A Editora Aleph, dentro de sua proposta de publicar muitas histórias de “Guerra nas Estrelas”, nos traz uma nova obra, considerada parte do novo cânone. Escrita por Paul S. Kemp, “Lordes dos Sith” pode ser considerada uma história muito instigante, com lances sensacionais de ação, mas também extremamente sinistra, com nossos Darths Sidious e Vader tocando um terror como poucas vezes visto em outras histórias. É um livro que vai agradar muito aos fãs.
A história aqui se concentra em torno do movimento Ryloth Livre, um pequeno grupo de resistência do planeta Ryloth, berço da espécie Twi’lek. Estamos entre os Episódios III e IV e o Império ainda consolida seu poder pela Galáxia. Mas pequenos focos de resistência já surgem contra a arbitrariedade sith e os rebeldes de Ryloth tomam as atitudes mais ousadas. Liderados por Cham Syndulla, pai de Hera Syndulla da série “Rebels”, e por Isval, os rebeldes tinham, a princípio, o plano de libertar Ryloth das garras do Império, mas não derrubar todo o Império em si. A ideia era dar alguma autonomia a seu planeta natal para ter uma maior margem de negociação com o Império, já que era muito difícil derrotá-lo. Como a revolta dos Twi’leks estava provocando estragos, o Imperador decidiu pessoalmente ir com Vader a bordo do destroier estelar Imperial “Perigo” para Ryloth. Essa era a oportunidade para os rebeldes enfraquecerem de vez o Império, destruindo a “Perigo” e matando, de uma vez, o Imperador e Vader.
A história merece dois destaques muito especiais. Em primeiro lugar, o plano dos rebeldes para atacar a “Perigo”, que foi feito com muita engenhosidade e com várias alusões a coisas que vemos nos filmes, constituindo-se num ótimo “fan service”. Esse é o trecho mais instigante e marcante do livro e, por si só, já valem os reais investidos nele. A gente lê toda a coisa num fôlego só, e fica louco por mais. Em segundo lugar, o Imperador aproveita essa viagem a Ryloth e todos os acontecimentos que, segundo Sidious, sempre foram previstos por ele, para submeter Vader a vários testes. Devemos nos lembrar que os eventos do Epísódio III ainda estão muito recentes e que os medos e angústias de Anakin Skywalker ainda permeiam a mente do Lorde Sombrio. As situações adversas impostas pelo Movimento Ryloth Livre aos dois será uma boa oportunidade para colocar a lealdade de Vader à prova e inseri-lo ainda mais na filosofia Sith, sobretudo a “Regra de Dois”. E aí, podíamos ver toda a maldade pura de Sidious, colocando Vader nas situações mais escabrosas, sempre com aquele risinho sádico.
Essa é uma história também muito violenta, como poucas vezes vemos em “Guerra nas Estrelas”. Só para dar um pequeno “spoiler” muito rápido, posso dizer que, antes da página 40, Vader já havia matado mais de trinta pessoas de uma vez. Aliás, esse livro descreve como poucos o poder de Vader imerso no lado sombrio da Força. Ele consegue proezas sobre-humanas, como correr a velocidades incríveis ou destruir exércitos e grupos de animais selvagens inteiros (a longa sequência da perseguição dos insetóides lyleks é altamente angustiante), dando uma sensação de que Vader e Sidious são totalmente indestrutíveis. E o livro também nos dá uma chance de ouro de testemunhar o Imperador usando todo o seu poder não somente com os raios, mas também com suas técnicas de sabre de luz. E, como ele não quer que as pessoas presenciem isso, para manter sua identidade sith não revelada, já dá para adivinhar o que acontece com elas.
Assim, o livro “Lordes dos Sith” é uma obra obrigatória para quem ama o Universo de “Guerra nas Estrelas”, pois foi escrita com uma engenhosidade fora do comum, tanto nas estratégias rebeldes como nas maldades e poderes sobre-humanos dos sith. É o tipo de livro que consegue, simultaneamente, nos dar uma leitura instigante e angustiante. Um livro que consegue despertar sentimentos tão díspares só pode ser muito bom. E ele realmente o é. Tanto que, na minha iniciação como leitor dos romances de “Guerra nas Estrelas”, sejam eles Cânone ou Universo Expandido, já coloco Paul S. Kemp como um nome digno de estar ao lado de Timothy Zahn e James Luceno. Definitivamente, uma leitura que vale muito a pena