ter e outras que não). Kirk lave Charlie para fazer exercícios físicos, mas o garoto não quer muito fazer isso. Kirk insiste e treina luta com Charlie. O capitão derruba o garoto e um tripulante acha graça. Charlie, enfurecido, faz o tripulante desaparecer. KIrk chama a segurança para confinar Charlie nos aposentos. Charlie imobiliza os seguranças. Kirk, no melhor estilo macho alfa, ordena que Charlie vá aos aposentos, ou vai “pegá-lo na marra”. Charlie acaba cedendo e vai com os seguranças. Kirk descobre que todos os phasers da nave desapareceram,  alem do phaser do segurança que tentou imobilizar Charlie.

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Fofamente se declarando para a Ordenança Rand…

Kirk, Spock e McCoy se encontram na sala de reuniões e o vulcano diz que os thasianos (povo alienígena do planeta em que viveu Charlie) têm o poder de transmutar objetos e torná-los invisíveis, e que parece que Charlie tem o mesmo poder. Eles chegam à conclusão de que Charlie é um perigo, pois tem todo esse poder com uma mentalidade adolescente e Kirk é a única pessoa que o respeita. Nisso, Charlie entra com um segurança. Kirk pergunta se Charlie destruiu a nave e ele diz que sim, pois a tripulação não gostava dele.

Kirk não quer levar mais Charlie para a colônia em virtude do perigo do garoto. Mas Charlie toma o controle da nave e coloca Spock numa situação humilhante, forçando-o a recitar poesias. Kirk lhe dá uma bronca e o garoto recua. Spock diz que uma hora harlie não mais recuará. E Kirk sabe disso. Charlie invade os aposentos de Rand e tenta forçá-la a amá-lo. Ela lhe dá um tapa no rosto e ele faz Rand desaparecer. Spock e Kirk, que ficaram sabendo que Charlie estava nos aposentos de Rand porque ela ligou o áudio e eles escutaram da ponte, estão nos aposentos da ordenança e escutam Charlie dizer que precisa de Kirk, pois a Enterprise é uma nave maior para Charlie controlá-la sozinho. Charlie começa a tripudiar da tripulação.

Star Trek - Charlie X, Stalker - YouTube
Imobilizando Kirk e Spock…

Na ponte, Uhura diz que está recebendo uma transmissão nave a nave. Kirk pergunta a Charlie sobre isso mas o garoto desconversa. KIrk percebe que, desde que Charlie assumiu o controle da nave que ninguém mais desapareceu. Kirk orquestra um plano com McCoy e Spock (Charlie havia saído da ponte momentaneamente) para distrair Charlie e sedá-lo, mesmo sendo muito arriscado, pois Kirk achava que, assim que a Enterprise chegasse à colônia, Charlie se livraria de todo mundo. Kirk desafia Charlie e o garoto imobiliza o capitão. Uma mensagem chega à nave vinda de Thasius. Rand aparece na ponte. Algo aparece na tela e Charlie começa a gritar, implorando que não deixem levá-lo. Uma face verde aparece flutuando na ponte e Charlie, totalmente vulnerável, implora mais ainda para ser levado para a colônia. O thasiano (a face verde) disse que assumiu sua forma de séculos atrás para falar com a tripulação e se desculpa por não ter conseguido salvar a primeira nave, mas colocou tudo de volta ao normal na Enterprise. Charlie implora para ficar na Enterprise. Kirk fala ao thasiano que Charlie poderia viver com os humanos e ser ensinado a não usar seus poderes. O thasiano diz que isso seria impossível e, das duas uma: ou Charlie destruiria a raça humana ou os humanos o destruiriam. Já os thasianos cuidariam de Charlie. O thasiano fala para Charlie vir com ele e desaparece. Charlie implora para ficar, pois os thasianos não podem sentir, amar, nem serem tocados. Implorando a Rand e à tripulação, Charile lentamente desaparece. Uhura diz que Charlie está à bordo da nave thasiana e que ela vai embora. Rand chora e Kirk diz que tudo está bem. Mas toda a tripulação está mortificada na ponte. Fim do episódio.

