Batata Literária – Mário (à Mário Peixoto)

Era um menino muito franzino,

muito recluso, muito fechado.

Muito ligado à avó,

que, na adolescência foi estudar na Inglaterra.

Lá, teve contato íntimo com o cinema.

Se apaixonou pelos filmes alemães.

Mas sofria muito com a frieza do povo inglês

e, por isso, teve como amigos filhos do Império japonês.

De volta ao Brasil,

tinha como amigos estudiosos do cinema

que fundaram um periódico

cuja função era estudar o cinema teoricamente.

Ele via tudo à distância,

mas buscava um enredo para um scenario

do fundo de sua alma

onde a teoria vinha apenas como um apoio.

Logo escreveu o scenario.

Entregou-o para um diretor de cinema

e para outro.

Qual foi a conclusão dos dois?

O próprio menino franzino deveria dirigi-lo.

O scenario era complicado demais.

E todos aqueles que militavam pelo cinema

logo começaram a ajudá-lo.

De todo esse esforço

saiu um filme único, maravilhoso.

Um filme que explorava

a limitação da condição humana

perante o Universo.

Onde toda a angústia do ser

era exposta de forma fria e crua,

uma reflexão de até onde nós podemos ir em nossas vidas.

Mário Peixoto, um dos grandes cineastas brasileiros, que escreveu um roteiro e dirigiu aos 16 anos.
Mário Peixoto, um dos grandes cineastas brasileiros, que escreveu um roteiro aos 16 anos, e dirigiu “Limite”, considerado por muitos especialistas o maior filme brasileiro de todos os tempos.
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