O que podemos dizer desse episódio escrito por D. C. Fontana e Gene Roddenberry? Em primeiro lugar, é impossível não se lembrar de Q em TNG quando vemos esse episódio, lembrando que o episódio piloto de TNG, onde Q aparece pela primeira vez, foi também escrito pela dupla Fontana – Roddenberry. E aí a gente se pergunta se Q não recebeu influência de Charlie, até porque, mesmo sendo interpretado por um adulto como John De Lancie, Q, em sua ironia e sarcasmo, poderia ser engraçado bem ao estilo da imaturidade de um adolescente (podemos nos lembrar quando o contínuo chega a tirar os seus poderes, assim como vemos Charlie ficar subjugado pelos thasianos). De repente, Q, que aparece justamente no início de TNG (assim como Charlie aparece bem no início de TOS), pode ter sido uma visão um pouco mais desenvolvida e trabalhada de Charlie, pois no fundo, os dois têm a mesma essência (superpoderes que a tudo subjugam). De qualquer forma, foi angustiante ver toda uma tripulação, nave e tecnologia ficarem à mercê de um adolescente tão instável emocionalmente, sendo que o único freio desse adolescente era o respeito por Kirk e a necessidade de ter o capitão por perto, já que Charlie não conseguia (e essa era a sua limitação) controlar a Enterprise como um todo, por ser uma nave muito grande. Ainda assim, era muito pouco para a tripulação ter um controle mínimo sobre o garoto.

Pin en TV Serie: Star Trek / Jornada nas Estrelas
Charlie se torna uma ameaça a todos, especialmente Rand…

Os ecos de uma produção datada novamente apareceram nesse episódio. Um puritanismo WASP novamente assombrou a utópica tripulação do século 23, sendo na falta de jeito de Kirk de explicar a Charlie como um homem se deve tratar uma mulher, seja na recusa de um romance entre Charlie e Rand por esta última ser mais velha. Como já foi mencionado em análises anteriores, por melhores que sejam as intenções utópicas da obra e de quem as escreve, é muito difícil se escapar dos vícios e hábitos da época em que a obra é escrita. Pelo menos, houve um bom desenvolvimento da personagem da ordenança Rand, que deixou de ser o mero símbolo sexual de “O Sal da Terra” para ser uma personagem com mais profundidade neste episódio, já que o relacionamento entre Rand, como uma mulher mais velha que precisa lidar com a delicada situação de não magoar uma paixão adolescente, e o inexperiente Charlie, levou a ótimos momentos no episódio. Ajudou também na construção de Kirk, que agiu em boa parte do episódio como uma espécie de apoio paternal. Creio que tudo isso tenha acontecido por mérito de Dorothy Fontana, que foi uma excelente roteirista de Jornada nas Estrelas, mesmo que alguns digam que Rooddenberry teve uma participação no que ela escreveu. Quando vemos uma história escrita por Fontana, sempre nos vêm à cabeça a sensação de que há um algo a mais ali.

Morre Robert Walker Jr., do episódio "Charlie X" | Trek Brasilis ...
O ator Robert Walker Jr., recentemente falecido…

Mas o mais surpreendente é o desfecho do episódio, que dá mais profundidade ainda à Charlie. Se no início do episódio a gente simpatizava com o garoto por sua inexperiência adolescente (com a qual todos nós poderíamos perfeitamente nos identificar), com o desenrolar da história, sua onipotência e instabilidade o transformam num vilão maligno. Mas o fim do episódio deixa nosso Charlie numa situação de vulnerabilidade total frente aos thasianos. E aí, passamos a sentir pena do garoto, pois, contra a sua vontade ele vai ficar preso à uma civilização que não tem qualquer sentimento ao toque humano e ao amor, coisas que ele tinha experimentado na Enterprise e queria explorar mais. Voltamos a ver Charlie como um adolescente inexperiente e que não sabe lidar com suas emoções. Entretanto, aquele mal ao qual Charlie será obrigado a passar é absolutamente necessário, já que seu convívio com os humanos é extremamente perigoso. Resta à tripulação assistir, mortificada, ao destino imposto à Charlie e, principalmente, a vermos Rand, chorosa e entristecida, lamentar o que aconteceu com o adolescente, justamente Rand, que mais havia sofrido nas mãos de Charlie. Ou seja, um desfecho que complexifica um personagem que poderia ser visto apenas como um plano vilão odioso que merece ser castigado. Devemos sempre nos lembrar que Jornada nas Estrelas era um programa televisivo de entretenimento e tal profundidade de personagem em Jornada nas Estrelas era, já nos primeiros episódios, um cartão de visitas de que não víamos um produto cultural qualquer.

Dessa forma, se “O Estranho Charlie” nem sempre é bem visto por algumas pessoas do fandom, ainda assim é um episódio cheio de virtudes da gênese de Jornada nas Estrelas e merece ser revisitado.  

Star Trek – Charlie X (Review) | the m0vie blog
Um desfecho de dar pena…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Enterprise (S01 Ep 03), Explorar Novos Mundos. Preconceitos Sem Freios.

Strange New World (episode) | Memory Alpha | Fandom
Um planeta classe M

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à Enterprise e falemos do terceiro episódio da primeira temporada, intitulado Explorar Novos Mundos.

Enterprise - "Strange New World" Season 1 Episode 4
O planeta parecia um lugar muito aprazível…

No que consiste o plot? A Enterprise encontra um planeta muito parecido com a Terra, o que deixa a tripulação animadíssima e pronta para descer à superfície. Os scans não mostram a presença de vida humanóide. T’Pol, entretanto, fala em escanear o planeta com sondas primeiro para verificar se ele é da classe Minshara (apto à vida humanóide). Esse scan duraria uma semana. Archer pede que se forme uma equipe de pesquisa que vá descer ao planeta, mais uma vez não escutando as recomendações de T’Pol.

Star Trek Weekly Pics » Archive » Daily Pic # 1973, “Strange New ...
Uma equipe vai ficar na superfície do planeta…

A tripulação desce ao planeta e os humanos parecem numa colônia de férias: tiram fotos, Archer leva o Porthos, etc., enquanto que T’Pol só pensa na missão. A equipe pesquisa o planeta e um grupo com dois tripulantes, Travis, Trip e T’Pol ficam no planeta. Durante a noite, sob muitos vaga-lumes, um dos tripulantes fica com dor de cabeça e pede para descansar. Os vaga-lumes somem e logo aparece uma violenta rajada de vento. Um bicho aparece no saco de dormir de Trip e a ventania continua intensa. Trip sugere a T’Pol que eles procurem uma caverna.

Kellie Waymire (Lanyard in VOY: Muse and Crewman Cutler in ENT ...
Mas logo esse planeta mostraria não ser tão aprazível…

Na Enterprise, Reed sugere a Archer que se busque a equipe avançada em virtude do vento, mas T’Pol, interpelada por Archer pelo rádio, diz que as condições de pouso para uma nave auxiliar são muito difíceis com o vendaval. A equipe já está numa caverna, mas esqueceu a comida no acampamento. Travis vai buscá-la e vê vultos de pessoas. Ele diz isso para a equipe e T’Pol diz que, pelo scaner, não há mais nenhuma forma de vida humanóide no planeta além deles. O tripulante que estava com dor de cabeça, ouviu sons no acampamento e agora está descontrolado na caverna, dizendo que há alguém lá e que todos precisam sair dali. O tripulante (Ethan) sai correndo para fora da caverna e Trip vai, juntamente com Travis, atrás dele. Já T’Pol penetra mais fundo na caverna para ver se há alguém lá dentro mesmo. Trip vê uma figura humana “saindo” de uma pedra como se estivesse camuflada nela. Travis quase cai num precipício e Trip fala para eles voltarem. A outra tripulante, que ficou sozinha na caverna, a explora e encontra T’Pol falando com dois homens. Ao perguntar à vulcana quem eram, T’Pol disse que não havia ninguém lá. Trip e Travis comunicam a situação a Archer, que desce com Reed na nave auxiliar. Eles conseguem contato com Ethan, que responde agressivamente pelo rádio. Já Trip e Travis pressionam T’Pol, depois que a outra tripulante disse que a vulcana falava com duas pessoas. Archer tenta pousar, mas não consegue e pede para Trip gerenciar a situação, tentando estabelecer contato com os alienígenas se achá-los. Trip continua a pressionar T’Pol, que se mantém impassível. Travis fala da falta de água da equipe e T’Pol fala que há uma reserva de água no interior da caverna Trip, desconfiado, rende T’Pol e tira sua arma, não indo buscar água junto com ela, como sugerido pela vulcana. Archer tenta se comunicar com Ethan, mas ele grita de dor. Não há outra alternativa a não ser teletransportar Ethan para a nave, mas seu sinal está contaminado e ele chega à Enterprise com um monte de folhinhas agarradas a seu corpo. A equipe da caverna está perdendo totalmente o controle emocional e se tornando agressiva, inclusive T’Pol, vendo ainda coisas se movimentando nas pedras.

1x04 - Strange New World - TrekCore 'Star Trek: ENT' Screencap ...
Conversas à beira da fogueira…

Na Enfermaria, Phlox tirou as plantinhas de Ethan, mas detectou um psicotrópico no seu sangue, encontrado em plantinhas aparentemente inofensivas. Eles acreditam que o vendaval contaminou a todos e, ao entrar em contato com T’Pol, a vulcana estava com uma arma apontada para a sua cabeça por um Trip descontrolado. Archer falou do psicotrópico para a equipe e recomendou que eles se isolassem no fundo da caverna até o vendaval passar, quando seriam resgatados. Mas Trip está muito loucão e ameaça T’Pol, que também aponta uma arma para ele falando palavras em vulcano, provavelmente ofensivas.

ENT] Strange New World - Let's Watch Star Trek
Obrigados a se esconder numa caverna…

Na Enterprise, Ethan está à beira da morte, pegando Phlox de surpresa, que estudou o caso e fabrica um antídoto. O médico acredita que os outros tripulantes na superfície foram menos expostos. O problema é que o vendaval não passa e as vidas da equipe estão ameaçadas. Archer então diz que vai enviar a medicação para a equipe que precisa ministrá-la. Mas Trip está muito descontrolado para isso. T’Pol fala em vulcano para Hoshi que Trip irá matá-la e Hoshi fala isso para Archer. O capitão inventa uma história baseada nas alucinações de Trip para ele poder ser convencido a deixar T’Pol pegar o remédio, que foi teletransportado para a boca da caverna. T’Pol toma o controle da situação e tonteia Trip. Pega o remédio e inocula em todos.

Star Trek: Enterprise – Strange New World (Review) | the m0vie blog
Alucinações despertam agressividade…

Quando todos estão normais, Trip se arrepende das palavras preconceituosas que falou a T’Pol e diz que um professor vulcano que ele teve disse a seguinte frase: “Desafie seus preconceitos e eles te desafiarão”. T’Pol disse que talvez fosse a hora dele colocar esse ensinamento em prática. Fora da caverna, está um dia lindo e a nave auxiliar vem buscar a equipe. Fim do episódio.

Star Trek Enterprise - 1x04 - Strange New World
O ódio ao outro aflora…

O que podemos falar de “Explorar Novos Mundos”? A querela entre os humanos e a vulcana T’Pol continua, com a imaturidade humana ainda premente, o que sempre dá uma razão a T’Pol. A sede por exploração faz Archer ignorar totalmente os protocolos impostos pelos vulcanos que, obviamente, surgiram com experiências anteriores. E aí, o planeta altamente idílico revela-se extremamente perigoso com o psicotrópico que acaba enlouquecendo a todos. O fato do psicotrópico ter tirado o autocontrole dos tripulantes na superfície do planeta foi um dado interessante a ser adicionado para trabalhar a questão do preconceito. Se a civilização humana do século 22 diz que aboliu seus preconceitos, o descontrole do psicotrópico aflora esses preconceitos em toda a sua plenitude, afetando até a asséptica T’Pol, que respondia na língua vulcana de forma agressiva todos os rompantes de preconceito e violência de Trip. Pelo menos, a gente tem que bater palmas para Archer na resolução da crise (para compensar, pelo menos, a sua irresponsabilidade em mandar um grupo avançado para a superfície de um planeta que sequer foi escaneado detalhadamente, como T’Pol recomendara). O capitão foi na vibe das alucinações de Trip e conseguiu bolar uma estratégia para T’Pol (menos afetada pelo psicotrópico) render Trip e pegar a medicação enviada por Phlox para eles se curarem. Ao final, quando todos já não estão mais afetados, Trip manifesta seu arrependimento em tudo o que disse à T’Pol e citou a frase de um professor vulcano que teve: “Desafie seus preconceitos e eles te desafiarão”. T’Pol responde que deve estar na hora de Trip colocar esse ensinamento em prática. Ou seja, vemos Trip se arrependendo do que diz a T’Pol e indiretamente se desculpando com isso, e vemos a vulcana aceitando as desculpas, mas com aquela pontinha de mágoa que a lógica vulcana a obriga a esconder, lembrando sempre que os vulcanos têm sim emoções, mas que eles usam a lógica para reprimi-las, evitando, assim, seus dias de barbárie.

Ainda com relação à querela entre vulcanos e humanos no século 22. Essa imaturidade humana parece muito sinalizar uma cultura ocidental mais estadunidense, impetuosa, ávida por levar o melhor do ser humano a outras culturas, e intransigente com a postura mais conservadora dos vulcanos em práticas de primeiro contato, até em virtude da experiência acumulada com a exploração espacial e práticas de primeiro contato. Mas, façamos uma reflexão aqui. Essa característica ocidental e estadunidense tem legitimidade para ser porta-voz da cultura de toda a humanidade? Eu me pergunto se haveria as mesmas querelas entre vulcanos e humanos se a tripulação da Enterprise contasse com orientais, por exemplo, mais afeitos à questão da disciplina. Sabemos que falamos de uma série produzida nos Estados Unidos, com seus valores e identidades específicas. O problema é que eles travestem esses valores como universais por estarem representando a humanidade como um todo. Talvez isso seja um problema nessa série. Aliás, em sua própria abertura, a ausência de Santos Dumont (para nós, brasileiros) e, mais gravemente, do Sputnik e Yuri Gagarin, incomodam, e muito, reforçando essa posição estadunidense como de uma centralidade questionável.

My Year Of Star Trek: Enterprise: Strange New World
Plantas entorpecentes…

Para encerrar, temos aqui uma curiosidade: vemos, pela primeira vez a citação de planeta classe M, e esse M vem de Minshara.  

Dessa forma, “Explorar Novos Mundos” é um episódio de Enterprise que segue a proposta inicial da série de marcar o conflito entre humanos e vulcanos, com o ingrediente de colocar os tripulantes numa situação de afloramento dos preconceitos sem limites e de como eles teriam que conviver com isso posteriormente. Mais um passo na educação desses humanos em direção a uma maior maturidade na exploração espacial.

Star Trek: Enterprise" Strange New World (TV Episode 2001) - IMDb
A nave auxiliar aparece depois do pesadelo…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (S01 Ep 02), Paralaxe. Corrigindo Distorções Dentro E Fora Da Nave.

Parallax (episode) | Memory Alpha | Fandom

Dando sequência às análises de episódios de Jornada nas Estrelas, vamos visitar hoje Voyager e o segundo episódio da primeira temporada intitulado “Paralaxe”.

Qual é o plot desse episódio? Ele começa com uma briga entre Torres e um tenente na engenharia. Torres acaba agredindo o tenente e fica confinada aos aposentos. Tuvok fala a Chakotay da necessidade de puni-la para não se perder a obediência dos subordinados. Por outro lado, os maquis falam a Chakotay que estão prontos para um motim se necessário. Pisando em ovos, Chakotay repreende Torres duramente mas acredita que ela consegue chegar à chefe de engenharia na nave.

Is Star Trek: Voyager: Season 1: Parallax on Netflix Costa Rica?
Torres. Muitos problemas de temperamento…

Numa reunião na Voyager, algumas coisas são definidas para a realocação de pessoal na nave. Será nessa reunião que Chakotay indicará Torres para o comando da Engenharia, que Paris será uma espécie de paramédico a auxiliar o Doutor, e que Neelix e Kes vão sugerir para montar uma cozinha e uma horta hidropônica na nave, pois os replicadores deram defeito. Entretanto, um forte solavanco interrompe de forma abrupta a reunião, com uma singularidade quântica bem à frente e uma outra nave presa no horizonte de eventos da singularidade. A Voyager tenta contato com a nave em vão e pensa em estratégias para retirar a nave de lá. Chakotay, da ponte, entra em contato com Torres, na engenharia, para ver o que se pode fazer e ela sugere um raio trator subespacial. Mas essa atitude de Chakotay irritou Janeway, que disse que ele está passando por cima da hierarquia. Chakotay rebate dizendo que só poderá ajudar Janeway na nave se ele e os maquis tiverem alguma autonomia e não serem meros fantoches nas mãos dos oficiais da Federação, ficando bem claro o clima tenso entre os dois.

Parallax (episode) | Memory Alpha | Fandom
Tensões entre Chakotay e Janeway…

Na enfermaria, Kes pega um pouco de terra com o Doutor para a horta hidropônica e este se sente subaproveitado na nave. Ainda, sua projeção holográfica está com defeito e a imagem do Doutor diminuiu de tamanho.

O raio trator é acionado, mas não funciona e quase que a Voyager é atraída para a singularidade. Janeway decide ir para um sistema próximo pois, segundo Neelix, a civilização de Ilidária poderia ajudar no resgate.

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… e tensões entre Torres e Janeway…

Janeway tenta conversar com Torres para conhecê-la melhor, em virtude da sugestão de Chakotay, mas o encontro revela-se um verdadeiro fiasco pelo temperamento forte de Torres. Já o Doutor tenta se comunicar com Janeway e ela percebe que sua imagem está achatada. O Doutor está encolhendo gradativamente (algum problema no projetor holográfico) e ainda relatou que nove pessoas estão com dor de cabeça e náuseas. Janeway diz que a nave está perto de uma singularidade quântica e a distorção espacial pode estar provocando esses problemas de saúde. O Doutor então diz que precisa ser informado dessas situações pelas quais a nave passa e Janeway concorda. Mas outro sacolejo interrompe a conversa. É novamente uma singularidade quântica que Paris, ao examinar os sensores, conclui que é a mesma singularidade que eles encontraram anteriormente. Janeway ordena que a nave saia dali em dobra máxima, mas novamente a mesma singularidade aparece à frente.

Star Trek: Voyager – Parallax (Review) | the m0vie blog
Uma singularidade que não sai do pé…

Os casos de náuseas aumentam na nave, sem motivo aparente. O Doutor continua a se achatar. Torres sugere, à contragosto do tenente, que o problema do Doutor pode estar relacionado a um deslocamento de fase provocado pela distorção espacial e que se isso puder ser melhor trabalhado, será possível montar uma espécie de sensor para se comunicar com a nave que está presa na singularidade. Janeway ordena que se faça isso e, quando as pessoas saem da reunião, Janeway e Chakotay se entreolham e Janeway dá um sinal de aprovação com relação à Torres, fazendo Chakotay sair mais aliviado da sala. Quando a ideia de Torres é aplicada, o sinal que recebem de volta da nave é o da própria Voyager e a imagem da nave é também a imagem de Voyager. Ou seja, eles veem um reflexo de si próprios na singularidade, uma imagem de uma saudação da Voyager antes mesmo dela ter sido feita, e a Voyager está presa na singularidade desde o início. O que se vê a seguir é uma sequência de tecnobabbles onde a nave precisa abrir uma fratura no horizonte de eventos com partículas de dobra para poder escapar da singularidade e da distorção espacial que pode destruir a nave em nove horas. Toda essa ideia genial foi forjada num empenho mental conjunto de Janeway e Torres, o que ajudará a aproximar as duas personagens nesse momento. Todo o procedimento é feito mas abriu uma fratura muito pequena. Para poder expandir essa fratura, uma nave auxiliar terá que ir bem perto dela para disparar um raio mais forte com partículas de dobra. Para isso, serão necessárias duas pessoas que tenham conhecimento de mecânica temporal, leia-se Janeway e Torres, que vão juntas na nave auxiliar para a fratura. Na nave auxiliar, Torres se desculpa com Janeway por ter sido rude e diz que não acredita ter potencial para ocupar a chefia da engenharia. Janeway retruca dizendo que leu os registros de Torres na Academia da Frota e viu que vários professores aprovavam a postura firme e desafiadora de Torres.

Parallax (episode) | Memory Alpha | Fandom
Voyager vê um reflexo de si mesma…

As duas conseguiram aumentar a fratura, mas, ao retornarem, se deparam com duas imagens da Voyager. Janeway decide por uma delas, de acordo com o seu posicionamento perante à fratura e ao reflexo retardado das distorções. Mostrando sua especialidade em ciência, Janeway faz a escolha acertada. De volta à ponte, Janeway recebe a notícia de que a fratura encolheu um pouco e a Voyager passará muito rente aos seus limites. No melhor estilo cowboy, Janeway diz que aprendeu na Academia que pilotar uma nave estelar pode ser um processo muito delicado, mas que em certas situações, tem mais é que forçar o caminho mesmo e dá a ordem de full impulse power, fazendo a nave passar por muitos sacolejos de novo, mas vencendo o horizonte de eventos. 

Star Trek: Voyager, 'Parallax' - StarDate's Black Hole Encyclopedia
Furnado um horizonte de eventos…

Chakotay conduz Torres à engenharia. Ela é a nova chefe do setor. E a moça consegue tratar seus subordinados com a educação necessária para essas situações, além de se entender com o tenente que a agrediu. Janeway e Chakotay veem Torres à distância, contentes com a decisão tomada, embora Torres tenha muito a aprender e a se adaptar à nova função. O episódio termina com um Doutor totalmente achatado ainda à espera de um reparo nos projetores holográficos, ficando sacramentada a sua posição de alívio cômico nesse início de série. Fim do episódio.

Star Trek: Voyager: S1
Seska ja dá o ar de sua graça…

O que podemos dizer do episódio Paralaxe? Em primeiro lugar, vemos a nova tripulação ainda se assentando, com uma tensão entre maquis e os membros da Federação. A irritação de Torres é a senha para que as coisas não sejam muito pacíficas na nave, mas Chakotay aposta suas fichas nela para que assuma a Engenharia. Para isso, ele vai ter que convencer Janeway a aceitar melhor os maquis na tripulação e a própria Torres. E o episódio mostra esse desenrolar de Janeway se aproximando de Torres. O que contribuiu muito nesse estreitamento de relações foi o fato de que tanto Janeway quanto Torres são excelentes cientistas e elas conjuntamente conseguem imaginar a tecnobabble do dia para livrar a Voyager da singularidade e romper o horizonte de eventos. Sabemos que as tecnobabbles surgiram com muito peso em TNG e agora visitam bastante Voyager também, algumas vezes forçando um pouco a barra mas ainda dentro de alguma coerência mínima (partículas de dobra para romper um horizonte de eventos, por exemplo), não sendo uma espécie de varinha mágica que resolve tudo a hora que for necessário. A parte científica do episódio apostou as suas fichas em paradoxos espaço-temporais sobre singularidades, o que é uma receita muito atraente para a ficção científica mais espacial.

This Day in TV History – January 23rd, 1995 – Star Trek: Voyager's ...
Quem é quem???

Se houve um entendimento entre Janeway e Torres, já vemos uma fonte de conflitos futuros, passando quase despercebida. E essa fonte se chama Seska, que ainda não tem seu nome citado, mas ela aparece incitando Chakotay e Torres contra os membros da Federação já no segundo episódio da primeira temporada. Vale a pena ficar de olho nessa personagem para os próximos episódios.

Ainda, a construção do personagem do Doutor deu mais alguns passos, tanto na questão dele ser um alívio cômico quanto pelo fato dele ser um tanto pretensioso e arrogante.

No mais, vemos algumas outras ideias que seriam desenvolvidas no futuro, como o fato de Tom Paris ser o auxiliar do Doutor na Enfermaria e Neelix se tornar o cozinheiro da nave, com sua culinária, digamos, exótica.

Dessa forma, “Paralaxe” pode ser considerado um bom episódio de Voyager, já que aborda a tensão entre maquis e membros da Federação, nos mostra uma ficção científica atraente, com tecnobabbles satisfatoriamente domadas e uma construção de personagens que ajuda a expandir o Universo da série.

Star Trek: Voyager Rewatch: “Parallax” | Tor.com
Um Doutor minúsculo…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas DS9 (S01 Ep 02), O Homem Só. A Balada Do Metamorfo Solitário.

A Man Alone (episode) | Memory Alpha | Fandom
Título original do episódio…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos a DS9 e falemos do segundo episódio da primeira temporada, “O Homem Só”.

The Angriest: Star Trek: Deep Space Nine: "A Man Alone"
Um metamorfo solitário…

O episódio começa com várias situações paralelas: Bashir flertando com Dax, Dax e Sisko no Promenade se adaptando ao novo estado de amizade, Keiko e O’Brien em DR, porque a primeira está infeliz por não ser útil na estação com botânica, Jake e Nog se conhecendo e fazendo travessuras e, principalmente, a birra de Odo com um bajoriano de nome Ibudan por seu passado nebuloso e criminoso. Esse bajoriano vai ser assassinado. Keiko, ao ver as travessuras de Jake e Nog, comenta com O´Brien que a Estação precisa de uma escola para as crianças, que nada têm para fazer na nave. Keiko leva a situação a Sisko, que prontamente aceita a sugestão, mas lembra que ela, como professora, vai ter que lidar com muitos problemas de ordem cultural.

A Man Alone (episode) | Memory Alpha | Fandom
Odo reprime um antigo bajoriano mau caráter…

Enquanto isso, um bajoriano diz a Kira e Sisko que Ibudan, antes de ser morto, o procurou e estava com medo de Odo, transformando esse num suspeito do assassinato.  Odo, por sua vez, investiga a nave de Ibudan e vê o seu próprio nome anotado dos diários da nave. Bashir, ao investigar o local do crime, diz que só encontrou uma amostra de DNA, não havendo vestígios do assassino. O próprio Odo, então, diz que o assassino pode ter sido um transmorfo (um ser da espécie de Odo) que passou pelas frestas da porta, não deixando rastros, aumentando as suspeitas sobre ele. Odo percebe que estão armando para cima dele e pede mais uma investigação no local do crime. Alguns bajorianos pressionam Kira e Sisko para tirar Odo das investigações. Sisko concorda e o faz, para a contrariedade do próprio Odo e de Kira, que vai assumir as investigações com Dax. O escritório de Odo é destruído e Quark vai lá para zoar com a cara do transmorfo, mas acaba dando a e ele informações sobre os dias de Ibudan na prisão. Já Bashir faz novas experiências com o DNA que recolheu.

A Man Alone - Star Trek: Deep Space Nine S01E04 | TVmaze
Um homicídio onde armam para cima de Odo…

Odo começa a ser perseguido pelos bajorianos da Estação. Sisko enfrenta a multidão para evitar que a justiça seja feita com as próprias mãos e que o transmorfo não seja mais persguido. Nesse ínterim, Bashir descobre, pelas amostras de DNA, que Ibudan clonou a si próprio e matou seu clone para incriminar Odo, que fez uma tocaia para o Ibudan original e o prendeu em sua nave. O episódio termina com Keiko e sua escola pronta, mas somente com Jake. Ela já desanima quando Rom chega com Nog e diz que ele vai estudar por algumas semanas (Keiko havia insistido muito para Rom matriculasse Nog, mas o pai não deu muita atenção, pois a cultura ferengi tinha outros parâmetros). Duas menininhas completaram a classe para deleite de Sisko, que abre um largo sorriso para a nova escola que começa. Fim do episódio.

A Man Alone (1993)
Bajorianos perseguindo o metamorfo…

O que podemos falar de “O Homem Só”? Tivemos um bom episódio de construção de personagens, com uma história principal (o assassinato de Ibudan) e várias histórias paralelas. Vimos, por exemplo, uma nascente amizade entre Nog e Jake, onde os dois, por não terem muito o que fazer enquanto adolescentes na Estação, armaram uma travessura, o que serviu como pretexto para a história de Keiko, que não sabia o que fazer como botânica na Estação e decidiu abrir uma escola e ser professora. Aliás, o funcionamento da escola de Keiko fechou o episódio e foi o motivo de um grande sorriso de Sisko, ou seja, algo bem ao espírito utópico de Jornada nas Estrelas e que não tem muito espaço hoje nas séries mais novas, carregadas de distopia e que colocaram Jornada nas Estrelas em crise de meia idade. Outro sub-núcleo que chamou a atenção foi a amizade entre Sisko e Dax, que havia conhecido o simbionte no corpo de Curzon, uma espécie de segundo pai, e agora vai ter que se acostumar com a belíssima e elegante Jadzia. A reboque dessa história, estavam as tentativas de flerte de Bashir em cima de Jadzia, algo que foi um pouco desenvolvido nas primeiras temporadas da série e, graças aos céus, abandonado posteriormente.

Star Trek: Deep Space Nine Rewatch: “A Man Alone” | Tor.com
O Dr. Bashir terá participação decisiva na elucidação do crime…

De qualquer forma, soou mais positivo para o doutor o fato dele ter elucidado o mistério do assassinato, lançando mão da questão do DNA, que na época em que a série foi feita começava a despertar muita atenção. Agora, a história principal foi o assassinato de Ibudan e ajudou muito a desenvolver o personagem de Odo. Ibudan era um bajoriano que não tinha um caráter lá muito virtuoso e, por ter matado um cardassiano, vivia agora livre, leve e solto na sociedade. Mas Odo, que sempre teve um olho no padre e outro na missa, sabia que o sujeito não prestava. O assassinato de Ibudan foi orquestrado de forma a incriminar Odo e, logo ele seria perseguido pelos bajorianos, não somente por uma questão de se “fazer justiça”, mas também por uma questão de preconceito e perseguição a Odo, que era o único de sua espécie na Estação. O momento em que Odo fica acuado em seu escritório e os bajorianos querem linchá-lo, sendo somente demovidos por Sisko quando este atira com o phaser para cima, lembra mais uma vez o ambiente pesado e distópico da série, marcado por um pós-guerra onde o preconceito e as perseguições são bem mais fácies de se acontecer.

First Day at School | Star Trek: Deep Space Nine - A Man Alone ...
E a escola de Keiko começa heriocamente…

Dessa forma, embora a história de “O Homem Só” tenha sido bem fragmentada em vários sub-núcleos, ainda assim tivemos um bom episódio que mostra a vida da Estação sendo erguida no pós-guerra e que, na história principal, abordou a questão do respeito à diferença e do preconceito. Mas é de se celebrar mesmo o desfecho do episódio ser marcado pela abertura de uma escola, algo muito difícil de ser visto por aí, ainda nas visões distópicas de hoje. Vale a pena a revisita.

Star Trek: Deep Space Nine | Netflix
.. para a grande alegria de Sisko…